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DESAFIOS DOS DIREITOS HUMANOS NA ORDEM INTERNACIONAL CONTEMPORANEA

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DESAFIOS DOS DIREITOS HUMANOS NA ORDEM INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEA
Flávia Piovesan – Direitos Humanos e Justiça Internacional, Saraiva, 2ª edição, 2011
Objetivos 
Tecer o estado dos direitos humanos na ordem contemporânea;
7 desafios centrais à implementação dos direitos humanos na ordem contemporânea.
1. Universalismo vs. Relativismo cultural
A própria fundamentação dos direitos humanos;
Por que temos direitos? As normas de direitos humanos podem ter um sentido universal ou são culturalmente relativas?
Para os universalistas
Os DH decorrem da dignidade da pessoa humana;
Qualidade intrínseca à condição humana;
Defende-se o “mínimo ético irredutível” (ainda que se possa discutir o alcance desse mínimo).
Para os relativistas
A noção de direitos está estritamente relacionada: sistema político, econômico, cultural, social e moral vigente em determinada sociedade;
Cada cultura possui seu próprio discurso a respeito dos direitos fundamentais;
Não há moral universal (pluralidade de culturas);
As culturas não são homogêneas, são complexas, múltiplas, não estáticas.
Há várias correntes relativistas – Jack Donnely (Universal human rights in theory and practice)
RELATIVISMO CULTURAL RADICAL: cultura como a única fonte de validade de um direito ou regra moral;
FORTE RELATIVISMO CULTURAL: a cultura é a principal fonte de validade de um direito ou regra moral;
RELATIVISMO CULTURA FRACO: a cultura pode ser uma importante fonte.
Conclusão que se chega das 3 correntes
Existência de diversos graus de universalismos;
As 3 correntes embora relativistas conduzem à corrente universalista, seja um universalismo radical, forte ou fraco;
BUSCA: mínimo ético irredutível.
Concepção multicultural de direitos humanos
Boaventura de Souza Santos;
Diálogo entre culturas;
As concepções culturais sobre dignidade humana SÃO INCOMPLETAS;
OBJETIVO: aumentar a consciência dessas incompletudes como pressupostos para um diálogo intercultural.
O UNIVERSAL COMO PONTO DE CHEGADA
Universalismos de chegada ou de confluência e não de partida;
Chegar a uma síntese universal das diferentes opções relativas a direitos;
Diálogo intercultural (Bhikhu Parekh – Non-ethnocentric universalism);
O objetivo não é descobrir valores mas encontrar um consenso entre eles;
Universalismo pluralista: catálogo de valores universais por meio de um diálogo intercultural aberto.
Diálogo entre as culturas – algumas reflexões (Amartya Sem)
Direitos humanos e valores asiáticos:
BUDISMO x AUTORITARISMO;
Interpretações autoritárias desses valores e a defesa de culturas asiáticas que enfatizam a importância da liberdade / tolerância;
MUNDO ISLÂMICO
Nova interpretação do islamismo;
Inclusão das mulheres (reinterpretação de certas bases culturais).
CONCLUSÕES: “Mínimo ético irredutível”
Essencial: potencial transformador do DIÁLOGO;
Nunca: CHOQUE ENTRE CIVILIZAÇÕES (“clash of civilizations);
Correto: DIÁLOGO ENTRE CIVILIZAÇÕES (“dialogue among civilizations”);
“Relação equilibrada entre a competência global e a legitimidade local”.
2. LAICIDADE ESTATAL vs. FUNDAMENTALISMOS RELIGIOSOS
ESTADO LAICO: garantia essencial para o exercício dos direitos humanos, essencialmente nos campos da sexualidade e da reprodução;
Confundir Estado com religião: adoção oficial de dogmas incontestáveis, moral única;
GRUPOS RELIGIOSOS: direito de constituir suas identidades mas não de pretender hegemonizar a cultura de um Estado laico.
ESTADO LAICO
Separação entre Estado e religião;
TODAS as religiões: merecem igual consideração e respeito;
RELIGIÃO OFICIAL: NÃO EXISTE;
DEVER DO ESTADO: garantir condições de igual liberdade religiosa – ESTRATÉGIAS: 
ESTRATÉGIAS
A) Reforçar o princípio da laicidade estatal, com ênfase na Declaração sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação com base em Intolerância Religiosa;
B) Fortalecer leituras e interpretações progressistas no campo religioso, de modo a respeitar os direitos humanos.
Exemplo de maior tensão entre laicidade estatal e fundamentalismo religioso
Sistema árabe e asiático;
1994: Liga dos Estados Árabes – Carta Árabe de Direitos Humanos – reflete a islâmica lei da sharia e outras tradições religiosas;
DECLARAÇÃO DO CAIRO (1990): submissão dos indivíduos a Allah, as liberdades humanas devem atender à vontade divina;
Desigualdades: homens podem exercer a poligamia, negada às mulheres.
3. Direito ao desenvolvimento vs. Assimetrias globais
1986: ONU – Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento;
Voto contrário dos EUA;
O direito ao desenvolvimento compreende 3 dimensões:
4-10-11
A – IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO
Formulação de políticas públicas;
Maior transparência.
B – necessidades básicas de justiça social
“A pessoa humana é o sujeito central do desenvolvimento e deve ser ativa, participante e beneficiária do direito ao desenvolvimento”
C – adoção de programas e políticas nacionais e cooperação internacional
Auxiliar os países mais pobres com meios que os encorajem o direito ao desenvolvimento.
Conclusão 
Acabou a bipolaridade Leste/Oeste (1ª DUDH);
HOJE A BIPOLARIDADE: Norte/Sul, países desenvolvidos e países em desenvolvimento (América Latina, Ásia e África);
DEMANDA: uma globalização mais ética e solidária.
“Voz própria do Sul”
Preocupações, demandas e prioridades dessa região.
4) Proteção dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais vs. Dilemas da globalização econômica
Relacionado com o terceiro desafio;
Principal enfoque: temerária flexibilização dos direitos sociais;
GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA: exclusão social, agravando desigualdades sociais e aprofundado as marcas da pobreza;
REDEFINIR O PAPEL DO ESTADO: sob o impacto da globalização econômica.
Caminhos 
A ação governamental deve promover a igualdade social;
Assegurar um desenvolvimento humano sustentável;
Respeito e proteção dos direitos econômicos, sociais e culturais
No contexto da globalização econômica
Dois atores fundamentais:
A) Agências financiadoras internacionais;
B) Setor privado.
A) Agências financiadoras internacionais
Os direitos humanos devem permear a política macroeconômica (política fiscal, monetária e cambial);
Impacto das políticas econômicas nas economias locais;
Banco Mundial e FMI: embora vinculados ao sistema das Nações Unidas – carecem da formulação de uma política vocacionada aos direitos humanos.
Aproximadamente 700 milhões de pessoas estão em débito perante os países ricos;
Grupo de 42 economias financeiramente falidas e largamente desestruturadas (empréstimos ainda no período da Guerra Fria – ideias equivocadas do passado);
Papa João Paulo II e Bono: “eliminação da dívida externa dos países mais pobres do mundo”
48% do poder de voto no FMI:
CONCENTRADOS: EUA, Japão, França, Inglaterra, Arábia Saudita, China e Rússia (7 Estados);
Sistema de governança global: poucas instituições e poucos atores dominam o cenário;
Os afetados não tem voz.
B) Setor privado
Necessidade de acentuar a responsabilidade social das empresas, especialmente multinacionais (beneficiárias do processo de globalização);
Empresas: devem adotar códigos de direitos humanos relativos à atividade de comércio, impor sanções comerciais a empresas violadoras dos direitos sociais.
The Corporation – Michael Moore
5) Respeito à diversidade vs. Intolerância 
A vulnerabilidade econômico-social leva à vulnerabilidade dos direitos civis e políticos;
A negação da liberdade econômica implica a negação da liberdade social e política;
Grupos sociais vulneráveis: mulheres, populações afrodescendentes e povos indígenas – VÍTIMAS PREFERENCIAIS DA EXCLUSÃO;
RESPEITO À DIVERSIDADE EM FACE DAS DIVERSAS MANIFESTAÇÕES DE INTOLERÂNCIA!!
Insuficiente tratar o indivíduo de forma genérica
Determinados sujeitos de direitos exigem uma resposta específica e diferenciada;
MULHERES, CRIANÇAS, POPULAÇÃO AFRODESCENDENTE, MIGRANTES, PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – CATEGORIAS DE VULNERÁVEIS;
DIREITO FUNDAMENTAL À DIFERENÇA! Tratamento especial.
Igualdade material: ideal
de justiça enquanto reconhecimento de identidades
Igualdade orientada por critérios como gênero, orientação sexual, raça e etnia;
“Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza”;
Urgência no combate a qualquer forma de: racismo, sexismo, homofobia, xenofobia de 2 formas:
A) Vertente repressiva (punição);
B) Vertente promocional (promove a igualdade).
6) Combate ao terrorismo vs. Preservação de direitos e liberdades públicas
Cenário do pós-11 de setembro – RISCO: a luta contra o terror comprometa o aparato civilizatório de direitos, liberdades e garantias, sob o clamor de segurança máxima;
Impacto 11/09: agenda global tendencialmente restritiva de direitos e liberdades – exemplos: 
Exemplos 
Ampliação da aplicação da pena de morte de demais penas;
Discriminações insustentáveis (afronta ao devido processo legal e a um julgamento justo);
Extradição sem garantias;
Restrições a liberdade de reunião e de expressão.
Estado de Direito no plano internacional
Primado da legalidade e com o império do Direito;
PREVENÇÃO E REPRESSÃO AO TERRORISMO: Relação de interdependência entre desenvolvimento, segurança e direitos humanos;
TRATADOS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS: núcleo inderrogável de direitos em tempos de guerra ou calamidade pública.
Bush x Obama
Hard power: direito da força, unilateralismo extremo;
Clever power: poder inteligente, diálogo intercultural, multilateralismo, negociações, soft power;
Pergunta final:
Como preservar a Era dos Direitos em tempos de terror?
7. Direito da força vs. Força do direito: desafios da justiça internacional
Fortalecimento da justiça internacional;
Poder Judiciário: última e decisiva palavra;
Norberto Bobbio: “a garantia dos direitos no plano internacional só será implementada quando uma jurisdição internacional se impuser concretamente sobre as jurisdições nacionais, deixando de operar dentro dos Estados, mas contra os Estados e em defesa dos cidadãos”
Cortes internacionais 
Sistema de direitos legais, envolve direitos e obrigações juridicamente relevantes;
Cortes capazes de proferir decisões obrigatórias e vinculantes;
Persuadir os Estados a cumprir as obrigações concernentes aos DH;
CONCLUSÃO
A justiça internacional em matéria de direitos humanos constitui medida imperativa para o fortalecimento do Estado de Direito e para a construção da paz nas esferas global, regional e local.

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