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PROBLEMA 08 Compreender HIV/AIDS. EPIDEMIOLOGIA A África é o continente de maior incidência do HIV/AIDS no mundo. Houve redução de 30% no número de óbitos de 2005 para 2012, de forma que isso se dá devido à ampliação do tratamento antirretroviral. AIDS no Brasil - Região Sudeste(55,2%)> Região Sul(20%) > Nordeste(13,9%) > Centro-Oeste(5,8%) > Norte(5,1%). - A maioria dos casos é registrada em pessoas de 20 a 49 anos, sendo que 11,5% em idade superior a 50 anos, 3,1% em menores de 14 anos e 1,8% na faixa de 15 a 19 anos. - Atinge mais comumente o sexo masculino. - A partir de 1990: heterossexualização do HIV/AIDS. - As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm aumentado a incidência de casos. - A partir de 1996/1997, os óbitos decresceram no país, porém, se mantêm estáveis nos últimos anos. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA EPIDEMIA Os países mais pobres são mais afetados pela doença. O HIV/AIDS afeta desproporcionalmente certas subpopulações, como mulheres da África subsaariana, homens que se relacionam com outros homens, usuários de drogas injetáveis e trabalhadores do sexo. VIAS DE TRANSMISSÃO DO HIV Transmissão sexual: é avia mais importante(75 a 85%), sendo que o sexo anal desprotegido receptivo é a via de maior chance de transmissão. Além disso, estudos demonstram que homens circuncidados têm menor chance de contrair o HIV quando comparados a homens não circuncidados. Infecção pelo HIV em mulheres e a transmissão perinatal: tem crescido o número de mulheres infectadas pelo HIV no Brasil, que passou de 28m:1h em 1985 para 1,7m:1h em 2012. Infecção de mãe para filho: principal meio de infecção em crianças. intraútero, trabalho de parto ou amamentação. Transfusão de sangue e hemoderivados Uso de drogas injetáveis: responsável por grande parte da transmissão do vírus a mulheres. MORFOLOGIA DO VÍRUS HIV CICLO VIRAL • Entrada do vírus na célula: o HIV se liga primeiramente às proteínas CD4 que se localizam na superfície celular de certas células, como linfócitos T helper, monócitos/macrófagos e células dendríticas. Ao se ligar à CD4, a proteína gp120 sofre uma mudança conformacional que faz com que ela exponha o sítio de ligação de dois correceptores, o CCR5 e o CXCR4. Essa ligação com os correceptores faz com que haja outra mudança conformacional na gp120, fazendo com que ela exponha a gp41(que estava “escondida” embaixo dela). Dessa forma, há a fusão de parte do vírus com a membrana celular através da gp41, fazendo com que o capsídeo viral seja inoculado no citoplasma. • Processo de transcrição reversa do RNA viral: já no interior da célula infectada, o HIV, através da enzima transcriptase reversa, transcreve o RNA genômico em DNA de dupla fita. Após isso, ainda no citoplasma, o DNA proviral é liberado, sendo que entra no núcleo através de poros da membrana nuclear quando a célula está ativada. I O DNA é então ligado ao DNA humano através da enzima viral integrase. • Síntese do RNA viral e liberação da progênie: uma vez incorporado ao DNA humano, o DNA viral é lido, gerando RNA genômico viral e RNA mensageiro, sendo que este será traduzido e servirá como síntese de proteínas virais. Essas proteínas virais são então encaminhadas até a região próxima à membrana celular, onde são clivadas pela enzima protease. Dessa forma, novos vírus são montados e liberados da célula por brotamento. VARIABILIDADE GENÉTICA DO HIV Assim como outros vírus de RNA, o HIV tem uma alta taxa de variação genética. Um dos fatores responsáveis por essa alta incidência de variabilidade genética está a enzima transcriptase reversa, que faz com que ocorra uma mutação de grande proporção no genoma do vírus, de forma que praticamente uma espécie nova de vírus seja gerada, fazendo com que todos os dias sejam geradas 105 a 106 variantes que possuem mutação em cada posição do genoma. TIPOS E SUBTIPOS DE VÍRUS HIV O HIV tem dois tipos principais: o HIV-1 e o HIV- 2(forma menos infectante e menos patogênico do que o HIV-1), sendo que o HIV-1 se subdivide em M(major), O(outlier), N(new) e P. Já o HIV-2 se subdivide de A a G. Essas subdivisões se ramificam em muito mais subdivisões(clades), de forma que existem várias e várias delas. Quando o indivíduo é infectado por uma ou mais clades, ela podem se recombinar, originando as FORMAS RECOMBINANTES CIRCULANTES(CRFs). O HIV-2 é mais comum em pessoas oriundas da África. PATOGÊNESE E IMUNIDADE INFECÇÃO AGUDA O HIV infecta principalmente os linfócitos T CD4+, de forma que, inicialmente, há essa infecção e a viremia aumenta, enquanto há redução do número de LT CD4+. Após isso, há uma redução da viremia e aumento da quantidade de células T CD4+, mas em número menor do que era antes. ▪ Mecanismo de diminuição de LT CD4+: os mecanismos envolvidos na diminuição desses linfócitos residem no fato de que eles podem migrar para os órgãos linfoides e/ou serem destruídos pelo vírus. ▪ Para onde vão os vírus do início da viremia? Grande parte dos vírus são destruídos por intermédio da imunidade, porém, uma parte deles continuam a exercer seus efeitos do período de latência nos órgãos do sistema mononuclear- fagocitário, principalmente pela ação das células dendríticas. LATÊNCIA CLÍNICA Após o período de infeção aguda, segue-se então o período de latência clínica, em que, embora não haja manifestação de sinais e sintomas, os vírus continuam a se replicar e a causar os seus demais efeitos. Isso ocorre de velocidade diferente de indivíduo para indivíduo. Esse período pode durar até 11 anos após a primoinfecção. DISFUNÇÕES SETORIAIS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO o Linfócitos T CD4+: têm, além de diminuição de sua quantidade, a diminuição de sua função, naqueles que ainda a tem. o Linfócitos T CD8+: têm sua quantidade diminuída, embora em menor proporção do que os linfócitos T CD4+. fase aguda inversão da quantidade de linfócitos T CD4+ < T CD8+. o Linfócitos B: há diminuição de sua quantidade pelo efeito citotóxico do vírus, bem como pela deficiência prévia de CD4+. Há também uma hipergamaglobulinemia(o que pode gerar os linfomas não-Hodgkin). COMPARTIMENTALIZAÇÃO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO E PROGRESSÃO DA IMUNODEFICIÊNCIA Os linfócitos virgens, através do estímulo de citocinas, diferenciam-se em linfócitos 𝑇𝐻1(IL-12, por macrófagos) e 𝑇𝐻2(IL-4). O 𝑇𝐻1 produz IL-2 e IFN-γ, fazendo parte da imunidade mediada por células(hipersensibilidade do tipo tardia e ativação de macrófagos), enquanto os linfócitos 𝑇𝐻2 produzem IL-4, IL-5, IL-6 e IL-10, fazendo parte da imunidade humoral(produção de anticorpos). Na infecção pelo HIV, há uma desregulação desse equilíbrio de resposta imunológica, de forma que há predominância da resposta 𝑇𝐻1 no início da doença e 𝑇𝐻2 no final. EXAMES PARA O DIAGNÓSTICO ❖ EXAMES SOROLÓGICOS Etapa I – Testes imunoenzimáticos ➢ Sensibilidade e especificidade: esses testes têm sensibilidade e especificidade próximos de 100%, o que indica que um resultado positivo em pessoa com quadro clínico ou história epidemiológica compatíveis têm valor preditivo positivo próximo a 100%.➢ Recomendações do MS: o MS recomenda que, em caso de positividade, deve ser realizado outro teste com princípio metodológico diferente ou antígeno distinto do primeiro isoimunoensaio utilizado(etapa II). ➢ Resultados do teste: ▪ Reativo: quando há presença de anticorpos anti-HIV no sangue do paciente, indicando infecção. ▪ Não reativo: significa que não há infecção pelo HIV. Em caso de resultado não reativo, o teste deve ser repetido em 14 a 21 dias(janela imunológica). ▪ Indeterminado: quando apenas um dos testes dá positivo. Pode ser por soroconversão, fase terminal da doença ou reação cruzada com anticorpos inespecíficos(gravidez, doenças autoimunes, neoplasias). Dessa forma, o exame deve ser repetido em 30 dias, quando o permanecerá positivo em caso de soroconversão e negativos nas outras hipóteses. Etapa II – Testes confirmatórios(Western Blot) ➢ Testes utilizados: são utilizados os testes Western Blot(WB), imunofluorescência indireta(IFI), imunoblot(IB) e imunoblot rápido(IBR). ➢ Utilização de antígenos: antígenos virais são detectado por meio desse teste, de modo que é necessário pelo menos 2 das 3 principais proteínas virais(p 24, gp 41, gp 120/160) para a positividade do teste. ➢ Resultados: ▪ Positivo: presença de, pelo menos, 2 bandas das principais. ▪ Negativo: ausência de bandas. ▪ Indeterminado: aparecimento de um padrão que não corresponda a um resultado positivo. Testes rápidos ➢ Sensibilidade: acima de 99%. ➢ Em caso de resultado reagente: deve-se confirmar com sorologia padrão(imunoenzimático ou Western Blot). Teste da saliva A saliva contém maior quantidade de IgGs do que o plasma. Obs!! Em crianças menores de 18 meses não devem ser realizados esses testes, haja vista a possibilidade de presença de anticorpos maternos passados pela placenta. Detecção de antígenos do HIV ➢ Técnicas: pode ser utilizada a detecção do antígeno p24 do HIV(sensibilidade de 35% a 89%), bem como a detecção do RNA ou DNA viral por PCR(sensibilidade de mais de 95%). ➢ Indicações: são indicados nos casos em que se tem resultados indeterminado ou sorologias contraditórias, nos pacientes com agamaglobulinemia, na infecção retroviral aguda, na infecção neonatal e no período de janelaa imunológica após a infecção aguda pelo vírus. EXAMES PARA A AVALIAÇÃO E O ACOMPANHAMENTO Contagem de linfócitos CD4+ Valores normais: de 800 a 1000 células/𝑚𝑚3, sendo que contagem de CD4+ inferior a 14% significa contagem menor que 200 células/𝑚𝑚3, enquanto que contagem superior a 29% significa contagem maior que 500 células/𝑚𝑚3. Valor diagnóstico de AIDS: contagem menor do que 200 células/𝑚𝑚3. Outras relações: outras situações podem causar uma linfopenia de CD4+, como Síndrome DiGeorge, agamaglobulinemia, síndrome de Sjogren, sarcoidose, radiação, uso de corticoide etc. Periodicidade: nos pacientes sem uso de antirretrovirais, este exame geralmente é realizado a cada 3 a 6 meses. Já nos pacientes em uso de TARV, geralmente é realizado a cada 4 meses. Quantificação do RNA do HIV plasmático(Carga viral do HIV) ➢ Resultado: o resultado é expresso em cópias/mL, bem como em valores em 𝑙𝑜𝑔10(relacionado com a quantidade de linfócitos infectados no sangue, tecidos e gânglios). Os valores detectados geralmente são a partir de 40 cópias/mL. ➢ Utilidades: - Avaliar o prognóstico do paciente. - Monitorar a resposta ao tratamento. - Avaliar o risco de transmissão vertical e escolha do método do parto(cesariana a partir de 1000 cópias/mL). - Diagnóstico de infecção aguda pelo HIV. TESTES DE RESISTÊNCIA Esses testes ajudam o clínico a escolher qual a melhor terapia antirretroviral para os pacientes, especialmente aqueles que já fizeram o uso de múltiplas drogas. ✓ Análise genotípica: nesta análise, o material genético é amplificado por PCR e sequenciado para a detecção da mutação aos medicamentos. Além disso, essa análise detecta apenas mutações em vírus presentes no plasma, que estejam em quantidade de 15% a 20% da quantidade total do plasma. É necessária uma carga viral maior que 500 ou 1000 cópias/mL. ✓ Análise fenotípica: esse exame é semelhante ao antibiograma, de forma que se analisa a concentração inibitória mínima de cada antirretroviral. Tem praticamente as mesmas características da análise genotípica. Desvantagem: é mais cara do que a análise genotípica, além de o resultado sair em maior tempo. EXAMES INESPECÍFICOS Hemograma • Periodicidade: deve ser realizado na primeira consulta do paciente HIV+ e, depois, a cada 3 a 6 meses, bem como mais frequentemente se houver intercorrências clínicas. Serve também para monitorar a ocorrência de efeitos adversos dos medicamentos utilizados na TARV(anemia ou macrocitosezidovudina; leucopeniaganciclovir, sulfas, pirimetamina). • Achados: é muito comum o surgimento de anemia, leucopenia(linfócitos<1000 indica CD4+<200 células/𝑚𝑚3) e trombocitopenia, seja de forma isolada ou em combinação entre eles, mesmo em pacientes assintomáticos. Em pacientes que apresentam um ou mais dessas alterações, é indicativo de progressão da infecção. Bioquímica do sangue Serve para avaliar o estado multissistêmico do paciente. Os exames devem incluir TGO, fosfatase alcalina, gama-GT, bilirrubina, ureia, creatinina, glicemia, triglicerídeos, colesterol total e frações, desidrogenase lática. Sorologias para sífilis(VDRL), toxoplasmose e hepatites virais Devem ser realizados na avaliação inicial do paciente. o VDRL: deve ser repetido anualmente. o Toxoplasmose: seu objetivo é a instituição de profilaxia primária, visto que indivíduos HIV+ que apresentam IgG + para toxoplasmose(infecção crônica) podem vir a ter uma reativação com possível ocorrência de neurotoxoplasmose. o Hepatites: IgM e IgG negativas em pacientes HIV+ são mandatárias de vacinação, haja vista a possível infecção que esses pacientes podem ter pela falta de imunidade adaptativa. Radiografia de tórax Deve ser solicitada na avaliação inicial do paciente, como forma de avaliar o seu padrão basal e a ocorrência de tuberculose assintomática. PPD ▪ Objetivo: deve ser realizado para introduzir a profilaxia em pacientes HIV+ que têm PPD positivo com tuberculose descartada através de exames clínico e radiológico. Caso o teste for negativo, deve ser repetido anualmente. Exame ginecológico com colpocitologia pelo Papanicolau Devem ser realizados na avaliação inicial da paciente e repetido após 6 meses. A partir daí, anualmente. Exame de urina tipo I É realizado na avaliação inicial do paciente como forma de detectar alguma possível alteração renal, bem como monitorar os efeitos colaterais de fármacos utilizados no tratamento do HIV. Exame parasitológico de fezes Deve ser solicitado na avaliação inicial do paciente para identificação de parasitoses intestinais. Também deve ser solicitada em certas intercorrências sugestivas de tal acometimento, como diarreias. FORMAS CLÍNICAS ❖ INFECÇÃO AGUDA(SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA) 40% dos pacientes:::::: infecção assintomática • Após 1-4 semanas(período de viremia): no restante dos pacientes(aproximadamente 60%), há uma síndrome febril inespecífica, com febre moderada ou elevada, acompanhada de cefaleia, dor retro-orbitária,sudorese noturna, mialgia, artralgia, odinofagia. Isso é decorrente da produção de citocinas pró-inflamatórias com a tentativa dos leucócitos de conter a infecção viral. Em pacientes com grande produção de citocinas: os sintomas são mais intensos, como vômitos, diarreia, hepatite subclínica, gengivites, candidíase oral, ulcerações de boca, esôfago, ânus e vagina, adenomegalia(simétrica) nas cadeias cervicais e axilares. Além disso, nesses casos, é comum a ocorrência de um exantema macular não pruriginoso, de início em faces e tronco, e, depois, nos membros. • Duração: esses sintomas duram, geralmente, 1 a 3 semanas, de forma que as adenomegalias, a adinamia e o mal-estar podem durar por vários meses. • Exames laboratoriais: os exames laboratoriais demonstram uma carga viral de mais de 1.000.000 de vírus por mL de sangue, uma intensa depleção de linfócitos T CD4+ e aumento do nível de linfócitos T CD8+, sendo que os anticorpos específicos se elevam algumas semanas após a infecção aguda, período que geralmente dura de 2 semanas a vários meses. • Prognóstico da infecção aguda: caso for descoberto nesta fase, a infecção pelo HIV geralmente tem o melhor dentre os prognósticos possíveis nesta patologia. Essa sintomatologia decorrente da síndrome retroviral aguda é autolimitada, de forma que os pacientes se recuperam e permanecem assintomáticos. ❖ INFECÇÃO CRÔNICA ASSINTOMÁTICA E LINFADENOPATIA GENERALIZADA Nesse período, o paciente não apresenta sintomatologia(porém, em alguns casos, pode aparecer linfadenopatia persistente) devido ao impacto não tão drástico da depleção de linfócitos T CD4+, de forma que a quantidade dessas células se encontra acima de 350 células/𝑚𝑚3. Os vírus são contidos através da ação dos linfócitos T CD8+. A infecção é 100 vezes mais intensa nos gânglios linfáticos do que no sangue. ❖ SÍNDROME PRÉ-AIDS Este período é caracterizado pelas primeiras manifestações de um sistema imunológico intensamente deprimido. Primeiros sinais – doenças menos graves: os primeiros sinais constituem-se de sintomas menos graves, como candidíase oral de repetição, leucoplasia pilosa, herpes zoster em pacientes com menos de 60 anos, queilite angular, gengivite e úlceras recorrentes na boca e infecção respiratória alta de repetição(tonsilite, sinusite), entre outros. As manifestações dermatológicas estão frequentemente presentes(pele com turgor e elasticidade diminuídos em todas as idades, exacerbação de lesões prévias etc.). Progressão – sintomas graves: com a progressão da doenças, há uma sucessão de sintomas graves, como febre intermitente com ou sem calafrios, de 38ºC ou 39ºC por mais de 30 dias, acompanhada de emagrecimento progressivo de até 10% do peso corporal(síndrome não consumptiva), ansiedade, depressão, astenia, anorexia e diarreias prolongadas que vêm geralmente sem tenesmo, bem como não respondem corretamente aos medicamentos usuais, sem pus ou sangue. ❖ AIDS • Definição: é a presença de dois testes confirmatórios de detecção de anticorpos do HIV e um teste confirmatório positivo, com contagem de células T CD4+ abaixo de 350 células/𝑚𝑚3, independentemente de outras causas de imunodeficiência, ou que apresente alguma doença definidora de AIDS independentemente da contagem de CD4+. • Progressão para AIDS: ▪ Progressores rápidos: são aqueles indivíduos que evoluem em menos de 3 a 5 anos, podendo ser meses, para um quadro de AIDS. Representam 4% a 10% dos pacientes. ▪ Progressores médios: são aqueles que evoluem para AIDS em um tempo aproximado de 8 a 11 anos. Correspondem a 55% a 80%. ▪ Não progressores lentos(LTNP – long-term non progressors): são aqueles que permanecem em período de latência durante mais de 10 anos. Correspondem a 10% a 15%. ✓ Controladores de elite: correspondem a um grupo de indivíduos dentro dos LTNP que mantém persistentemente a viremia abaixo de 50 cópias/mL. Corresponde a menos de 1% dos soropositivos. As infecções oportunistas e as manifestações secundárias do próprio HIV podem acometer qualquer órgão, de forma que os mais acometidos são pulmões, sistema nervoso central, trato gastrintestinal e os órgãos do sistema reticuloendotelial. PRINCIPAIS DOENÇAS OPORTUNISTAS Pneumocistose Agente causador: Pneumocistis jirovenci, um fungo do grupo das leveduras. Infecção primária: ocorre ainda na infância, sendo que as suas manifestações se dão principalmente por imunodepressão. Apresentação clínica: é insidiosa, de modo que há presença de dispneia insidiosa, tosse seca e desconforto torácico que pioram progressivamente, evoluindo para uma insuficiência respiratória aguda caso não for tratada. A febre pode ou não aparecer. Complicações: são raras, aparecendo mais frequentemente em pacientes que fazem profilaxia com pentamidina inalatória ou em fase avançada de imunossupressão. Podem acometer olhos, pele, esôfago, pleura, coração, fígado, baço, rins, gânglios, entre outros. Diagnóstico: pesquisa direta através de coloração azul de toluidina, Grocott-Gomori ou outras. Tratamento: o tratamento de escolha é sulfametoxazol-trimetoprim(SMX/TMP). Drogas de segunda escolha, em caso de intolerância ou hipersensibilidade, são clindamicina + primaquina ou pentamidina isoladamente. Profilaxia primária: indivíduos com linfócitos T CD4+ < 200. Tratamento de manutenção: até o paciente alcançar nível de CD4+>200. Neurotoxoplasmose Patogênese: ocorre devido à reativação de cistos que se encontravam quiescentes no SNC. Quadro clínico: o paciente pode apresentar cefaleia, sinais e sintomas focais(paresia ou plegia, alterações de pares cranianos, comprometimento da fala), confusão mental e febre. Porém, pode apresentar também sintomas não focais, como sintomas psiquiátricos. A evolução dos sintomas, caso não seja tratado, inclui convulsões, rebaixamento do nível de consciência e coma. Coriorretinite, pneumonia e envolvimento de outros órgãos podem ocorrer menos frequentemente. Diagnóstico: - Sorologia: IgG presente(infecção crônica), IgM negativa. - Exames de imagem: TC de crânio e RM. Tuberculose Manifestações clínicas: na TB em indivíduos com CD4+≥350 células/𝑚𝑚3, a apresentação é semelhante àquela de indivíduos sem infecção pelo HIV, mais comumente com doença pulmonar localizada, sendo que as formas extrapulmonares são mais comuns em indivíduos com coinfecção HIV/TB do que em indivíduos imunocompetentes. Nos casos de doença disseminada(tuberculose miliar), atentar para a ocorrência de sepse devido à disseminação hematogênica da micobactéria. Síndrome inflamatória da recomposição imune(SIRI): ocorre geralmente nos 3 primeiros meses após a instituição da TARV em pacientes que fazem tratamento para TB. Caracteriza-se pela piora dos sinais e sintomas da tuberculose(p. ex., surgimento de linfadenomegalia com sinais flogísticos e fistulização) e piora dos achados radiológicos. A SIRI é um diagnóstico de exclusão, de forma que devem ser descartadas baixa adesão ao tratamento, resistência aos medicamentos anti-TB ou presença de outra doença oportunista que possa justificar os novos sinais e sintomas.Complexo Mycobacterium avium- intracellulare É a mais comum dentre as infecções causadas por micobactérias não tuberculosis. A principal micobactéria do complexo infectante aos indivíduos HIV+ é a Mycobacterium avium, ocorrendo especialmente em situações de imunodepressão grave(CD4+<50 células/𝑚𝑚3). Sinais e sintomas: a MAC apresenta-se como uma doença disseminada, de forma que ocorrem sintomas como febre persistente, sudorese noturna, perda ponderal, inapetência, astenia e diarreia acompanhada de dor abdominal são sintomas comuns na MAC. Pericardite, derrame pleural, úlceras genitais e lesões cutâneas também já foram descritas. Criptococose o Agente etiológico: Criptococcus neoformans. o Órgãos afetados: pode afetar qualquer parte do corpo, principalmente o SNC, que é o mais comum e o mais grave. o Quadro clínico: geralmente é subagudo, de forma que é caracterizado por febre e cefaleia intermitente, que se torna cada vez mais frequente(apenas 30% dos pacientes apresentam fotofobia e rigidez de nuca). Juntamente com as queixas meningíticas, manifestações de encefalite, tais como letargia e alterações cognitivas e comportamentais, podem aparecer. Histoplasmose o Agente etiológico: fungo Histoplasma capsulatum. Essa infecção ocorre por inalação de microconídeos, com sua posterior reativação. o Apresentação clínica: na maioria das vezes, apresenta-se como uma forma disseminada, com acometimento dos pulmões(tosse, dor torácica, dispneia), medula óssea, fígado, baço(hepatoesplenomegalia), gânglios(adenomegalias), trato digestivo, pele(lesões papulocrostosas) e, raramente, SNC. o Quadro clínico: é subagudo, caracterizado por febre, astenia, perda de peso e adinamia, além dos sintomas já citados. Citomegalovírus É resultante da reativação do CMV. A forma mais comum da reativação é a retinite(complicações oculares), em tubo digestivo(úlceras esofágicas, gástricas e colite), medula óssea, SNC e pulmões. Acometimento hematológico: pode ocorrer pancitopenia, febre, perda de peso e adinamia. Comprometimento neurológico: pode se manifestar com encefalite, ventriculoencefalite, mielite e/ou polirradiculopatia. Leucoencefalopatia multifocal progressiva(LEMP) ▪ Patogenia: é uma doença provocada pela infecção pelo vírus JC no SNC, particularmente nos oligodendrócitos, causando assim uma desmielinização. Ela geralmente ocorre em pacientes com linfócitos T CD4+ < 200 células/𝑚𝑚3. ▪ Quadro clínico: é caracteristicamente “arrastado”, ou seja, apresenta evolução lenta. As manifestações clínicas incluem hemiparesia, ataxia, afasia, alterações visuais, perturbações cognitivas e convulsões. ▪ Diagnóstico: - TC e RM: mostram lesões na substância branca com o aspecto característico de “dedo de luva”. - Análise liquórica: detecção do vírus por PCR. Reativação de doença de Chagas ▪ Algumas considerações: a doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, de forma que ela tem duas fases: a fase aguda e a fase crônica, sendo que esta crônica caracteriza-se por ter duas apresentações(assintomática ou cardiomiopatia ou megaesôfago e megacólon). ▪ Reativação da DC no paciente com AIDS: nestes pacientes, pode ocorrer reativação na fase crônica, de forma que pode acometer o SNC(meningoencefalite multifocal que cursa com cefaleia, déficits focais, convulsão, rebaixamento de nível de consciência e coma) ou o coração. ▪ Diagnóstico: é realizado através de biópsia ou identificação do T. cruzi no sangue e no liquor. ▪ Tratamento: é realizado com benzonidazol, 5 a 8 mg/kg/dia. OBS!!!!! A REATIVAÇÃO DA DOENÇA DE CHAGAS EM PACIENTE QUE CONVIVE COM AIDS FAZ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL COM NEUROTOXOPLASMOSE. Sarcoma de Kaposi • Patogenia: é o resultado da interação entre o herpes-vírus humano tipo 8, o próprio HIV e uma ativação aberrante do sistema imunoinflamatório. Dessa forma, há uma estimulação da proliferação celular no endotélio celular por citocinas pró- inflamatórias, de células imaturas previamente transformadas pelo HH-8, as células fusiformes. • Manifestações clínicas: o sarcoma de Kaposi pode afetar tanto a pele quanto vísceras e mucosas. Há lesões maculares a nodulares de coloração violácea(hipervascularização) na pele, de forma que pode haver também lesões gastrointestinais, produzindo ulcerações e sangramentos, enquanto nas vias aéreas pode manifestar-se com sintomas respiratórios e escarros hemoptoicos. FÁRMACOS UTILIZADOS NO TARAA(TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL ALTAMENTE ATIVO) ❖ Nucleosídeos e nucleotídeos inibidores da transcriptase reversa o Mecanismo de ação: são análogos de ribosídeos nativos(nucleotídeos ou nucleosídeos contendo ribose) que, ao adentrar na célula, são fosforilados em seu correspondente trifosfato. Esse correspondente trifosfato é inserido no DNA viral através da enzima transcriptase reversa, o que impede o alongamento da cadeia de DNA por não conter o grupamento 3’-hidroxila(não formação da ligação 3’-5’-fosfodiéster. o Principal efeito adverso: hepatotoxicidade(acidose láctica e hepatomegalia com esteatose). o Principais representantes: ▪ Zidovudina(AZT) – cefaleia é comum/tóx. à matriz óssea. ▪ Estavudina- lipoatrofia/hiperlipidemia/neuropatia periférica. ▪ Didanosina ▪ Tenofovir ▪ Lamivudina ▪ Entricitabina ▪ Abacavir ❖ Não nucleosídeos inibidores da transcriptase reversa o Mecanismo de ação: esses fármacos se ligam a um sítio adjacente ao sítio ativo da transcriptase reversa, induzindo a uma mudança conformacional que leva à sua inativação. o Principais representantes: ▪ Nevirapina – febre, urticária, cefaleia, elevação das transaminases séricas e hepatotoxicidade fatal. ▪ Delavirdina – urticária ▪ Efavirenz – SNC(sonhos vívidos, cefaleia, tontura e perda da concentração) ▪ Etravirina - urticária ❖ Inibidores da protease 1ª geraç ão 2ª geraç ão o Mecanismo de ação: inibem a enzima aspartil protease viral, que cliva a poliproteína em várias outras proteínas essenciais e estruturais do HIV. o Principais efeitos adversos: além dos efeitos adversos da imagem, essa classe de fármacos pode proporcionar a redistribuição da gordura corporal, com deposição mais comumente no abdome e no pescoço(“corcunda de búfalo”), que muitas vezes denotar que o indivíduo faz uso de ARTV. o Principais representantes: ▪ Ritonavir ▪ Saquinavir ▪ Indinavir ▪ Nelfinavir ▪ Fosamprenavir ▪ Lopinavir ▪ Atazanavir ▪ Tipranavir ▪ Darunavir ❖ Inibidores de entrada o Enfuvirtida: liga-se à proteína transmembrana gp41 do HIV, impedindo a sua mudança conformacional, com consequente inibição da entrada do vírus na célula. Os principais efeitos adversos estão relacionados à via de administração do fármaco(injetável), como dor, eritema, endurecimento e nódulos. o Maraviroque: bloqueia o correceptor CCR5. Geralmente é bem tolerado. ❖ Inibidores da integrase o Mecanismo de ação: inibe a integração do DNA viral com o DNA da célula hospedeira. o Principais efeitos adversos: é bem tolerado, mas os efeitos mais comuns são náuseas, diarreia e cefaleia. o Principal representante: Raltegravir. PRINCÍPIOS DE TERAPÊUTICAPARA A INFECÇÃO HIV/AIDS Quando iniciar o tratamento antirretroviral: a TARV deve ser iniciada em todas as pessoas que vivem com HIV/AIDS, independentemente do seu estágio clínico e/ou imunológico. - Gestantes: devem ter a TARV iniciada a partir da 14ª semana de gestação, independentemente do estado imunológico e clínico, inclusive independente de contagem de CD4+, não devendo ser suspensa após o parto. Além disso, toda e qualquer gestante deve fazer o teste de genotipagem, com o intuito de identificar prováveis resistências, porém, isso também não altera a instituição da TARV. - Tuberculose: indivíduos com contagem de CD4+ < 50 células/𝑚𝑚3 ou com sinais de imunodeficiência avançada início da TARV 2 semanas após o início do tratamento para TB. Nos demais pacientes, o tratamento deve ser iniciado 8 semanas após o início do tratamento para TB. Já em casos de TB meníngea, independentemente da contagem de CD4+, a TARV deve ser iniciada 8 semanas após o início do tratamento anti-TB. Exame de genotipagem pré-tratamento está indicado para pacientes com coinfecção HIV/TB. Terapia antiviral inicial preferencial: a terapia inicial preferencial deve ser realizada com 3 antirretrovirais, sendo empregados 2 ITRN/ITRNt + algum dos fármacos Inibidor da transcriptase reversa não nucleosídeo(ITRNN) ou Inibidor da protease com reforço de ritonavir(IP/r) ou inibidor da integrase(INI). No Brasil, os fármacos empregados são Lamivudina(3TC) e Tenofovir(TDF) associados a dolutegravir(DTG). Esse esquema sofre modificação se for gestante ou coinfecção TB-HIV. Para ocorrer a troca do tratamento da TB de EFV ou RAL para DTG, deve-se preencher os seguintes critérios: -Estar em seguimento clínico e uso de TARV regular; - Estar com CV-HIV indetectável documentada; - Ser esclarecida quanto à troca. Terapia para falha no tratamento antirretroviral Caracterização de falha virológica: CV-HIV detectável após 6 meses do início ou da modificação do tratamento ou rebote da CV- HIV em indivíduos que haviam atingido supressão viral sob tratamento. Essa falha virológica deve ser confirmada através de análise de novo exame 4 semanas depois. Após confirmada a falha virológica, deve-se solicitar teste de genotipagem. Esquema de resgate pra falha inicial Profilaxia pós-exposição(PEP) • Indicações: o tipo de material biológico com que o indivíduo teve contato deve ser de risco para transmissão do HIV(ex., sangue, sêmen, fluidos vaginais, líquidos de serosas- peritoneal, pleural, pericárdico- etc.), a situação de exposição deve ser de risco para transmissão do HIV(ex., sexo desprotegido, cortes ou lesões, mordeduras com sangue etc.), o tempo transcorrido entre a exposição e o atendimento deve ser de menos de 72h(em casos de tempo>72h, a PEP está contraindicada), a pessoa exposta deve ser não reagente para HIV no momento do atendimento. ➢ Atendimento à pessoa exposta: ➢ Esquema antirretroviral para a PEP: assim como a terapia antirretroviral normal, o esquema preferencial deve ser composto por 2 ITRN + ITRNN ou IP/r ou INI. São utilizados preferencialmente Lamivudina + Tenofovir + Dolutegravir. O esquema dura 28 dias. ✓ Em gestantes: o esquema é composto por 3TC+TDF+RAL(raltegravir), a partir da 14ª semana de gestação. Deve-se realizar uma nova testagem para HIV dentro de 30 e em 90 dias após a exposição. Profilaxia pré-exposição(PrEP) ➢ Indicações: Não está indicada em caso de pacientes HIV+(REALIZAR TESTE RÁPIDO PARA SE CERTIFICAR DISSO). ➢ Esquema antirretroviral para PrEP: o esquema recomendado consta de Tenofovir(TDF)+Entricitabina(FTC) – 300/200 mg, o Truvada® um comprimido por dia, via oral, em uso contínuo. Durante os 7 primeiros dias de uso para relações anais e 20 dias para relações vaginais, o usuário deve utilizar métodos de barreira e/ou outros métodos de prevenção, devido à alta concentração celular do Truvada, que só se estabelece após esse período. ✓ Concepção, gestação e amamentação: durante esse período, a mulher pode utilizar a PrEP para se proteger e proteger o seu filho. TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL DE GESTANTES QUE VIVEM COM HIV/AIDS Em gestantes usuárias de TARV com CV < 1000 cópias/mL, a taxa de transmissão vertical é inferior a 1%. ➢ Indicações: o uso de TARV está indicado para todas as gestantes infectadas pelo HIV, independentemente da situação virológica, clínica ou imunológica da gestante vivendo com HIV/AIDS. ➢ Esquema inicial preferencial: deve ser realizado com 2 ITRN/ITRNt com um INI. Esse esquema preferencialmente deve ser Tenofovir(TDF)+Lamivudina(3TC)+Raltegravir(RAL) . Ao apresentar indicação ao TDF, mesmo que se realize o AZT, a gestante deve coletar HLA- B*5701 nesse momento. ➢ Gestantes já em uso de TARV antes da gestação com CV indetectável ou CV<50 cópias/mL: deve manter esse esquema anterior, porém, em caso de uso de dolutegravir, deve substituí-lo por raltegravir(RAL). ➢ Indicação de vias de parto para gestantes que convivem com HIV/AIDS: em caso de carga viral indetectável sustentada e uso de ARV, a via de parto intravaginal é indicada. Porém, caso a CV seja desconhecido ou maior que 1000 cópias/mL após 34 semanas de gestação, a cesárea eletiva a partir da 38ª semana é indicada. Em casos de CV abaixo de 1000 cópias/mL mas detectável, o parto vaginal pode ser realizado, mas com administração de AZT intravenoso. AZT intravenoso: está indicado nos casos de CV desconhecida ou detectável a partir da 34ª semana de gestação, devendo ser administrado durante o trabalho de parto ou 3 horas antes da cesárea eletiva, até o clampeamento do cordão umbilical. TRATAMENTO DA CRIANÇA FRENTE AO HIV A amamentação é contraindicada em caso de mulheres infectadas pelo HIV(fórmula láctea até os 6 meses de vida). Profilaxia de transmissão vertical do recém- nascido Quando iniciar a TARV em crianças e adolescentes: a TARV está indicada para todas as crianças e adolescentes que convivem com o HIV, independentemente de fatores clínicos, da contagem de LT-CD4+ e da CV-HIV. Referências: Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para profilaxia pré-exposição(PrEP) de risco à infecção pelo HIV. Ministério da Saúde, 2017. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais. Ministério da Saúde, 2017. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em crianças e adolescentes. Ministério da Saúde, 2017. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para profilaxia pós-exposição(PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e hepatites virais. Ministério da Saúde, 2017. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos. Ministério da Saúde, 2017. Clínica Médica. USP. 2ª ed. Volume 7, cap. 22 da seção “Doenças infecciosas e parasitárias”. Rotinas de diagnóstico e tratamento das doenças infecciosas e parasitárias. Walter Tavares e Luiz Alberto Carneiro Marinho. 4ª ed. Cap. 5 e 174. Tratado de clínica médica. Antonio Carlos Lopes. 3ª ed. Volume 3, Seção 20, Cap. 409. Manual técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV. Ministério da Saúde. 2ª ed. 2015. Compreender os mecanismos de resistência do HIV aos antirretrovirais. A resistência aos antirretrovirais é classificada em PRIMÁRIA(RESISTÊNCIA TRANSMITIDA) ou SECUNDÁRIA(RESISTÊNCIA ADQUIRIDA). o Resistência transmitida: ocorre quando o indivíduo adquire uma cepa de vírus já resistente à TARV. Ela ocorre em indivíduos que têm falha virológica no seu primeiro tratamento. o Resistência adquirida: está presente nos indivíduos em uso de TARV, de forma que é resultante da pressão de seleção dos antirretrovirais sobre os vírus. Pacientes com resistência adquirida apresentam maior risco de progressão para doenças definidoras de AIDS e morte. ❖ MUTAÇÕES ASSOCIADAS À RESISTÊNCIA • CLASSIFICAÇÃO Mutações principais(major): essas mutações reduzem por si só a suscetibilidade ao antirretroviral, de forma que apresentam certa especificidade em relação ao fármaco e diminuem a capacidade de replicação do vírus. II Mutações acessórias(minors): são aquelas que se acumulam no genoma do vírus na presença de uma ou mais mutações principais. Elas podem melhorar a replicação do vírus que já possui mutação principal. • MUTAÇÕES ASSOCIADAS A CADA CLASSE ➢ Mutações associadas à resistência aos IPs Para que ocorram essas mutações é necessária a presença de mutações principais e acessórias. Elas resultam na mudança da protease, de forma a modificar aminoácidos da proteína, alterando o seu sítio ativo, ou alterando o substrato, de forma a provocar alterações nos locais de clivagem da cadeia polipeptídica. ➢ Mutações associadas à resistência aos ITRNs As mutações podem resultar em duas formas: a trancriptase reversa pode diferenciar os nucleotídeos e o fármaco, de forma que a enzima não se liga aos seus inibidores, bem como ela pode retirar a extremidade 3’ do fármaco inibidor, possibilitando assim o alongamento da cadeia de DNA. ➢ Mutações associadas à resistência aos ITRNNs Ocorre uma mudança nos aminoácidos do sítio de ligação desses fármacos na transcriptase reversa, não possibilitando eficácia de ação. Referências: Dissertação de mestrado: Diversidade genética e resistência as antirretrovirais inibidores enzimáticos de vírus da imunodeficiência humana tipo I(HIV-I) de uma população de toxicodependentes por via endovenosa da Grande Lisboa. Sandra Feijóo Ribeiro Videira e Castro. Universidade Nova de Lisboa. 2010. Tese de doutorado: Mutações de Resistência Transmitida do Vírus da Imunodeficiência Humana aos Antirretrovirais: Prevalência e Impacto no Desfecho Virológico. Carina Guedes Ramos. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2016. Conhecer as principais causas de imunodeficiência. ❖ CLASSIFICAÇÃO DAS IMUNODEFICIÊNCIAS As imunodeficiências podem ser classificadas em primárias, quando são originadas de defeitos inatos do sistema imune, ou secundárias, quando são consequência de outros processos. ❖ IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS ▪ Deficiências do complemento ▪ Linfohistiocitose hemofagocítica familiar(LFS) ▪ Síndrome da febre periódica ▪ Doença inflamatória intestinal ▪ Síndrome linfoproliferativa autoimune(ALPS) ▪ Etc. ❖ IMUNODEFICIÊNCIAS SECUNDÁRIAS ▪ Antineoplásicos ▪ Leucemias ▪ Anemia aplástica ▪ Exposição à radiação ▪ Alguns fármacos(corticosteroides, azatioprina, ciclosporina, tacrolimus, sirolimus e everolimus) ▪ Linfomas ▪ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida/HIV ▪ Asplenias(congênita ou esplenectomia) ▪ Diabetes mellitus ▪ Insuficiência renal crônica Referências: Artigo: Overview of immunodeficiency disorders. Nikita Raje e Chitra Diankar. Immunology and Alergy Clinics of North America. Vol. 35, n. 4. P. 599-623. Novembro, 2015. Conhecer as principais redes de apoio às PVHA(SUS, família, social e outros). Dia 1º de Dezembro: Dia internacional de Luta contra a AIDS oportunidade de divulgar informações sobre a AIDS e realizar companhas educativas. Brasil + UNAIDS: fim da epidemia de HIV/AIDS até 2030. SAE(Serviço de Atendimento Especializado): - Integralidade no cuidado à PVHA; - Monitoramento clínico das PVHA; - Visão multidisciplinar do indivíduo; - Presta serviço apenas às PVHA. - Equipe composta por médico(clínico-geral ou infectologista), enfermeiro, assistente social, psicólogo e farmacêutico. Referência: III IV Dissertação de mestrado: O perfil de atendimento especializado – SAE, Goiânia-Goiás. Jane Martins Silveira. Universidade Federal de Goiás. 2017.
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