Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gestão Estratégica com Foco em Resultados MÓDULO 1 2 Sumário Apresentação 3 Unidade 1 | Análise de Cenário: O Que É e Como Fazer 5 1 Contextualização Histórica 6 2 O Que É Análise de Cenário 10 3 Técnicas para Elaboração de Análise de Cenário 15 Glossário 28 Atividades 29 Referências 30 Unidade 2 | Missão, Visão e Objetivos Organizacionais 32 1 A Importância da Determinação da Missão Organizacional 33 Atividades 35 2 Como Determinar a Missão da Empresa 35 3 Visão Organizacional 37 4 Planejamento Estratégico 41 5 Planejamento Tático 44 6 Planejamento Operacional 45 Atividades 48 Referências 49 Gabarito 51 3 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Gestão Estratégica com Foco em Resultados! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 50 horas e foi organizado em 3 módulos, totalizando em 7 unidades, conforme a tabela a seguir. Módulos Unidades Carga Horária Módulo 1 Unidade 1 | Análise de Cenário: O Que É e Como Fazer 8 h Unidade 2 | Missão, Visão e Objetivos Organizacionais 6 h Módulo 2 Unidade 3 | Sistemas de Gestão da Estratégia: Balanced Scorecard 10 h Unidade 4 | Gestão Voltada para Resultados: Características e Ferramentas 6 h Módulo 3 Unidade 5 | Gestão Estratégica de Serviços 8 h Unidade 6 | Motivação e Empowerment 6 h Unidade 7 | Papel e Perfil do Gestor nas Organizações Contemporâneas 6 h 4 Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! 5 UNIDADE 1 | ANÁLISE DE CENÁRIO: O QUE É E COMO FAZER 6 Unidade 1 | Análise de Cenário: O Que É e Como Fazer Bem-vindo(a) à primeira unidade do curso Gestão Estratégica com Foco em Resultados! Estude atentamente o conteúdo desta e das próximas unidade e construa um ótimo conhecimento em estratégia. Bons estudos! 1 Contextualização Histórica Vivemos em um ambiente de mudança permanente cada vez mais complexo, dinâmico e mundialmente relacionado. Mas a constatação da ocorrência de transformações permanentes e complexas não é nova. Observamos que o ambiente de incertezas já mobilizava a reflexão de filósofos como Platão que em 460 a.C., estudava a dinâmica dos processos de mudança. Platão considerava que a realidade possuía duas grandes forças contraditórias do “caos”: a da transformação e a da permanência. E que o conhecimento, por exemplo, seria um processo dialético de criação de “cosmos” (universos, estruturas, significados) a partir do “caos” (desconhecido, irregularidade, heterogeneidade). Parafraseando esse conceito, podemos considerar que caos e cosmos coexistem no movimento da realidade social, permitindo desvelar também o núcleo de contradições inerentes que movimentam o processo evolutivo do homem: contestação X aceitação de normas sociais; assimilação X criação de cultura; dependência e diretividade X autonomia de países, comunidades e pessoas. 7 c A existência de mudanças e de incertezas não é nova – nova é a velocidade com que ocorrem e as dimensões provocadas, que podem atingir proporções mundiais, em consequência do avanço e da modernidade das tecnologias de comunicação e informação. Proporções que devem ser levadas em conta principalmente em uma época de globalização crescente. Mas, o que é globalização? Pode-se definir globalização como o processo de integração econômica ideológica neoliberalista, caracterizada pela supremacia de interesses financeiros e intensificada pela tecnologia de comunicação e informação. A atual globalização é considerada, por muitos, como responsável pela ampliação da exclusão social e da pobreza em diversos países – à medida que o desenvolvimento econômico de alguns, por si só, não garante o desenvolvimento de todos. De acordo com Schilling (2002), o processo de globalização, também entendido como integração e interdependência econômica e cultural mundial, sempre se fez presente na história da humanidade, tendo ocorrido apenas fases de maior ou menor intensidade. Uma importante fase teve início no século XV, dominada pela expansão mercantilista, a partir da descoberta das rotas marítimas para as Índias e das terras do Novo Mundo (1450-1850). A segunda fase (1850 a 1950) é caracterizada pelo expansionismo industrial-imperialista e colonialista e, finalmente, a última fase é a globalização hegemônica contemporânea (iniciada em 1989 e intensificada após a crise da URSS, com a supremacia dos EUA), também denominada de revolução cibernética, tecnológica e associativa. PERÍODOS DA GLOBALIZAÇÃO Data Período Caracterização 1450-1850 Primeira fase Expansionismo mercantilista 1850-1950 Segunda fase Industrial-imperialista-colonialista Pós-1989 Globalização recente Cibernética-tecnológica-associativa 8 A alta velocidade proporcionada pelo uso das novas tecnologias de comunicação e informações e transformações dos processos produtivos num mundo globalizado trouxe aspectos singulares à realidade contemporânea. O processo produtivo, em sua história, passou por ciclos como o extrativismo, a produção agrícola, a industrialização, o aumento da produção de serviços e avança, cada vez mais, à desmaterialização. Isso significa que, atualmente, as organizações estão cada vez mais deixando de ser um local de produção de “coisas” para ser um lugar de produção de “conhecimento” – onde são desenvolvidos os projetos, determinados os padrões de execução, realizados os negócios. Essa dimensão quase material da informação, associada às novas maneiras de lidar com o conhecimento e às novas formas de interação social, tem produzido reflexos intensos em todas as áreas da vida humana. Nessa nova ordem social, cultural e financeira globalizada e informatizada, as atividades ligadas à educação, cultura, serviços, lazer e turismo, inclusive sem fins lucrativos, como as ONG e as organizações do Terceiro Setor, e os fóruns sociais locais e mundiais têm tido cada vez mais importância no cenário contemporâneo, sendo consideradas as atividades que terão cada vez mais espaço na sociedade do futuro. c A educação, por exemplo, não se restringe mais às salas de aula ou a um período específico de nossas vidas. Hoje podemos fazer cursos formais e não formais (formação continuada, graduação ou pós-graduação) a distância, com o conforto de estar no trabalho ou em casa, a partir da utilização de tecnologias interativas como, por exemplo, este curso, integrando-o de conhecimentos com pessoas do país inteiro a qualquer tempo. A educação ganhou uma nova dimensão espaço-temporal, formal e não formal que irá permear todas as nossas atividades por toda a vida. Estamos, portanto, convivendo com novas situações, novas necessidades e diferentes soluções, em todas as áreas. A cada dia, expressões novas – ou outros significados para expressões antigas – alteram visões de mundo e paradigmas, reinterpretando e alterando modos de vida. 9 No entanto, muitas organizações ainda não estão sendo administradas com vistasa atender a essas mudanças, que exigem um gerenciamento mais flexível e dinâmico para atender às novas oportunidades demandadas por clientes cada vez mais exigentes. Muitas ainda estão engessadas de acordo com teorias clássicas (Taylor, 1903; Weber, 1909; Fayol, 1916) e neoclássicas (Newman e Drucker, 1954) da administração. Voltadas para produzirem e se adaptarem na realidade das décadas de 1900 a 1970, foram desenhadas e desmembradas em departamentos, cargos e funções e voltadas para atender, por meio da produção e distribuição de bens e serviços, a um mercado onde as mudanças ainda poderiam ser gerenciadas de forma estanque e lenta. Mas numa época de complexidades, mudanças e incertezas como a que atravessamos hoje, com concorrência global, cada tomada de decisão pode significar o sucesso ou o fracasso de um negócio em um futuro próximo. Por isso é preciso perceber e compreender, mais do que nunca, os cenários que influenciamos e que nos influenciam. Para Chiavenato (1987, p. 59), o ambiente representa todo o universo que envolve externamente uma empresa. O ambiente é a própria sociedade maior, constituída de outras empresas, organizações, grupos sociais etc. As empresas não vivem no vácuo, isoladas e totalmente autossuficientes, mas funcionam dentro de um contexto, do qual dependem para sobreviver e crescer. É do ambiente que as empresas obtêm os recursos e informações necessários para sua subsistência e funcionamento, e é no ambiente que colocam os resultados de suas operações. Na medida em que o ambiente sofre mudanças, todo o quadro habitual das operações das empresas é tremendamente influenciado por elas, pois as condições ambientais externas às empresas contribuem fortemente para o que sucede dentro delas. Portanto, identificar e maximizar a função social de uma organização, entender o ambiente externo onde ela está contextualizada, compreender os reflexos das mudanças que empreender no setor onde atua, prever as tendências dos serviços que podem ser oferecidos e das preferências dos clientes, implementar estratégias para melhoria e ampliação de seus serviços e atingir as metas compartilhadas é vital para a garantia da continuidade e a expansão de suas atividades. 10 c • Como identificar o que afeta, especificamente, uma organização? • Quais são as variáveis internas e externas que podem contribuir para o sucesso ou o fracasso de seu negócio? • Em quais parâmetros se deve basear para empreender as mudanças significativas e positivas que as afetam? • Como determinar estratégias assertivas para ampliar a sua atuação? • E...de que mercado se está tratando? Local? Setorial? Global? Na tentativa de responder a essas e outras questões, as ferramentas que possibilitam realizar a análise de cenário despontam como alternativas analíticas e prospectivas fundamentais para uma organização, que pretende, por meio de uma administração consciente, consistente e em condições de promover adaptações e melhorias eficazes em seu negócio, tanto no presente como no futuro. Afinal, decidir sobre o que não se vê é tarefa por demais arriscada, à medida que se constata que a organização tem grande peso econômico/financeiro/social na oferta de produtos/serviços nas regiões onde está inserida. 2 O Que É Análise de Cenário A ambição de prever o futuro é muito antiga e tem envolvido diversas áreas do conhecimento (meteorologia, astronomia, biologia, física) e do misticismo (numerologia, astrologia). A busca da redução das incertezas a que as organizações e as sociedades estão sujeitas tem sido alvo de interesse também de economistas, investidores, cientistas, políticos e do público em geral. 11 Quem não gostaria de saber qual o futuro da telefonia em 2030? Ou da aviação? Como serão oferecidos os serviços de saúde e de educação? Como serão feitas as transações financeiras? Que mudanças ocorrerão em determinada atividade econômica/ sistema de algum setor específico no Brasil? Ainda será pela alternativa atual ou será parcialmente substituído por outros meios mais eficazes? O que os concorrentes estarão oferecendo nos próximos anos? A organização estará oferecendo serviços atuais e de qualidade? e Prospectar sobre o futuro é uma atividade inerente à administração, pois de modo geral as decisões tomam por base informações do passado e do presente para serem implementadas no futuro. Levando-se em conta a velocidade das mudanças a que somos submetidos, provavelmente essas implementações ocorrerão em um contexto diferente da época em que foi projetada. Exercitar possibilidades de mudança em um ambiente complexo e dinâmico também amplia a nossa capacidade de se enfrentar alternativas e situações que podem surgir, com maior possibilidade de superação e de êxito. Portanto, a tarefa de inferir mudanças e se preparar para elas é dever de todos os administradores e gestores que pretendem garantir a sobrevivência de seus negócios, atingir e manter uma história de sucesso. Afinal, numa época de transformações e inovações intensas, é importante lembrar que “O futuro começa hoje e não no futuro” (DA SILVA, 2000). e Projetar ou prospectar cenários não são tentativas de desenhos de um futuro exato, o que seria impossível. É ilusão acreditar que todas as variáveis existentes são devidamente identificadas, analisadas e seguramente dimensionadas, ainda mais se considerarmos o efeito sinérgico das mudanças, em todas as áreas. Na verdade, não controlamos o ambiente e suas mudanças, até mesmo quando o influenciamos. Dessa forma, os exercícios de projeção ou prospecção de cenários nos abrem uma possibilidade de horizontes múltiplos cuja função é nos auxiliar a planejar ações futuras e vislumbrar possibilidades estratégicas para que os sistemas organizacionais respondam e reajam eficazmente a mudanças, a partir da complexidade e da realidade em que se encontram (histórica, econômica, tecnológica e social). 12 De suma importância na tomada de decisões estratégicas, a projeção e prospecção de cenários também nos auxilia na determinação da visão e das metas da empresa, instigando processos de aprendizagem organizacional, principalmente onde a cultura organizacional e decisória predominante é baseada na repetição de hábitos e experiências anteriores (“sempre fizemos assim...”) ou simplesmente no senso comum. A análise de cenário pode ser definida como: A descrição de um futuro possível, imaginável ou desejável para um sistema e seu contexto, e do caminho ou trajetória que o conecta com a situação inicial deste sistema e contexto. Consiste na configuração de imagens de futuros, cena por cena. Godet (1983) os conceitua como jogos coerentes de hipóteses. Ou em termos mais detalhados, como o conjunto formado pela descrição de uma situação de origem e dos acontecimentos que conduzem à situação futura, sendo que esse conjunto de acontecimentos e situações deve apresentar certa coerência (CASSOL, 2008). É o conjunto formado pela descrição, de forma coerente, de uma situação futura e do encaminhamento dos acontecimentos que permitam passar da situação de origem à situação futura (GODET,1983). [A construção de cenários é] uma visão internamente consistente daquilo que o futuro poderia vir a ser”. (...) “Os cenários são um dispositivo poderoso para se levar em conta a incerteza, ao se fazerem escolhas estratégicas (PORTER, 1992). Nas definições acima, podemos observar que a análise de cenário é muito mais do que uma “fotografia” da situação atual. Ela parte do atual, com o estudo das forças que interferem no ambiente e no negócio, em direção ao virtual, ou seja, para possibilidades de futuro. 13 A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivadopor sua vez de virtus, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar- se, sem ter passado no entanto à concretização efetiva ou formal. A árvore está virtualmente presente na semente. Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe ao real, mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes (LÉVY, 1996). As decisões relativas a planejamento institucional pressupõem uma perspectiva de desempenho a médio e longo prazos. Quando implementadas estão sujeitas às condições de resposta da organização às transformações que provavelmente ocorrerão em seu ambiente em um período de tempo determinado. A construção e análise de cenários pretendem relacionar e analisar as prováveis incertezas e transformações futuras a fim de traçar alternativas (estratégias) para que a organização se posicione assertivamente e atinja os resultados esperados. A análise de cenário pode ser aplicada ao diagnóstico da realidade interna e externa de uma organização e de suas conexões. Subsidia a determinação de estratégias de inserção, manutenção e alteração de mercados, de escolha de tecnologias, de competitividade e expertise, de gestão, de investimentos, enfim, das inúmeras decisões gerenciais, levando-se em conta as possíveis situações de risco existentes – reais e potenciais – e sua superação ou administração, sempre à luz de uma visão de futuro. 14 h A análise de cenário compõe a primeira fase do Planejamento Estratégico de uma organização. Uma análise de cenário pode, inclusive, indicar para a necessidade de mudança da missão, dos objetivos ou do negócio de uma organização. Pode ser aplicada nas seguintes atividades: • Elaboração do planejamento estratégico • Gerência estratégica em tempo real • Decisão sobre manutenção, exclusão ou ampliação de mercados • Investimentos em tecnologia e inovação • Referência para negociações • Análise de projetos • Apoio à decisão • Educação e mudança As técnicas e métodos utilizados, assim como a profundidade e abrangência da análise devem ser consoantes com a finalidade a que se propõe. É claro que, quanto mais completo o trabalho, maior sua possibilidade de utilização e aplicação. 15 3 Técnicas para Elaboração de Análise de Cenário a) A Abordagem Projetiva Existem basicamente duas grandes abordagens utilizadas para a elaboração de uma análise de cenário. Uma delas é a abordagem projetiva, denominada também de extrapolativa, quantitativa ou determinística. Comum nas décadas de 1950 e 1960, é baseada no estudo e na análise de experiências passadas e de situações anteriores para, então, projetar um cenário ou uma visão de realidade futura. Fazendo uso de procedimentos que analisam séries temporais, dados quantitativos e estatísticos, tem como premissa a possibilidade de projeção de uma realidade futura a partir da inferência do comportamento das principais variáveis que determinam o meio onde determinada organização atua. Ou seja, quantificando-se e investigando-se os dados e ocorrências passadas e aplicando-se índices de crescimento, por exemplo, projetam-se tendências e fatos futuros. Por tentar projetar ou determinar o futuro provável à semelhança das imagens do passado, restringindo-se apenas ao que já é conhecido, tem sido alvo de inúmeras críticas e desaconselhada por pesquisadores e analistas de renome. É claro que a obtenção e a análise projetiva de dados numéricos e estatísticos nos fornecem informações importantes, principalmente quando se referem ao ambiente interno à empresa. Com o monitoramento estatístico e a utilização de indicadores podemos obter uma série de informações sobre como está nosso trabalho, nossa produtividade etc., sendo uma importante ferramenta gerencial. Mas a utilização exclusiva de dados e informações numéricas para projeção de futuro, principalmente relacionados a ambientes complexos, tem demonstrado ser insuficiente e, por vezes, enganosa. Da Silva (2000) listou as seguintes técnicas quantitativas ou projetivas: 16 • Análise e Projeção de Série Temporal: Média móvel; Amortecimento Exponencial; Método de Box e Jenkins; X-11; Projeção de tendências. • Métodos Causais: Modelo de regressão; Modelo Econométrico; Pesquisas sobre as intenções de comprar & previsões; Modelo de input-output; Modelo Econômico de input-output; Índice de difusão; Indicador líder; Analise do ciclo de vida. Os métodos causais variam na sua utilização, conforme as características da organização (tempo de existência, posicionamento de mercado etc.). b) A Abordagem Prospectiva A abordagem prospectiva, probabilística ou de múltiplos cenários, utilizada a partir dos anos 1970, tem balizado os Planejamentos Estratégicos de muitas organizações bem-sucedidas. Levando em conta a complexidade do ambiente, procura avaliar as “condições presentes que continuamente mudam em direção a um futuro diferente, múltiplo e indeterminado” (GODET, 1993, p. 22). Dessa forma, as metodologias de construção de cenários prospectivos levam em conta tanto as características organizacionais e funcionais da organização em foco – seus pontos fortes e fracos – como o movimento externo de ameaças e oportunidades de mercado e de concorrentes, em aspectos políticos, econômicos, sociais e científico- tecnológicos de um ambiente específico e/ou macro e global. A prospecção de cenários pode ser feita nos níveis macro (cenários mundiais, nacionais ou regionais), intermediário ou setorial (cenários de indústrias – negócios, segmentos ou ambiente de negócios específicos) ou micro (cenários focalizados em decisões ou questões estratégicas). As ferramentas prospectivas ou qualitativas em geral utilizam o consenso. Abaixo estão relacionadas as técnicas ou métodos mais conhecidos: A seguir, são apresentadas as características e o roteiro de aplicação das ferramentas mais utilizadas. a) O Método Delphi Criado nos EUA na década de 1950, por Dalkey e um grupo de colaboradores para a resolução de problemas de alta complexidade, o método Delphi tem sido utilizado no assessoramento de tomada de decisão em pesquisas que envolvem situações de futuro, ou para coletar grande quantidade de informações a custos relativamente baixos. 17 O Delphi toma por base a consulta e o consenso de determinado número de especialistas com a finalidade de resolver um problema complexo em tempo reduzido. De simples aplicação, baseia-se em um questionário (ou série de questionários) interativo, cujas respostas transitam em diversas etapas pelo grupo de especialistas ou peritos selecionados, mantendo-se o anonimato nas respostas. A cada rodada de respostas os dados são analisados e tabulados e, novamente, circulam pelos especialistas. Esse feedback permite a troca de opiniões e de visões de futuro que podem ser alteradas a cada etapa com a finalidade de integrar as opiniões divergentes. Trata-se, portanto, de uma ferramenta que busca o consenso prospectivo. • Aplicação do Delphi Os elementos a serem analisados podem variar de uma pesquisa para outra, de acordo com o nível do cenário a ser prospectado e os objetivos a que se propõe. O processo da estimativa de grupo se inicia a partir da formulação de um problema, desdobrado em um questionário, que é enviado a um determinado grupo de especialistas selecionados. Esses especialistas estimam, de forma anônima, um conjunto de eventos, datas, custos, parâmetros ou tendências da área em questão. Após compilação e análise estatística dos dados (mediana dos dados e a amplitude semi-interquartil de cada estimativa) desenha-seum novo questionário, que é reenviado ao mesmo grupo para que possam revisar suas primeiras estimativas. h Caso o consenso não seja atingido, solicita-se aos especialistas cujas opiniões apresentaram grandes diferenças (fora do espaço interquartil) para que argumentem suas posições. Após análise, avaliação e compilação final das informações, estas são apresentadas aos participantes (inclusive com dados estatísticos) para a promoção de um consenso definitivo. O método Delphi é bastante interativo, pois combina votação e feedback para convergir as opiniões dos participantes. Pode ser desenvolvido da forma convencional, por meio de questionários como forma de obter a informação, ou em tempo real, quando a 18 equipe coordenadora é substituída por um computador programado para realizar a compilação dos resultados do grupo. Elimina-se, dessa forma, o tempo dispensado em resumir e analisar estatisticamente cada etapa do processo. • Vantagens do método Delphi Além de ser um método que pode ser associado a outras ferramentas como matrizes de incertezas e outras ferramentas de grupo interativo, conforme sugerido por Godet (1993), o método Delphi oferece as seguintes vantagens: - Grande efetividade e flexibilidade. - Evita a dominação de participantes de elevado prestígio ou personalidade importante, pois as respostas devem ser feitas por escrito e anonimamente. - Permite a opinião de indivíduos localizados em diferentes áreas geográficas. - Permite que os julgamentos de indivíduos em conflito possam ser agregados na decisão coletiva. - Impulsiona a reconstrução de opiniões por meio do consenso dos especialistas e peritos envolvidos. b) Análise estratégica de indústrias de Michael E. Porter Michael E. Porter é professor e pesquisador de Harvard, especializado em estratégia competitiva. Porter considera que a elaboração de um cenário para gestão estratégica deve levar em conta o macro ambiente, a indústria e a organização. Porter propõe um modelo de análise estrutural e prospectiva de indústrias (tipo de negócio: bens ou serviços) baseada na identificação e no estudo de influências interativas de cinco grandes forças de cenário na competitividade de determinada organização. As Cinco Forças de Porter são: 1. Ameaça dos concorrentes existentes. São as ameaças impostas pela rivalidade entre os competidores de um mesmo negócio e seus movimentos: guerra de preços, publicidade e novos produtos ou serviços. Os concorrentes são as organizações que já disputam o atual mercado. 19 2. Poder de barganha dos clientes-chave. É o poder resultante da dependência da organização pelos seus clientes e consumidores mais importantes, que aumentam seu poder de negociação. Envolve também aspectos como perfil e características dos consumidores e sua influência sobre o comportamento do negócio. 3. Poder de barganha e dos fornecedores-chave. Quanto menor o número de fornecedores de insumos para o setor, mais dependente o sistema. 4. Ameaça de produtos e serviços substitutos. É o risco permanente da modificação de hábitos de consumo, inserção de tecnologia substituta ou da preferência dos clientes por outro tipo serviço, o que fará com que a organização perca seus clientes e o mercado. 5. Ameaças de novos concorrentes. É a ameaça resultante da inserção de competidores potenciais e suas possibilidades de diferenciação, contra os quais os competidores tradicionais buscam erguer barreiras ou buscar a preferência dos clientes. Nesse momento são investigadas as facilidades e barreiras de entrada e de saída do mercado no setor específico. h Com relação ao microambiente, deve-se analisar: • a ciência e tecnologia existente e sua velocidade de mudança; • as tendências políticas e econômicas – globais ou nacionais – que poderão interferir na indústria em questão; • as exigências e regulamentos governamentais pertinentes; • escopo do mercado atual e suas tendências; • escopo da rivalidade competitiva; • grau de diferenciação dos produtos/serviços; • facilidade de entrada e saída do mercado; • requerimento de capital; 20 • aspectos da economia mundial (incluindo a concorrência); • investidores potenciais; • sistemas ecológicos; • fatores sociais e demográficos; • força de trabalho; • teorias e práticas organizacionais adotadas no setor. Empresa Credores Força de Trabalho Regulamentos CompetidoresTeorias e Práticas Organizacionais Indústria Tendências e Políticas Fatores Demográficos Investidores Economia Mundial Sindicatos Fornecedores 21 O negócio e o grupo estratégico – tanto da organização como dos grupos concorrentes que atuam na mesma região – devem ser analisados com relação às seguintes dimensões estratégicas: • estágio ou ciclo de crescimento dos serviços (fase em que se encontram e sua velocidade de crescimento do mercado); • grau de diferenciação e foco dos serviços oferecidos no mercado; • clientes (reais e potenciais); • competição local/global (análise da cobertura geográfica); • canais de distribuição de atendimento/facilidade de obtenção dos serviços; • qualidade dos serviços ofertados pelo mercado e em que patamar de qualidade sua organização opera; • estratégias de marketing; • facilidade de entrada e de saída do mercado (da organização e dos concorrentes); • outras forças diretoras, como: atratividade do setor, custos de tecnologias, transformações em andamento, fornecedores potenciais, ampliação de know- how técnico do setor, mudanças nas preferências dos clientes etc. A análise interna da organização deve levar em conta: • o perfil da organização: tamanho, estrutura, tecnologia existente, experiência acumulada, potencialidades; • a cultura organizacional: sua filosofia, valores, normas, princípios éticos e preparo de seus executivos; • as práticas organizacionais e sua capacidade de responder ao ambiente e a seus clientes; • as condições financeiras; • o preparo e a alocação de seus recursos humanos; • sua situação comparativa com os concorrentes. 22 Este esquema apresenta a interação das 5 Forças de Porter. e A análise de cenário com a utilização das cinco forças de Porter facilita a determinação de estratégias de competitividade. A partir da análise do ambiente e das forças que interferem criticamente na atividade da organização (competidores mais significativos e clientes mais importantes), podemos definir estratégias de manutenção e ampliação das atividades da organização no mercado. Fornecedores Chave Novos entrantes em potencial Rivalidade entre Competidores Ameaça de novos rivais Poder de barganha de fornecedores Compradores Chave Forças competitivas poder de barganha de clientes Produtos substitutos de outras indústrias Forças competitivas que podem captar seus atuais cliente 23 c) Análise SWOT A análise SWOT de Kenneth Andrews e Roland Christensen também analisa o cenário de uma organização competitivamente, ou seja, comparando com seus competidores- chave. SWOT é a sigla formada pela primeira letra de quatro palavras: Strengths (nossas forças ou nossos pontos fortes); Weaknesses (nossas fraquezas ou nossos pontos fracos); Opportunities (oportunidades emergentes para nossa organização); e Threats (ameaças potenciais às nossas atividades ou à perda de clientes para a concorrência). Pontos fortes (strengths) da empresa (em comparação com nossos principais concorrentes): • Competências essenciais, ou seja, em quais áreas nos destacamos; • Recursos financeiros adequados; • Boa imagem e reputação aos olhos dos consumidores-chave (atuais clientes); • Condiçõesde funcionamento superiores às da concorrência; • Liderança reconhecida no mercado local; • Existência de tecnologia (ou know-how) exclusiva e de excelência; • Habilidade para inovar ou diferenciar serviços; • Superioridade na curva de aprendizagem organizacional, ou seja, se distribuímos know-how à concorrência ou se somos rebocados pelos concorrentes, reagindo às inovações dos outros; • Existência de resultados estratégicos (conquista de clientes, excelência reconhecida no mercado etc.) e financeiros superiores aos da concorrência, a médio e longo prazo; • Outras vantagens que podem interferir positivamente na nossa capacidade de competir. Pontos fracos e deficiências (weaknesses) da organização (em comparação com os principais concorrentes): • Inexistência de uma direção estratégica clara e de metas estabelecidas 24 • Instalações obsoletas ou mal utilizadas • Falta de talentos ou de competência gerencial • Existência de problemas operacionais crônicos, desperdícios etc. • Imagem no mercado fraca ou insuficiente • Incapacidade para financiar ou gerenciar as mudanças estratégicas necessárias • Falta de competência em pesquisa e desenvolvimento ou em inovações • Distribuição e oferta de serviços inadequadas • Resultados estratégicos e financeiros inferiores (estagnação das atividades oferecidas, paralisação na capacidade de captar clientes, reclamação dos clientes com relação aos serviços oferecidos) a longo prazo • Outras deficiências que interferem na competitividade Oportunidades são tendências ou fatos que podem produzir mudanças significativas nos padrões de oferta, manutenção e inserção de produtos/serviços no mercado. Oportunidades potenciais, existentes ou futuras (opportunities): • Servir a grupos de consumidores adicionais, diversificando a carteira de clientes • Entrar em novos mercados ou segmentos, diversificando os produtos/ serviços • Expandir linhas de produtos, criando diferencial nas atividades e serviços para atender a outros clientes, como por exemplo quando queremos atrair especificamente grupos mais jovens ou mais idosos • Oferta de serviços complementares • Complacência entre organizações rivais, ou seja, quando os concorrentes não criam barreiras significativas à expansão da organização em análise • Facilidade de crescimento rápido do mercado 25 • Outras oportunidades competitivas Ameaças são tendências ou fatos que, sem ações estratégicas que promovam alterações expressivas, poderá levar à retração de nossa atuação no mercado pela perda de clientes. Ameaças potenciais, existentes e futuras (threats): • Entrada de outros fornecedores com custos mais baixos ou com o mesmo custo, mas com facilidades adicionais ou com serviços de melhor qualidade • Entrada de atividades e serviços substitutos • Crescimento da organização de forma lenta ou conturbada • Regulamentos governamentais que impliquem em aumento de custos • Mudanças nas necessidades ou preferências dos clientes • Mudanças demográficas adversas ou tendências de afastamento de clientes por mudança de rota, de região, de cidade • Vulnerabilidade à recessão e a riscos econômicos • Dificuldades na aquisição de insumos (pessoal capacitado, material etc.) • Aumento do poder de barganha de clientes e fornecedores • Outras alterações significativas do ambiente e É importante frisar que o SWOT, sendo uma ferramenta de análise comparativa, analisa os pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades com relação a alguma coisa – ou seja, com relação aos fatores críticos de sucesso (por que os clientes preferem esta organização) e às competências principais (que agregam valor aos produtos/serviços; são diferenciais da organização que são difíceis de imitar). 26 Com essas informações já disponíveis, podemos elaboração uma matriz para facilitar a análise. Forças e fraquezas referem-se ao ambiente interno à organização (possíveis de serem controlados e alterados), enquanto oportunidades e ameaças dizem respeito ao ambiente externo à organização (fora do controle da organização), conforme pode ser observado no quadro. É claro que oportunidades e ameaças (ambiente externo) e pontos fortes e fracos (organização) não são elementos estáticos, mas apresentam sua dinâmica de mudança. Por isso a importância de exercitarmos prospecções de cenário anualmente, de definirmos metas de performance e de implementarmos ações para potencializar o que é positivo para nossas atividades e minimizar o que poderá ser desastroso. Se as oportunidades não forem aproveitadas e as ameaças não forem devidamente contornadas corremos o risco de diminuir, cada vez mais, nossa importância junto a nossos clientes. INFORMAÇÕES INTERNAS Strenghts (Pontos Fortes/ Forças) Vantagens em relação às organizações concorrentes (tecnologia, know-how, baixos custos, pessoal etc.) Weaknesses (Pontos Fracos/ Fraquezas) Desvantagens da organização em relação às concorrentes (tecnologia, know-how, baixos custos, pessoal etc.) INFORMAÇÕES EXTERNAS Opportunities (Oportunidades) Aspectos favoráveis do ambiente com potencial tornarem-se vantagem competitiva. Threats (Ameaças) Aspectos desfavoráveis do ambiente que podem comprometer as vantagens competitivas. 27 Concluindo As ferramentas quantitativas, apesar de não serem aconselhadas para a projeção de cenários, pois tendem a simplesmente projetar o que já existe, sem novidades, podem ser utilizadas apenas como apoio, pois fornecem dados estatísticos e numéricos objetivos. No entanto, as ferramentas qualitativas possibilitam balizar e reestruturar a visão do nosso negócio, seu tempo de vida, identificam as ameaças e oportunidades existentes, delimitam nossos fatores críticos de sucesso, e permitem o estabelecimento de projetos de mudança, de ampliação, de diversificação e de melhoria de cultura. Alicerçando nossa análise de negócio com informações significativas, possuiremos a base necessária para a elaboração de um planejamento gerencial que sobreviva às diversas contingências a que poderemos estar sujeitos: o Planejamento Estratégico. Uma boa construção de cenários também pode combinar técnicas o que, certamente, requer mais trabalho. No entanto, poderá produzir melhores resultados, pois amplia as abordagens da nossa análise, evitando perdas de oportunidade em consequência de percepções distorcidas da realidade. As 5 Forças de Porter e o SWOT analisam detalhadamente o ambiente onde a organização opera, enquanto o Delphi analisa melhor o macro ambiente. Certamente outras ferramentas de análise e problematização podem ser utilizadas para enriquecer as informações obtidas. Cabe alertar que a análise de cenário é uma atividade que deve ser realizada em grupo por se tratar de uma atividade de geração de ideias e de consenso e que pode requerer, para sua condução, a mediação de especialistas em ferramentas de análise de cenário ou de especialistas em coordenação de grupos operativos. 28 Glossário Prospectar: A prospecção, atividade que precede a venda, se propõe a encontrar os clientes certos para você fazer a sua venda. 29 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Prospectar sobre o futuro é uma atividade inerente à administração, pois de modo geral as decisões tomam por base informações do passado e do presente para serem implementadas no futuro. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. O negócio e o grupo estratégico – tanto da organização como dos grupos concorrentes que atuam na mesma região – devem ser analisados com relação, apenas, a dimensão estratégica dos clientes. Verdadeiro ( ) Falso () Atividades 30 Referências ALBRECHT, Karl. Serviços com Qualidade: a vantagem competitiva. São Paulo: Makron Books, 1992. BRASIL. Secretaria de Planejamento e Gestão do Tribunal de Contas da União. Guia de referência do sistema de planejamento e gestão do Tribunal de Contas da União. Brasília: TCU, 2006. CASSOL, L. P. et al. Cenários Prospectivos para Telefonia Celular no Brasil: 2008-2016. Gestão & Regionalidade, São Paulo, v. 24, n. 72, set.-dez. 2008. CHIAVENATO, Idalberto. Administração – Teoria, Processo e Prática. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. DA SILVA, Márcio José. Qual é a fórmula do sucesso para se prever o futuro? Trabalho de conclusão de curso de graduação em Administração de Empresas - Instituto de Ensino Superior Cenecista. Unaí – MG, 2000. DRUCKER, Peter. O Melhor de Peter Drucker: O homem, a Administração, a Sociedade. São Paulo: Nobel, 2002. GIANESI, Irineu G. N.; CORRÊA, Henrique L. Administração estratégica de serviços. São Paulo: Atlas, 1994. GODET, Michel. Manual de Prospectiva Estratégica: da Antecipação à Ação. Lisboa: Publicações D. Quixote, 1993. KALLÁS, David; COUTINHO, André Ribeiro. Gestão da estratégia: experiências e lições de empresas brasileiras. Organizadores. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. Alinhamento: usando o Balanced Scorecard para criar sinergias corporativas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. _____. Mapas estratégicos: convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. _____. Organização orientada para a estratégia: como as empresas que adotam o Balanced Scorecard prosperam no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2004. 31 _____. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. LÉVY, Pierre. O que é o Virtual? São Paulo: 34, 1996. LOCKE, E. A.; BRYAN, J. F. The Effects of Goal Setting, Rule LEarning, and Knowledge of Score on Performance. American Journal of Psychology, n. 79, p. 451-457, 1966. MCCLELLAND, D. C. The achieving society. Princeton, New Jersey: Van Nostrand, 1961. MOLLER, Claus. O lado humano da qualidade: maximizando a qualidade de produtos e serviços através do desenvolvimento das pessoas. 12ª Ed. São Paulo: Pioneira, 1999. NOBREGA, Clemente. Em busca da empresa quântica. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996. PORTER, Michael E. Competitive Strategy – Techniques for Analysing Industries and Competitor. EUA: The Free Press, 1990. Vantagem Competitiva. Tradução: BRAGA, de Pinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992. REDI, Renata. Modelo de implementação da estratégia através do uso integrado do Balanced Scorecard e do Gerenciamento pelas Diretrizes. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2003. SCHILLING, Voltaire. Globalização, ontem e hoje. Portal da internet, 2002. História – Século XX. Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/ seculo/2002/10/10/001.htm>. Acesso em: 28 abr. 2008. UNGER, J. David. Gestão estratégica: princípios e prática. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2002. WALLACE, Thomas F. Como Conquistar Clientes e Mantê-los para Sempre. São Paulo: Harbra, 1996. WRIGHT, Peter L. Administração estratégica: conceitos. São Paulo: Atlas, 2000. ZAPATA, Juan Carlos Revollo. Modelo híbrido para estimativa de parâmetros de referência como suporte à avaliação social de projetos. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1995. 32 UNIDADE 2 | MISSÃO, VISÃO E OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS 33 Unidade 2 | Missão, Visão e Objetivos Organizacionais 1 A Importância da Determinação da Missão Organizacional As organizações interagem e estão inseridas em um determinado ambiente: fornecem produtos (bens ou serviços) a determinados clientes, utilizam insumos de determinados fornecedores e, principalmente quando estão saudáveis e bem administradas, fazem diferença social: empregam pessoas, geram recursos e desenvolvem conhecimento (know-how). Identificar a razão de existir de uma organização é tarefa de suma importância, pois as organizações se perpetuam e se desenvolvem quando cumprem sua função social e atendem a uma determinada demanda da sociedade. A missão de uma organização é a sua razão de existir. E todas as organizações têm uma missão – mesmo que ela ainda não tenha sido escrita ou não tenham tomado consciência dela. A importância em determinar, analisar e divulgar a missão da organização a todos os colaboradores se dá à medida que cada estratégia escolhida, cada decisão tomada ou política adotada deve ser feita à luz da razão de existir da organização. É claro que a missão pode ser alterada ou modificada, dependendo das transformações (ambientais e institucionais) que ocorram. Dessa forma, o “estilo” de administrar às cegas ou de modo puramente instintivo está cada vez menos em voga, pois a cegueira institucional acaba sendo reproduzida nas unidades organizacionais: ninguém sabe exatamente o que, por que e para quem fazem – apenas fazem e seguem com suas rotinas. 34 h Saber o que fazemos, para que e para quem fazemos ajuda na avaliação da pertinência das atividades que realizamos e contribui para o direcionamento dos esforços e a escolha de prioridades, e aumenta nossa autoestima, pois sabemos da importância do nosso trabalho. Permite, além disso, verificar se somos eficazes, se realmente realizamos o que temos que fazer, se as cumprimos, diariamente; nossa razão de existir. Podemos determinar a missão no nível institucional e ainda a de cada um de seus diversos segmentos (unidades organizacionais, divisões, setores), o que nos auxilia na definição dos objetivos setoriais. A missão, em princípio, não trata do futuro, mas do presente, do atual, do que é realizado. Por isso ela pode ser modificada, por exemplo, quando está associada a um bem ou serviço que caminha para a extinção ou que será brevemente substituído. Algumas missões já incorporaram uma visão de futuro com vistas à continuidade de sua existência, mesmo com a extinção do produto que fundamentou sua criação. É o caso do Royal Dutch/Shell Group que, apesar de ser conhecido mundialmente por explorar fontes de petróleo e fornecer combustíveis e lubrificantes, alterou sua missão para poder sobreviver no futuro, com a substituição do petróleo como fonte de energia. Dessa forma, sua missão hoje é encontrar as necessidades de energia da sociedade de forma econômica, social e ecologicamente viável, agora e no futuro. A missão do Royal Dutch/Shell Group obriga a que a organização expanda suas áreas de atuação energética ao invés de se limitar a prospectar, explorar e distribuir petróleo. Dessa forma, o grupo utiliza estratégias de inserção e expansão da comercialização de energia elétrica, solar, geotermal e eólica (dos ventos), além da utilização energética do hidrogênio e do gás, com investimentos substanciais em pesquisa e desenvolvimento. Diferentemente do setor de energia renovável e não renovável, outras áreas estão em ascensão e crescimento em todo o mundo, e apresentam um importante papel para o desenvolvimento e a promoção da qualidade de vida da sociedade. 35 2 Como Determinar a Missão da Empresa Em primeiro lugar, é importante saber: a) Qual é a necessidade social a ser atendida b) Qual é o negócio Saber o que fazemos e qual é o nosso negócio é de suma importância, pois se atendemos a uma necessidade que é apenas transitória, ou se estamos atrelados a satisfazer a necessidade de um único cliente, certamente nossa organização terá uma vida curta. E se não conseguimos determinar nosso negócio, fica muito difícil definirmos estratégias, compararmos nosso desempenhocom o de outras organizações, enfim, isso demonstra que nossas atividades gerenciais não têm um sentido definido, mas tomam por base o gerenciamento de uma rotina confusa. A partir dessas definições preliminares, podemos escrever nossa missão que, conforme já abordamos, deve abordar sempre o que fazemos atualmente, mesmo com direcionamento ao futuro. e A descrição da missão deve conter dois pilares chaves de sua sustentação: o que fazemos (qual nossa tarefa) e por que fazemos (nosso propósito). Pode ser adicionado ainda um terceiro pilar: o como fazemos, mas isso não é fundamental para se redigir a missão. Se ela estiver redigida em termos de “tarefa + propósito”, ela já estará determinada adequadamente. Logo: MISSÃO = TAREFA + PROPÓSITO Vamos, agora, analisar a missão de uma organização, do SEST/SENAT, por exemplo. Atividades 36 O SEST/SENAT possui a missão de: Desenvolver e disseminar a cultura do transporte, promover a melhoria da qualidade de vida e do desempenho profissional do trabalhador, além da formação e qualificação de novos profissionais, sempre em busca de maior eficiência e eficácia dos serviços a serem prestados à sociedade. Os propósitos envolvidos nessa missão abrangem aspectos sociais voltados à assistência médica, odontológica, cultural e de lazer remetidos ao SEST e ao aprimoramento profissional, através da qualificação, reciclagem e aperfeiçoamento dos profissionais, de competência do SENAT. Nessa missão, podemos observar três pilares de sustentação: • O que fazemos: desenvolver e disseminar a cultura do transporte, promover a melhoria da qualidade de vida e do desempenho profissional do trabalhador, além da formação e qualificação de novos profissionais; • Para que fazemos: em busca de maior eficiência e eficácia dos serviços a serem prestados à sociedade; • Como fazemos (por meio de): assistência médica, odontológica, cultural e de lazer; e aprimoramento profissional, através da qualificação, reciclagem e aperfeiçoamento dos profissionais. No caso do SEST/SENAT, há, ainda, mais um pilar de sustentação, que é: A quem compete fazer: • assistência médica, odontológica, cultural e de lazer – remetidos ao SEST; • aprimoramento profissional, através da qualificação, reciclagem e aperfeiçoamento dos profissionais – de competência do SENAT. 37 Após essa análise, podemos constatar que a missão do SEST/SENAT apresenta os pilares fundamentais que justificam a sua razão de existir, a sua importância social. Ela também nos orienta sobre qual é e quem é seu público alvo, as atividades que são realizadas e a quem compete realizá-las. Por isso, a análise e compreensão da missão de uma organização é tão importante para nortear o nosso trabalho. 3 Visão Organizacional “Se o homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável” – Sêneca É sempre importante termos sonhos e projetos que nos motivem a caminhar, a trilhar novos caminhos e a empreender esforços para conquistar outros patamares (seja no campo profissional ou pessoal). Podemos dizer que os sonhos alimentam a nossa alma, a nossa vontade, e sua concretização sempre nos traz sentimentos de realização e felicidade. Empresarialmente não é diferente: é a visão que nos impulsiona a superar obstáculos, a arriscar e a realizar. Por isso, redigir uma visão formal e clara da organização auxilia a que todos colaboradores internos e parceiros compreendam onde queremos chegar. Assim, a principal característica de uma visão é seu poder de inspirar, atrair, contagiar, impulsionar e mobilizar as pessoas a empreenderem os esforços necessários para sua concretização. Por isso, normalmente ela também está atrelada a valores sociais que devem ser compartilhados por todos. A redação da visão de uma organização deve sempre descrever uma situação futura, ou seja, aonde se quer chegar. E, principalmente, deve ser realizável a médio ou longo prazo – mas ser realizável e, é claro, ser atingida! Por isso, não deve ser tratada como um lema a ser seguido, mas sim como um macro objetivo a ser alcançado pela organização. 38 Visão: • Descrever a situação futura. • Inspiradora, atraente e impulsionadora. • Realizável. h Cuidado: de nada servem palavras bonitas que mais parecem um poema esotérico, mas que não conseguem expressar, com simplicidade e clareza, exatamente aonde você quer chegar. Apesar da necessidade de clareza e objetividade parecerem óbvias, algumas visões acabam sendo descritas de forma tão ampla, subjetiva e abstrata que se tornam quase inatingíveis. E o que é inatingível não mobiliza pessoas, pois os esforços empreendidos não farão diferença. E o que é abstrato e subjetivo dá margem a interpretações diversas, dificultando a compreensão de todos os envolvidos na sua concretização. A visão da organização deve ser um norte claro, de modo a orientar a elaboração do planejamento e a definição de prioridades. A visão não é perene e nem pode ser, pois deve ser mudada cada vez que é realizada. Ela realmente deve ser alcançada, a médio ou longo prazos. As melhores visões de futuro são aquelas que se baseiam em cenários que contemplam várias possibilidades, pois podem ser concretizadas mesmo com mudanças contingenciais. Mas a visão não deve se restringir a metas financeiras numéricas, como por exemplo “ganhar X milhões de reais até o ano Y, mas sim apresentar um estado, uma situação onde a empresa estará, por exemplo, ampliar a atuação da unidade em X por cento do mercado local. Peter Drucker nos alerta que os ganhos financeiros de qualquer organização são sempre consequência de seus resultados alcançados, e não um fim em si mesmo. 39 Lembre-se: Visão sem ação é um sonho. Ação sem visão é passatempo. Visão com ação pode transformar o mundo. Joel Barker (1998) A partir da missão (já definida) e da visão de futuro da organização (que deve ser construída por você), podem ser definidos os objetivos organizacionais e as alternativas estratégicas que serão adotadas – estes sim, podendo conter metas numéricas. Os objetivos nada mais são do que a descrição objetiva das pretensões, e podem ser hierarquizados, ou seja, os objetivos organizacionais devem enfocar a organização como um todo (são os macro objetivos), e podem ser desdobrados em objetivos para cada área de atuação (novas tecnologias, produção, comercialização, armazenagem, transporte, serviços a serem prestados, entre outros) e garantir que, por meio de estratégias de concretização, a visão que você determinou para a sua organização seja atingida. A estratégia organizacional é a mobilização de todos os recursos da organização visando a atingir os objetivos de longo prazo (os macro objetivos). Uma vez estabelecidos os objetivos empresariais, a estratégia é o conjunto de decisões das quais dependerão os recursos necessários e a tecnologia requerida, a estrutura organizacional mais adequada e a consequente ação empresarial para o alcance de resultados (CHIAVENATO, 1987, p. 99). 40 f As estratégias adotadas (pois podem ser várias) ainda devem orientar sobre o que fazer, subsidiadas pela análise de cenário da área de tarefa da organização – seus clientes e parceiros, devendo considerar aspectos relativos: 1. Ao ambiente: mais especificamente as oportunidades, restrições e contingências onde a organização está inserida; 2. À realidade da organização: seus recursos, seu know-how, suas capacidades e seus compromissos; 3. À adequação entre os dois componentes anteriores: como a organização irá compatibilizar seus objetivos, diante das imposições e possibilidades do ambiente, e como mobilizará os recursos existentes (humanos,materiais, financeiros e tecnológicos) para o alcance dos objetivos. Definição das estratégias organizacionais • Defensivas (manter a atual situação) • Ofensivas (ampliar a atuação da organização ou conquistar mercado) • Analíticas (manter e ampliar a atuação e conquistar mercado) • Inovadoras (inovar serviços ou mercado – outro público alvo) Determinação dos objetivos da organização Análise organizacional Análize ambiental, oportunidades e ameaças O que mudar ? Por que mudar ? Como mudar ? 41 Por fim, deve-se ressaltar que não basta traçar uma estratégia e implementá-la. Na realidade, é crucial que se gerencie bem essa estratégia, de modo a cumprir os objetivos traçados e a alcançar os resultados esperados. Para tanto, deve-se adotar um sistema de gestão da estratégia, como o Balanced Scorecard (BSC), o Gerenciamento pelas Diretrizes. (GPD) ou outro qualquer. Neste curso, como o objetivo não é o aprofundamento de conhecimentos nesse tipo de sistema, nos ateremos ao BSC. 4 Planejamento Estratégico Fica muito fácil redigir o planejamento estratégico de uma organização quando já se tem definidas: a missão, a visão da organização (onde ela pretende estar no futuro), após a análise de cenário e a análise organizacional (pontos fortes e fracos), determinados os objetivos a serem alcançados (metas globais) e as estratégias a serem utilizadas. O planejamento estratégico nos auxilia a determinar o como fazer para atingir os objetivos e adotar as estratégias definidas. É o planejamento que irá delinear a ação da organização. e É isso o que o torna diferente dos planejamentos institucionais comuns, que não são realizados a partir de decisões estratégicas. O planejamento estratégico tem como características principais: • ser de médio a longo prazo (pelo menos em termos de efeitos ou resultados) • ser voltado para as relações da organização com seu ambiente específico – seus clientes e parceiros • envolver a organização como um todo, de modo global e sistêmico. É o plano de implementação (o fazer acontecer) das estratégias adotadas, para atingir os objetivos determinados, após análise do ambiente e da situação da organização; • ser voltado para a eficácia da organização, ou seja, à definição do que deve ser feito 42 O planejamento estratégico também precisa ter uma visão de futuro, pois planejamos e implementamos (colocamos os planos em ação) no presente para obter seus resultados no futuro, em um ambiente que, provavelmente, já terá sofrido alterações significativas. Todo planejamento deve ser flexível, ou então estaria fadado ao insucesso diante do primeiro imprevisto. Mas o planejamento estratégico tem como característica o fato de ser planejado para ser flexível, apresentando uma pluralidade de opções estratégicas (defensivas e ofensivas) e táticas (operacionalização de estratégias) que facilitem e assessorem a tomada de decisões ao longo do tempo. Como o futuro é incerto e o planejamento é de médio e longo prazo, estará sujeito a muitas variáveis internas e externas. Ampliando as opções de movimento, poderemos garantir a obtenção dos resultados esperados mesmo com a ocorrência de mudanças, pois estaremos mais preparados para apresentarmos respostas assertivas sem perdermos nossos objetivos de vista. Análise da eficácia dos processos de trabalho a partir da missão da empresa O que fazemos de modo satisfatório ou excelente e que é necessário. Missão Os processos de trabalho O que seria importante que fizéssemos, mas não fazemos. O que fazemos de necessário, mas de modo insatisfatório ou deficiente. O que fazemos que não precisaríamos fazer. 43 h O planejamento estratégico sempre reflete uma filosofia de ação, que pode ser: • Conservadora: quando se busca a obtenção de bons resultados sem a realização de mudanças radicais; • Otimizante por meio da busca da eficiência, reduzindo custos e maximizando o desempenho; • Adaptativa: busca compatibilizar os diferentes interesses envolvidos em prol do desenvolvimento da organização, sem se preocupar tanto em correção de deficiências do passado. O planejamento estratégico, por lidar com decisões e implementações globais da unidade, necessita ser desmembrado em outros planejamentos, para que possa ser efetivamente implementado – o que é feito por meio do Planejamento Tático e do Planejamento Operacional. A elaboração do planejamento estratégico envolve as seguintes etapas: 1. Identificação da Missão e determinação da Visão da organização 2. Determinação dos objetivos da organização 3. Análise ambiental externa 4. Análise organizacional interna 5. Revisão/adequação dos objetivos da organização 6. Formulação das alternativas estratégicas 7. Definição de como as alternativas estratégicas escolhidas serão desenvolvidas (ponto principal do planejamento estratégico, pois as outras fases já foram elaboradas) 8. Redação do planejamento estratégico propriamente dito 9. Desdobramento e implementação por meio de planos táticos e planos operacionais 44 5 Planejamento Tático O planejamento tático é o desmembramento, o detalhamento do planejamento estratégico em cada área de atuação, sendo realizado pelo nível intermediário da organização. Dessa forma, os objetivos e as decisões estratégicas são desdobradas em cada grande área: pesquisa e tecnologia, produção, comercialização, prestação de serviços, entre outras. h Assim, o planejamento tático envolve: • Decisões e empreendimentos mais limitados a cada área de atuação da organização • Com prazos de implementação mais curtos (dimensionados a médio prazo) • É desenvolvido pela média direção (níveis de autoridade intermediários, podendo contar com a colaboração dos níveis operativos e a aprovação dos níveis de direção geral) • Combina eficácia e eficiência – fazer o que deve ser feito da melhor forma Assim, o resultado do planejamento tático é um plano de implementação contendo objetivos gerais (contidos no plano estratégico e relacionados à área em questão), específicos, a descrição das estratégias a serem adotadas (em conformidade com as macro estratégias contidas no planejamento estratégico). 45 O planejamento tático deve descrever mais detalhadamente as atividades que serão realizadas em cada área, contendo cronograma de eventos, previsão de recursos, setores responsáveis, as políticas e diretrizes (guias genéricos de ação) setoriais a serem seguidas, enfim, todo o detalhamento necessário à sua realização, acompanhamento e verificação de resultados. 6 Planejamento Operacional O planejamento operacional apresenta o maior nível de detalhamento, enfocando o curto prazo, a descrição detalhada da realização das tarefas, como serão executadas as operações etc. Os planejamentos operacionais podem detalhar: • Métodos, rotinas ou procedimentos a serem utilizados: passos ou etapas que devem ser rigorosamente seguidas, podendo ser expressos em fluxogramas. • Orçamentos e aspectos financeiros: normalmente correspondendo ao ano fiscal, podendo utilizar-se de fluxo de caixa, previsões orçamentárias etc. • Programas: relação tempo X atividades, podendo ser expressos em cronogramas, sequência de eventos etc. • Regulamentos: orientam os aspectos comportamentais, definindo o que pode ou não ser feito. Portanto, os planejamentos operacionais são voltados para a eficiência, ou seja, definem a melhor forma de fazer as coisas. 46 h A implementação de todos os planejamentos operacionais deve garantir a execução do planejamento tático de cada área que, por sua vez, devemgarantir a implementação do planejamento estratégico que, por sua vez, deve garantir o alcance dos objetivos globais e da visão da organização. Essa integração é que fornece coerência e consistência às diversas etapas do planejamento da organização garantindo sua efetividade (eficiência + eficácia – fazer o que deve ser feito, da melhor forma possível). Encadeamento da Vísão com o planejamento empresarial sistêmico Missão Visão Objetivos Estratégias P. Estratégico P. Tático P. Operacional Integração entre os níveis de planejamento empresarial Estratégico Tático Intermediário / Departamental Operacional Micro / Setorial Macro / Institucional 47 Concluindo Sim, é tudo muito simples. A dificuldade está em planejar! Infelizmente, nos falta uma cultura de planejamento. Por que planejamos pouco, acabamos planejamento mal, principalmente se não temos estratégias e objetivos definidos claramente. Em planejamento e implementação os japoneses são referência, porque fazem isso rotineiramente. Passaram por dificuldades históricas (incluindo catástrofes naturais e guerras), têm poucos recursos naturais e, por isso, preferem estudar muito bem cada questão antes de despender enormes somas financeiras, trabalho e recursos de toda sorte em projetos mal ou pouco detalhados ou inconsistentes. Portanto, planeje! Planeje sua rotina, sua agenda, seus projetos, seu trabalho, e incentive sua equipe a fazê-lo. Afinal, só quem planeja e implementa habitualmente alcança resultados com eficácia e eficiência. 48 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. A descrição da missão deve conter dois pilares chaves de sua sustentação: o que fazemos (qual nossa tarefa) e por que fazemos (nosso propósito). Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. A redação da visão de uma organização deve sempre descrever uma situação presente, ou seja, aonde se quer permanecer. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 49 Referências ALBRECHT, Karl. Serviços com Qualidade: a vantagem competitiva. São Paulo: Makron Books, 1992. BRASIL. Secretaria de Planejamento e Gestão do Tribunal de Contas da União. Guia de referência do sistema de planejamento e gestão do Tribunal de Contas da União. Brasília: TCU, 2006. CASSOL, L. P. et al. Cenários Prospectivos para Telefonia Celular no Brasil: 2008-2016. Gestão & Regionalidade, São Paulo, v. 24, n. 72, set.-dez. 2008. CHIAVENATO, Idalberto. Administração – Teoria, Processo e Prática. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. DA SILVA, Márcio José. Qual é a fórmula do sucesso para se prever o futuro? Trabalho de conclusão de curso de graduação em Administração de Empresas - Instituto de Ensino Superior Cenecista. Unaí – MG, 2000. DRUCKER, Peter. O Melhor de Peter Drucker: O homem, a Administração, a Sociedade. São Paulo: Nobel, 2002. GIANESI, Irineu G. N.; CORRÊA, Henrique L. Administração estratégica de serviços. São Paulo: Atlas, 1994. GODET, Michel. Manual de Prospectiva Estratégica: da Antecipação à Ação. Lisboa: Publicações D. Quixote, 1993. KALLÁS, David; COUTINHO, André Ribeiro. Gestão da estratégia: experiências e lições de empresas brasileiras. Organizadores. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. Alinhamento: usando o Balanced Scorecard para criar sinergias corporativas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. _____. Mapas estratégicos: convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. _____. Organização orientada para a estratégia: como as empresas que adotam o Balanced Scorecard prosperam no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2004. 50 _____. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. LÉVY, Pierre. O que é o Virtual? São Paulo: 34, 1996. LOCKE, E. A.; BRYAN, J. F. The Effects of Goal Setting, Rule LEarning, and Knowledge of Score on Performance. American Journal of Psychology, n. 79, p. 451-457, 1966. MCCLELLAND, D. C. The achieving society. Princeton, New Jersey: Van Nostrand, 1961. MOLLER, Claus. O lado humano da qualidade: maximizando a qualidade de produtos e serviços através do desenvolvimento das pessoas. 12ª Ed. São Paulo: Pioneira, 1999. NOBREGA, Clemente. Em busca da empresa quântica. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996. PORTER, Michael E. Competitive Strategy – Techniques for Analysing Industries and Competitor. EUA: The Free Press, 1990. Vantagem Competitiva. Tradução: BRAGA, de Pinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992. REDI, Renata. Modelo de implementação da estratégia através do uso integrado do Balanced Scorecard e do Gerenciamento pelas Diretrizes. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2003. SCHILLING, Voltaire. Globalização, ontem e hoje. Portal da internet, 2002. História – Século XX. Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/ seculo/2002/10/10/001.htm>. Acesso em: 28 abr. 2008. UNGER, J. David. Gestão estratégica: princípios e prática. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2002. WALLACE, Thomas F. Como Conquistar Clientes e Mantê-los para Sempre. São Paulo: Harbra, 1996. WRIGHT, Peter L. Administração estratégica: conceitos. São Paulo: Atlas, 2000. ZAPATA, Juan Carlos Revollo. Modelo híbrido para estimativa de parâmetros de referência como suporte à avaliação social de projetos. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1995. 51 Gabarito Questão 1 Questão 2 Unidade 1 V F Unidade 2 V F
Compartilhar