Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
n. 29 – MUDANÇA DE BASE Dadas duas bases β e β’ de um espaço vetorial V, pretende-se estabelecer a relação entre as componentes de um vetor v em relação à base β e as componentes do mesmo vetor em relação à base β’. Sejam as bases β = {u1, u2 , ...} e β’ = { w1, w2, ...} de V, dado um vetor v ∈ V, este será combinação linear dos vetores das bases β e β’. Demonstração: Seja V um espaço vetorial e: β = { u1, u2 , ..., un} e β’ = { w1, w2, ..., wn} duas bases ordenadas de V. Para ser uma base: (i) B gera V { v1, v 2 , ..., v n} = V (ii) B é (LI) { v1, v 2 , ..., v n} é (LI) Seja ainda v ∈ V, um vetor genérico de V. Supondo que nx x v 1 ][ e ny y v 1 '][ , isto é: Dizemos que B v][ representa as coordenadas de v na base ordenada B: n x x B v 1 ][ A relação entre ][v e '][ v é que podemos escrever os vetores da base ordenada como combinações lineares dos vetores da base ordenada ' : Supondo: β = { u1, u2} e β’ = { w1, w2} logo, a matriz mudança de base: ' I é dada por: (u1 ) = a (w1 ) + b (w2) (u2 ) = c (w1 ) + d (w2) Onde a matriz 'I é chamada de matriz de mudança da base para a base ' : [𝐼] 𝛽′ 𝛽 = [ 𝑎 𝑐 𝑏 𝑑 ] Exemplos: 1. Sejam β = { (1, 2), (3, 5)} e β’ = {(1, 0), (0, 1)} duas bases do R2. Determine a matriz mudança de base β’ para β. (1, 0) = a (1, 2) + b (3, 5) (0, 1) = c (1, 2) + d (3, 5) 1 = a + 3 b 0 = c + 3 d 0 = 2 a + 5 b 1 = 2 c + 5 d ∴ a = - 5 b = 2 ∴ c = 3 d = -1 [𝐼]𝛽 𝛽′ = [ −5 3 2 −1 ] 2. Considere a base B em 𝑅3 formada pelos vetores (1, 0, 1), (1, 1, 1) e (1, 1, 2). Considere também a base C formada pelos vetores (1, 0, 0), (0, 1, 0) e (0, 0, 1). Encontre a matriz mudança de base de C para B: [𝑀]𝐵 𝐶 . Precisamos resolver: { (1, 0, 0) = 𝑎 (1, 0, 1) + 𝑏 (1, 1, 1) + 𝑐 (1, 1, 2) (0, 1, 0) = 𝑑 (1, 0, 1) + 𝑒 (1, 1, 1) + 𝑓 (1, 1, 2) (0, 0, 1) = 𝑔 (1, 0, 1) + ℎ (1, 1, 1) + 𝑖 (1, 1, 2) { (1, 0, 0) = (𝑎, 0, 𝑎) + (𝑏, 𝑏, 𝑏) + (𝑐, 𝑐, 2𝑐) (0, 1, 0) = (𝑑, 0, 𝑑) + (𝑒, 𝑒, 𝑒) + (𝑓, 𝑓, 2𝑓) (0, 0, 1) = (𝑔, 0, 𝑔) + (ℎ, ℎ, ℎ) + (𝑖, 𝑖, 2𝑖) Primeira linha do sistema: { 1 = 𝑎 + 𝑏 + 𝑐 0 = 𝑏 + 𝑐 0 = 𝑎 + 𝑏 + 2𝑐 Segunda linha do sistema: { 0 = 𝑑 + 𝑒 + 𝑓 1 = 𝑒 + 𝑓 0 = 𝑑 + 𝑒 + 2𝑓 Terceira linha do sistema: { 0 = 𝑔 + ℎ + 𝑖 0 = ℎ + 𝑖 1 = 𝑔 + ℎ + 2𝑖 A matriz mudança de base será do tipo: [ 𝑎 𝑑 𝑔 𝑏 𝑒 ℎ 𝑐 𝑓 𝑖 ] Resolvendo os sistemas teremos: [𝑀]𝐵 𝐶 = [ 1 −1 0 1 1 −1 −1 0 1 ] Alguns exemplos de mudança de base: 1. Dados V = ℝ2 e as bases A = {(2, -1), (-1, 1)} e B= {(1, 0), (0, 1)} determine: a. [I]B A R: [𝐼]𝐵 𝐴 = [ 2 −1 −1 1 ] b. [I]A B R: [𝐼]𝐴 𝐵 = [ 1 1 1 2 ] 2. Dados 2V e as bases }4,3,1,2{ e }1,0,0,1{' , determine: a. [𝐼] 𝛽′ 𝛽 R: [𝐼] 𝛽′ 𝛽 = [ 2 3 −1 4 ] b. [𝐼]𝛽 𝛽′ R: [𝐼]𝛽 𝛽′ = [ 4 11 − 3 11 1 11 2 11 ] 3. Ache a matriz mudança de base da base canônica do ℝ3 para a base 𝐵 = { ( 1, 1, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 3)}. 4. Dê a matriz de mudança da base 𝐸 = ( 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ , 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ , 𝑒3 ⃗⃗ ⃗⃗ ) para a base 𝐹 = (𝑓1 ⃗⃗⃗⃗ , 𝑓2 ⃗⃗⃗⃗ , 𝑓3 ⃗⃗⃗⃗ ) nos casos: a. { 𝑓1 ⃗⃗⃗⃗ = − 3 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ + 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ + 𝑒3 ⃗⃗ ⃗⃗ 𝑓2 ⃗⃗⃗⃗ = 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ − 2 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ + 𝑒3 ⃗⃗ ⃗⃗ 𝑓3 ⃗⃗⃗⃗ = 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ + 2 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ b. { 𝑓1 ⃗⃗⃗⃗ = 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ − 𝑒3 ⃗⃗ ⃗⃗ 𝑓2 ⃗⃗⃗⃗ = 3 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ 𝑓3 ⃗⃗⃗⃗ = 4 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ − 3 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ Resolução: 1. Dados V = ℝ2 e as bases A = {(2, -1), (-1, 1)} e B= {(1, 0), (0, 1)} determine: a. [𝐼]𝐵 𝐴 (2, - 1) = a (1, 0) + b ( 0, 1) (-1, 1) = c (1, 0) + d (0, 1) Logo, a = 2 b = - 1 c = -1 d = 1 [𝐼]𝐵 𝐴 = [ 2 −1 −1 1 ] b. [I]A B (1, 0) = a (2, -1) + b ( -1, 1) (0, 1) = c (2, -1) + d (-1, 1) 1 = 2 a – b 0 = 2 c - d 0 = -a + b 1 = - c + d ∴ a = 1 b = 1 ∴ c = 1 d = 2 Logo, a = 1 b = 1 c = 1 d = 2 [𝐼]𝐴 𝐵 = [ 1 1 1 2 ] 2. Dados 2V e as bases }4,3,1,2{ e }1,0,0,1{' , determine: 𝑎. [𝐼] 𝛽′ 𝛽 (2, - 1) = a (1, 0) + b ( 0, 1) (3, 4) = c (1, 0) + d (0, 1) Logo, a = 2 b = - 1 c = 3 d = 4 [𝐼] 𝛽′ 𝛽 = [ 2 3 −1 4 ] b. [𝐼]𝛽 𝛽′ (1, 0) = a (2, -1) + b (3, 4) (0, 1) = c (2, -1) + d (3, 4) Logo, 𝑎 = 4 11 𝑏 = 1 11 𝑐 = − 3 11 𝑑 = 2 11 [𝐼]𝛽 𝛽′ = [ 4 11 − 3 11 1 11 2 11 ] OBS: dos exercícios anteriores observamos que: [𝑰] 𝜷′ 𝜷 . [𝑰]𝜷 𝜷′ = [ 𝟐 𝟑 −𝟏 𝟒 ] . [ 𝟒 𝟏𝟏 − 𝟑 𝟏𝟏 𝟏 𝟏𝟏 𝟐 𝟏𝟏 ] = [ 𝟏 𝟎 𝟎 𝟏 ] [𝑰]𝜷 𝜷′ . [𝑰] 𝜷′ 𝜷 = [ 𝟒 𝟏𝟏 − 𝟑 𝟏𝟏 𝟏 𝟏𝟏 𝟐 𝟏𝟏 ] . [ 𝟐 𝟑 −𝟏 𝟒 ] = [ 𝟏 𝟎 𝟎 𝟏 ] Portanto, pode-se concluir que: [𝑰] 𝜷′ 𝜷 = ([𝑰]𝜷 𝜷′ ) −𝟏 3. Ache a matriz mudança de base da base B = {(1, 1,0), (0,1,0), (0, 0,3)} para a base canônica do ℝ3. (Callioli p. 94) Base canônica do ℝ3: R = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} { (1, 1, 0) = a (1, 0, 0) + b (0, 1, 0) + c (0, 0, 1) (1) (0, 1, 0) = d (1, 0, 0) + e (0, 1, 0) + f (0, 0, 1) (2) (0, 0, 3) = g (1, 0, 0) + h (0, 1, 0) + i (0, 0, 1) (3) De (1): a = 1 b = 1 c = 0 De (2): d = 0 e = 1 f = 0 De (3): g = 0 h = 0 i = 3 Matriz mudança de base: [𝐼]𝑅3 𝐵 = [ 1 0 0 1 1 0 0 0 3] 4. Ache a matriz mudança de base da base canônica do ℝ3 para a base B = {(1, 1,0), (0,1,0), (0, 0,3)}. (Callioli, p. 94) Base canônica do ℝ3: R = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} { (1, 0, 0) = a (1, 1, 0) + b (0, 1, 0) + c (0, 0, 3) (1) (0, 1, 0) = d (1, 1, 0) + e (0, 1, 0) + f (0, 0, 3) (2) (0, 0, 1) = g (1, 1, 0) + h (0, 1, 0) + i (0, 0, 3) (3) De (1): a = a + b = 0 b = - 1 3 c = 0 c = 0 De (2): d = 0 e + d = 1 e = 1 3 f = 0 f = 0 De (3): g = 0 h + g = 0 h = 0 3 i = 1 i = 1 3 Matriz mudança de base: [𝐼]𝐵 𝑅3 = [ 1 0 0 −1 1 00 0 1 3] 5. Dê a matriz de mudança da base E = (𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ , 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ , 𝑒3 ⃗⃗ ⃗⃗ ) para a base F = (𝑓1 ⃗⃗⃗⃗ , 𝑓2 ⃗⃗⃗⃗ , 𝑓3 ⃗⃗⃗⃗ ) nos casos: (Boulos, p. 56 – n. 1) a. 𝑓1 ⃗⃗⃗⃗ = − 3 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ + 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ + 𝑒3 ⃗⃗ ⃗⃗ 𝑓2 ⃗⃗⃗⃗ = 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ − 2 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ + 𝑒3 ⃗⃗ ⃗⃗ 𝑓3 ⃗⃗⃗⃗ = 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ + 2 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ Como não temos nada sobre a base E, tomamos igual à base canônica: {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} Logo, { 𝑓1 ⃗⃗⃗⃗ = (−3, 0, 0) + (0, 1, 0) + (0, 0, 1) = (− 3, 1, 1) 𝑓2 ⃗⃗⃗⃗ = (1, 0, 0) + (0,− 2, 0) + (0, 0, 1) = (1,− 2, 1) 𝑓3 ⃗⃗⃗⃗ = (1, 0, 0) + (0, 2, 0) = (1, 2, 0) Da base E (canônica do ℝ3 ) para a base F : { (1, 0, 0) = a (−3, 1, 1) + b (1,− 2, 1) + c (1, 2, 0) (1) (0, 1, 0) = d (−3, 1, 1) + e (1,− 2, 1) + f (1, 2, 0) (2) (0, 0, 1) = g (−3, 1, 1) + h (1,− 2, 1) + i (1, 2, 0) (3) De (1): a = -3 b = 1 c = 1 De (2): d = 1 e = -2 f = 1 De (3): g = 1 h = 2 i = 0 Matriz mudança de base: [𝐼]𝐹 𝐸 = [ − 3 1 1 1 −2 2 1 1 0] b. 𝑓1 ⃗⃗⃗⃗ = 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ − 𝑒3 ⃗⃗ ⃗⃗ 𝑓2 ⃗⃗⃗⃗ = 3 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ 𝑓3 ⃗⃗⃗⃗ = 4 𝑒1 ⃗⃗⃗⃗ − 3 𝑒2 ⃗⃗ ⃗⃗ { 𝑓1 ⃗⃗⃗⃗ = (1, 0, 0) − (0, 0, 1) = (1, 0,−1) 𝑓2 ⃗⃗⃗⃗ = 3(1, 0, 0) = (3, 0, 0) 𝑓3 ⃗⃗⃗⃗ = 4 (1, 0, 0) − 3 (0, 1, 0) = (4, 0, 0) − (0, 3, 0) = (4,−3, 0) Da base E (canônica do ℝ3 ) para a base F : { (1, 0, 0) = a (1, 0, − 1) + b (3, 0, 0) + c (4,− 3, 0) (1) (0, 1, 0) = d (1, 0, − 1) + e (3, 0, 0) + f (4,− 3, 0) (2) (0, 0, 1) = g (1, 0, − 1) + h (3, 0, 0) + i (4,− 3, 0) (3) De (1): a = 0 b = 1 3 c = 0 De (2): d = 0 e = 4 9 f = − 1 3 De (3): g = - 1 h = 1 3 i = 0 Matriz mudança de base: [𝐼]𝐹 𝐸 = [ 0 0 − 1 1 3 4 9 1 3 0 − 1 3 0 ] Referências Bibliográficas BOLDRINI, J. L. et al. Álgebra linear. São Paulo: Harper & Row, 1980. BORGES, A. J. Notas de aula. Curitiba. Set. 2010. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. CALLIOLI, C. A. et al. Álgebra linear e aplicações. São Paulo: Atual, 1990. ANTON, H.; BUSBY, R. C. Álgebra linear contemporânea. São Paulo: Bookman, 2008. KOLMAN, B.; HILL, R. Introdução à álgebra linear com aplicações. 6ª ed. Rio de Janeiro: Prentice- Hall, 1998. LIPSCHUTZ, S. Álgebra linear. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1972. NUNES, Luiz Fernando. Notas de aula: Matemática 1. Professor do Departamento de Matemática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. STEINBRUCH, A. e WINTERLE, P. Álgebra linear. São Paulo: Pearson-Makron Books, 2010. VENTURI, J. J. Álgebra Vetorial e Geometria Analítica. 9 ed. Curitiba. 1949.
Compartilhar