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Definição Manifestações clínicas Tratamento Profa. Priscila Bueno de Miranda Transtornos alimentares ConceitoConceito Transtornos alimentares caracterizam-se por alterações anormais no comportamento alimentar, apresentando preocupação excessiva com o peso e percepção preocupação excessiva com o peso e percepção distorcida sobre o próprio corpodistorcida sobre o próprio corpo. . Gonçalves et al, 2013 Epidemiologia Epidemiologia ANOREXIA NERVOSA:ANOREXIA NERVOSA: Acomete mais mulheres, mas aumentam Acomete mais mulheres, mas aumentam casos em homenscasos em homens Surgimento entre 14 e 18 anos Mortalidade 10 a 20% Epidemiologia Epidemiologia BULIMIA NERVOSA:BULIMIA NERVOSA: 1 a 2 % das mulheres1 a 2 % das mulheres 0,1% dos homens0,1% dos homens Surgimento médio aos 20 anos Geralmente ocorre em mulheres jovens saudáveis, que desenvolvem obsessão com a imagem corporal Epidemiologia Epidemiologia VIGOREXIA:VIGOREXIA: 53,6% homens fisiculturistas na África53,6% homens fisiculturistas na África HitzerothHitzeroth etet alal, 2001, 2001 55% em grau leve, em universitários no Chile55% em grau leve, em universitários no Chile BadillaBadilla etet alal, 2013, 2013 Homens entre 18 e 35 anos Tem acometido também as mulheres Epidemiologia Epidemiologia ORTOREXIA NERVOSA:ORTOREXIA NERVOSA: Prevalência na população geral não estabelecidaPrevalência na população geral não estabelecida Grupos de risco: atletas, esportistas, artistas, médicos e nutricionistas. Social/Ambiental (padrão de beleza) Busca pelo “corpo perfeito” simboliza um dos atributos mais importantes da sociedade contemporânea O indivíduo que não se encaixa nesses padrões: Falta de força de vontade Preguiçoso Sem auto-controle Estímulo da mídia Vulnerabilidade genética EtiologiaEtiologia Simões, Meneses, 2007 ANOREXIA NERVOSAANOREXIA NERVOSA ANOREXIA NERVOSAANOREXIA NERVOSA CARACTERIZAÇÃO Distorção da imagem corporal Maior taxa de mortalidade que qualquer outro transtorno psiquiátrico (10 a 20%) Não se consideram doentes Comum em modelos, bailarinas e atletas Tipo Restritivo (50% casos) Auto-restrição alimentar Atividade física excessiva, uso de anorexígenos, laxantes e diuréticos Perda do desejo por alimentos, podendo até apresentar náuseas em sua presença Alimentação Demasiada e Compulsiva-Purgação (50% casos) Episódios de compulsão alimentar e indução ao vômito, uso de laxantes e diuréticos Inanição autoinduzida, resultando em marcante perda de peso, associada à distorção da imagem corporal ANOREXIA NERVOSAANOREXIA NERVOSA DIAGNÓSTICO Recusa em manter o peso corporal dentro da normalidade (adequação para idade e altura) Medo de ganhar peso ou se tornar gordo Distorção da imagem corporal Comportamento alimentar monótono e ritualizado Ausência de três ciclos menstruais consecutivos, ou redução na espermatogênese ANOREXIA NERVOSAANOREXIA NERVOSA Hipotálamo Hormonio liberador de gonadotropina (GnRH) Hipófise Hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo Estimulante (FSH) Corrente sanguínea Mulheres FSH Estimula o crescimento de óvulos nos ovários Estrógeno Hipófise Diminui FSH e produz mais LH Ovulação Reduz FSH e LH Progesterona Manter gravidez Menstruação Reinicia ciclo ANOREXIA NERVOSAANOREXIA NERVOSA Hipotálamo Hormonio liberador de gonadotropina (GnRH) Corrente sanguínea Homens LH e FSH Estimulam atividade secretória das células de Leydig e Sertoli Células de Leydig Produção de Testosterona Espermatogênese Hipófise Hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo Estimulante (FSH) ANOREXIA NERVOSAANOREXIA NERVOSA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Anormalidades Endócrinas Redução dos hormônios da tireóide (revertido com o ganho de peso) Intolerância ao frio Anormalidades Hidroeletrolíticas/Renais Desidratação, Alterações em fluidos eletrólitos: alcalose por hipocloremia, hipopotassemia e uremia Proteinúria Complicações, geralmente, desaparecem com a terapia nutricional adequada ANOREXIA NERVOSAANOREXIA NERVOSA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Anormalidades Cardiovasculares Bradicardia, Hipotensão Anormalidades Gastrintestinais Motilidade GI Constipação, dor abdominal, distensão e desconforto pós-prandial Dilatação gástrica aguda ou ruptura podem ocorrer com realimentação agressiva Complicações, geralmente, desaparecem com a terapia nutricional adequada ANOREXIA NERVOSAANOREXIA NERVOSA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Anormalidades Psiquiátricas Características secundárias à desnutrição grave (além das atitudes patológicas) Irritabilidade, alteração de humor, reclusão social, ansiedade, depressão, déficit de atenção Anormalidades Nutricionais Alterações na pele e cabelo (pele seca, escamosa, lanugem) Redução da densidade óssea (alimentação, estrogênio), osteopenia Anemia, linfopenia Complicações, geralmente, desaparecem com a terapia nutricional adequada BULIMIA NERVOSABULIMIA NERVOSA BULIMIA NERVOSABULIMIA NERVOSA CARACTERIZAÇÃO Mais frequente e melhor prognóstico Geralmente, apresentam peso normal ou sobrepeso Ingestão de grandes quantidades de alimentos, principalmente carboidratos Episódios recorrentes de compulsão alimentar Indução de vômitos, uso de laxantes e diuréticos como mecanismo compensatório Sentimento de culpa Episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos de mecanismo compensatório inadequado BULIMIA NERVOSABULIMIA NERVOSA DIAGNÓSTICO Episódios recorrentes de compulsão alimentar, geralmente escondidos (planejado ou não), seguido de compensação inadequada Preocupação excessiva com o peso Durante o episódio, na maioria das vezes, não estão cientes do que e quanto estão comendo COMPULSÃO ALIMENTAR:COMPULSÃO ALIMENTAR: 1. 1. Consumir em um período bem definido (Ex. 2 horas) quantidade Consumir em um período bem definido (Ex. 2 horas) quantidade de alimentos maior que a maioria das pessoas comeriam em de alimentos maior que a maioria das pessoas comeriam em período igual e em circunstâncias semelhantesperíodo igual e em circunstâncias semelhantes 2. 2. Sensação de falta de controle sobre a alimentaçãoSensação de falta de controle sobre a alimentação BULIMIA NERVOSABULIMIA NERVOSA DIAGNÓSTICO Tipo Não-Purgatório Jejum prolongado Atividade física excessiva Não induz vômitos ou faz uso de medicações com frequência Tipo Purgatório Indução regular ao vômito, uso de laxantes e diuréticos Ao menos duas vezes por semana, durante três meses BULIMIA NERVOSABULIMIA NERVOSA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Amenorréia pode ocorrer, menos frequente Desidratação Hipocalemia / hipopotassemia (arritmia cardíaca e morte súbita),hipocloremia Aspiração pulmonar dos conteúdos gástricos Ruptura esofágica e gástrica Constipação, dor abdominal, irritação esofágica, gástrica e intestinal Déficit de atenção Depressão Erosão dos esmaltes dos dentes e cáries excessivas Principais complicações relacionam-se ao vômito induzido Principal diferença entre a anorexia e bulimia nervosa Distorção da imagem corporal VIGOREXIAVIGOREXIA VIGOREXIAVIGOREXIA CARACTERIZAÇÃO Também chamada Dismorfia muscular e Anorexia nervosa reversa Ainda não reconhecida como doença Distorção da própria imagem: descrevem-se como "fracos e pequenos", quando na verdade apresentam musculatura desenvolvida em níveis acima da média da população masculina Excesso de levantamento de peso, prática de dietas hiperprotéicas, hiperglicídicas e hipolipídicas, e uso indiscriminado de suplementos protéicos, além do consumo de esteróides anabolizantes Busca incessantepelo aumento do porte físico, associada à distorção da imagem corporal VIGOREXIAVIGOREXIA DIAGNÓSTICO Não estabelecido, uma vez que não está catalogada como um transtorno específico Aspectos comportamentais: Preocupação exagerada com o corpo Sentimento de inferioridade e insatisfação com a aparência Acham-se magros demais Necessidade compulsiva de exercícios intensos e dieta rigorosa que auxiliem no alcance do “corpo perfeito” Não admitem sua atual condição, enxergam seu como comportamento normal e saudável VIGOREXIAVIGOREXIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Depressão, irritabilidade, ansiedade, queda no desempenho sexual Desinteresse por atividades que não estejam ligadas ao treinamento intensivo e dieta Impacto na vida social, familiar e profissional Desordens associadas ao uso de esteróides anabolizantes (distrofia de testículos, disfunção erétil, infertilidade, riscos cardiovasculares, tumores hepáticos, hipertrofia do clitóris, alteração da voz) Desordens associadas ao uso indiscriminado de suplementos alimentares e dieta hiperglicídica e hiperprotéica (alterações hepáticas, renais, glicemia e colesterol alterados) ORTOREXIA NERVOSAORTOREXIA NERVOSA ORTOREXIA NERVOSAORTOREXIA NERVOSA CARACTERIZAÇÃO Obsessão por comer de forma saudável e preocupação excessiva com a pureza dos alimentos Examinam cada detalhe nutricional dos alimentos Só se permitem alimentos saudáveis Limitam a variedade e acabam excluindo grupos alimentares Preocupam-se também com a forma de preparo e utensílios utilizados Não entendem sua condição, uma vez que acreditam que estão fazendo a escolha certa Obsessão pela alimentação saudável e pureza dos alimentos ortho = correto / orexis = apetite ABRAN, 2013 ORTOREXIA NERVOSAORTOREXIA NERVOSA DIAGNÓSTICO Não estabelecido, uma vez que não está catalogada como um transtorno específico Aspectos comportamentais: Preocupação exagerada com a qualidade da alimentação Preocupação com alimentos “impuros”: corantes, conservantes, gorduras trans, açúcar, sal, agrotóxicos, pesticidas, alimentos transgênicos, etc Dificuldade em se alimentar fora de casa, pela qualidade alimentar e risco de “cair em tentação” Recusa à eventos sociais que envolvam alimentos ORTOREXIA NERVOSAORTOREXIA NERVOSA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Desordens associadas às restrições alimentares: carências nutricionais, anemia, osteopenia Isolamento social FOME OCULTA TRATAMENTOTRATAMENTO PRIMÁRIO SECUNDÁRIO Melhorar os padrões psicológico e comportamental que promovem e mantêm hábitos aberrantes e distúrbios da atitude Avaliação da complicações clínicas que acompanham esses padrões comportamentais e psicológicos TRATAMENTOTRATAMENTO ANOREXIA NERVOSA Reabilitação nutricional (ganho de 1 a 2 kg/semana) Psicoterapia (familiar para menores de 18 anos e individual para os demais) Medicação (antidepressivos – cautela devido efeitos colaterais como hipotensão e arritmia) Abordagem abrangente e multidisciplinar, integrando tratamento médico, psicológico e nutricional TRATAMENTOTRATAMENTO BULIMIA NERVOSA Abordagem multidisciplinar: psicologia e nutrição 16 a 20 sessões em ambulatório Medicação (antidepressivos e antiansiolíticos) Tratamento do comportamento cognitivo é a melhor estratégia TRATAMENTOTRATAMENTO VIGOREXIA Abordagem multidisciplinar: psicologia, educação física e nutrição Medicação (antidepressivos e antiansiolíticos) Tratamento do comportamento cognitivo é a melhor estratégia TRATAMENTOTRATAMENTO ORTOREXIA NERVOSA Abordagem multidisciplinar: psicologia e nutrição Tratamento do comportamento cognitivo é a melhor estratégia C.A.M., sexo masculino. Morava com sua mãe e avó materna. Conflitos familiares constantes. Era tratado por sua avó como “seu gordo” e “seu anormal”. Seus pais se separaram quando tinha 5 anos. Aos 13 anos, media 1,73m e pesava 96 kg. Sentia-se deslocado. Aos 14 anos iniciou uma dieta extremamente rígida e restritiva por aconselhamento médico, mas não gostava de tal prática. Isolou-se da vida social e, nesta ocasião, dedicou-se a exercícios e alimentação, perdendo 30 kg. Após crises de obstipação, iniciou uso abusivo de laxantes, auxiliando na perda de peso. Quis tentar carreira militar, mas seu pai o fez desistir. Agora, aos 22 anos, tem 45 kg, sente-se magro, mas não excessivamente. Prepara suas próprias refeições, come quando acha necessário e somente alimentos de baixo valor calórico. Faz uso de laxantes e exercícios intensos para controlar o peso. 1. CASO CLÍNICO1. CASO CLÍNICO B.D., sexo masculino. 26 anos. 1,75m e 94kg. Mora com sua família, bem sucedida e unida.Trabalha na empresa do pai. Namora há 7 anos, mas sempre gostou de festas e bebidas alcoólicas, embora não tenha mais frequentado esses lugares devido às “tentações”. Gosta também de animais, principalmente cavalos, e participa de provas de tambores com frequência. Possui rotina de treinos de musculação, e dieta rígida. Alimenta-se a cada duas horas, grande quantidade de carboidratos e proteínas, além dos 11 suplementos nutricionais. Não realiza exercícios aeróbios pois entende que promovem catabolismo muscular. Possui 16% de gordura corporal. Procura atendimento nutricional com o objetivo de hipertrofia muscular. Deixa claro que não quer perder nenhum grama durante o acompanhamento e não se importa se houver aumento da gordura corporal. Traz na consulta a foto de alguns atletas com quem gostaria de se parecer, alguns são menores que ele. 2. CASO CLÍNICO2. CASO CLÍNICO A.M., sexo feminino. 23 anos. 1,65m e 56kg. Mora com sua família, trabalha como atendente de telemarketing, não tem boa condição financeira. Sente-se envergonhada com seu corpo, nota que está muito acima do peso, e, portanto, não participa de reuniões familiares ou com amigos onde tenha piscina. Gostaria de se exercitar e consumir alimentos adequados como das suas musas do Instagram, mas não pode pagar a mensalidade da academia e esses alimentos custam caro. Tem feito regularmente dietas restritivas por conta própria, é bem disciplinada e teve sucesso com alguns quilos já eliminados. Mas às vezes fica muito ansiosa, não consegue arrumar um namorado e acredita que só pode ser devido ao seu tamanho, uma vez que todas as suas amigas namoram. Precisa emagrecer o quanto antes, mas essa angústia faz com que sinta vontade de comer, e já aconteceu uma vez de devorar alguns pacotes de biscoito recheado que sua mãe comprou para os irmãos mais novos. Como precisa emagrecer, ela logo em seguida provocou vômitos e fez uso de laxantes para o caso de algum resto não ter sido eliminado. 3. CASO CLÍNICO3. CASO CLÍNICO Damasceno et al, 2011 Percepção corporalPercepção corporal Referências bibliográficasReferências bibliográficas Referências bibliográficasReferências bibliográficas GONÇALVES, J.A. et al. Transtornos alimentares na infância e na adolescência. Rev. Paul. Pediatr. v.31, n.1, p.96 - 103, 2013. SIMÕES, D.; MENESES, R.F. Auto - conceito em crianças com e sem obesidade. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto, v.20, n.2, p.246 - 251, 2007. APA. American Psychiatric Association. DSM - IV. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th ed.Washington DC, 1994 Damasceno VO, Vianna JM, Novaes, JS, Lima JRP, Fernandes HM, Reis VR. Relationship between anthropometric variables and body image dissatisfaction among fitness center users. Revista de Psicología del Deporte, v.20, n.2, p. 367-82, 2011. Isso é normal! Fiquem Isso é normal! Fiquem tranquilostranquilos... ...
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