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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA REAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO NUCLEOFÍLICA Acadêmicos: Daíse Miranda Ávila RA: 94364 Lucas Folin Pereira RA: 95183 Paula Cristina Perin RA: 92862 Docente: Armando Pomini Disciplina: Química Orgânica Experimental I Turma: 003 Curso: Química Bacharelado Maringá 22 de junho de 2016 INTRODUÇÃO 1.1 Reações de Substituição Nucleofílica Substâncias orgânicas que possuem um átomo ou grupo de átomos eletronegativo ligado a um carbono hibridizado em sp3 podem sofrer reações de substituição e/ou reações de eliminação. Em uma reação de substituição um átomo ou grupo eletronegativo, chamado de grupo de saída, é trocado por outro átomo ou grupo. [1] Existem diversas reações de substituição e pode-se representar de maneira geral através do mecanismo representado na figura 1.1. Figura 1.1 – Mecanismo geral de reação de substituição Nesta reação genérica não tem-se informações a respeito das cargas dos reagentes. Porém em todos os casos, Y deverá possuir um par de elétrons livres, desta forma serão sempre bases de Lewis. [2] Considerando a substituição em carbonos saturados, existem dois mecanismos comuns para estas reações, que são a substituição nucleofílica de segunda ordem e a substituição nucleofílica de primeira ordem. Mecanismo SN2 Um dos mecanismos mais comuns é a substituição nucleofílica bimolecular, ou também chamada de substituição nucleofílica de segunda ordem (SN2). De acordo com este mecanismo, o nucleófilo se aproxima do carbono do lado oposto ao grupo de saída. Sendo assim, à medida que a reação avança, a ligação entre o carbono e o nucleófilo (C-Y) é formada enquanto a ligação entre o carbono e o grupo de saída (C-X) enfraquece. [2] Como pode-se observar na figura 1.2. Figura 1.2 – Mecanismo de reação de substituição nucleofílica de segunda ordem (SN2) Este mecanismo foi baseado nas ideias de Hunghes e Ingold e envolve apenas uma etapa, sendo assim a reação avança através da formação de uma configuração instável do átomo determinado estado de transição. [2] Existem muitas evidências que comprovam o mecanismo SN2. Algumas mais importantes são: a inversão de configuração quando o carbono for quiral, a evidência cinética e através do diagrama de energia. Inversão de configuração quando o carbono for quiral Tomar-se-á como exemplo o (R)-2-Bromo-etano, este possuiu enantiômeros que apresentam atividade óptica. Quando o (R)-2-bromo-etano reage com o hidróxido de sódio obtém-se o (S)-2-octanol. Como é visto na figura 1.3. Figura 1.3 – Mecanismo representando a inversão de configuração para carbono quiral Pode-se verificar que o grupo -OH não ocupou a posição do –Br, o álcool obtido tem configuração oposta ao brometo. Sendo assim houve uma inversão de configuração. [3] Cinética A velocidade de uma reação de substituição nucleofílica depende da concentração de ambos os reagentes. Sendo assim a reação é uma reação de segunda ordem. [1] V = k.[RX].[Y] Diagrama de energia Analisando o diagrama de energia de uma reação SN2 generalizada. Figura 1.4 – Diagrama de energia da reação de substituição nucleofílica de segunda ordem. A coordenada de reação mede o progresso da reação, sendo assim ela representa as variações nas distâncias e ordens das ligações. No diagrama de energia, figura 1.4, observa-se uma barreira acima do nível dos reagentes, esta barreira é chamada de energia de ativação. O topo da energia de ativação corresponde ao estado de transição. [3] Com isso pode-se analisar que para as ligações serem rompidas em uma reação é preciso que os reagentes primeiro subam uma colina de energia. [3] Mecanismo SN1 Outro mecanismo de substituição em carbonos saturados, é a substituição nucleofílica unimolecular, ou também chamada de substituição nucleofílica de primeira ordem (SN1). Esta substituição consiste em um mecanismo de mais de um passo. Figura 1.5 - Mecanismo de reação de substituição nucleofílica de primeira ordem (SN1) O mecanismo da reação modelo apresenta duas etapas. No primeiro passo, que é a etapa lenta, ocorre a ionização do substrato, ou seja, ocorre a quebra da ligação entre o carbono e o grupo de saída formando um carbocátion intermediário. No segundo passo, que é a etapa rápida, ocorre a reação entre o carbocátion intermediário e o nucleófilo. [2] Para explicar o mecanismo de reação Sn1 deve-se analisar a cinética da reação e o diagrama de energia. Cinética Aplicando a lei da velocidade nas reações, tem-se que: Passo 1 V = k1.[RX] Passo 2 V = k2.[R+].[Y] Considerando que a reação possuiu uma etapa estritamente mais lenta que as demais, então a velocidade da reação global será a mesma velocidade dessa etapa lenta. Sendo assim o passo lento é chamando de etapa limitante da velocidade ou etapa determinante da velocidade. [3] Então a velocidade da reação depende da concentração do substrato, ou seja, de um reagente. Sendo assim, a reação é uma reação de primeira ordem. 1.2 Mecanismo de Reação SN1 do t-butanol e HCl PROPRIEDADES FÍSICAS E TOXICIDADES Ácido clorídrico Figura 2.1 - Forma estrutural do ácido clorídrico. Aparência: líquido incolor Fórmula química: HCl Massa molar: 36.46 g/mol Densidade: 1,19 g/cm³ Ponto de fusão (PF): -30 °C Ponto de ebulição (PE): 50,5º C Solubilidade em água (20ºC): 720 g/L Riscos associados: É um composto corrosivo, cujo vapor pode ser irritante para os olhos, nariz e garganta. Se inalado, causará tosse ou dificuldade respiratória. O contato direto com o líquido queimará a pele. Prejudicial, se ingerido. Álcool t-butílico Figura 2.2 - Forma estrutural do álcool t-butílico. Aparência: Líquido incolor de odor característico de álcool; Fórmula química: C4H9OH; Massa molar: 74,12 g/mol; Densidade: 0,78 g/cm3; Ponto de fusão (PF): 25ºC; Ponto de ebulição (PE): 82,6ºC; Solubilidade em água: miscível; Riscos associados: Seu vapor é irritante para os olhos, nariz e garganta. Se inalado, causará tontura e dificuldade respiratória. O líquido pode ser irritante para a pele e para os olhos. Prejudicial, se ingerido. 2.3 Nitrato de prata Figura 2.3 - Forma estrutural do nitrato de prata. Aparência: Se apresenta sob a forma de um sólido incolor quando puro e cristalizado. Mas na presença de impurezas, ele apresenta coloração branco-acinzentado. Fórmula química: AgNO3; Massa molar: 169,87 g/mol; Densidade: 4,35 g/cm3; Ponto de fusão (PF): 212ºC; Ponto de ebulição (PE): 440ºC (decompõe-se); Solubilidade em água (20ºC): 2400 g/L; Riscos associados: É um sólido corrosivo e irritante para a pele e para os olhos. Prejudicial, se ingerido. 2.4 Bicarbonato de sódio Figura 2.4 - Forma estrutural do bicarbonato de sódio. Aparência: Sólido branco cristalino; Fórmula química: NaHCO3; Massa molar: 84,0 g/mol; Densidade: 2,159 g/cm3 Ponto de fusão (PF): 270ºC; Solubilidade em água (18ºC): 78 g/L; Riscos associados: Irritante. 2.5 Sulfato de sódio anidro Figura 2.5 - Forma estrutural do sulfato de sódio anidro. Aparência: Sólido cristalino branco Fórmula química: Na2SO4 Massa molar: 142,04 g/mol Densidade: 2,68 g/cm³ Ponto de fusão (PF): 884 ºC Solubilidade em água (20ºC): 170 g/L Riscos associados: Irritante. 2.6 Cloreto de terc-butila Figura 2.6 - Forma estrutural do Cloreto de terc-butila Aparência: Líquido incolor; Fórmula química: C4H9Cl; Massa molar: 92.57 g/mol; Densidade: 0.851 g/cm3; Ponto de fusão (PF): −26°C; Ponto de ebulição (PE): 51°C; Solubilidade em água: Pouco solúvel em água. Riscos associados: Inflamável. 2.7 Propanol Figura 2.7 - Forma estrutural do propanol. Aparência: Líquido incolor; Fórmula Química: C3H8O; Massa Molar: 60,10 g/mol; Densidade (20ºC): 0,79 g/cm³; Ponto de fusão (PF): −126°C; Ponto de ebulição (PE): 98°C; Solubilidade em água (20ºC): miscível; Riscos associados: Facilmente inflamável. Pode provocar sonolência e vertigens, por inalação dos vapores. Risco de lesões oculares graves. 2.8 Acetona Figura 2.8 - Forma estrutural da Acetona Aparência: Líquido incolor; Fórmula Química: C3H6O; Massa Molar: 58,08 g/mol; Densidade (20ºC): 0,79 g/cm³; Ponto de fusão (PF): -95 °C; Ponto de ebulição (PE): 56ºC; Solubilidade em água (20ºC): miscível; Riscos associados: a acetona não é um composto muito tóxico; ela pode, no entanto, irritar e danificar a pele e agredir a mucosa da boca. Os tipos de acidentes mais comuns são por ingestão ou inalação da acetona, mas outros tipos também podem acontecer, como queimaduras por uso inadequado do produto e acidentes por intoxicação, os quais podem levar a inconsciência e morte dependendo da quantidade inalada. OBJETIVOS Este experimento tem como objetivo a preparação do cloreto de t-butila, assim como verificar o efeito do solvente na hidrólise do mesmo. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Parte 1: Preparação do cloreto de t-butila Colocou-se, primeiramente, 10 mL de álcool t-butílico em um erlenmeyer, resfriando-o em seguida em banho de gelo. Adicionou-se vagarosamente com agitação constante 28 mL de ácido clorídrico concentrado. A mistura reacional foi transferida com cuidado para um funil de separação, o qual foi tampado e agitado vagarosamente durante três minutos. No decorrer da agitação, abriu-se a torneira para liberar a pressão. O funil foi deixado em repouso por cerca de 15 minutos para completar a separação de fases. As fases orgânica e ácida foram separadas, descartando a fase ácida logo em seguida. A fase orgânica foi lavada com 4 mL de bicarbonato de sódio 5% e, depois, seguiu-se com 4 mL de água, descartando a fase aquosa formada. Transferiu-se a fase orgânica para um béquer pequeno e, em seguida, adicionou-se sulfato de sódio ao recipiente. O material límpido foi filtrado para um frasco seco. Em um balão de fundo redondo de microdestilação adicionou-se o material, juntamente com pedras de porcelana, e destilou-se o cloreto de terc-butila com o auxílio da manta de aquecimento. Coletou-se a fração contendo o haleto de alquila em um recipiente em banho de gelo. Para o teste de confirmação, sobre um vidro de relógio adicionou-se uma gota de AgNO3 juntamente com uma gota da substância preparada no experimento e, em seguida, observou. Parte 2: Hidrólise do cloreto de t-butila Para analisar o efeito do solvente na hidrólise do cloreto de t-butila, primeiramente, em um erlenmeyer de 125 mL preparou-se uma solução com 25 mL de água e 25 mL de 2-propanol e, ao recipiente, adicionou, com auxílio de uma pipeta volumétrica, 0,5 mL de cloreto de t-butila. Os compostos foram deixados para reagir durante uma hora. Após isso, transferiu-se uma alíquota de 10 mL da mistura reacional para um novo erlenmeyer, juntamente com 10 mL de acetona e 4 gotas de indicador fenolftaleína. Essa mistura foi titulada com solução de NaOH 0,04911 mol L-1. Preparou-se uma nova solução, da mesma maneira, entretanto, com 35 mL de água e 15 mL de 2-propanol, que também foi titulada com solução de NaOH 0,04911 mol L-1 . RESULTADOS E DISCUSSÕES Parte 1: Preparação do cloreto de t-butila No início do experimento, ao transferir o álcool t-butílico para o erlenmeyer, houve a solidificação do mesmo, devido à baixa temperatura do dia da realização do experimento, mas após colocá-lo em banho maria voltou ao seu estado líquido. Quando colocou-se o erlenmeyer contendo o álcool em banho de gelo, o álcool se solidificou, mas logo após a adição de HCl concentrado e a agitação, formou-se uma mistura homogênea. A baixas temperaturas o álcool t-butílico (álcool terciário) transforma-se em cloreto de t-butila quando reage com o HCl concentrado. Sendo assim, após o repouso da mistura no funil de separação, houve a formação de duas fases. Como o cloreto de t-butila tem densidade menor que a da água, a parte superior correspondia à fase orgânica (cloreto de t-butila) e, a inferior correspondia à fase ácida. Lavou-se a fase orgânica com bicarbonato de sódio 5%, pois por ser uma base fraca ele neutraliza o meio, retirando os resquícios de HCl que ainda poderia estar contido no cloreto de t-butila. Nesta adição houve a formação de bolhas, isso ocorreu porque o HCl reagiu com o bicarbonato de sódio, como mostra a reação 1. REAÇÃO 1: A inserção de água teve como objetivo “arrastar” o NaCl que talvez tenha ficado presente da reação 1, pois este é solúvel em água. Adicionou-se o secante Na2SO4 para retirar todo o excesso de água ainda contido na fase orgânica. Após a micro-destilação, o cloreto de t-butila foi depositado em um frasco previamente pesado, que apresentou uma massa de 42,23 g e, posteriormente pesou-se o conjunto, perfazendo 50,72 g, ou seja, foi coletado 8,49 g de cloreto de t-butila. Mas como o mesmo foi destilado juntamente com o de outra equipe, fez-se uma média, totalizando 4,245 g de haleto para cada equipe. O experimento realizado foi uma reação de substituição nucleofílica de primeira ordem (SN1), como mostra a reação 2. REAÇÃO 2: Na primeira etapa houve a protonação do átomo de oxigênio, tal fato ocorre para transformar a hidroxila em um bom grupo de saída (abandonador). Já na segunda etapa, há a formação de um carbocátion (intermediário), e também a saída de uma molécula de água. Esta é a etapa determinante da velocidade da reação. Na terceira e última etapa, o nucleófilo ataca o carbocátion, formando o cloreto de t-butila como produto final da reação. A partir da estequiometria da reação (1:1) é possível calcular o rendimento do produto. Tem-se: RENDIMENTO: O rendimento foi baixo, que pode ter sido decorrente da solidificação do álcool t-butílico no momento da transferência para o erlenmeyer, pois pode ter perdido uma certa quantidade do mesmo, ou também por falhas operacionais e possíveis contaminações dos reagentes. O teste de contato foi realizado para comprovar a formação do haleto de alquila. O contato do cloreto de t-butila com o nitrato de prata (AgNO3) fez com que se forma-se um precipitado branco (AgCl), confirmando assim, a formação do haleto de alquila. A reação 3 mostra o processo. REAÇÃO 3: Parte 2: Hidrólise do cloreto de t-butila A reação ocorrida no experimento é uma reação SN1, onde na primeira etapa ocorre a formação do carbocátion, sendo ela a etapa lenta e determinante da velocidade da reação, como mostra a reação 4. REAÇÃO 4: Primeiramente analisou-se o efeito do solvente água/2-propanol (1:1) (A) na hidrólise do cloreto de t-butila. Após o período de 1 hora e da coleta da alíquota, a acetona foi adicionada para facilitar a solubilização. Quando adicionou-se fenolftaleína à mistura, observou-se que não houve mudança na coloração, mas após a titulação com NaOH 0,04911 mol/L tornou-se rosa, evidenciando um meio básico. Como foram realizadas duas titulações na presença do solvente (A), fez-se a média dos volumes. Assim como no anterior examinou-se o efeito do solvente água/2-propanol (7:3) (B) na hidrólise do cloreto de t-butila. Os volumes utilizados na titulação constam na tabela 1. Tabela 1 – Volume de NaOH gasto em cada titulação. Equipes Volumes (mL) Média (mL) Água/2-propanol (A) A 1 6,2 5,9 (1:1) A 2 5,6 Água/2-propanol (B) B 1 7,9 9,8 (7:3) B 2 11,7 Como visto pelos valores, o solvente (B) consumiu um volume maior de NaOH na titulação. Como a estequiometria da reação é (1:1), pode-se calcular a velocidade da reação, e assim, comparar o efeito dos solventes. REAÇÃO 5: Como a velocidade do solvente B foi maior do que a do solvente A, pode-se dizer que o solvente B é mais eficiente, sendo assim, solvata melhor o carbocátion, consequentemente, tem uma melhor capacidade em estabilizá-lo. CONCLUSÃO Parte 1: Através deste experimento foi possível a preparação do cloreto t-butila (haleto de alquila) através de uma reação de substituição nucleofílica (SN1) utilizando como reagentes o álcool t-butílico e o ácido clorídrico. Tendo um rendimento de 43,58%. Parte 2: Foi possível também analisar o efeito do solvente na hidrólise do cloreto de t-butila, e pode-se dizer que os solventes utilizados em diferentes proporções causam efeitos distintos, sendo que com o solvente água/2-propanol (7:3) obteve-se uma velocidade de reação maior do que com o solvente água/2-propanol (1:1). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bruice, P. Y.; Química Orgânica. 4ª Edição. São Paulo: Editora Pearson Pentice Hall, 2006. Volume 1. p. 586- Pelisson, M. M. M.; Mecanismos de Reações Orgânicas. São José dos Campos: Editora Poliedro, 2004. p. 25-45 Solomons, T. W. G.; Fryhle, C. B.; Química Orgânica. 7ª Edição. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2001. Volume 1. p. 193-219 ANEXO Formação do precipitado branco (AgCl)
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