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Álgebra Linear Matriz de uma Transformação Linear. Mudança de base. (Álgebra Linear - Unifesp) 1 / 18 Matriz de uma transformação linear Sejam U e V espaços vetoriais de dimensão finita. Fixemos uma base B = {u1, . . . ,un} de U e uma base C = {v1, . . . , vm} de V . Se T ∈ L(U,V ), podemos escrever T (uj) = a1jv1 + · · ·+ amjvm, para todo j ∈ {1, . . . ,n}. Relembre que a1j , . . . ,amj ∈ R são unicamente determinados pelo vetor T (uj), pois são coordenadas em relação à uma base de V . Logo, podemos coletar estes valores numa matriz que se torna única: a11 a12 . . . a1n a21 a22 . . . a2n ... ... . . . ... am1 am2 . . . amn , chamada de matriz da transformação linear T com relação às bases B e C. (Álgebra Linear - Unifesp) 2 / 18 Matriz de uma transformação linear: notação • A matriz da transformação linear T com relação às bases B e C será denotada por [T ]BC . Alguns materiais utilizam a notação [T ]B,C para esta matriz. Em ambas, note que a ordem escrita das bases como índices é muito importante. • Se U = V e B = C, usaremos a notação [T ]B := [T ]BB. • Para padronizar os índices nestas matrizes, daqui em diante denotaremos a base canônica de Rn por Cn. Quando não houver dúvidas, usaremos apenas a notação C para denotar a base canônica de um espaço vetorial em questão. (Álgebra Linear - Unifesp) 3 / 18 Exemplos Como encontrar a matriz das transformações abaixo? 1 T : R3 → R2 dada por T (x , y , z) = (x + y , x − z) com relação às bases canônicas C3 e C2 de R3 e R2, respectivamente. 2 T : R3 → R2 dada por T (x , y , z) = (x + y , x − z) com relação às bases C3 de R3 e B = {u = (1,1), v = (0,1)} de R2. Solução: Observe que a função em ambos os itens é a mesma. Basta calcular T (e1),T (e2) e T (e3), escrever estes vetores na base canônica de R2 para o item 1) e na base B para o 2) e construir as matrizes colocando-os como colunas: T (1, 0, 0) = (1, 1) = 1e1 + 1e2 = 1u + 0v , T (0, 1, 0) = (1, 0) = 1e1 + 0e2 = 1u + (−1)v e T (0, 0, 1) = (0,−1) = 0e1 + (−1)e2 = 0u + (−1)v . Portanto, [T ]C3C2 = ( 1 1 0 1 0 −1 ) e [T ]C3B = ( 1 1 0 0 −1 −1 ) Note que a matriz de T muda com uma simples alteração de bases. (Álgebra Linear - Unifesp) 4 / 18 Exemplos 3 T : R2 → P1(R) dada por T (a,b) = a + (a + b)x com relação às bases canônicas C2 de R2 e P de P1. Solução: Basta calcular T (e1) e T (e2), escrever estes vetores na base canônica P = {1, x} de P1 e construir a matriz colocando-os como colunas: T (1, 0) = 1 + x = 1 · 1 + 1 · x e T (0, 1) = x = 0 · 1 + 1 · x . Portanto, [T ]C2P = ( 1 0 1 1 ) . (Álgebra Linear - Unifesp) 5 / 18 Propriedade da matriz de uma transformação linear Teorema 3 Sejam U e V dois espaços vetoriais de dimensão finita com bases B e C, respectivamente. Se T ∈ L(U,V ) e u ∈ U, então T (u)C = [T ]BCuB. Observe: • [T ]BC é uma matriz com (dimU) colunas e (dimV ) linhas. • T (u)C ∈ M(dim V )×1(R) representa as coordenadas do vetor T (u) na base C e uB ∈ M(dim U)×1(R) as coordenadas de u na base B. (Álgebra Linear - Unifesp) 6 / 18 Propriedade da matriz de uma transformação linear Demonstração: Suponha B = {u1, . . . , un}, C = {v1, . . . , vm}, [T ]BC = (αij) e uB = a1... an . Temos: T (u) = T (a1u1 + · · ·+ anun) = a1T (u1) + · · ·+ anT (un) = a1(α11v1 + · · ·+ αm1vm) + · · ·+ an(α1nv1 + · · ·+ αmnvm) = (a1α11 ++anα1n)v1 + · · ·+ (a1αm1 + · · ·+ anαmn)vm, ou seja, T (u)C = a1α11 + · · ·+ anα1n... a1αm1 + · · ·+ anαmn = α11 . . . α1n... αm1 . . . αmn a1... an = [T ]BCuB. (Álgebra Linear - Unifesp) 7 / 18 Função Identidade ∼ mudança de base Sejam U um espaço vetorial sobre R com bases B = {u1, . . . ,un} e C = {v1, . . . , vn}, IU : U → U a função identidade e [IU ]BC = (αij). Então, (∗) u1 = IU(u1) = α11v1 + · · ·+ αn1vn ... un = IU(un) = α1nv1 + · · ·+ αnnvn. Nesse caso, a matriz [IU ]BC = (αij) é chamada de matriz mudança de base da base B para a base C e será denotada por MBC , isto é, MBC := α11 α12 . . . α1n... ... . . . ... αn1 αn2 . . . αnn = [IU ]BC . (Álgebra Linear - Unifesp) 8 / 18 Mudança de base A nomenclatura é motivada pelo Teorema anterior, pois uc = IU(u)C = [IU ]BCuB, para todo u ∈ U. Em outras palavras: conhecendo as coordenadas de u na base B e (∗), conhece-se as coordenadas de u na base C. Qual a relação entre MBC e M C B ? Solução: Observe que uC = MBCuB e uB = M C B uC . Logo, uC = MBCM C B uC e uB = M C B M B CuB. Portanto, MBCM C B = IdimU e M C B M B C = IdimU . (Álgebra Linear - Unifesp) 9 / 18 Exemplo sobre a função identidade Considere o espaço vetorial R3 com bases A = {(1,1,1), (1,0,1), (0,0,1)} e B = {(1,1,1), (1,1,0), (1,0,0)}. Seja IR3 : R3 → R3 a função identidade. Então, para encontrar [IR3 ]AB, calculamos: (1,1,1) = IR3(1,1,1) = 1.(1,1,1) + 0.(1,1,0) + 0.(1,0,0) (1,0,1) = IR3(1,0,1) = 1.(1,1,1) + (−1).(1,1,0) + 1.(1,0,0) (0,0,1) = IR3(0,0,1) = 1.(1,1,1) + (−1).(1,1,0) + 0.(1,0,0). Assim, MAB := 1 1 10 −1 −1 0 1 0 = [IR3 ]AB. (Álgebra Linear - Unifesp) 10 / 18 Exemplo sobre a função identidade - cont. Agora, seja u = (x , y , z) ∈ R3 um vetor arbitrário. Na base A, podemos escrever: u = (x , y , z) = y .(1,1,1) + (x − y).(1,0,1) + (z − x).(0,0,1), isto é, uA = yx − y z − x . O que fazer para encontrar as coordenadas de u na base B? De maneira direta, basta montar o sistema em α, β, γ ∈ R tal que: u = (x , y , z) = α.(1,1,1) + β.(1,1,0) + γ.(1,0,0). A solução desse sistema é α = z, β = y − z e γ = x − y , isto é, uB = zy − z x − y . (Álgebra Linear - Unifesp) 11 / 18 Exemplo sobre a função identidade - cont. Entretanto, se possuirmos MAB e uA, não precisamos desse trabalho braçal de montar sistemas para encontrar as coordenadas de u na base B. O Teorema anterior nos dá: MAB uA = 1 1 10 −1 −1 0 1 0 yx − y z − x = zy − z x − y = uB. Isso auxilia a responder às seguintes perguntas: Pergunta 1: Se as coordenadas de v ∈ R3 são conhecidas numa base A, como obter as coordenadas de v numa base B? Pergunta 2: Se as coordenadas de v ∈ R3 são conhecidas com relação à duas bases A e B, é possível determinar MBA e M A B ? As 2 perguntas acima podem ser feitas substituindo R3 por qualquer espaço vetorial de dimensão finita! (Álgebra Linear - Unifesp) 12 / 18 Propriedades da matriz de uma transformação linear Sejam U, V e W espaços vetoriais de dimensão finita com bases B, C e D, respectivamente. Proposição 6 1 Se T ,S ∈ L(U,V ) e λ, µ ∈ R, então [λT + µS]BC = λ[T ] B C + µ[S] B C . 2 Se T ∈ L(U,V ) e S ∈ L(V ,W ), então [S ◦ T ]BD = [S]CD [T ] B C . Em particular, 3 Se T ∈ L(U,V ) e existe T−1 ∈ L(V ,U), então [T−1]CB = [T ] B C −1. 4 Se T ∈ L(U) e B′ é uma base de U, então [T ]B′B′ = MBB′([T ]BB)MB ′ B . (Álgebra Linear - Unifesp) 13 / 18 Propriedades da matriz de uma transformação linear Demonstração da Proposição 6: Suponha B = {b1, . . . , bn}, C = {c1, . . . , cm} e D = {d1, . . . , dr}. 1 Suponha [T ]BC = (tij) e [S] B C = (sij). Para cada bi ∈ B, temos (λT + µS)(bi) = λT (bi) + µS(bi) = λ m∑ k=1 tkick + µ m∑ k=1 skick = m∑ k=1 (λtki + µski)ck . 2 Suponha [T ]BC = (tij) e [S] C D = (sij). Para cada bi ∈ B, temos (S ◦ T )(bi) = S(T (bi)) = S ( m∑ k=1 tkick ) = m∑ k=1 tkiS(ck ) = m∑ k=1 tki r∑ j=1 sjk dj = = m∑ k=1 r∑ j=1 tkisjk dj = m∑ k=1 r∑ j=1 sjk tkidj . 3 Pelo item 2), temos: In = [IU ]BB = [T −1 ◦ T ]BB = [T−1]CB [T ]BC . Similarmente, Im = [IV ]CC = [T ◦ T−1]CC = [T ]BC [T−1]CB . Logo, [T−1]CB = [T ]BC −1 . 4 Pelo item 2), temos: [T ]B ′ B′ = [IU ◦ T ◦ IU ]B ′ B′ = [IU ] B B′ [T ] B B[IU ] B′ B = M B B′([T ] B B)M B′ B . (Álgebra Linear - Unifesp) 14 / 18 Exercícios 6 1 Considere T : P2 → R dada por T (p(x)) = ∫ 1 0 p(x)dx . Encontre a matriz de T com relação às bases canônicas de P2 e R. 2 Seja T : R3 → R3 a transformação linear dada por T (x , y , z) = (x + z, y + z, x + y + 2z). Encontre a matriz de T com relação à base canônica de C3 e com relação à base B = {u = (1,1,2),v = (−1,1,0),w = (−1,−1,1)} de R3. 3 Seja T : P3(R)→ P2(R) dada por T (p(x)) = p′(x). Encontre a matriz de T com relação às bases canônicas de P3(R) e P2(R). (Álgebra Linear - Unifesp) 15 / 18 Exercícios 6 4 Considere as seguintes transformações lineares: T : R3 → M3 dada por T (x , y , z) = x 0 00 y 0 0 0 z , R : P2 → R3 dada por R(a + bx + cx2) = (c + a,b + a,2a) e S : P2 → R3 dada por S(a + bx + cx2) = (a− b,0, c − b). • Encontre a matriz de T ◦ R com relação às bases canônicas de P2 e M3. • Encontre a matriz de R + S com relação às bases canônicas de P2 e R3. Encontrar as expressões explícitas das funções T ◦ R e R + S sem utilizar matrizes é uma tarefa menos simples do que a abordagem por matrizes. (Álgebra Linear - Unifesp) 16 / 18 Construindo uma transformação linear Como determinar a transformação linear cuja matriz com relação às bases canônicas é uma dada matriz ? Seja A ∈ Mm×n. Defina TA : Rn → Rm da seguinte forma: TA(x1, . . . , xn) = (y1, . . . , ym), onde yi = n∑ j=1 aijxj , i = 1, . . . ,m. Observe que TA(e1) = (a11, . . . , am1),TA(e2) = (a12, . . . , am2), . . . ,TA(en) = (a1n, . . . , amn). Então, [TA]CnCm = A, ou seja, [TA(x)]Cm = AxCn . (Álgebra Linear - Unifesp) 17 / 18 Exemplo Encontre T : R3 → R3 cuja matriz em relação à base canônica seja A = 1 2 00 0 1 1 1 1 . Solução: Como as coordenadas de u = (x , y , z) ∈ R3 são dadas por uC3 = xy z , basta encontrar AuC3 : AuC3 = 1 2 00 0 1 1 1 1 xy z = x + 2yz x + y + z . Logo, como essa igualdade acima representa T (u)C3 , temos T (x , y , z) = (x + 2y , z, x + y + z). (Álgebra Linear - Unifesp) 18 / 18
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