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Contabilidade Professor conteudista: Hildebrando Oliveira Sumário CONTABILIDADE Unidade I 1 CONCEITO DE CONTABILIDADE .....................................................................................................................1 2 OBJETO DA CONTABILIDADE ..........................................................................................................................2 3 O BALANÇO PATRIMONIAL .............................................................................................................................3 4 A CONTA .................................................................................................................................................................4 5 O RESULTADO ......................................................................................................................................................6 6 CONTABILIZAÇÃO OU FATOS QUE OCORREM NUMA ENTIDADE ....................................................7 7 OS LIVROS CONTÁBEIS .....................................................................................................................................7 8 OUTROS LIVROS CONTÁBEIS .........................................................................................................................8 9 ESCRITURAÇÃO DAS OPERAÇÕES ...............................................................................................................8 9.1 Processos de escrituração ....................................................................................................................8 9.2 Elementos que formam os lançamentos de registro nos livros contábeis ......................9 9.3 Partidas dobradas ....................................................................................................................................9 9.4 Fórmulas de lançamentos contábeis ............................................................................................ 10 9.5 Procedimentos para o lançamento do Diário de operações que envolvem contas de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido ............................................................11 9.6 Procedimentos para o lançamento no livro Razão de operações que envolvem contas de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido .................................................. 12 9.7 Procedimentos para o lançamento do Diário de operações que envolvem contas de Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Receitas e Despesas ................... 13 9.8 Exemplo de registro no Diário e no Razão de operação que contém contas de Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, receita e despesa ............................................. 17 Unidade II 10 BALANÇO PATRIMONIAL ............................................................................................................................ 24 10.1 Introdução ............................................................................................................................................ 24 10.2 Ativo ........................................................................................................................................................ 28 10.2.1 Ativo circulante ..................................................................................................................................... 28 10.2.2 Ativo não circulante ............................................................................................................................ 29 10.3 Passivo .................................................................................................................................................... 30 10.3.1 Passivo circulante ................................................................................................................................. 31 10.3.2 Passivo não circulante ........................................................................................................................ 31 10.4 Patrimônio líquido ............................................................................................................................. 31 10.4.1 Capital social .......................................................................................................................................... 31 10.4.2 Reservas de capital .............................................................................................................................. 32 10.4.3 Ajustes de avaliação patrimonial ................................................................................................... 32 10.4.4 Reservas de lucros ................................................................................................................................ 32 10.4.5 Prejuízos acumulados ......................................................................................................................... 32 10.4.6 Ações em tesouraria ............................................................................................................................ 33 11 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) ............................................................... 33 11.1 Introdução ............................................................................................................................................. 33 11.2 Conceito ................................................................................................................................................. 33 11.3 O dispositivo legal da DRE .............................................................................................................. 34 11.4 Contas da DRE ..................................................................................................................................... 36 12 DEMONSTRAÇÃO DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR) .................................. 41 12.1 Introdução ............................................................................................................................................ 41 12.2 Cálculo da variação do capital circulante líquido ................................................................ 42 12.3 Regras para elaboração da DOAR ............................................................................................... 43 12.4 Origens e aplicações de recursos ................................................................................................. 43 12.5 O lucro do exercício .......................................................................................................................... 44 12.6 Outras origens de recursos ............................................................................................................ 46 12.7 Venda dos itens do Ativo imobilizado ....................................................................................... 47 12.8 Aplicações ............................................................................................................................................. 49 12.9 Estrutura da DOAR ............................................................................................................................ 49 13 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) .............................................................................. 50 14 CONCEITO ........................................................................................................................................................ 51 15 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ......................................................... 51 15.1 As atividades operacionais ............................................................................................................. 52 15.2 Atividades de investimentos ......................................................................................................... 52 15.3 Atividades de financiamentos ......................................................................................................53 16 TRANSAÇÕES QUE NÃO AFETAM O CAIXA ......................................................................................... 54 17 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) ............. 54 17.1 Método direto ..................................................................................................................................... 55 17.1.1 Ajustes de atividades operacionais ............................................................................................... 56 17.2 Método indireto ................................................................................................................................. 63 Unidade III 18 RESOLUÇÃO DE UM EXERCÍCIO COMPLETO ...................................................................................... 65 Unidade IV 19 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS .............................................................................. 77 19.1 Introdução ............................................................................................................................................ 77 19.2 Ajustes das demonstrações financeiras para análises ........................................................ 77 19.3 Utilização do exemplo ..................................................................................................................... 78 19.4 Análise vertical .................................................................................................................................... 80 19.4.1 Balanço patrimonial ............................................................................................................................ 80 19.4.2 Demonstração do resultado do exercício ................................................................................... 82 19.5 Análise horizontal .............................................................................................................................. 83 19.5.1 Balanço patrimonial ............................................................................................................................ 83 19.5.2 Demonstração do resultado do exercício ................................................................................... 85 19.6 Análise através de índices .............................................................................................................. 87 19.6.1 Índices de endividamento ou de estrutura de capitais ........................................................ 88 19.6.2 Índices de liquidez ............................................................................................................................... 89 19.6.3 Índices de atividade (ciclo financeiro) ......................................................................................... 91 19.6.4 Índices de rentabilidade .................................................................................................................... 93 1 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Unidade I 1 CONCEITO DE CONTABILIDADE “A contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativas à administração econômica” (Congresso Brasileiro de Contabilidade, RJ, 1924). A contabilidade, na sua condição de ciência social, cujo objeto é o patrimônio, busca, por meio da apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da eventual sumarização, da análise e relato das mutações sofridas pelo patrimônio da entidade particularizada, a geração de informações quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos físicos quanto monetários (NBC – T-1, aprovada pela Resolução CFC nº 785, de julho de 1995). Para entendermos os conceitos aqui mencionados, vamos dividi-los em três funções distintas exercidas pela contabilidade: • orientação: compreende a elaboração de relatórios contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração do resultado do Exercício, por exemplo), por meio dos quais é comunicada a situação econômica e financeira da entidade. Podemos dizer que aí temos a essência da contabilidade, pois seu objetivo é o fornecimento de informações úteis; • controle: constitui-se de processos pelos quais a administração é informada de que a entidade está agindo de acordo com os planos e as políticas anteriormente estabelecidos; 5 10 15 20 25 2 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io • registro: para que possa existir controle e a orientação, é necessário que os fatos econômicos e financeiros que ocorrem numa entidade sejam registrados. Compreende o registro, a análise e a classificação dos fatos, bem como a escrituração e o arquivo dos documentos gerados pelos fatos. 2 OBJETO DA CONTABILIDADE Para identificarmos o objeto da contabilidade, é necessário responder a uma questão: controlar e registrar o quê? A resposta é: o patrimônio das entidades, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem fins lucrativos. O patrimônio deve ser entendido como o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade, ou seja, o conjunto de meios necessários à existência e à realização de suas finalidades. Devemos entender como bem tudo o que possa ser avaliado em dinheiro, que tenha alguma utilidade e satisfaça uma necessidade. A classificação mais importante dos bens para a contabilidade é com relação a sua natureza. Neste caso, os bens podem ser de dois tipos: • bens materiais, corpóreos ou tangíveis: são aqueles que têm existência física, como, por exemplo, máquinas, dinheiro, caminhões; • bens imateriais, incorpóreos, intangíveis: são abstratos, não têm existência física, como, por exemplo, marcas, patentes, ponto comercial. Como direitos, devemos entender os valores que a empresa tem a receber de terceiros, representados, por 5 10 15 20 25 3 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io exemplo, pelas duplicatas emitidas pela empresa contra seus clientes, por venda de mercadorias a prazo ou pela prestação de um serviço, também a prazo. As aplicações financeiras feitas pela empresa em Certificado de Depósito Bancário (CDB) também são classificadas como direitos. Devemos entender como obrigação os valores que a empresa tem a pagar em função de dívidas ou compromissos assumidos para com terceiros. Os terceiros aqui mencionados podem se dividir em dois grupos, a saber: • terceiros em geral: que são formados pelos fornecedores, bancos, funcionários, governos; • terceiros em especial: que são formados pelos proprietários, donos da empresa. Esses proprietários, se a empresa for organizada juridicamente sob a forma de uma sociedade anônima, o seu capital social, que representa o investimento feito pelos proprietários, será dividido em ações, e os proprietários dessas ações são denominados de acionistas. Por outro lado, se a empresa for organizada juridicamente sob a forma de uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada, seu capital social será dividido em cotas e os proprietários dessas cotas são denominados de cotistas. As obrigações para com terceiros em especial são organizadas no Patrimônio líquido. 3 O BALANÇO PATRIMONIAL Em resumo, os componentes patrimoniais são apresentados em um demonstrativo contábil denominado Balanço Patrimonial, que, de forma simplificada, podemos assim representar: 5 10 15 20 25 4 UnidadeI Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Balanço Patrimonial Bens + Direitos Obrigações Ou Balanço Patrimonial Ativo Passivo Patrimônio líquido 4 A CONTA Os bens, os direitos e as obrigações, que representam o patrimônio de uma entidade, não aparecem no Balanço Patrimonial na forma sob a qual eles se apresentam. Esses componentes patrimoniais são traduzidos em um nome técnico, denominado conta. A conta, portanto, apresenta, no balanço patrimonial, os componentes que formam o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido. Assim, temos: Bens/Direitos/Obrigações Conta representativa Classificação Dinheiro que a empresa possui Caixa Ativo Investimento feito pelos proprietários da empresa Capital social Patrimônio líquido Automóveis, caminhões, motos Veículos Ativo Mesas, cadeiras, computadores Móveis e utensílios Ativo Valores provenientes de vendas a prazo Duplicatas a receber Ativo Valores provenientes de compras a prazo Duplicatas a pagar Passivo Salários devidos aos funcionários Salários a pagar Passivo Resultado positivo das operações comerciais Lucros acumulados Patrimônio líquido 5 10 5 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Assim sendo, como cada conta possui um valor correspondente ao bem, direito ou obrigação que ela representa, o balanço patrimonial passa a ter a seguinte apresentação: Balanço Patrimonial Ativo Passivo Caixa 100 Duplicatas a receber 300 Fornecedores 250 Salários a pagar 150 Impostos a pagar 100 500 Imóveis 400 Patrimônio líquido Capital social 300 Lucros acumulados 100 Veículos 100 Total 900 Total 900 Observando o balanço patrimonial apresentado, verificamos o seguinte: • o total do Ativo é igual ao total do Passivo mais o patrimônio líquido; • o total dos bens e direitos é igual ao total das obrigações para com terceiros em geral (Passivo), mais o total das obrigações para com terceiros em especial (patrimônio líquido). Por estes motivos, temos que o total dos bens e direitos por um lado, e as obrigações em geral, por outro, devem atender a chamada equação patrimonial: Ativo = Passivo + Patrimônio líquido Ou Bens + Direitos = Obrigações para com terceiros em geral + Obrigações para com terceiros especiais 5 10 15 6 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Esta equação nos leva a algumas situações: 1ª – Situação líquida positiva: acontece quando o conjunto de bens e direitos (Ativo) é maior que o conjunto das obrigações (Passivo). Temos então, por consequência, o patrimônio líquido maior que zero. 2ª – Situação líquida negativa: acontece quando o conjunto das obrigações (Passivo) é maior que o conjunto de bens e direitos (Ativo). Temos então, por consequência, um patrimônio líquido menor que zero. 3ª – Situação líquida nula: acontece quando o conjunto de bens e direitos (Ativo) é igual ao conjunto das obrigações para com terceiros em geral (Passivo), ou seja, Ativo = Passivo, e, por conseqüência da equação fundamental do patrimônio, o patrimônio líquido é igual a zero. Significa que o que a empresa possui, ela deve. Este tipo de situação é difícil de acontecer na prática contábil. 5 O RESULTADO Conforme já vimos, uma das funções da contabilidade é relatar as mutações sofridas pelo patrimônio da entidade. Esta mutação é representada pelo resultado que uma entidade obteve em um determinado período. Este resultado é obtido pela diferença entre receitas e despesas do período. O resultado positivo acontece quando as receitas do período são maiores que as despesas; neste caso, o resultado é denominado de lucro. O resultado negativo acontece quando as despesas de um período são maiores que as receitas; neste caso, o resultado é denominado de prejuízo. Devemos entender como receita o aumento do Ativo, quer sejam de disponibilidades, de bens ou de direitos, correspondente, normalmente, à venda de mercadorias, produtos ou a prestação 5 10 15 20 25 7 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io de serviços; provocam, as receitas, aumento do patrimônio líquido. Como despesa, devemos entender o uso, o consumo, a utilização de um bem ou de um serviço. Provocam, as despesas, uma redução do patrimônio líquido. O resultado do exercício, portanto, é apurado através do confronto entre as contas de receitas e despesas. Este confronto acontece em um demonstrativo contábil denominado Demonstração do Resultado do Exercício. A Demonstração do Resultado do Exercício é feita observando-se o chamado regime de competência, em que são consideradas as receitas ganhas no período, não importando se elas foram recebidas ou não, e as despesas incorridas, não importando se elas foram pagas ou não. 6 CONTABILIZAÇÃO OU FATOS QUE OCORREM NUMA ENTIDADE Conforme já vimos, uma das funções da contabilidade é a de registrar os fatos que ocorrem em uma entidade. Esses fatos, como, por exemplo, a compra, a venda, o pagamento, o recebimento, representam operações praticadas por uma entidade e são formalizados através de documentos (nota fiscal, faturas, duplicatas, recibos) e possuem valor. O registro dessas operações é feito em livros contábeis e, dentre outros, destacamos o Diário e o Razão. 7 OS LIVROS CONTÁBEIS O Diário É um livro contábil obrigatório, que conterá o registro de todos os fatos que ocorreram no patrimônio da empresa. Este registro se dará em ordem cronológica de acontecimento. 5 10 15 20 25 8 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io O Razão É outro livro contábil obrigatório, pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) nº 563/83, devido à sua importância para as empresas. É o livro contábil que registra a movimentação das contas individualmente, quer por meio de uma folha, quer por uma ficha para cada conta. É um livro de fácil visualização, em que se registra a movimentação de cada conta, sendo transcrito do registro de débitos e créditos da conta no Diário. 8 OUTROS LIVROS CONTÁBEIS Livros obrigatórios para as sociedades anônimas Conforme dispõem artigos da legislação societária: livro de registro de ações nominativas; livro de transferência de ações nominativas; livro de atas de assembleias gerais etc. Livros auxiliares Fornecem à contabilidade maiores detalhes, maior exatidão; por exemplo, livro caixa; livro de estoque; livro de duplicatas a receber etc. Livros fiscais São os livros exigidos pelo fisco: livro de apuração do lucro real; livro de apuração do IPI; livro de registro de entrada de mercadorias etc. 9 ESCRITURAÇÃO DAS OPERAÇÕES A escrituração é o registro das operaçõesque provocam variações no patrimônio da entidade. 9.1 Processos de escrituração Manual: é o mais antigo; ainda hoje, adotado pelas pequenas empresas. 5 10 15 20 9 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Mecânico: é o registro das operações em máquinas apropriadas para este fim. Eletrônico: o registro das operações é feito utilizando-se o computador, com o emprego de programas específicos. É a forma mais atual e moderna. 9.2 Elementos que formam os lançamentos de registro nos livros contábeis Os lançamentos nos livros contábeis, ao se registrar em ordem cronológica de acontecimento as operações que ocorrem numa empresa, devem conter os seguintes elementos e ordem de apresentação: • local: lugar em que o registro está sendo efetuado; • data: dia, mês e ano da ocorrência da operação; • conta debitada; • conta creditada; • histórico: resumo do fato acontecido, com identificação do documento comprobatório; • valor: importância em moeda nacional. 9.3 Partidas dobradas O registro das operações que ocorrem em uma empresa baseia-se no princípio de que “todo valor lançado a débito numa conta faz surgir em outra conta em que é registrado a mesma importância a crédito”. Logo, podemos concluir que, na contabilidade, não há débitos sem os respectivos créditos. Partidas dobradas significa que, ao registrar uma operação por meio de um lançamento em um livro contábil, o valor lançado a débito corresponderá ao igual valor lançado a crédito. 5 10 15 20 10 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Débitos: correspondem a aumentos do Ativo e diminuição do Passivo e do Patrimônio Líquido (quando tratam de contas patrimoniais). Créditos: correspondem a diminuições do Ativo e aumentos do Passivo e do Patrimônio Líquido (quando tratam de contas patrimoniais). Saldos: correspondem à diferença entre os valores debitados e creditados em uma conta. O saldo pode ser: • devedor: quando o valor do débito é maior que o do crédito; • credor: quando o valor do crédito é maior que o do débito; • nulo: quando o valor do débito é igual ao valor do crédito. 9.4 Fórmulas de lançamentos contábeis Podemos resumir em quatro fórmulas de lançamentos contábeis existentes: 1ª fórmula: é a fórmula de lançamento contábil mais simples; envolve uma conta debitada e uma conta creditada. 2ª fórmula: encontramos uma conta debitada e diversas contas creditadas. 3ª fórmula: encontramos diversas contas debitadas e apenas uma conta creditada. 4ª fórmula: neste tipo de lançamento contábil, encontramos duas ou mais contas debitadas e, em contrapartida, duas ou mais contas creditadas. 5 10 15 20 25 11 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io 9.5 Procedimentos para o lançamento do Diário de operações que envolvem contas de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido Realizada uma determinada operação, é de grande importância que se faça corretamente a determinação da conta a ser debitada da conta que será creditada. A determinação da conta a ser debitada e da conta a ser creditada é o ponto inicial de todo o processo contábil de registro feito pelo método das partidas dobradas. Tudo começa após o entendimento da operação, com a identificação das contas que foram utilizadas na operação (duas contas no mínimo). A seguir, as contas identificadas serão classificadas (bens/direitos → Ativo; obrigação com terceiros em geral → Passivo; obrigações para com terceiros especiais Patrimônio Líquido). Após esta fase de classificação, devemos proceder à entrada no chamado “mecanismo de débito/crédito”, ou seja: Contas Para aumentar Para diminuir Saldo Ativo Debita Credita Devedor Passivo Credita Debita Credor Patrimônio Líquido Credita Debita Credor O passo seguinte é o lançamento no livro Diário, seguindo a ordem já mencionada. Exemplo Operação: depósito feito em dinheiro na conta corrente bancária no valor de $ 10.000 1º passo: Identificação das contas Todo depósito bancário feito pela empresa deve sair da conta caixa. Portanto, as contas a serem utilizadas para o registro desta operação no Diário são: caixa e banco conta corrente. 5 10 15 20 12 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io 2º passo: Classificação das contas Caixa – Bem � Ativo Banco conta corrente – Direito � Ativo 3º passo: Entrar com cada conta identificada e classificada no mecanismo de débito e crédito, identificando o efeito da operação sobre o saldo da mesma Caixa – Ativo – o saldo diminui, pois sai o dinheiro do caixa. Banco conta corrente – Ativo – o saldo aumentará, pois haverá entrada do depósito. Consequentemente: Caixa – Ativo – Saldo diminuirá � Crédito Banco conta corrente – Ativo – Saldo aumentará → Débito O lançamento no Diário será o que segue: São Paulo, 30 de março de 2010 D – Banco conta corrente $ 10.000 C – Caixa $ 10.000 Pelo depósito efetuado nesta data. 9.6 Procedimentos para o lançamento no livro Razão de operações que envolvem contas de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido O livro Razão, também denominado razonete, ou conta “T”, tem sua representação didática, a saber: 5 10 15 13 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Título da conta Valor do débito Valor do crédito O saldo do Razão é apurado pela diferença entre os valores registrados a débito e os valores registrados a crédito. Os lançamentos feitos no Diário devem ser transportados para o Razão, que destaca uma página para cada conta, demonstrando o saldo da mesma. Supondo-se que as contas caixa e banco conta corrente utilizadas no item 9.5 tivessem, respectivamente, um saldo de $ 100.000 e $ 30.000, teríamos a seguinte representação, partindo-se do lançamento do Diário do item 9.5: Caixa SI 100.000 10.000 SF 90.000 Saldo devedor Caixa SI 30.000 10.000 SF 40.000 Saldo devedor 9.7 Procedimentos para o lançamento do Diário de operações que envolvem contas de Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Receitas e Despesas As contas que formam o balanço patrimonial podem ser denominadas de contas permanentes, pois enquanto existir saldo, as mesmas existirão. As contas de receitas e despesas, cujos conceitos já vimos, podem ser denominadas de contas transitórias, pois no fim de cada exercício social elas são encerradas, para que possamos apurar o resultado do exercício. Para que isto ocorra, é necessário que se crie uma conta também transitória, denominada pela maioria dos autores de 5 10 15 14 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Apuração do Resultado do Exercício (ARE), a qual é debitada em contrapartida com os créditos feitos para o encerramento das contas de despesas e creditada em contrapartida com os débitos feitos para o encerramento das contas de receitas. Tal procedimento faz com que todas as contas de resultado(receitas e despesas) tenham saldo zero no fim do exercício social. O saldo da conta ARE, após sua apuração, é encerrado contra a conta lucros/prejuízos acumulados. Caso a conta ARE tenha saldo credor, indicando lucro (receitas maiores que despesas), a mesma é encerrada debitando-se o valor do saldo e creditando-se a conta lucros/prejuízos acumulados. Se a conta ARE tiver saldo devedor, indicando prejuízo (receitas menores que despesas), a mesma é encerrada creditando-se o valor do saldo e debitando- se a conta lucros/prejuízos acumulados. Para o lançamento de uma conta de receita e de uma conta de despesa no Diário, seguem-se os mesmos passos já indicados para as contas patrimoniais, ou seja: • 1º passo: identificar as contas; • 2º passo: classificar as contas (Ativo/Passivo/Patrimônio Líquido/Receita/Despesa); • 3º passo: entrar com cada conta identificada e classificada no mecanismo de débito e crédito, identificando o efeito da operação sobre o saldo da mesma. Débitos: correspondem a aumentos das despesas e diminuição das receitas (quando tratamos de contas de resultado). Créditos: correspondem a diminuições das despesas e aumentos das receitas (quando tratamos de contas de resultados). O mecanismo de débito e crédito para as contas de receitas e despesas é o seguinte: 5 10 15 20 25 30 15 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Conta Para aumentar Para diminuir Saldo Receita Credita Debita Credor Despesa Debita Credita Devedor A seguir, lançar no livro Diário, seguindo a ordem já mencionada para o registro. Exemplo 1 Operação: prestação de serviço à vista no valor de $ 5.000. 1º passo: Identificação da conta O recebimento em dinheiro será representado pela conta Caixa, e a prestação de serviços, pela conta Receita de Serviços. Portanto, as contas a serem utilizadas para o registro desta operação são: Caixa e Receita de Serviços 2º passo: Classificação das contas Caixa – Bem � Ativo Receita de Serviços – Venda de serviços � Receita 3º passo: Entrar com cada conta identificada e classificada no mecanismo de débito e crédito, identificando o efeito da operação sobre o saldo da mesma Caixa – Ativo – saldo aumenta, pois entra dinheiro no caixa pelo recebimento. Receita de serviços – Receita – o saldo aumenta, pois houve venda de serviços. 5 10 15 20 16 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Consequentemente: Caixa – Ativo – Saldo aumentará – Débito Receita de Serviços – Receita – Saldo aumentará – Crédito O lançamento no Diário será o que segue: São Paulo, 30 de março de 2010 D – Caixa $ 5.000 C – Receita de Serviços $ 5.000 Exemplo 2 Operação: pagamento em dinheiro do aluguel do prédio em que a empresa está instalada, no valor de $ 1.000. 1º passo: Identificação das contas O pagamento em dinheiro será representado pela conta Caixa, e o uso, pela empresa, de um imóvel, será representado pela conta Despesa de aluguel. Portanto, as contas a serem utilizadas para o registro desta operação são: Caixa e Despesa de aluguel 2º passo: Classificação das contas Caixa – Bem → Ativo Despesa de aluguel – Uso de um bem → Despesa 3º passo: Entrar com as contas identificadas e classificadas no mecanismo de débito e crédito, identificando o efeito da operação sobre o saldo da mesma. 5 10 15 20 17 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Caixa – Ativo – Saldo diminui, pois sai dinheiro do caixa para pagamento. Despesa de aluguel – Despesa – Saldo aumenta, pois houve despesa. Consequentemente: Caixa – Ativo – Saldo diminuirá – Crédito Despesa de aluguel – Despesa – Saldo aumentará – Débito O lançamento no Diário será o que segue: São Paulo, 30 de março de 2010 D – Despesa de aluguel $ 1.000 C – Caixa $ 1.000 9.8 Exemplo de registro no Diário e no Razão de operação que contém contas de Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, receita e despesa 1. Diversas pessoas fundam uma sociedade anônima para prestação de serviços de jardinagem, integralizando um capital social de $ 10.000 em dinheiro. 2. Compra à vista de mesas, cadeiras, computadores, por $ 3.000. 3. Compra a prazo de uma Pick-up para entrega, $ 4.000. 4. Depósito para abertura de uma conta corrente no banco Beta no valor de $ 500. 5. Pagamento de aluguel referente a um imóvel em que se situa a sede da empresa no valor de $ 200, em cheque. 6. Pagamento de 30% da compra da Pick-up. 5 10 15 20 18 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io 7. Prestação de serviços recebendo a importância de $ 1.600. 8. Pagamento de funcionários pelos serviços prestados, $ 250. 9. Pagamento da conta de energia do mês no valor de $ 30. 10. Prestação de serviços no valor de $ 2.200, cujo recebimento ocorrerá em trinta dias. Resolução Lançamentos contábeis no Diário 1. D – Caixa $ 10.000 C – Capital social $ 10.000 2. D – Móveis e utensílios $ 3.000 C – Caixa $ 3.000 3. D – Veículos $ 4.000 C – Duplicatas a pagar $ 4.000 4. D – Banco conta movimento $ 500 C – Caixa $ 500 5. D – Despesa de aluguel $ 200 C – Banco conta movimento $ 200 6. D – Duplicatas a pagar $ 1.200 C – Caixa $ 1.200 7. D – Caixa $ 1.600 C – Receita de serviços $ 1.600 8. D – Despesa de salários $ 250 C – Caixa $ 250 9. D – Despesa de energia $ 30 C – Caixa $ 30 10. D – Duplicatas a receber $ 2.200 C – Receita de serviços $ 2.200 5 10 15 20 25 19 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Lançamentos contábeis nos razonetes Caixa (1) 10.000 (7) 1.600 11.600 3.000 (2) 500 (4) 1.200 (6) 250 (8) 30 (9) 4.980 6.620 Capital social 10.000 (1) 10.000 Móveis e utensílios (2) 3.000 3.000 Veículos (3) 4.000 4.000 Despesa aluguel (5) 200 200 200 (12) Duplicatas a pagar (6) 1.200 4.000 (3) 2.800 Banco conta movimento (4) 500 200 (5) 300 Receita serviços 1.600 (7) 2.200 (10) (11) 3.800 3.800 20 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Despesa salário (8) 250 250 250 (13) Despesa energia (9) 30 30 30 (14) Duplicatas receber (10) 2.200 2.200 ARE (12) 200 (13) 250 (14) 30 3.800 (11) 480 3.800 (15) 3.320 3.320 Lucros/Prejuízos acumulados 3.320 (15) Em seguida da transcrição do Diário para o Razão, devemos apurar o saldo de todas as contas. Continuando, elaboramos o “balancete de verificação após as dez operações”, um importante instrumento que a contabilidade usa para verificação de erros. O balancete de verificação é um papel de trabalho em que são transcritas para uma coluna todas as contas com saldos devedores e, para outra coluna, todas as contas cujos saldos apresentam valores credores. Observe-se que o valor total da coluna de saldos devedoresdeverá ser igual ao valor total da coluna de saldos credores. 5 10 21 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Caso os valores totais forem diferentes, certamente haverá pelo menos erro nos lançamentos. Um ponto que destacamos é que o balancete de verificação jamais deve ser confundido com o balanço patrimonial. Balancete de verificação após as 10 operações Saldo Contas Devedor Credor Caixa 6.620 Capital social 10.000 Móveis, utensílios 3.000 Veículos 4.000 Duplicatas a pagar 2.800 Banco conta movimento 300 Despesa aluguel 200 Receita serviços 3.800 Despesa salários 250 Despesa energia 30 Duplicatas receber 2.200 Total 16.600 16.600 Em seguida, devemos encerrar as contas de resultado (despesas e receitas) contra a conta ARE, o que foi realizado por meio dos lançamentos de encerramento no Razão de números 11, 12, 13,14. Complementando a sequência, foi apurado o saldo da conta ARE, que apresentou um saldo credor de 3.320, indicando que o total das receitas (3.800) foi maior que o total das despesas do período (480). Finalmente, a conta ARE foi encerrada contra a conta patrimonial lucros ou prejuízos acumulados, por meio do lançamento de número 15. Os lançamentos de encerramento das contas de resultados também são feitos no Diário, a saber: Lançamento do Diário de encerramento da conta de Receita: 5 10 15 22 Unidade I Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io D – Receita de serviços $ 3.800 C – ARE $ 3.800 Lançamento do Diário de encerramento das contas de despesas: D – ARE $ 480 C – Despesa de aluguel $ 200 C – Despesa de salário $ 250 C – Despesa de energia $ 30 Lançamento no Diário de encerramento de conta de Resultado: D – ARE $ 3.320 C – Lucros/Prejuízos acumulados $ 3.320 O próximo passo é a montagem do balanço patrimonial constituído pelas contas patrimoniais e a Demonstração do Resultado do Exercício, com as contas de resultado. Balanço patrimonial Ativo Passivo Caixa 6.620 Duplicatas a pagar 2.800 Móveis, utensílios 3.000 Veículos 4.000 Banco conta movimento 300 Duplicatas a receber 2.200 Patrimônio líquido Capital social 10.000 Lucros/Prejuízos acumulados 3.320 Total 16.120 Total 16.120 5 10 15 23 CONTABILIDADE Re vi sã o: A na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 05 /1 0 — 2 ª R ev is ão A na - Co rr eç ão : F ab io Demonstração do Resultado do Exercício Receita de serviços 3.800 Despesa de aluguel (200) Despesa de salário (250) Despesa de energia (30) --------- = Resultado do exercício 3.320
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