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https://www.eumedicoresidente.com.br/ facebook.com/Eu-Medico-Residente instagram.com/eumedicoresidente/ YouTube/eumedicoresidente WhatsApp: 55 (81) 98276-3620 contato@eumedicoresidente.com.br www.eumedicoresidente.com.br ISBN: 978-65-81704-00-1 É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorização do autor e das edições criadas pelo Eu Médico Residente ©. A violação dos direitos autorais dessa obra caracteriza crime descrito na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis. https://www.eumedicoresidente.com.br/ Entenda os ícones que traremos durante sua leitura e qual o objetivo de cada um para seu aprendizado. Este símbolo indica um detalhe do assunto. O intuito é complementar seu aprendizado, aprofundando seu conhecimento naquele tema. Este símbolo indica um trecho que trará, de maneira simples e rápida, conceitos para ajudar na sua memorização. Este símbolo indica um trecho do assunto que vale a pena ser relembrado. Nossa intenção é indicar os pontos mais importantes para sua prova. Este símbolo indica uma sugestão de resposta para o caso clínico que traremos no início de cada apostila. Este símbolo indica que selecionamos uma questão direcionada para aquele trecho que você acabou de ler, para que você entenda como determinados conceitos são cobrados nas provas. E SE FOSSE VOCÊ NESTE PLANTÃO ......................................................................................................................................... 7 ARBOVIROSES ......................................................................................................................................................................... 8 1 DENGUE............................................................................................................................................................................. 9 1.1 CONCEITOS GERAIS .................................................................................................................................................. 9 1.2 EPIDEMIOLOGIA ..................................................................................................................................................... 10 1.3 FISIOPATOLOGIA..................................................................................................................................................... 10 1.4 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA ........................................................................................................................... 11 1.4.1 FASE FEBRIL .......................................................................................................................................................... 11 1.4.2 FASE CRÍTICA ........................................................................................................................................................ 11 1.4.3 FASE DE RECUPERAÇÃO ....................................................................................................................................... 11 1.5 QUADRO CLÍNICO ................................................................................................................................................... 11 1.6 DIAGNÓSTICO (EXAMES CONFIRMATÓRIOS) ......................................................................................................... 16 1.7 VACINA ................................................................................................................................................................... 17 1.8 CONDUTA E TRATAMENTO .................................................................................................................................... 17 1.9 PREVENÇÃO ............................................................................................................................................................ 20 2 FEBRE AMARELA (FA) ...................................................................................................................................................... 20 2.1 CONCEITOS GERAIS ................................................................................................................................................ 20 2.2 EPIDEMIOLOGIA ..................................................................................................................................................... 21 2.3 FISIOPATOLOGIA..................................................................................................................................................... 22 2.4 CLÍNICA ................................................................................................................................................................... 22 2.5 RESUMINDO ........................................................................................................................................................... 22 2.6 EXAMES LABORATORIAIS ....................................................................................................................................... 22 2.7 DIAGNÓSTICO ......................................................................................................................................................... 23 2.8 CONDUTA E TRATAMENTO .................................................................................................................................... 23 2.9 ALTA HOSPITALAR .................................................................................................................................................. 24 2.10 PREVENÇÃO ............................................................................................................................................................ 24 3 ZIKA ................................................................................................................................................................................. 25 3.1 CONCEITOS GERAIS: ............................................................................................................................................... 25 3.2 EPIDEMIOLOGIA ..................................................................................................................................................... 26 3.3 QUADRO CLÍNICO ................................................................................................................................................... 26 3.4 EXAMES LABORATORIAIS ....................................................................................................................................... 26 3.5 DIAGNÓSTICO ......................................................................................................................................................... 26 3.6 CONDUTA E TRATAMENTO .................................................................................................................................... 27 4 FEBRE CHIKUNGUNYA ..................................................................................................................................................... 30 4.1 CONCEITOS GERAIS ................................................................................................................................................ 30 4.2 EPIDEMIOLOGIA ..................................................................................................................................................... 30 4.3 FISIOPATOLOGIA..................................................................................................................................................... 30 4.4 QUADRO CLÍNICO ...................................................................................................................................................30 4.5 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ............................................................................................................................... 32 4.6 CONDUTA E TRATAMENTO .................................................................................................................................... 33 5 RESUMINDO (DEFINIÇÃO DE CASO) ............................................................................................................................... 34 6 FEBRE DO NILO OCIDENTAL (FEBRE DO OESTE DO NILO) ............................................................................................. 34 7 FEBRE MAYARO ............................................................................................................................................................... 35 8 RESUMINDO (ARBOVIROSES) .......................................................................................................................................... 35 9 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................... 36 https://www.eumedicoresidente.com.br/ file:///D:/André%20Luiz/Trabalhos/EMR/EMR/Apostilas%20Extensivas/2022/Clínica%20Médica/Clínica%20Médica%20(Aula01%20-%20Final)%20Arboviroses.docx%23_Toc93483181 10 QUESTÕES EXTRAS .......................................................................................................................................................... 37 10.1 COMENTÁRIOS & GABARITOS ................................................................................................................................ 45 https://www.eumedicoresidente.com.br/ Paciente de 28 anos, sem comorbidades, com história de febre alta (39oC) iniciada há 6 dias, associada a cefaleia “atrás dos olhos”, mialgia intensa e náuseas. Procurou o PSF no terceiro dia, quando foi orientado acerca dos sinais de alarme da doença e sobre a necessidade de hidratação oral. No sexto dia da doença, decidiu procurar a emergência, porque estava apresentando dor abdominal intensa, que não melhorava com analgésicos comuns. Ao exame físico: estado geral regular, afebril, corado, desidratado (+/+4). Ausculta cardíaca e respiratória sem alterações. Abdome: fígado palpável 2 cm abaixo do rebordo costal direito, doloroso. Extremidades: sem edemas. PA = 110 x 60 mmHg. FC 100 bpm. FR: 18 ipm; foram solicitados exames: Hb 14g/dL, Ht 50%, leucócitos: 4500/mm3, plaquetas: 150.000/mm3, TGO 70 U/L, TGP 67 U/L, Cr 1,1 mg/dL, Ur 56 mg/dL, K 4,5 mEq/L, Na 125 mEq/L. Baseado no caso clínico, responda às seguintes perguntas. EMR – Eu Médico Residente Ensino Ltda © 2022 Todos os direitos reservados. CNPJ: 34.730.954/0001-71 1. Diante do quadro clínico, qual a principal suspeita diagnóstica? 2. Com o quadro apresentado, o paciente preenche critérios de gravidade? Qual a classificação clínica do paciente? 3. Qual exame deve ser solicitado para confirmar sua suspeita diagnóstica? 4. Baseado no grupo em que o paciente foi classificado, qual seria a conduta mais adequada no atendimento? 5. O paciente tem indicação de internamento? Se sim, após adequado tratamento, quais os critérios de alta hospitalar? https://www.eumedicoresidente.com.br/ • A classificação de arbovírus engloba todos os vírus transmitidos por artrópodes, principalmente mosquitos. As arboviroses são doenças causadas pelos chamados Arbovírus e incluem: dengue, zika, febre chikungunya, febre amarela etc. • O termo arbovírus não está incluso na classificação taxonômica, o que significa que os vírus de famílias – e até mesmo ordens – diferentes poderão ser classificados como tal. Já foram identificadas mais de 50 espécies patogênicas ao homem. Esses vírus podem ter morfologia esférica ou em bastonete e, geralmente, são vírus de RNA. • Dentre os arbovírus, os principais causadores de doenças no homem são do gênero Flavivírus (vírus da dengue, zika vírus e vírus da febre amarela) e Alphavirus (vírus da chikungunya), comumente transmitidos por fêmeas do gênero Aedes (A. aegypti e A. albopictus). • A ampla distribuição dos mosquitos vetores associados ao fenômeno da urbanização e mudanças climáticas são alguns dos fatores que facilitam a cocirculação desses agentes pelos hemisférios. Os arbovírus estão presentes em mais de 120 países das regiões tropicais e subtropicais, emergindo principalmente em áreas urbanas pobres e porções periféricas do mundo. Estima-se que cerca de 4 bilhões de pessoas estejam expostas ao risco de infecção por esses vírus. • As principais arboviroses de interesse para o nosso estudo e que serão discutidas nesta apostila são: − Dengue; − Febre amarela; − Zika; − Febre Chikungunya; − Febre do Nilo Ocidental; − Febre Mayaro. Figura 1 – Mosquito Aedes aegypti. UNCISAL-AL 2020 ACESSO DIRETO. Qual das opções abaixo contém apenas Flavivirus? A. Hepatite C, Hepatite D, Dengue. B. Coxsakie, Mayaro, Febre Amarela. C. Dengue, Zika, Chikungunya. D. Dengue, Zika, Febre Amarela. E. NDA. COMENTÁRIO: Entre os arbovírus, os principais gêneros causadores de doenças no homem são Flavivírus (vírus da dengue, zika vírus e vírus da febre amarela) e Alphavirus (vírus chikungunya), comumente transmitidos por fêmeas do gênero Aedes (A. aegypti e A. albopictus). RESPOSTA: Letra D. https://www.eumedicoresidente.com.br/ • A dengue é a mais importante das arboviroses, pelo fato de ser a mais frequente (estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas contraem a doença anualmente) e pelo seu impacto na produtividade econômica, afastando do trabalho o indivíduo afetado por cerca de 10 dias, após o início da doença. − Definição: doença febril aguda que, quando sintomática, é sistêmica, dinâmica e de amplo espectro clínico. − Período de incubação: 2 a 15 dias. − Agente transmissor (vetor): ✓ No Brasil, a fêmea do mosquito Aedes aegypti (cujo hábito é diurno e vespertino) é o vetor e pode transmitir todas as outras doenças virais vistas neste capítulo; ✓ O mosquito tem autonomia de voo limitada, afastando-se não mais de 200 metros do local de oviposição; ✓ Aedes albopictus: vetor asiático da doença; ✓ Existem relatos de transmissão vertical do vírus e há a possibilidade da transmissão por transfusão sanguínea (caso o indivíduo infectado doe sangue na fase virêmica). Não há transmissão de pessoa a pessoa, nem por contato com secreções. • Ciclo de Transmissão: − A fêmea do Aedes aegypti adquire o vírus se alimentando do sangue de um indivíduo infectado na fase de virêmica, que começa um dia antes do aparecimento da febre e vai até o sexto dia de doença. − Após 8-12 dias (período no qual o vírus se multiplica nas glândulas salivares da fêmea do mosquito), surge a capacidade de transmissão. − A fêmea faz a oviposição em coleções de água parada (poços, pneus velhos, vasos de plantas etc.), onde se desenvolvem as larvas. − Após a oviposição, os ovos são capazes de resistir ao dessecamento durante transporte para outro local. Em uma eventual exposição, a chuva reidrata os ovos, que eclodem suas larvas já no ambiente de destino. Os ovos podem permanecer viáveis por até um ano. Figura 2 – Ciclo de Transmissão do Vírus da Dengue. Fonte: http://repocursos.unasus.ufma.br/atencaobasica_20152/modulo_14/und1/23.html A dengue acompanha de perto a distribuição do mosquito transmissor e, como consequência, sua incidência tende a ser maior no verão (período quente e úmido), que favorece a proliferação do vetor. A água parada e limpa é o ambiente ideal para a fêmea do mosquito da dengue (Aedes aegypti) depositar os seus ovos. Após atingir a fase adulta, o mosquito da dengue tem cerca de 45 dias de vida. Água Parada. Ovos. Larva. Mosquito. Ao picar uma pessoa infectada, o mosquito contrai o vírus e, em seu ciclo devida, pode contaminar até 300 pessoas. https://www.eumedicoresidente.com.br/ • A dengue havia sido praticamente erradicada na década de 1920, quando se erradicou o Aedes aegypti com os programas de combate à febre amarela urbana. Infelizmente, décadas depois, o mosquito retorna e a dengue se torna endêmica, com epidemias recorrentes, intercalando ao longo dos anos. • O vírus da dengue (ou DenV), é um vírus de RNA e pertence à família Flaviviridae, uma família de vírus que inclui o vírus da febre amarela, da encefalite japonesa, da Febre do Nilo Ocidental (FNO) e o vírus da encefalite do carrapato (TBE). É um vírus de RNA que apresenta 5 sorotipos: − DenV 1: era o sorotipo mais isolado no Brasil; − DenV 2: tornou-se o mais comum no Brasil; − DenV 3: juntamente ao DenV 2, considerado o mais grave; − DenV 4: voltou a circular em 2010 (> 50% dos casos de 2013); − DenV 5: em 2013, foi identificado no material coletado durante um surto, em 2007, em Sarawak, Malásia (ainda não foi identificado no Brasil; circula apenas na Ásia); − Em termos de virulência, em ordem decrescente, temos os sorotipos: 2,3,4 e 1. A infecção por um sorotipo não cria anticorpos definitivos contra os demais. Na primeira infecção, o sistema imune do paciente produz anticorpos neutralizantes contra esse sorotipo (ex.: sorotipo 1), denominados anticorpos homólogos, que provavelmente permanecerão pelo resto da vida do paciente. Os anticorpos também oferecem proteção contra outros sorotipos (imunidade cruzada ou heteróloga), porém, de curta duração (de meses a poucos anos). Se o mesmo indivíduo for infectado por outro sorotipo anos depois, eles não serão capazes de neutralizá-lo – pelo contrário, a ligação deles ao novo sorotipo facilitará a penetração do vírus nos macrófagos, pelo mecanismo de opsonização. Teoricamente, só se pode contrair dengue 5 vezes na vida. A dengue grave geralmente ocorre em pacientes que já se infectaram por algum sorotipo do vírus e, anos depois, novamente se infectam por outro sorotipo. Essa chance de gravidade é maior quando a segunda infecção é causada pelo sorotipo 2. • O vírus da dengue infecta células, como: − Macrófagos/Monócitos: Liberação de citocinas, como IL-6 (causa febre, sintoma cardinal da dengue) e TNF-alfa. − Miócitos (tecido muscular estriado esquelético): Mialgia e dor retro-orbitária. • A resposta imunológica começa a surgir já na primeira semana de doença. A imunidade humoral e a celular participam do controle da infecção. • Os linfócitos T CD8+ citotóxicos são capazes de destruir as células infectadas pelo vírus, por intermédio da ação de anticorpos específicos. O vírus também pode ser neutralizado diretamente pelos anticorpos. • A liberação maciça de fatores pró-inflamatórios leva ao aumento súbito e generalizado da permeabilidade capilar, o que, por sua vez, leva à transferência de líquido do intravascular ao interstício, que pode culminar em hipovolemia, hemoconcentração e até choque. Já ouviu falar na teoria da multicausalidade? Essa teoria preconiza que a dengue grave seria um conjunto de fatores que interagem levando ao quadro clínico final: ✓ Fatores Individuais: Predisposição genética, crianças menores de 15 anos, sexo feminino, raça branca, enfermidades crônicas (diabetes, hipertensão), preexistência de anticorpos heterólogos, entre outros. ✓ Fatores Virais: Sorotipos circulantes e virulência das cepas. ✓ Fatores Epidemiológicos: População suscetível, vetor eficiente, alta densidade vetorial, sequência de infecções, entre outros. https://www.eumedicoresidente.com.br/ • Em resumo, são três fases: 1. Fase febril (2 a 7 dias); 2. Fase crítica (3º ao 7º dia de doença; pode sobrepor-se à fase febril); 3. Fase de recuperação (após a fase crítica). • É marcada por febre, que pode durar de 2 a 7 dias. Associadas a ela, é possível haver cefaleia, dor retro-orbitária, artralgias e mialgias. • Pode haver sintomas gastrointestinais, tais como: diarreia pastosa (costuma ser branda), vômitos, náuseas, anorexia. • Até 50% dos doentes podem desenvolver um rash, que tende a aparecer no fim da febre; esse rash é maculopapular e acomete face, tronco e membros (não poupa plantas dos pés ou palmas das mãos). O prurido não é obrigatório. • Pode ocorrer linfadenopatia. • Apenas alguns pacientes passam da fase febril à fase crítica. Nessa fase, predominam sinais e sintomas relacionados ao fenômeno de extravasamento plasmático. • Inicia com a defervescência (redução da febre), que ocorre entre o 3º e o 7º dia do início da doença. Aqui aparecem os sinais de alarme (serão definidos logo mais), que podem evoluir para dengue grave. • Nessa fase, podemos ter o choque, que ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido através do extravasamento. Isso geralmente ocorre entre 4-5 dias de doença, comumente precedido de sinais de alarme. • Fase da doença caracterizada pela melhora dos sintomas. No entanto, é uma fase que ainda requer vigilância. • Ocorre reabsorção do conteúdo extravasado para o intravascular, com aumento de débito urinário. • Importante estar atento à possibilidade de complicações relacionadas à hiper-hidratação, como a hipervolemia (ex. hipertensão arterial sistêmica; edema agudo de pulmão). • Infecções bacterianas oportunistas poderão aparecer. Em crianças pequenas (principalmente em menores de dois anos), a dengue pode se manifestar com sinais e sintomas inespecíficos, como febre, choro persistente, adinamia e irritabilidade. Como esses pacientes não verbalizam, isso pode ser indício de dor intensa, mialgias e artralgias. Desse modo, o médico pode não suspeitar e os sinais de alarme podem passar despercebidos, com o paciente evoluindo para a forma grave da doença. • No Brasil, em 2014, houve uma importante mudança na classificação do quadro clínico da dengue adotado pelo Ministério da Saúde (MS), visando a uniformização com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Nela, a dengue clássica, febre hemorrágica da dengue e dengue com complicações deram lugar à classificação atual: dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave. • Dengue (equivalente à antiga “dengue clássica”): Síndrome Febril Aguda (2 a 7 dias), acompanhada de dois ou mais dos seguintes sinais/sintomas: − Petéquias/prova do laço positiva; − Rash; − Dor retro-orbitária; − Leucopenia; − Cefaleia; − Êmese ou náusea; − Mialgia; − Artralgia. https://www.eumedicoresidente.com.br/ • O achado laboratorial mais comum é a leucopenia com linfocitose relativa e eventuais atipias linfocitárias. • Pode haver trombocitopenia leve (não inferior a 100.000/mm3). • As transaminases podem subir, principalmente a TGO, com valores de 2 até 3x maiores que o de referência. A Prova do Laço deve ser feita em todos os casos suspeitos de dengue que não apresentam sangramentos espontâneos. Ela consiste na insuflação do manguito do esfigmomanômetro (não realizar torniquete ou garrote) até o valor médio da pressão arterial (PA) previamente aferida, de acordo com a fórmula (PA sistólica + PA diastólica) / 2. Note que não estamos nos referindo à “pressão arterial média”, cuja fórmula é (PAS + 2 PAD) / 3. Um quadrado com 2,5 cm de lado deve ser desenhado na face anterior do antebraço do paciente, devendo ser observado o surgimento de petéquias ou equimoses dentro desse quadrado. No adulto: o teste é realizado em até 5 minutos e é positivo, com o surgimento de 20 ou mais petéquias no antebraço. Na criança: o teste é realizado em até 3 minutos e é positivo, com o surgimento de 10 ou mais petéquias no antebraço. Quando positiva, a prova deve ser interpretada como um indício de fragilidade capilar e já indica hidratação em regime de observação. A prova positiva não significa, necessariamente, diagnóstico de dengue, como também não deve modificar a conduta (isto é, se um paciente já apresenta outro tipo de sangramento, mas tem aprova do laço negativa, não devemos valorizar esse resultado). A prova negativa também não significa, necessariamente, ausência da doença. Figura 3 – Exemplo de uma Prova do Laço Positiva em um paciente adulto. Lembra do caso clínico que apresentamos no início da apostila? 1. Diante do quadro clínico, qual a principal suspeita diagnóstica? Paciente com quadro clínico de febre alta, associada a dois dos seguintes sinais e sintomas: petéquias/prova do laço positiva; rash; dor retro-orbitária; leucopenia; cefaleia; êmese ou náusea; mialgia ou artralgia, deve ter dengue como principal consideração diagnóstica. SES-PE 2018.2 ACESSO DIRETO. A prova do laço deverá ser realizada obrigatoriamente, durante o exame físico, em todos os casos suspeitos de dengue. Sobre essa prova, analise os itens abaixo: I. A propedêutica envolve desenhar um quadrado de 2,5cm de lado no antebraço. II. Deve ser calculado o valor médio da Pressão Arterial. III. O manguito deve ser insuflado até o valor médio da pressão arterial e, em adulto, mantém-se insuflado por dez minutos. IV. A prova será positiva, se houver 20 ou mais petéquias em adultos na área circunscrita pelo quadrado. V. Torniquete com garrote pode substituir o esfigmomanômetro no momento da contagem de petéquias. Assinale a alternativa CORRETA: A. Todos estão corretos. B. Existem, apenas, quatro corretos. C. Existem, apenas, três corretos. D. Existem, apenas, dois corretos. E. Existe, apenas, um correto. 2,5 cm https://www.eumedicoresidente.com.br/ COMENTÁRIO: A prova do laço deve ser realizada em todos os casos suspeitos de dengue que não apresentam sangramentos espontâneos. A técnica consiste na insuflação do manguito do esfigmomanômetro (não realizar com torniquete ou garrote – item V, incorreto) até o valor médio da pressão arterial previamente aferida, de acordo com a fórmula (PA sistólica + PA diastólica) / 2 (item II, correto). No adulto, deve ser mantido por 5 minutos; na criança, por 3 minutos (item III, incorreto). Um quadrado com 2,5 cm de lado deve ser desenhado na face anterior do antebraço do paciente (item I, correto); depois, avaliamos o surgimento de petéquias ou equimoses dentro dele. No adulto, o resultado é considerado positivo se houver ≥ 20 petéquias; nas crianças, ≥ 10 petéquias (item IV, correto). Quando positiva, a prova deve ser interpretada como um indício de fragilidade capilar e já coloca o paciente no grupo B. Desse modo, I, II, IV estão corretas e III e V estão incorretas. RESPOSTA: Letra C. • Dengue com Sinais de Alarme: Na doença, ocorre agressão das plaquetas (causando plaquetopenia) e das paredes dos vasos. Por volta do 3º ao 4º dia (período da defervescência, isto é, redução da febre) ocorre piora do quadro, caracterizando a antiga “febre hemorrágica” da dengue – apesar da denominação, o paciente não morre por hemorragia, mas sim por extravasamento plasmático, que leva à hemoconcentração (por essa razão, esse termo caiu em desuso). Os sinais de alarme que a caracterizam podem ser classificados em 3 grandes grupos: disfunção de órgãos, plaquetopenia e hemoconcentração. Tabela 1 –Sinais de Alarme para a Dengue. Disfunção leve de órgãos: Plaquetopenia (fenômenos hemorrágicos): Hemoconcentração: − Dor abdominal intensa e contínua à palpação. − Vômitos persistentes. − Hepatomegalia > 2 cm. − Letargia ou irritabilidade (principalmente em crianças). − Relacionada com o TNF-alfa: sangramento de mucosas (gengivorragia, metrorragia etc.). − Redução dos fatores de coagulação: hematoma, hemartrose. − Aumento da permeabilidade relacionado à histamina. − Aumento progressivo do hematócrito. − Hipotensão postural (lipotimia). − Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural e derrame pericárdico). Sempre internar o doente na presença de sinais de alarme. • Dengue Grave: Avaliar sinais de choque e sinais de sangramentos graves. − Choque: ✓ Choque (hipotensão) – PAS < 90 mmHg ou PAM < 70mmHg; ✓ Pressão convergente; ✓ Pulso filiforme (fino e rápido); ✓ Extremidades frias, enchimento capilar > 2 segundos; ✓ Insuficiência respiratória; ✓ Oligúria (débito urinário < 1,5 mL/kg/h). − Sangramento grave: hematêmese, melena, hemorragia no sistema nervoso central (SNC), metrorragia volumosa etc. − Comprometimento grave de órgãos: encefalite, hepatite (AST ou ALT > 1000 U/L), miocardite etc. − O choque na dengue é de rápida instalação e curta duração. Pode levar o paciente a óbito em um intervalo de 12 a 24 horas, ou a sua recuperação rápida após terapia apropriada. Em casos de dengue grave, recomenda-se um leito de terapia intensiva. As formas graves da dengue ocorrem, basicamente, via dois mecanismos: extravasamento plasmático (mediado pela histamina) e fenômenos hemorrágicos (por plaquetopenia, devido ao TNF-alfa). https://www.eumedicoresidente.com.br/ Fatores de risco para a dengue grave: ✓ História de dengue prévia (de preferência, confirmada); ✓ Infecção atual pelo sorotipo 2; ✓ Lactentes de mães com passado de dengue; ✓ Crianças < 12 anos; ✓ Idosos > 60 anos; ✓ Outros: sexo feminino, raça branca, marcadores genéticos. Figura 4 – Formas Clínicas da Dengue. Fonte: OMS. Lembra do caso clínico que apresentamos no início da apostila? 2. Com o quadro apresentado, o paciente preenche critérios de gravidade? Qual a classificação clínica do paciente? A presença de dor abdominal intensa e contínua, além de hepatomegalia dolorosa e hemoconcentração (identificada pelo hematócrito elevado) constituem os sinais de alarme dessa doença. Diante dos achados, baseado na classificação mais atual, podemos classificar em: dengue com sinais de alarme. Como o paciente tem sinais de alarme, ele será classificado no Grupo C. SURCE-CE 2022 ACESSO DIRETO. A fase crítica da infecção pelo vírus da Dengue pode se seguir à fase febril, em alguns pacientes, que podem evoluir para as formas graves. O aparecimento dos sinais de alarme deve ser rotineiramente pesquisado nos casos suspeitos. Dentre os principais sinais de alarme, destacam-se: dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua; vômitos persistentes; acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); hipotensão postural e/ou lipotimia; hepatomegalia > 2 cm abaixo do rebordo costal; sangramento de mucosa; letargia e/ou irritabilidade; aumento progressivo do hematócrito. O que traduzem esses sinais de alarme? A. Esses sinais podem traduzir o aumento da pneumonia causada pelo vírus, edema agudo de pulmão e evolução para o agravamento clínico do paciente com derrame pleural. B. Esses sinais podem traduzir a instalação de insuficiência cardíaca e hipertensão arterial, permitindo a evolução para o agravamento clínico do paciente com o potencial de choque ou derrame pericárdico. C. Esses sinais podem traduzir o aumento da permeabilidade vascular acarretando hipertensão arterial, o agravamento clínico do paciente para o choque ou derrames cavitários pelo extravasamento plasmático. D. Esses sinais podem traduzir o aumento da permeabilidade vascular e evolução para o agravamento clínico do paciente, com o potencial de evoluir para o choque ou derrames cavitários pelo extravasamento plasmático. Choque; Sangramento grave; Disfunção orgânica grave. Dor abdominal intensa; Hepatomegalia > 2 cm; Derrames cavitários; Hipotensão postural; Sangramento mucoso; Aumento do hematócrito; Letargia; Vômitos incoercíveis. Febre alta; Exantema; Mialgias/artralgias; Cefaleia; Dor retro-orbitária; Leucopenia; Prova do laço positiva. Grave Sinais de Alarme Clássica https://www.eumedicoresidente.com.br/ COMENTÁRIO: A questão pede o que os sinais de alarme traduzem no contexto da dengue, doença que pode evoluir para a fase crítica, momento no qual há extravasamento de líquido para o espaço extravascular, diminuindoo volume corrente dentro do vaso e cursando com as manifestações mais graves da doença. Os sinais de alarme são assim denominados, porque evidenciam o início do processo de extravasamento vascular por aumento da permeabilidade vascular. Analisando cada alternativa: A. INCORRETA. Não há correlação entre o aumento da pneumonia causada pelo vírus com os sinais de alarme. B. INCORRETA. Não há correlação dos sinais de alarme e o aumento da insuficiência cardíaca ou da hipertensão arterial. Lembrando que os pacientes que evoluem para dengue grave podem apresentar hipotensão postural precedendo o quadro de extravasamento ou durante a fase crítica. A hipertensão arterial não é um achado comum nos casos mais graves. C. INCORRETA. O aumento da permeabilidade vascular causa hipotensão arterial, e não hipertensão arterial. D. CORRETA. Traduzem o aumento da permeabilidade vascular e evolução para o agravamento do paciente, podendo evoluir para choque e derrames cavitários. RESPOSTA: Letra D. SES-PE 2017.2 ACESSO DIRETO. Em relação à dengue, é INCORRETO afirmar que: A. A prova do laço não deve ser realizada no paciente com suspeita de dengue devido a sua baixa sensibilidade diagnóstica. B. A primeira manifestação é a febre, que tem duração de dois a sete dias, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de início abrupto, associada a cefaleia, adinamia, mialgia, artralgias e dor retro-orbitária. C. O exantema está presente em 50% dos casos, é predominantemente do tipo maculopapular, atingindo face, tronco e membros de forma aditiva, não poupando plantas dos pés e palmas das mãos. D. A diarreia está presente em percentual significativo dos casos; habitualmente não é volumosa, cursando apenas com fezes pastosas, numa frequência de três a quatro evacuações por dia. E. O choque na dengue é de rápida instalação, tendo curta duração. Pode levar o paciente a óbito, em um intervalo de 12 a 24 horas, ou à sua recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada. COMENTÁRIO: Avaliando as alternativas: A. Incorreta. A prova do laço deve ser feita em todos os casos suspeitos de dengue que não apresentam sangramentos espontâneos. Quando positiva, deve ser interpretada como um indício de fragilidade capilar, já indicando hidratação em regime de observação. A prova positiva não significa o diagnóstico de dengue, visto que qualquer condição que leve à fragilidade capilar pode positivar o exame. B. Correta. A febre alta é critério obrigatório para caso suspeito de dengue e costuma surgir logo no início do quadro. C. Correta. O exantema maculopapular está presente em 50% dos pacientes e surge com o período de defervescência, diferentemente do zika, em que o exantema aparece junto à febre. D. Correta. Na dengue, a diarreia é habitualmente não volumosa, apenas com fezes pastosas, o que a diferencia de outras condições, como as enteroviroses, que comumente levam à diarreia mais volumosa, líquido-pastosa e com sinais de invasividade (muco, sangue ou pus nas fezes). E. Correta. O reconhecimento precoce de sinais de alarme possíveis de predizer a evolução para choque é essencial, de modo que uma terapia agressiva de hidratação mais precoce pode diminuir a mortalidade desses pacientes. RESPOSTA: Letra A. https://www.eumedicoresidente.com.br/ • Na fase aguda, até o 5º dia, mas idealmente até o 3º, podemos “procurar o vírus” (no período de viremia): − Isolamento Viral: 1º ao 5º dia; mais específico, sendo considerado o padrão-ouro. Pode ser realizado em amostras de sangue, líquor e fragmentos de vísceras (fígado, baço, coração, pulmão, entre outros). − Pesquisa do Antígeno NS1: 1º ao 3º dia; método imunoenzimático (ELISA de captura), que permite detecção de antígenos virais específicos de dengue do tipo NS1. Com especificidade alta (82-100%) e sensibilidade moderada (34- 72%). − Reação em Cadeia da Polimerase (PCR): Permite detecção de quantidades reduzidas de ácido nucleico viral presente em espécimes biológicas, através da amplificação do c-DNA, obtido a partir do RNA viral. Tem elevada sensibilidade e especificidade, mas está restrito a situações em que métodos mais simples foram insuficientes para o diagnóstico (principalmente em situações de óbitos e urgências, por se tratar de uma técnica dispendiosa). • Após a soroconversão (que ocorre somente a partir do 5º-6º dia), podemos “procurar o anticorpo”: − Sorologia: MAC-ELISA (IgM) do 6º ao 29º dia; OBS.: A grande questão é: quando solicitar esses exames diagnósticos? Antes, devemos considerar a presença ou não de epidemia. Figura 5 – Representação Esquemática dos Métodos Diagnósticos da Dengue. Fonte: Adaptado de http://www.denguevirus.com.br/ A proteína NS1 é essencial para a viabilidade do vírus, expressando-se na superfície de células infectadas e solúvel na circulação. Ela se comporta como marcador de infecção aguda ativa (viremia). Quando o paciente já possui história prévia de dengue, a sensibilidade do NS1 diminui. Isso acontece por causa da memória imunológica. Desse modo, a resposta de anticorpos que clareia o NS1 tende a ser mais precoce nessa situação. SURCE-CE 2015 R3 CLÍNICA MÉDICA. Paciente avaliado por febre e dor no corpo há 3 dias. Baseado em dados clínicos e laboratoriais, é aventada a possibilidade de dengue. Qual dos exames abaixo é capaz de realizar confirmação laboratorial de dengue, de forma rápida? A. Cultura viral. B. IgG específico. C. IgM específico. D. Antigenemia NS1. COMENTÁRIO: Na fase aguda, até o 5º dia (idealmente até o 3º dia), podemos identificar o vírus no período de viremia. Dentre as opções, temos o isolamento viral que, apesar de ser mais específico e considerado o padrão-ouro, leva um tempo maior ao resultado (e o enunciado nos pede algo rápido). A pesquisa do antígeno NS1 do 1º ao 3º dia permite a detecção de antígenos virais específicos de dengue do tipo NS1, possui boa especificidade (82-100%) e o resultado pode sair em poucas horas, sendo, então, a melhor resposta para a questão. Por fim, a procura dos anticorpos, idealmente deve ser realizada após o 5º dia (o paciente está no 3º dia), o que torna incorretas as alternativas B e C. RESPOSTA: Letra D. Infecção Primária Sintomas Vírus NS1 IgM 0 10 20 30 40 50 TI TU LA Ç Ã O IgG DIAS https://www.eumedicoresidente.com.br/ http://www.denguevirus.com.br/ Lembra do caso clínico que apresentamos no início da apostila? 3. Qual exame deve ser solicitado para confirmar sua suspeita diagnóstica? Após o quinto dia de doença, já podemos pedir a sorologia IgM para dengue, visando a confirmação diagnóstica da doença. • A vacina tetravalente YF 17/D, de vírus vivo atenuado, não mostrou resultados favoráveis em relação à eficácia. • A vacina TAK-003, de vírus vivo atenuado, apresentou resultados favoráveis, porém, ainda não foi avaliada como medida de saúde pública. • A doença deverá ser notificada em todas as situações – sendo imediata ou semanal, a depender da gravidade: − Dengue Grave ou Óbito: Notificação Imediata; − Caso Habitual: Notificação Semanal. • No Brasil, há mortes, sobretudo, devido ao despreparo das equipes de saúde ou ao atraso no atendimento inicial. Portanto, a medida mais importante para diminuir a mortalidade da doença é a realização de um bom atendimento inicial. Não há antiviral específico para a dengue e o tratamento é de suporte. Deverão ser oferecidos a todos os pacientes: − Hidratação; − Sintomáticos: Analgésicos (dipirona e/ou paracetamol), antieméticos (metoclopramida, bromoprida), anti-histamínicos (dexclorfeniramina, hidroxizina, entre outros); − Contraindicar: Anti-inflamatórios (AINES) e salicilatos, pelo risco de agravamento dos sintomas. Outras drogas com potencial hemorrágico também não devem ser utilizadas;− De acordo com a gravidade do quadro, os pacientes são classificados em grupos que devem seguir orientações específicas de avaliação laboratorial e hidratação. Veja abaixo: Tabela 2 – Classificação da Dengue. Fonte: Ministério da Saúde. HAS = hipertensão arterial sistêmica.; DM2 = diabetes mellitus tipo 2; DPOC = doença pulmonar obstrutiva crônica; IV = intravenosa. Classificação: Características: Regime de Tratamento e Medidas: Grupo A − Paciente com prova do laço negativa; − Sem sinais de alarme; − Sem risco social ou comorbidades. − Tratamento ambulatorial; exames complementares a critério médico: ✓ Hidratação VO: 60 mL/kg/dia (soro de reidratação oral – SRO → 1/3 + outros líquidos caseiros → 2/3), sendo que 1/3 do montante total deve ser ingerido nas primeiras 4 a 6 horas. Manter essa hidratação até 48 horas sem febre; ✓ Retorno para reavaliação clínica entre o 3º e o 5º dia da doença (fase crítica), ou quando a febre recrudescer; ✓ Não interromper a amamentação. Grupo B − Sangramento de pele; − Prova do laço positiva; − Comorbidades: HAS, DM2, DPOC, hepatopatias, doenças hematológicas crônicas (ex.: anemia falciforme); − Gestantes; − Risco social (ex.: etilista); − Extremos de idade (< 2 anos ou > 65 anos). − Internar em leito de observação. Solicitar hemograma (obrigatório): ✓ Hidratação semelhante à do Grupo A; ✓ Hematócrito normal (M: 40%; H: 45%) → acompanhamento ambulatorial; ✓ Aumento do hematócrito/indício de hemoconcentração (↑ Ht > 10%) ou hematócrito na mulher > 44% e no homem > 50% → internação hospitalar + hidratação via oral supervisionada (80 mL/kg/dia, sendo 1/3 em 4 horas) ou intravenosa (se não for possível a oral - 40 mL/kg em 4 horas). Reavaliar hematócrito. Grupo C − Dengue com sinais de alarme. − Internação hospitalar – período mínimo de 48 horas: ✓ Pedir novo hematócrito e reavaliar na segunda hora; ✓ Hidratação IV: expansão com cristaloide (SF ou RL), 10 mL/kg/h na 1ª hora; o total máximo de cada fase de expansão é de 20mL/kg em duas horas; ✓ Reavaliação clínica a cada hora; ✓ Depois de melhora: manutenção com 25 mL/kg a cada 6-8 horas; ✓ Se não houver melhora, conduzir como Grupo D. Grupo D − Dengue grave; − Choque. − Internação em emergência ou UTI: ✓ Hidratação endovenosa: cristaloide (SF ou RL), 20 mL/kg em 20 minutos, até 3x; ✓ Reavaliação clínica a cada 15-30 minutos; hematócrito a cada 2/2 horas; ✓ Depois de melhora: 25 mL/kg a cada 6-8 horas → retornar para Grupo C; ✓ Se não houver melhora: coloide e, se necessário, drogas vasoativas; ✓ Concentrado de hemácias se hemorragia com instabilidade; se coagulopatias avaliar necessidade de plasma fresco congelado, vitamina K e crioprecipitado; ✓ Transfusão de plaquetas, se com valores < 50.000/mm3, com suspeita de sangramento do sistema nervoso central ou locais de risco (hematêmese ou enterorragia). https://www.eumedicoresidente.com.br/ PARA A PROVA: Os pacientes do GRUPO A ou do GRUPO B, que foram encaminhados para o tratamento ambulatorial, devem ser orientados para retorno à unidade básica no momento da defervescência (3- 6 dias de doença), pela possibilidade de evolução para a fase crítica. O retorno deverá ser mais precoce, caso surjam os sinais de alarme. • Exames Inespecíficos: Exames laboratoriais solicitados para melhor seguimento do suporte ao paciente: − Grupo B: hemograma; − Grupos C e D: hemograma e exame confirmatório (obrigatórios), AST, ALT, albumina, radiografia de tórax em PA, perfil e Laurell (pesquisa de derrame pleural), ultrassonografia (USG) de abdome (para ascite) e outros exames a critério médico (ex.: função renal). • Critérios de Alta Hospitalar: Todos os critérios abaixo devem ser preenchidos: − Ausência de febre por 48 horas; − Melhora visível do quadro clínico; − Hematócrito normal e estável por 24 horas; − Plaquetas em elevação e acima de 50.000/mm3; − Estabilização hemodinâmica durante 48 horas; − Derrames cavitários em reabsorção e sem repercussão clínica. Os pacientes que fazem uso contínuo de ácido acetilsalicílico (quando estão em profilaxia secundária de eventos trombóticos ou aqueles que implantaram stent coronariano) deverão ter suas plaquetas avaliadas, para a decisão de mantê-lo ou não. Caso a plaquetometria seja superior a 30.000⁄mm³, deve ser mantido o AAS. Caso seja inferior a esse número, a medicação deverá ser suspensa, admitindo-se o paciente para observação, até que o número de plaquetas seja superior a 50.000⁄mm³ (reintroduzindo-se, então, a medicação). Aqueles com plaquetometrias intermediárias serão admitidos em uso de AAS para observação, até que os valores sejam superiores a 50.000⁄mm³. Observem abaixo os fluxogramas mais detalhados sobre o assunto. Figura 6 – Conduta em Pacientes em Uso de Antiplaquetários. Suspender o AAS e o Clopidogrel. Admitir em leito de observação e realizar contagem diária de plaquetas. Manter o AAS e o Clopidogrel. Admitir em leito de observação e realizar contagem diária de plaquetas. Manter o AAS e o Clopidogrel. Realizar contagem diária de plaquetas conforme protocolo de Grupo B. Plaquetas abaixo de 30x10 9 /L Plaquetas entre 30x10 9 /L e 50x10 9 /L Plaquetas acima de 50x10 9 /L Stent farmacológico com menos de seis meses e Stent convencional com menos de um mês em uso de AAS e clopidogrel. Suspender o AAS. Admitir em leito de observação e realizar contagem diária de plaquetas. Manter o AAS. Admitir em leito de observação e realizar contagem diária de plaquetas. Manter o AAS. Realizar contagem diária de plaquetas conforme protocolo de Grupo B. Plaquetas abaixo de 30x10 9 /L Plaquetas entre 30x10 9 /L e 50x10 9 /L Plaquetas acima de 50x10 9 /L Stent farmacológico com mais de seis meses e Stent convencional com mais de um mês em uso de AAS. Profilaxia secundária de doença coronariana e cerebrovascular. https://www.eumedicoresidente.com.br/ SES-PE 2018 ACESSO DIRETO. No Brasil, a transmissão da dengue vem ocorrendo de forma continuada, desde 1986, intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente indenes ou alteração do sorotipo predominante. O maior surto no Brasil ocorreu em 2013, com aproximadamente 2 milhões de casos notificados. Sobre o tema, assinale a alternativa INCORRETA. A. Em crianças pequenas, o início da doença pode passar despercebido, e o quadro grave ser identificado como a primeira manifestação clínica. B. Em relação a outras arboviroses, mostra menos artralgia que a chikungunya e mais sangramento que a zika. C. Pacientes sem sinais de alarme (grupos A e B) devem receber hidratação oral com volume calculado a depender do peso, sendo indicado que 1/3 desse volume seja soro de reidratação oral e o restante oferecido pela oferta de água, sucos e chás D. A presença de qualquer sinal de alarme indica reposição volêmica venosa imediata com SF 0,9% 20 mL/kg em 2 horas com reavaliação clínica e laboratorial (hematócrito) ao término. E. Pacientes com sinais de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgãos devem receber imediatamente expansão rápida parenteral com solução salina isotônica 20 mL/kg em até 20 minutos que pode ser repetida até três vezes. COMENTÁRIO: Em crianças pequenas (principalmente menores de dois anos), a dengue pode se manifestar com sinais e sintomas inespecíficos, como febre, choro persistente, adinamia e irritabilidade. O médico pode não suspeitar e o sinais de alarme podem passar despercebidos, com o paciente evoluindo para forma grave da doença, como primeira manifestação da dengue: A. Correta. Chikungunya é, das arboviroses, a que tem maior incidência de formas sintomáticas, com predomínio das manifestações articulares. Na zika, os assintomáticos podem chegar a 80%. Ela se caracteriza como uma ‘’dengue com sintomas leves”, na maioria dos pacientessintomáticos. É característico da doença o neurotropismo, que pode estar associado a complicações neurológicas graves, apesar de raras. B. Correta. A chikungunya tem, caracteristicamente, maior acometimento articular, inclusive com queixas crônicas. A dengue tem maior risco de sangramento que a zika. C. Correta. A questão traz o conceito de hidratação para os grupos A e B, que deve ser de 60 mL/kg/dia, com 1/3 desse volume composto por soro de reidratação oral. D. Incorreta. Deve ser feita hidratação venosa com soro fisiológico ou ringer lactato, 10 mL/kg/h na sua 1ª hora. O máximo de cada fase de expansão é de 20mL/kg em 2 horas, conforme foi dito na questão. A “pegadinha” estava na reavaliação clínica, que deve ser feita a cada hora, e a avaliação do hematócrito na segunda hora. E. Correta. Nos pacientes do grupo D, deve ser feita a hidratação venosa com soro fisiológico ou ringer lactato, na dose de 20 mL/kg em 20 minutos, que pode ser repetida até 3 vezes. O paciente deve ser reavaliado a cada 15-30 minutos, além de ter avaliação laboratorial com hematócrito sendo feita a cada 2 horas. RESPOSTA: Letra D. Lembra do caso clínico que apresentamos no início da apostila? 4. Baseado no grupo em que o paciente foi classificado, qual seria a conduta mais adequada no atendimento? Os pacientes classificados no Grupo C devem ser internados por um período mínimo de 48 horas; também devem ser submetidos a expansão volêmica com cristaloides (SF0,9% ou SRL), na dose de 10mL/kg/h na primeira hora. Além disso, devem ser reavaliados clinicamente a cada 1 hora; se houver melhora, manter uma hidratação de manutenção de 25mL/kg a cada 6-8 horas. Deve ser solicitado novo hematócrito de 2 em 2 horas, para avaliar a melhoria da “hemoconcentração”. O tratamento é basicamente de suporte, sendo a hidratação a conduta realizada mais importante em todos os grupos vistos. https://www.eumedicoresidente.com.br/ 5. O paciente tem indicação de internamento? Se sim, após adequado tratamento, quais os critérios de alta hospitalar? Sim, o paciente do Grupo C tem indicação de internamento. Os principais critérios a serem considerados no momento da alta hospitalar são: 1. Ausência de febre por 48 horas; 2. Melhora visível do quadro clínico; 3. Hematócrito normal e estável por 24 horas. • Homem: Não existem medidas específicas direcionadas ao homem: − Não temos antiviral ou vacina para dengue; − Não é necessário isolamento (não há transmissão por secreções ou fômites); − Vigilância: notificar casos suspeitos, investigar local provável de infecção e realizar busca ativa de casos. • Mosquito: É o único vulnerável na cadeia de transmissão. Para o controle vetorial, temos duas estratégias: − Vigilância Entomológica: Reunir informações do vetor, tais como sua distribuição geográfica, índice de infestação e depósitos predominantes. − Combate ao Vetor: O período não epidêmico é o ideal para a adoção de medidas, visando impedir novas epidemias. Figura 7 – Recomendações para o Controle do Vetor Aedes aegypti. Fonte: Ministério da Saúde (2007-2008). • Doença febril aguda, de curta duração e gravidade variável. • Agente Transmissor (Vetor): − Ciclo Silvestre: Haemagogus (mais comum no Brasil) e Sabethes. ✓ Hospedeiro: primatas não humanos (principalmente os macacos do gênero Cebus, Alouatta, Ateles e Callithrix). ✓ Macaco → Mosquito Silvestre → Homem. − Ciclo Urbano: Aedes aegypti. ✓ Hospedeiro: homem. ✓ Homem → Aedes aegypti → Homem. https://www.eumedicoresidente.com.br/ Figura 8 – Ciclos Epidemiológicos da Febre Amarela. Como o Clico de Infecção se comporta tanto em Ambientes Urbanos quanto em Ambientes Silvestres/Rurais. Fonte: http://www.jornaldocampus.usp.br/wp-content/uploads/2019/05/febre.png • Agente Causador: Arbovírus do gênero Flavivírus (RNA), pertencente à família Flaviviridae; • Incubação no Homem: Média 3 a 6 dias (podendo chegar a 10-15 dias); • Viremia (Transmissibilidade): 48 horas antes da febre, até 5 dias após o início dos sintomas. Todo macaco morto encontrado deve ser encaminhado para a realização de exames. • Forma urbana erradicada desde 1942. • Após erradicação da forma urbana, em 1942, sinais de reinfestação pelo A. aegypti começaram a aparecer inicialmente no Pará (1967) e, depois, na Bahia e Rio de Janeiro. Mesmo sem FA urbana, há o risco de reurbanização. • A FA silvestre é uma doença endêmica nas regiões tropicais da África, América do Sul e no Caribe, com pequeno número de casos registrados habitualmente. São entremeados por surtos que acontecem em intervalos de 5 a 7 anos, que se iniciam nos macacos e posteriormente chegam ao homem. • Os mais acometidos pela FA silvestre são: aqueles que mais se expõem e acabam se tornando hospedeiros acidentais do vírus ao entrarem nas matas (exposição profissional – entre 15-40 anos de idade); pessoas não vacinadas que vivem próximas aos ambientes silvestres. • Em 2014, houve um surto da febre amarela silvestre, um dos maiores surtos na história do Brasil. Foram atingidas as regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Bahia. Não ocorre transmissão pelo contato direto ou através de objetos contaminados. Pessoa saudável é picada e infectada. Mosquito pica a pessoa e passa a carregar o vírus. Aedes aegypti Pessoa infectada. Pessoa saudável vai para uma área de mata e é picado e infectado. Mosquito pica o macaco e passa a carregar o vírus. Haemagogus ou Sabethes Macaco infectado. Á R EA U R B A N A Á R EA S IL V ES TR E https://www.eumedicoresidente.com.br/ • O vírus da febre amarela, após inoculado, replica-se nos linfonodos locais, células musculares e fibroblastos. • Dissemina-se para grandes vísceras (fígado, baço, medula óssea e coração) → comportamento viscerotrópico. • O principal órgão afetado é o fígado, em que ocorre apoptose de hepatócitos (necrose médio-zonal), com alterações menos exuberantes do que nas hepatites virais. • Os casos, em sua maioria, são assintomáticos/oligossintomáticos (90%). Dos sintomáticos, 15-60% evoluem para a forma grave ou maligna; essa forma tem letalidade entre 20-50%. • Pode ser dividida em formas leves/moderada, grave ou maligna. • O quadro clínico é bifásico, sendo as duas fases separadas por um curto período de remissão: − 1° fase (período de infecção): é quando ocorre a viremia. Quadro clínico inespecífico, corresponde às formas leves a moderadas; tem duração em torno de 3 dias. − Remissão: declínio de temperatura e diminuição dos sintomas, sensação de melhora do paciente; dura poucas horas a, no máximo, um a dois dias. − 2° fase (período toxêmico): corresponde às formas graves e malignas; o paciente pode evoluir para óbito, após 6º ao 7º dia do início dos sintomas. • Caso Suspeito: Indivíduo com exposição em área afetada recentemente (em surto) ou em ambientes rurais e/ou silvestres, com até 7 dias de quadro febril agudo, acompanhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: cefaleia (principalmente de localização supraorbitária), mialgia, lombalgia, mal-estar, calafrios, náuseas, icterícia e/ou manifestações hemorrágicas + residente ou procedente de área de risco para febre amarela nos 15 dias anteriores, que não tenha comprovante de vacinação para febre amarela ou tenha recebido o comprovante há menos de 30 dias. Tabela 3 – Manifestações Clínicas e Laboratoriais Comuns da Febre Amarela. Fonte: SAS/MS. Forma: Sinais e Sintomas: Alterações Laboratoriais: Leve/Moderado: Febre, cefaleia, mialgia, náuseas, icterícia ausente ou leve. Sinal de Faget; Plaquetopenia, elevação moderada de transaminases, bilirrubina normal ou discretamente elevada (predomínio de direta). Grave: Todos os supracitados, icterícia intensa, manifestações hemorrágicas (melena, hematêmese, entre outras), oligúria, diminuição de consciência. Plaquetopenia intensa,aumento de creatinina, elevação importante para transaminases. Maligna: Todos os sintomas clássicos da forma grave intensificados. Todos os supracitados + coagulação intravascular disseminada. • Forma autolimitada: síndrome febril com “sinais de dengue” + sinal de Faget (dissociação pulso-temperatura: paciente febril com frequência cardíaca normal ou baixa → não é um achado obrigatório). Em 2-4 dias, os sintomas são aliviados. • Forma grave: hepatite/insuficiência hepática + insuficiência renal aguda + hemorragias. Lembrar sempre da tríade: icterícia + oligúria + hemorragia. • Forma maligna: a forma grave pode entrar em um período de remissão dos sintomas após o 3º a 5º dia. Essa remissão pode durar de 6 a 48 horas e evoluir para a forma maligna (atenção nesse período). Duas doenças que geralmente cursam com Sinal de Faget: febre amarela e febre tifoide. Além delas, tularemia, brucelose e pneumonia por Legionella e Micoplasma também podem cursar com dissociação pulso-temperatura. • Alterações laboratoriais são mais comuns nas formas graves e maligna. • Leucograma: Leucopenia (1.500-2.500/mm3) com neutropenia; a leucopenia tende a surgir rapidamente após o início da doença. https://www.eumedicoresidente.com.br/ • Transaminases bastante aumentadas (> 1000 U/L) com padrão de TGO > TGP (pelo acometimento muscular e cardíaco); aumento de bilirrubinas, às custas de direta, de colesterol e fosfatase alcalina. • Elevação dos níveis de ureia e creatinina, sumário de urina com proteinúria, cilindrúria e hematúria (necrose tubular aguda por hipofluxo renal). • Aumento do tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial e tempo de coagulação (diminuição dos fatores de coagulação sintetizados pelo fígado – II, V, VII, IX e X). • Biologia Molecular (RT-PCR) / Isolamento Viral: Até o 5º dia de doença. • Sorologia IgM (MAC-ELISA): A partir do 5º dia de doença, podendo persistir até 60-90 dias do início dos sintomas. • Solicitar sorologia para outras hepatites. Sempre notificar – Febre Amarela → Notificação COMPULSÓRIA E IMEDIATA (Portaria nº 204/2016). • Forma Leve a Moderada: − Plaquetopenia acima de 150.000/mm3; hemoconcentração < 10%; transaminases < 2x normalidade; bilirrubina < 1,5x normalidade; sem proteinúria. − Manejo ambulatorial com sintomáticos para febre e dor; hidratação oral, se houver contexto social favorável. − Orientar retorno, se houver piora do quadro ou sinais de alarme. • Forma Moderada a Grave: − Desidratação moderada a intensa; vômitos; sem hemorragias ativas; leucopenia; plaquetopenia < 150.000/mm3; hemoconcentração 10%-20%; transaminases entre 2 a 10x normalidade; bilirrubina 1,5 a 5x normalidade; proteinúria até 2+. − Internação em enfermaria; sintomáticos para febre e dor; hidratação oral. Considerar hidratação parenteral. − Avaliação clínica a cada 4h.; exames laboratoriais diários ou de imediato, caso haja piora clínica/sinais de alarme. • Forma Grave a Maligna: − Internação em Unidade de Terapia Intensiva (todos com sinais de alerta). − Terapia de Suporte: infusão de vitamina K; transfusão de hemácias ou plasma fresco congelado (se houver coagulopatia). Tabela 4 – Sinais de Alerta para Formas Graves de Febre Amarela. Fonte: SAS/MS. Clínicos: Laboratoriais: − Icterícia (pele ou escleras amareladas); − Hemorragias; − Colúria – “urina cor de Coca-Cola”; − Oligúria – diminuição do volume urinário; − Vômitos constantes; − Diminuição do nível de consciência; − Dor abdominal intensa. − Hematócrito em elevação (20% acima do valor basal prévio ou valor de referência); − Transaminases acima de 10 vezes o valor de referência (TGO é, em geral, mais elevada que TGP, diferentemente de hepatite aguda); − Creatinina elevada; − Coagulograma alterado (ex.: tempo de coagulação > 20 minutos). SUS-SP 2018 ACESSO DIRETO. Sobre a febre amarela, é correto afirmar: A. As manifestações trombóticas podem ocorrer no 3º ou 4º dia após melhora clínica parcial e piora da função hepática. B. Na forma moderada, os sintomas são de febre, cefaleia, náuseas, vômitos, icterícia, e o sinal de Faget pode estar presente. C. O seu agente etiológico é um vírus DNA pertencente à família Flaviridae. D. A letalidade da forma grave é baixa após a preconização de terapia de substituição renal precoce. https://www.eumedicoresidente.com.br/ COMENTÁRIO: O erro da letra A está em afirmar que se trata de manifestações trombóticas, quando na verdade são hemorrágicas. O Sinal de Faget é de extrema importância nas questões de febre amarela: ele não é muito sensível nem específico para essa doença, porém, pode estar presente e é bastante característico da doença (lembrar que pode estar presente em outras doenças). Lembre-se de que o vírus é de RNA (letra C, incorreta), a letalidade da forma grave é muito alta (letra D, incorreta) e o período de incubação é curto (3 a 6 dias). RESPOSTA: Letra B. • Deve ser considerada alta hospitalar após dez dias de doença, para pacientes sem febre nas últimas 24 horas, com aspectos clínicos melhorados e exames laboratoriais com índices decrescentes das transaminases e estabilização das plaquetas OU após três dias sem febre, independentemente do tempo de doença, com índices decrescentes das transaminases e estabilização das plaquetas. Deve-se orientar, caso os sintomas voltem, o retorno ao posto de atendimento. • Além de medidas de vigilância epidemiológica (redução da incidência de FA silvestre, impedir transmissão urbana), controle de doença (controle vetorial) e educação em saúde, há uma vacina eficaz para prevenção no homem. • Vacina Antiamarílica: Vacina de vírus vivo atenuado, da cepa 17 DD, derivado de amostra africana do vírus: − Confere proteção individual e coletiva, bloqueando a propagação geográfica da doença, prevenindo epidemias; − Altamente imunogênica, com resultados adequados em até 95% dos indivíduos, a partir do 10° de aplicação; − Indicações: Rotina para todo o território nacional, incluindo a região Nordeste, que não fazia parte do calendário de vacinação. A partir dos 9 meses de idade até os 59 anos; − Reações Adversas: De forma geral, é uma vacina segura. Dor local, mal-estar, cefaleia, dores musculares e febre baixa podem acontecer. Reações adversas graves, como doença viscerotrópica pelo vírus da vacina, são raras. Tabela 5 – Indicações e Doses da Vacina de Febre Amarela. Fonte: Adaptada do Ministério da Saúde, 2019. POPULAÇÃO-ALVO: INDICAÇÃO: Crianças com 9 meses de vida. Uma dose. Crianças com 4 anos de idade. Dose de reforço. Crianças a partir de 5 anos de idade, que receberam uma dose da vacina até os 4 anos, 11 meses e 29 dias. Dose de reforço, com intervalo mínimo de 30 dias entre a dose e o reforço. Pessoas com 5 a 59 anos de idade, nunca vacinadas ou sem comprovante de vacinação. Dose única. Um assunto bastante cobrado em provas são as contraindicações para a vacina da febre amarela. • Contraindicações: − Crianças menores de 6 meses de idade; − Pessoas com história de eventos adversos graves em doses anteriores; − Pessoas com história de anafilaxia comprovada em doses anteriores ou relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina bovina ou a outras); − Pacientes com imunodepressão grave, de qualquer natureza: ✓ Imunodeficiência devido a um câncer ou imunossupressão terapêutica; ✓ Pacientes infectados pelo HIV com imunodepressão grave, com a contagem de células CD4 < 200 células/mm3 ou menor de 15% do total de linfócitos para crianças menores de 13 anos; ✓ Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores). − Pacientes submetidos a transplante de órgãos; − Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica); https://www.eumedicoresidente.com.br/− Gestantes (a administração deve ser analisada caso a caso na vigência de surtos); − Pacientes portadores de lúpus eritematoso sistêmico ou outras doenças autoimunes, tendo em vista a possibilidade de imunossupressão. A vacina não deve ser administrada simultaneamente às vacinas tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) ou varicela, estabelecendo intervalo mínimo de 28-30 dias. Figura 9 – Mnemônico TILO-6 das contraindicações clássicas da vacina da febre amarela (*contraindicações relativas). Fonte: Os Autores. • O vírus zika (ZIKAV) é um flavivírus (RNA). • Agente: Flaviviridae. • Foi isolado pela primeira vez em primatas não humanos na floresta Zika, em Uganda. Tem neurotropismo maior que outras arboviroses. • Vetores: Aedes aegypti (principal), Aedes albopictus. • Modos de transmissão: mosquitos (vetores). Também já foram descritas transmissão sexual, por transfusão sanguínea (em investigação) e transmissão transplacentária. • Período de incubação: 2 a 14 dias. Figura 10 – Formas de transmissão do Zika vírus. Fonte: Adaptado de: https://portugues.cdc.gov/zika/prevention/transmission-methods.html 6 meses Gravidez* 6 Ovos O Lúpus L Timo T Imunossupressão Idosos* I 5 4 3 2 1 POR TRANSFUSSÃO DE SANGUE: O vírus pode ser transmitido por meio da transfusão de sangue. PELO SEXO: O vírus da Zika pode ser transmitido através do sexo de uma pessoa infectada para seus parceiros. DURANTE A GRAVIDEZ: Uma mulher grávida pode transmitir o vírus Zika ao feto durante a gravidez. A infecção por Zika durante a gravidez pode causar defeitos congênitos graves e está associada a outros problemas de gravidez. Mais pessoas são infectadas pelos mosquitos. Outros mosquitos picam essas pessoas e são infectados. O mosquito pica outras pessoas infectando-as com o vírus da Zika. O mosquito se contaminada. O mosquito pica uma pessoa infectada com o vírus da Zika. Outras maneiras pelas quais as pessoas contraem Zika: A maioria das pessoas pega Zika por meio de uma picada do mosquito: https://www.eumedicoresidente.com.br/ • O primeiro grande surto foi em 2015, na região Nordeste (Rio Grande do Norte e Bahia foram os pioneiros). Em 2016, a Organização Mundial da Saúde declarou estado de emergência em saúde pública. • Mais de 80% das pessoas infectadas são assintomáticas. • Autolimitada (3 a 7 dias). • Febre, mal-estar, cefaleia leve, conjuntivite não purulenta (hiperemia conjuntival), poliartralgia, edema articular. • Rash maculopapular pruriginoso, que aparece no período da febre (na dengue, geralmente ocorre na defervescência). • Quadro semelhante uma “dengue mais branda” e com menor potencial de gravidade. • Complicações: Associação com a microcefalia (perímetro cefálico: ♂ < 31,9 cm; ♀ < 31,5 cm), Síndrome de Guillain- Barré e Encefalite. • Inespecíficos: São relatados de discreta a moderada leucopenia e trombocitopenia, ligeira elevação da dosagem de desidrogenase láctica sérica, γ-glutamiltransferase e de marcadores de atividade inflamatória (proteína, fibrinogênio e ferritina). Durante a gestação, a identificação de feto com alteração de SNC é uma condição de notificação compulsória. Em gestante, síndrome febril aguda (pode ser dengue, zika, chikungunya ou STORCH - sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes vírus) já indica notificação na suspeita, antes mesmo da investigação. SURCE-CE 2017 R3 PEDIATRIA. Uma criança de 3 anos de idade chega ao pronto-socorro por apresentar febre baixa seguida de exantema pruriginoso e dores articulares leves. Ao exame, o médico detecta olhos vermelhos e irritados. Qual a principal suspeita diagnóstica? A. Zika. B. Dengue. C. Herpangina. D. Chikungunya. COMENTÁRIO: A questão traz uma criança de 3 anos de idade com febre baixa + conjuntivite não purulenta (olhos vermelhos e irritados) + exantema pruriginoso que aparece junto com a febre. A principal hipótese diagnóstica é zika! Na dengue, esperamos febre alta e exantema que aparece após defervescência (letra B, incorreta). Na Chikungunya, é caraterística a dor articular intensa, e não leve, como descrito (letra D, incorreta). A herpangina classicamente apresenta lesões vesiculares e ulcerativas na mucosa da orofaringe (letra C, incorreta). RESPOSTA: Letra A. • Isolamento do RNA viral (do 1º ao 4º dia): pesquisa do vírus em sangue, urina ou LCR (líquido cefalorraquidiano). • Sorologia: IgM após o 4º dia até a 12ª semana e IgG após o 12º dia. • RT-PCR até o 5º dia no sangue e 15º dia na urina. https://www.eumedicoresidente.com.br/ Figura 11 – Diagnóstico Laboratorial por RT-PCR e Sorologia (IgM e IgG) p/ Zika. Fonte: Adaptado de: Sullivan Nicolaides Pathology, 2014. A identificação do vírus na urina, leite materno, saliva e sêmen, à luz do conhecimento atual, apresenta potencial utilidade no diagnóstico da doença, não sendo possível afirmar eventual relevância para transmissão do vírus para outra pessoa. • O Ministério da Saúde recomenda a coleta obrigatória de exames confirmatórios nas seguintes situações: − Áreas com primeiros casos, se ZIKAV sem confirmação laboratorial; − Gestantes suspeitas; − Óbitos suspeitos; − Pacientes internados com manifestações neurológicas em Unidades “Sentinela”, com suspeita de infecção viral prévia (zika, dengue e chikungunya). • Notificação (imediata em gestantes e em casos de óbito). • Tratamento de suporte. Evitar AAS e AINEs. • Não há vacina contra o ZIKAV. • Recomendação: mulheres grávidas, em qualquer trimestre, adiar viagens a áreas com transmissão do vírus. A identificação de feto com alterações do sistema nervoso central durante a gestação, segundo a orientação do Ministério da Saúde, é de notificação obrigatória. • Definição: − O feto apresenta as seguintes alterações ao exame ultrassonográfico (podem ser detectados a partir da 18a semana de gestação): ✓ Presença de calcificações cerebrais E/OU; ✓ Presença de alterações ventriculares E/OU; ✓ Pelo menos, dois dos seguintes sinais de alterações de fossa posterior: hipoplasia de cerebelo, hipoplasia do vermis cerebelar, alargamento da fossa posterior maior que 10 mm e agenesia/hipoplasia de corpo caloso. − Achados na ultrassonografia transfontanela (exame de triagem inicial) e tomografia de crânio do recém-nascido: ✓ Calcificações cerebrais, principalmente periventricular, no parênquima, áreas talâmicas e gânglio basal; ✓ Ventriculomegalia; ✓ Lisencefalia (“cérebro liso”, ou seja, faltam sulcos e reentrâncias observados em um cérebro normal). − Outros achados ultrassonográficos: artrogripose (contraturas que dificultam a movimentação); retardo do crescimento intrauterino; alterações do fluxo arterial nas artérias cerebral ou umbilical; oligoidrâmnio ou anidrâmnio. +1 +2 +3 +4 +5 +6 +7 +8 +9 +10 +11 +12 +13 +14 +15 +16 | | | | | | | | | | | | | | | | Tempo em dias. -4 -3 -2 -1 | | | | 0 Infecção. Aparecimento dos Sinais e Sintomas. IgM IgG Período de Incubação. RNA Viral. https://www.eumedicoresidente.com.br/ Figura 12 – Recomendações para diagnóstico específico de Zika em gestantes. Fonte: SBI – Guia de Manejo da Infecção pelo Zika Vírus (2016). Figura 13 – Resumo de recomendações a diagnóstico específico de Zika no recém-nascido. Fonte: SBI – Guia de Manejo da Infecção do Zika Vírus (2016). Figura 14 – Representação das manifestações da síndrome congênita do zika em fetos e recém-nascidos; Figura A e B: bebês com 1 semana da idade com microcefalia desproporcional grave e dismorfismo craniano; Figura C: ultrassonografia Fetal de feto com infecção pelo ZIKAV, mostrando a presença de calcificações lineares (Cal), ventriculomegalia (V) e afinamento cortical (C); Figura D: ultrassonografiafetal de feto com infecção pelo ZIKAV mostrando aumento dos espaços pericerebrais (S) e ventriculomegalia (V). Fonte: N. Engl. J. Med. 2019; 381: 1444- 1457. SURCE-CE 2017 ACESSO DIRETO. Gestante de 29 anos, parda, casada, procedente do bairro Aldeota, em Fortaleza, iniciou o pré-natal com 8 semanas de gestação, logo que descobriu a gravidez. Na consulta de 20 semanas, relatou ter apresentado febre há 4 dias, acompanhada de manchas na pele com prurido, dor leve e edema nas articulações de quirodáctilos e pododáctilos. Ao realizar o exame clínico, estava consciente e orientada, temperatura axilar de 37 °C, pulso de 80 bpm e PA deitada de 110 x 70 mmHg. Quais os procedimentos mais adequados para o seguimento inicial do caso? A. Solicitar sorologia para dengue, zika e chikungunya, notificar a vigilância epidemiológica municipal, após resultado dos exames. B. Solicitar sorologia para zika, dengue, chikungunya, USG obstétrica e encaminhar a gestante para pré-natal de alto risco na maternidade de referência. C. Solicitar sorologia para zika no soro e na urina, USG morfológico em torno da 22 semana e notificação de caso suspeito para a vigilância epidemiológica. D. Solicitar exames específicos para zika, dengue, chikungunya e STORCH e notificar o caso como suspeito para vigilância epidemiológica municipal. COMENTÁRIO: A questão traz uma gestante com febre, manchas na pele e prurido; logo, podemos levantar a hipótese de uma síndrome febril aguda, que pode ser zika, dengue, chikungunya ou STORCH. Grupo Gestantes com possíveis infecções por Zika durante a gravidez. Exame laboratorial (outros agentes infecciosos) Sorologia ou RT PCR: − Dengue; − Chikungunya; − STORCH. Exame laboratorial específico para a Zika RT PCR até o 5º dia – sangue. RT PCR após o 5º dia – urina. Sorologia – 3º ao 5º dia após o início dos sintomas. Sorologia – 2º à 4ª semana após a primeira sorologia. Sorologia – microcefalia. Sorologia – 2 a 4 semanas após a primeira sorologia. Sorologia e RT PCR – sangue de cordão, placenta, líquor - parto. Sorologia da mãe – dengue, Chikungunya, STORCH. Recém-nato com o envolvimento de SNC provavelmente relacionado à infecção pelo Zika vírus, infecção durante a gestação – USG ou TC (microcefalia, calcificações etc.). Grupo D C B A https://www.eumedicoresidente.com.br/ Síndrome febril aguda em gestante já indica notificação na suspeita, antes mesmo da investigação (Letra A, incorreta). Após a investigação e elucidação diagnóstica, uma notificação negativa ou positiva deverá ser enviada. Inicialmente, precisamos fazer a investigação diagnóstica laboratorial (zika, dengue, chikungunya e STORCH) – (Letras B e C, incorretas). RESPOSTA: Letra D. https://www.eumedicoresidente.com.br/ • Doença causada pelo vírus da chikungunya (CHIKV) e que pode infectar humanos por meio da picada do mosquito transmissor. • A palavra chikungunya vem de um dialeto da Tanzânia e significa “aqueles que se dobram” ou “andar encurvado”. • Agente: Vírus CHIKV (RNA de fita simples): Alphavirus (família Togaviridae). É um vírus encontrado em regiões tropicais e subtropicais da África, nas ilhas do Oceano Índico, no sul e sudeste da Ásia. Foi isolado pela primeira vez em 1952, na Tanzânia. • Vetor: Aedes aegypti e Aedes albopictus (como na dengue). • Transmissão: Dá-se pela picada do mosquito infectado, havendo raramente contágio interpessoal, transmissão vertical ou transfusão sanguínea. O mosquito pode adquirir o vírus CHIKV picando um indivíduo infectado durante o período de viremia, que vai de dois dias antes do início dos sintomas até o oitavo dia de doença. OBS.: Há relatos de transmissão nosocomial e vertical. Não é transmitido por via sexual. − Período de Incubação: 1 a 12 dias (média: 1 a 4 dias); − Há imunidade duradoura após a infecção. • No Brasil, a letalidade pelo vírus é alta, quando comparada ao restante da América. Chegou ao Brasil em 2014. Média de idade de óbitos: 68 anos. • Maior letalidade em extremos de idades. A região com maior concentração de casos e óbitos foi o Nordeste, com destaque para o Ceará. • O vírus se replica nos tecidos articulares; é essa replicação que recruta células inflamatórias, como monócitos, macrófagos e células natural-killers. A artralgia crônica pode ser devido à persistência viral. • Pode cursar com 3 fases clínicas distintas: a fase aguda (7 dias), a fase subaguda (a partir do 10º dia) e a fase crônica (a partir do 60º dia): Figura 15 – Espectro Clínico Chikungunya. Fonte: SVS/MS, 2017. • Infecções sintomáticas em quase 90% dos pacientes (diferentemente das outras arboviroses, em que a forma assintomática predomina). • Fase aguda ou febril: − Febre alta, súbita e de curta duração (até 5 a 7 dias) + poliartralgia intensa; − Cefaleia, mialgia (lombalgia); − Náuseas e vômitos; − Exantema em 50% dos casos, que se inicia no 2º ao 5º dia, após início da febre, acomete principalmente o tronco e as extremidades (incluindo palmas e plantas), podendo atingir a face (diferentemente da dengue). O prurido é presente apenas em 25% dos pacientes; Infecção Casos Assintomáticos Casos Sintomáticos Formas Típicas Fase Aguda Formas Típicas Fase Subaguda Fase Crônica Casos Graves https://www.eumedicoresidente.com.br/ − Poliartrite simétrica (90%): principalmente em mãos, punhos e tornozelos (prefere as articulações de maior carga), de intensidade maior que a dengue, podendo ser assimétrica; − Pode haver edema e tenossinovite; − Pode manter sintomas articulares até 1 a 3 anos (em alguns casos, pode durar pelo resto da vida). Figura 16 – Lesões Articulares de Pacientes com Chikungunya. Fotos: Evolução do mesma paciente no 1º e 5º dias. Fonte: SVS/MS, 2017- Foto: Kleber Giovani Luz. A chikungunya é parecida com a dengue, porém, menos grave e com maior sintomatologia articular. • Fase subaguda: Após 7 a 10 dias, o quadro agudo regride. Na fase subaguda, podem ocorrer: − Febre desaparece; − Poliartrite distal; − Exacerbação das dores articulares; − Tenossinovite hipertrófica subaguda em mãos, punhos e tornozelos (pode haver síndrome do túnel do carpo). • Fase Crônica: 2 a 3 meses do quadro agudo. Caracteriza-se por: − Poliatrite distal (nas mesmas articulações acometidas durante as fases aguda e subaguda); − Alguns pacientes apresentam artropatia grave e deformante; − Síndrome do túnel do carpo – dormência e formigamento em áreas inervadas pelo nervo mediano; − Síndrome vascular periférica; − Depressão e cansaço. • A incidência da fase crônica pode variar com o repouso feito durante a fase aguda. Há relatos da duração de até 6 anos dessa fase. • São fatores de risco para cronificação: − Idade acima de 45 anos; − Sexo feminino (incidência significativamente maior); − Patologia articular preexistente. SES-PE 2017.2 ACESSO DIRETO. Em relação à chikungunya, é INCORRETO afirmar que: A. Os sinais e sintomas são clinicamente parecidos com os da dengue – febre de início agudo, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. B. As drogas de escolha para o tratamento da chikungunya na fase aguda são corticoides e AINEs. C. A doença pode evoluir em três fases: aguda, subaguda e crônica. D. A poliartralgia tem sido descrita em mais de 90% dos pacientes com chikungunya na fase aguda. Essa dor normalmente é poliarticular, bilateral e simétrica, mas pode haver assimetria. E. A prevalência da fase crônica é muito variável entre os estudos, podendo atingir mais da metade dos pacientes. A https://www.eumedicoresidente.com.br/ COMENTÁRIO: Avaliando as alternativas: − Letra A: correta. Os sinais e sintomas são parecidos com a dengue, mas a chikungunya tem como característica a presença de dor articular muito mais intensa. − Letra B: incorreta. Na fase aguda da doença, devemos evitar
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