Buscar

RECURSO Processo PENAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

15. RECURSOS
É um dos instrumentos que compõem a ampla defesa preconizada no art. 5º, LV, da Carta Magna vigente. É o meio utilizado pelas partes, acusação ou defesa para modificar uma decisão de primeira ou segunda instância buscando um novo entendimento.
15.1 Principais princípios dos recursos
Princípio da fungibilidade – quando um juiz aceita um recurso interposto como sendo outro, desde que não haja má-fé – art. 579, caput, do CPP. Por esse princípio, a parte não sofre qualquer prejuízo quando apresenta um recurso errado, porém, dentro do prazo do recurso certo, e o juiz ao verificar a impropriedade do recurso interposto manda processá-lo no procedimento do recurso cabível para a decisão proferida.
Princípio da proibição da reformatio in pejus direto – quando somente o réu recorre de uma decisão (recurso exclusivo da defesa), a sua pena não poderá ser agravada pelo tribunal, câmara ou turma – art. 617 do CPP. Logo, a pena do réu não poderá ser piorada em recurso exclusivo da defesa.
Nesse sentido a Súmula 525 do STF – “A medida de segurança não será aplicada em segunda instância, quando só o réu tenha recorrido”.
Princípio da proibição da reformatio in pejus indireto – quando uma decisão de primeira instância for declarada nula, por força de um recurso exclusivo da defesa (só o réu recorreu e o tribunal declarou a sentença nula), a nova decisão a ser proferida pelo juiz a quo não poderá agravar a pena do réu.
Princípio da unicidade ou unirrecorribilidade – para cada decisão proferida somente pode ser interposto um recurso de cada vez. Tal regra sofre exceções legais. Exemplo: de uma decisão que contrarie dispositivo constitucional e também a lei federal, cabe a interposição, ao mesmo tempo, do Recurso Extraordinário (art. 102, III, a, da CF) e Recurso Especial (art. 105, III, a, da CF), em petições distintas, dentro do prazo legal de 15 dias.
Princípio do duplo grau de jurisdição – é a possibilidade que as partes têm, por intermédio de um recurso, de reexaminar uma decisão que já foi proferida. É uma forma de prevenir um erro judiciário.
15.2 Do juízo de admissibilidade ou de prelibação dos recursos 
Primeiramente, cabe lembrar de algumas expressões jurídicas, tais como o “recurso não foi conhecido”, “denego o seguimento ao recurso interposto”, “o recurso não foi admitido”. Todas elas indicam que o recurso não passou pelo juízo de admissibilidade; logo, não foi remetido ao tribunal ad quem para ser julgado.
No juízo de admissibilidade, também chamado de juízo de prelibação, o juiz e o tribunal ad quem analisam a presença de todos os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, e a falta de qualquer um dos requisitos de admissibilidade impede que o recurso seja conhecido.
15.2.1 Dos pressupostos objetivos de admissibilidade
Cabimento – a lei preceitua quais são os recursos processuais penais existentes. Por exemplo, Apelação, Embargos Infringentes, Recurso em Sentido Estrito, Embargos de Declaração, porém a lei não prevê a existência do Agravo Retido.
Adequação – apesar de a lei relacionar vários tipos de recursos, para cada decisão existe um recurso adequado para sua reforma.
Tempestividade – todo recurso deve ser interposto dentro do prazo determinado pela lei. A sua inobservância gera a chamada “intempestividade do recurso”.
Regularidade procedimental – cada recurso possui formalidades legais que devem ser preenchidas para ser admitido. Segundo o art. 578, caput, do CPP, o recurso deve ser interposto por petição ou termo nos autos, ou seja, há exigência da forma escrita. Mas, não se pode levar essa regra de forma desmedida, uma vez que o acusado pode manifestar o seu interesse de recorrer oralmente, na audiência ou plenário do júri; posteriormente, corrige-se a não formalização desse interesse feito de forma oral pela redução a termo.
Inexistência de fato impeditivo – existem fatos que ocorrem no processo que impedem que o recurso seja conhecido, como, por exemplo, a renúncia do direito de recorrer (manifestação de vontade da parte no sentido de não querer interpor um recurso), salvo a hipótese prevista na Súmula 705 do STF.
Inexistência de fato extintivo – também existem fatos que ocorrem no processo que extinguem o direito de o recurso ser conhecido, como, por exemplo, a desistência do direito de continuar a recorrer. A deserção prevista no art. 595 do CPP foi revogada pela Lei n. 12.403/2011.
A Súmula 347 do STJ ratifica esse entendimento de que o juiz não pode mais vincular o direito de o réu apelar ao seu recolhimento à prisão: “O conhecimento de recurso de Apelação do réu independe de sua prisão”.
15.2.2 Dos pressupostos subjetivos de admissibilidade
Interesse – a parte somente poderá provocar uma nova análise da decisão já apreciada por um juiz ou tribunal, quando for se beneficiar com esse reexame. O art. 577, parágrafo único, do CPP deixa bem claro que o recurso não será conhecido se a parte não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão.
O Ministério Público não é obrigado a interpor recurso. Porém, caso o MP interponha um recurso não poderá dele desistir, conforme determina o art. 576 do Código de Processo Penal e diante do princípio da indisponibilidade da ação penal – art. 42.
Legitimidade – à luz do art. 577, caput, do CPP, o Ministério Público, o querelante, o réu, seu procurador ou defensor poderão interpor um recurso.
A lei traz excepcionalidade na legitimidade, ou seja, a vítima ou seu representante legal ou as pessoas referidas no art. 31 do CPP, nas hipóteses do art. 598 do CPP, também possuem legitimidade para recorrer.
Súmula 210 do STF – O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598, do Código de Processo Penal.
15.3 Efeitos dos recursos
Devolutivo – esse efeito permite que a matéria apreciada por um juiz ou tribunal seja, novamente, analisada pelo Judiciário para que este reforme ou sustente a decisão impugnada. Cabe salientar que todos os recursos em processo penal possuem o efeito devolutivo.
Suspensivo – nem todos os recursos em processo penal possuem o efeito suspensivo. Por exemplo, os recursos Extraordinário e Especial não possuem efeito suspensivo. O recurso que possui esse efeito suspende alguns dos efeitos das decisões, até o que seja julgado.
Extensivo – o efeito extensivo está previsto no art. 580 do Código de Processo Penal – quando houver mais de um réu no processo, a decisão do recurso interposto por um dos acusados, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos demais réus. Por exemplo, se o tribunal, ao analisar Apelação de um dos réus de um processo, o absolve por estar provada a inexistência do fato – art. 386, I, do CPP, essa decisão absolutória será estendia ao outro corréu que não recorreu.
Regressivo (também conhecido como efeito iterativo) – nem todos os recursos em processo penal possuem esse efeito, também chamado de “o juízo de retratação”. O recurso de efeito regressivo permite ao juiz que proferiu a decisão impugnada que a sustente ou se retrate. Exemplos de recursos com efeito regressivo: a) Correição Parcial, b) RSE (Recurso em Sentido Estrito – art. 589 do CPP), c) Agravo (Lei de Execução Penal), d) Carta Testemunhável – art. 643 do CPP.
15.4 Recurso de Ofício
O Recurso de Ofício é conhecido por diversos doutrinadores como Reexame Necessário ou Duplo Grau de Jurisdição Obrigatório. São situações em que a lei determina que o juiz “recorra” da sua própria decisão, ou seja, em face da relevância da matéria apreciada, a lei exige que a decisão seja submetida a uma dupla análise.
O juiz não possui prazo para recorrer de ofício, porém, enquanto não recorre a decisão não transita em julgado, conforme determina a Súmula 423 do STF – “Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege”.
Casos em que a lei exige o duplo grau de jurisdição obrigatório – Recurso de Ofício:
a) a sentença absolutória no crimecontra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinar o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial – art. 7º da Lei n. 1.521/51 – essa regra não se aplica aos crimes dispostos na Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006).
b) a decisão que concede a reabilitação – art. 746 do Código de Processo Penal.
c) a sentença que concede Habeas Corpus – art. 574, I, do Código de Processo Penal. Ratificando tal previsão legal, a Súmula 344 do STF menciona: “A sentença de primeira instância concessiva de habeas corpus em caso de crime praticado em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, está sujeita a recurso ex officio”.
d) quando o juiz relator nega liminarmente a Revisão Criminal.
e) quando o presidente do Tribunal indeferir liminarmente um HC.
15.5 Reclamação
É um recurso que as partes podem usar para afastar decisões que deixem de cumprir os julgados dos tribunais, ofendendo a sua autoridade ou usurpando-lhes a sua competência. Esse recurso está previsto na Lei n. 8.038/90, art. 13, bem como na Constituição Federal, no art. 103, a, §3º. Os regimentos internos dos tribunais também regulamentam o referido recurso. A súmula vinculante tem força de julgado do STF em relação ao caso particular.
Outrossim, não cabe esse recurso na hipótese da Súmula 734 do STF – “Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal”.
15.6 Correição Parcial
É uma providência administrativo-judiciária contra despachos que importem em inversão tumultuária do processo, sempre que não houver recurso específico na lei. Ex.: indeferimento de substituição das testemunhas arroladas e não encontradas pelo meirinho, o que permite o deferimento de Correição Parcial; a decisão que indefere pedido de instauração do incidente de insanidade mental.
Prazo – será de 10 dias, pois a Correição Parcial deve seguir o rito do Agravo de Instrumento do CPC – segundo entendimento do art. 831 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Observação – segundo outra parte da doutrina, no Estado de São Paulo, deve seguir a Correição Parcial o rito do RSE (Recurso em Sentido Estrito); logo, o prazo para a interposição é de 5 (cinco) dias.
15.7 Recurso Especial
Tem natureza excepcional e a finalidade de coibir o desrespeito às normas federais. Esse recurso submete a reexame a questão federal de natureza infraconstitucional, objetivando a uniformização na sua interpretação, elidindo, assim, as interpretações diversas da legislação federal. Também tem por finalidade impedir que as leis federais sejam desautorizadas pelos tribunais nas suas decisões em casos concretos.
A competência para o julgamento do recurso especial, segundo ao art. 105, III, da Constituição Federal é do STJ – Superior Tribunal de Justiça. Sua interposição deverá ser endereçada ao Presidente do Tribunal recorrido, conforme determina o art. 26 da Lei n. 8.038/90, no prazo legal de 15 dias.
Conforme determina o art. 27, § 2º, da referida lei, o Recurso Especial somente possui o efeito devolutivo. Cuidado – Recurso Especial não possui efeito suspensivo.
Segundo o art. 105, III, da Constituição Federal, as alíneas a, b e c demonstram as hipóteses de cabimento do Recurso Especial, quais sejam: a) decisão que contrariar lei federal ou negar-lhe vigência, b) decisão que julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal, c)decisão que der a lei federal interpretação diferente da que lhe seja atribuída por outro tribunal.
Além de todos os pressupostos de admissibilidade supramencionados, o Recuso Especial exige, para ser conhecido, o esgotamento de todas as vias ordinárias recursais existentes e o chamado prequestionamento.
Quando o Recurso Especial for interposto de uma decisão que der à lei federal interpretação diferente da que lhe seja atribuída por outro tribunal, para que este seja admitido o recorrente deverá demonstrar em sua petição o dissídio jurisprudencial.
A Súmula 7 do STJ veda o uso do Recurso Especial para obter reexame de prova. Caberá agravo (art. 544 do Novo CPC e Resolução 451 do STF) da decisão que denegar seguimento ao Recurso Especial.
15.8 Recurso Extraordinário
Possui uma natureza excepcional, tem como objetivo coibir que as normas constitucionais sejam desautorizadas pelos tribunais nas suas decisões em casos concretos.
A competência para o julgamento do recurso extraordinário, segundo ao art. 102, III, da Constituição Federal é do Supremo Tribunal Federal – STF. Sua interposição deverá ser endereçada ao Presidente do Tribunal recorrido, conforme determina o art. 26 da Lei n. 8.038/90, no prazo legal de 15 dias.
Conforme determina o art. 27, § 2º, da referida lei, o Recurso Extraordinário somente possui o efeito devolutivo. Cuidado – Recurso Extraordinário não possui efeito suspensivo.
Segundo o art. 102, III, alíneas a, b, c e d, da Constituição Federal, as hipóteses de cabimento do Recurso Extraordinário são: a) decisão que contrariar dispositivo da CF; b) decisão que declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) decisão que julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição; e d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Além de todos os pressupostos de admissibilidade supramencionados, o Recuso Extraordinário exige para ser conhecido o esgotamento de todas as vias ordinárias recursais existentes, prequestionamento e, segundo determina Emenda Constitucional n. 45/2004, outro requisito de admissibilidade do Recurso Extraordinário é a demonstração da repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso (art. 102, § 3º, da CF – Lei n. 11.418/2006 trata da repercussão geral da matéria).
Caberá agravo (art. 1.042 do Novo CPC e Resolução 451 do STF) da decisão que denegar seguimento ao Recurso Extraordinário.
A Súmula 279 do STF veda o uso do Recurso Extraordinário para simples reexame de prova. Já a Súmula 640 do STF: “É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado cível e criminal” – (cabe Recurso Extraordinário no JECRIM).
15.9 Embargos Infringentes e de Nulidade
Cabem Embargos Infringentes e de Nulidade, segundo o disposto no art. 609, parágrafo único, do CPP, de acórdãos com votação não unânime desfavorável ao réu (somente o voto vencido é favorável ao acusado), no prazo legal de 10 dias, a contar da data da publicação do acórdão. Os Embargos Infringentes e de Nulidade são recursos privativos da defesa. 
Não é de qualquer acórdão com votação não unânime desfavorável ao réu que caberá o recurso de Embargos Infringentes ou de Nulidade, mas tão somente de arestos que decidiram Apelação, RSE ou Agravo.
Os Embargos Infringentes e de Nulidade possuem efeito devolutivo limitado ao voto vencido. O recorrente só pode pedir o reexame da matéria estritamente defendida pelo juiz do voto vencido no acórdão.
Esses recursos são endereçados ao relator do acórdão embargado, que analisa a sua admissibilidade. A parte contrária terá o prazo de 10 dias para interpor impugnação.
Os Embargos Infringentes são opostos quando a matéria é referente ao mérito da ação penal, e os Embargos de Nulidade servem para discutir matéria estritamente processual.
15.10 Embargos de Declaração
Os Embargos de Declaração poderão ser opostos de sentença de primeira instância – art. 382 do CPP – ou de acórdão – art. 619 do CPP – que apresentar omissão (ausência de análise de algum pedido feito pelas partes), ambiguidade (várias interpretações para o mesmo assunto), obscuridade (inteligível), contradição. Endereçado ao próprio juiz ou relator do acórdão com o objetivo de buscar clareza e precisão da decisão. Os Embargos de Declaração deverão ser opostos no prazo de 2 dias. Por aplicação analógica do art. 1.026 do Novo CPC, os Embargos de Declaração interrompem o prazo da interposição do próximo recurso.
No JECRIM, de acordo com o art. 83 da Lei n. 9.099/95, quandohouver na sentença ou acórdão omissão, contradição, obscuridade ou dúvida caberá Embargos de Declaração, no prazo de 5 dias, contados da ciência da decisão. No JECRIM, segundo o § 2º do referido artigo, quando opostos os Embargos suspende-se o prazo para os demais recursos.
Nos Embargos opostos em segunda instância a parte contrária deve se manifestar.
15.11 Carta Testemunhável
À luz do art. 639, I e II, do CPP, cabe Carta Testemunhável contra: a) decisão que denegar o recurso; b) decisão que, embora admita o recurso, obste o seu seguimento. Nos dias atuais esse recurso é utilizado quando for denegado seguimento ao Recurso em Sentido Estrito ou Agravo em Execução, no prazo de 48 horas. Será endereçada a sua interposição ao escrivão do ofício criminal, que passará um recibo.
O escrivão do ofício, no prazo de 5 (cinco) dias, deverá instruir, concertar (trazer autenticidade às cópias) e conferir o instrumento, abrindo prazo de 2 (dois) dias para o testemunhante apresentar as suas razões e depois 2 (dois) dias de prazo para o testemunhado apresentar as contrarrazões; o juiz pode se retratar (recurso de efeito regressivo).
O tribunal, reconhecendo a Carta Testemunhável, manda dar seguimento ao recurso ou, se julgar estar a Carta devidamente instruída, julgará logo.
15.12 Apelação
É um recurso que se presta para afastar decisões que julgam extinto o processo, apreciando o mérito ou não, de decisões definitivas, buscando um reexame pela instância superior. De acordo com o disposto no art. 593, o prazo para a interposição da Apelação é de 5 dias.
Cabe Apelação das seguintes decisões: a) sentenças condenatórias e absolutórias; b) decisões com força de definitivas (ex.: rejeição da denúncia de rito sumaríssimo ou as interlocutórias mistas); e c) decisões do Tribunal do Júri (segunda fase do júri).
Se o apelante, ao interpor Apelação sob o fundamento do art. 593, III, alínea d, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dará provimento ao recurso para encaminhar o réu a novo julgamento, porém, não se admite segunda Apelação pelo mesmo motivo.
Súmula 713 do STF – O efeito devolutivo da apelação contra as decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua
interposição.
Com o advento da Lei n. 11.689/2008, o art. 416 do CPP começou a vigorar com o seguinte texto: “Contra sentença de impronúncia ou absolvição sumária caberá apelação”. Portanto, à luz do referido dispositivo legal, na primeira fase do júri, das decisões que absolverem sumariamente ou impronunciarem o réu caberá Apelação.
No Juizado Especial Criminal – JECRIM o prazo da Apelação será de 10 dias, de acordo com art. 82, caput e § 1º.
O art. 600 do CPP determina que as razões e contrarrazões deverão ser apresentadas em 8 dias, salvo a hipótese do § 1º, ou seja, quando no caso houver assistente de acusação, esse terá um prazo de 3 dias para arrazoar o recurso, após o prazo de 3 dias do Ministério Público.
Diante do que dispõe o art. 599 do CPP, a Apelação poderá ser plena – quando devolve toda a matéria para reexame – ou poderá ser limitada – nessa situação o apelante busca a modificação de parte da sentença.
Outrossim, cabe ressaltar que em processo penal não existe a Apelação Adesiva. A Súmula 705 do STF excepciona a referida regra da irretratabilidade da renúncia – “A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta”.
A Lei n. 11.719/2008 revogou o disposto no art. 594 do Código de Processo Penal. Portanto, a partir dessa data ficou proibido aos juízes, em suas decisões, vincular a prisão ao direito de o réu apelar, sob pena da frontal e clara violência ao princípio do duplo grau de jurisdição. Por fim, parece-nos que não pode mais a Apelação ser declarada deserta pela fuga do réu.
O art. 387, parágrafo único, deixa claro que a decretação ou a manutenção da prisão independe do conhecimento da Apelação interposta pelo réu.
Nessa linha de raciocínio, antes da publicação da referida lei o STJ divulgou a Súmula 347 – “O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão”. A Súmula proíbe claramente a vinculação da prisão ao direito de o réu recorrer.
Não se pode olvidar que o apelante pode arrazoar diretamente na segunda instância, conforme o art. 600, § 4º, do CPP. Nesta situação, é o tribunal que irá intimar o apelante para apresentar as razões de Apelação.
Havendo mais de um apelante no processo penal, os prazos serão comuns, conforme determina o art. 600, § 3º, do CPP.
E ainda, de acordo com art. 598, se o Ministério Público não recorrer das sentenças proferidas pelo Tribunal do Júri ou por juiz singular, ofendido ou o cônjuge, ascendente, descendente e irmão, ainda que não tenham se habilitado como assistente, poderão interpor Apelação no prazo de 15 dias.
Na Apelação é permitida a juntada de documentos novos. Na mesma linha de raciocínio podemos extrair o entendimento do art. 231 do CPP – “Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo”.
O Ministério Público, à luz do determinado no art. 257 do CPP, tem a função de fiscal da lei; logo, se achar do conjunto de provas amealhadas que o acusado é inocente, deverá apelar para pedir a sua absolvição.
Da decisão que nega seguimento à Apelação ou declara-a deserta cabe o RSE – Recurso em Sentido Estrito, art. 581, XV, do CPP.
Algumas súmulas importantes sobre Apelação: Súmula 708 do STF – É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
Súmula 710 do STF – No processo penal contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.
15.13 Recurso em Sentido Estrito – RESE
O Recurso em Sentido Estrito, também chamado de RESE, é utilizado para o reexame das decisões previstas no rol taxativo do art. 581 do CPP. Conforme menciona o art. 589 do CPP, o RESE possui o efeito regressivo, ou seja, possibilita, ao próprio magistrado que proferiu a decisão recorrida, uma nova apreciação da questão antes da remessa dos autos à 2ª instância. 
Hoje o RESE somente cabe das decisões previstas nos incisos I, II, III, IV (alterado pela Lei n. 11.689/2008), V, VII, VIII, IX, X e XIII a XVI e XVIII do art. 581 do CPP.
A Lei de Execução Penal (n. 7.210/84) reduziu o rol de hipóteses de cabimento do art. 581, pois estabeleceu o Agravo em Execução para as decisões proferidas em fase da execução da pena;logo, não cabe mais RESE nas situações dos incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII e XXIII.
Segundo o art. 581, inc. I, do CPP, da sentença que rejeitar a denúncia ou a queixa, cabe o RESE; entretanto, no caso do JECRIM – 9.099/95, art. 82 – da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa cabe Apelação, no prazo de 10 dias.
O inc. VI foi revogado pela Lei n. 11.689/2008. Portanto, da decisão que impronunciar o réu, a partir da vigência da nova lei, cabe Apelação, segundo o atual artigo: “Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação”.
O art. 583 do CPP traz um rol de situações em que se admite que o RESE suba nos próprios autos. Em alguns casos o RESE, além de possuir o efeito regressivo, também tem o suspensivo, conforme se denota do art. 584, caput e § 2º, do CPP.
15.14 Agravo
Em 1984, surgiu a Lei n. 7.210/84 – Lei de Execução Penal, que, em seu art. 197, afirma que da decisão proferida pelo juiz da vara de execução penal caberá o recurso de Agravo, sem efeito suspensivo. Já a Súmula 700 do STF afirma que o prazo desse agravo será de 5 dias.
Hoje é entendimento predominante que o recuso de Agravo deverá seguir o mesmo procedimento do Recurso em Sentido Estrito. Frisa-se ainda que o Agravo possui o efeito regressivo, igualmente existente no RESE.
Atenção: A OAB entende que o agravo em execução terá efeito suspensivo na hipótese do art. 179 da LEP.
15.15 Recurso OrdinárioConstitucional – ROC
Caberá o ROC das decisões denegatórias de Habeas Corpus e Mandado de Segurança em segunda instância. Entretanto, existe um ROC que é julgado pelo STF e outro que é pelo STJ. O ROC que é julgado pelo STF está previsto no art. 102, II, a, da CF, ou seja, quando a decisão negar Mandado de Segurança ou HC, em única instância, pelos tribunais superiores, como, por exemplo, de um HC negado pelo STJ cabe ROC ao STF.
O prazo do Recurso Ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em Habeas Corpus ou Mandado de Segurança, é de 5 (cinco) dias, segundo a Súmula 319 STF.
O Recurso Ordinário Constitucional cabe também ao STF das decisões referentes a crimes políticos previstos na Lei de Segurança Nacional – segundo o art. 102, II, b, da CF. Outrossim, será da competência do Superior Tribunal de Justiça – STJ, de acordo com o determinado no art. 105, II, a e b, da Constituição Federal, julgar, em Recurso Ordinário, as decisões denegatórias de MS, HC, proferidas em única instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais do Estado, Distrito Federal e das decisões denegatórias de HC, proferidas em última instância nos referidos tribunais. Prazos do ROC ao STJ: HC, 5 dias e MS, 15 dias.
A interposição será endereçada ao Presidente do Tribunal recorrido, i.e., para aquele que denegou o HC ou MS.
16. AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO
Mesmo estando previstos no Código de Processo Penal, Título II, do Livro III – Dos Recursos em geral, mais precisamente nos Capítulos VII e X, nem a Revisão Criminal e nem o Habeas Corpus são recursos. A natureza jurídica desses institutos é de verdadeira ação de impugnação ou impugnativa porque estabelecem uma nova relação jurídica.
Com efeito, os recursos atacam decisões dentro do processo penal, mas, por sua natureza e características, obedecem a um prazo para a interposição, sendo que, passado esse prazo sem impugnação, dir-se-ia que a decisão transitou em julgado, não podendo mais ser atacada por recurso.
Pois bem: tanto a Revisão Criminal quanto o Habeas Corpus não obedecem a prazo específico, podendo ser intentados a qualquer momento, mesmo após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
O mesmo raciocínio serve para o Mandado de Segurança, que, embora deva ser impetrado no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias do ato impugnado, estabelece uma nova relação jurídica.
16.1 Mandado de Segurança (Lei n. 12.016/2009)
Primeiramente, se conceitua Mandado de Segurança como uma ação constitucional, prevista no art. 5º, LXIX, da CF, com a finalidade de proteger direito líquido e certo não amparado por Habeas Corpus e Habeas Data, contra abuso de poder ou ilegalidade de autoridade pública ou pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público.
Não é recurso. Sua natureza é de uma ação, predominantemente é cível, com rito sumaríssimo, mas, dada a sua afinidade com o Habeas Corpus, porque ambos pretendem proteger imediatamente o indivíduo, tem possibilidade de aplicação na esfera criminal.
O seu campo de atuação no processo penal, por suas características, acaba por ser complementar ao campo destinado aos remédios constitucionais citados. Assim, onde não cabe HC ou Habeas Data, cabe Mandado de Segurança.
O Mandado de Segurança não pode ser impetrado contra recurso administrativo com efeito suspensivo, decisão judicial para a qual haja recurso processual eficaz ou caiba Correição Parcial e contra ato administrativo, coisa julgada e ato normativo.
O direito líquido e certo que o Mandado de Segurança pretende proteger é aquele indiscutível, sobre o qual não pairam dúvidas, que não precisa de maiores esclarecimentos.
Exemplo
Do direito de o advogado do averiguado tirar cópias do inquérito policial, ou o direito do advogado de ver consignadas as perguntas indeferidas pelo juiz quando da oitiva de testemunhas ou então o direito que assiste à vítima de um furto de automóvel de obter a liberação de seu veículo para o seu uso.
Caracteriza-se abuso de poder quando a autoridade, tendo competência para praticar o ato, realiza-o com finalidade diversa daquela prevista em lei, ou quando a autoridade ultrapassa o limite que lhe é permitido por lei.
Quem tem legitimidade para impetrar Mandado de Segurança é a pessoa lesada em seu direito pela ilegalidade ou abuso de poder. Entretanto, a inicial deve ser subscrita por advogado, regularmente inscrito na OAB.
Nesta ação constitucional cabe perfeitamente pedido de liminar, desde que provados o fumus boni iuris e o periculum in mora. A concessão do pedido de liminar não implica em prejulgamento, mas sim em garantia de um direito que poderá causar dano irreparável, objetivando apenas a suspensão provisória dos efeitos de um ato impugnado.
Outrossim, da decisão que nega o pedido de liminar não cabe recurso. A liminar também poderá ser cassada pelo Presidente do tribunal competente para recurso. Prazo para impetrar o MS – 120 dias do conhecimento do ato a ser impugnado.
Existem algumas situações em que cabe o MS: 
a) indeferimento de vistas aos autos do inquérito policial ou autos do processo.
b) impedimento do direito de o advogado entrevistar o seu cliente.
c) para dar efeito suspensivo a recursos criminais (nem todos os doutrinadores pactuam esse
posicionamento; fazemos parte desta corrente que não concorda).
d) indeferimento por parte do delegado de restituir coisas apreendidas.
e) contra despacho que não admite assistente de acusação.
16.2 Revisão Criminal (arts. 621 e ss. do CPP)
A Revisão Criminal é uma ação penal impugnativa promovida originalmente perante o tribunal competente para que, nos casos expressamente previstos em lei (art. 621 do CPP), seja efetuado o reexame de um processo já encerrado por decisão transitada em julgado. Entretanto, o legislador inclui a Revisão entre os recursos, só em benefício do acusado, com o fim de reparar injustiças ou erros judiciários.
A Revisão Criminal é uma ação de impugnação exclusiva da defesa. Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o condenado por si só ou por advogado e seus ascendentes, descendentes, cônjuge ou irmão, na sua falta (ausência, morte), poderão intentar essa ação – art. 623 do CPP.
Caso o réu venha a falecer no curso julgamento da Revisão Criminal, o juiz nomeia um curador especial.
A Revisão Criminal poderá ser apresentada a qualquer momento após o trânsito em julgado, ou seja, antes da extinção da pena ou após – art. 622 do CPP.
Tem como finalidade corrigir injustiças, evitar o cumprimento da pena. A Revisão Criminal é sempre pro reo nunca pro societate. A petição inicial da Revisão será instruída, obrigatoriamente, com a certidão do trânsito em
julgado da sentença condenatória e com documentos que comprovem os fatos alegados. O art. 621 e incs. I, II e III do CPP traz um rol taxativo das hipóteses em que cabe a Revisão Criminal, a saber:
a) quando a sentença condenatória for contrária a texto expresso de lei.
Exemplo
a) réu é condenado por um fato que não é crime; b) condenado a uma pena superior ao limite máximo previsto em lei (art. 621, I, do CPP).
b) quando a sentença condenatória for contrária à lei ou às evidências dos autos (a sentença foi baseada em meros indícios, sem qualquer consistência lógica e real – art. 621, I, do CPP).
c) quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos.
Esta prova deve ser colhida em processo de justificação (sentença declaratória). Não cabe discussão no próprio processo rescisório (art. 621, II, do CPP).
d) quando, após a sentença, se descobrirem novas provas da inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize a diminuição especial da pena (art. 621, III, do CPP).
Exemplo
Se se verificar que depois de a sentença ter transitado em julgado existiam condições que permitiam a diminuição da pena, ou seja, praticou ato levado por relevante valor social ou moral.
A competência para julgar essa ação impugnativa está determinada no art. 624 do CPP.
a) compete ao Supremo Tribunal Federal, quanto às condenaçõespor ele proferidas;
b) compete ao Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais e Tribunais de
Justiça, nos demais casos.
Observa-se que a lei (art. 624 do CPP) ainda menciona a competência do Tribunal Federal de Recursos (extinto com a Constituição Federal, sendo que no seu lugar foram criados o Superior Tribunal de Justiça e os Tribunais Regionais Federais) e dos Tribunais de Alçada (que também foram extintos).
A Revisão Criminal poderá ser intentada mais de uma vez, desde que por motivos distintos. O requerimento deve ser endereçado ao Presidente, que poderá rejeitar liminarmente a Revisão Criminal. A petição deve ser instruída com a cópia do trânsito em julgado e dos documentos que comprovem o alegado. Depois da admissibilidade, é distribuída a um relator que não tenha se pronunciado antes sobre o caso.
O relator também poderá rejeitar liminarmente. A seguir, vai para dar vista ao Procurador- Geral do Estado ou da República (âmbito federal) para, no prazo de 10 dias, se manifestar. Logo após, volta para o relator, que terá o prazo de 10 dias para oferecer o relatório. Por fim, vai para o revisor se manifestar em 10 dias e este designa a data do julgamento.
Os tribunais poderão, por seus acórdãos, absolver o réu, modificar a pena, anular o processo ou mudar a classificação do crime, à luz do art. 626 do CPP. O empate na decisão vai fazer prevalecer a mais benéfica para o réu. Exemplo: no TJ, quem julga é o grupo de Câmaras = duas Câmaras com 5 juízes cada uma.
É permitido pedir indenização na Revisão Criminal, conforme se extrai do texto do art. 630 do CPP. Se o interessado requerer, o tribunal poderá reconhecer o direito de indenização, mas a referida liquidação de sentença se dará na esfera cível.
Não cabe a reformatio in pejus (a pena do condenado jamais poderá ser agravada – art. 626, caput e parágrafo único).
Súmula 393 do STF – Para requerer a revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão. 16.3 Habeas Corpus (arts. 647 a 667 do CPP e art. 5º, LXVIII, da CF/88) Também o Habeas Corpus não é um recurso. É uma ação de impugnação, uma ação popular constitucional, é, enfim, um remédio constitucional.
A origem remota do Habeas Corpus está para alguns autores na Magna Carta do Rei João sem Terra, na Inglaterra, no ano de 1215. Outros apontam o cerne do Habeas Corpus na previsão dos interditos do Direito Romano.
No Brasil, o Habeas Corpus veio previsto primeira e implicitamente na Constituição do Império, em 1924.
De início, o HC cuidava de toda e qualquer situação em que o homem estivesse tolhido de seus direitos, sendo célebre a discordância existente entre Rui Barbosa e Pedro Lessa, sendo que o último, ousando discordar do grande mestre, dizia que o Habeas Corpus deveria ser impetrado apenas para fazer valer o direito de ir, vir e permanecer, o que a princípio acabou não vigorando, mas depois se estabeleceu.
Portanto, cabe HC nos dias atuais quando a pessoa humana estiver ameaçada no seu direito de ir, vir ou permanecer. A pessoa a quem se destina o Habeas Corpus é chamada de paciente (aquele que está sofrendo ou prestes a sofrer coação no seu direito ambulatório). Que pede a ordem de Habeas Corpus é chamado de impetrante.
Qualquer pessoa pode impetrá-lo, seja em seu favor ou de outrem, inclusive o Ministério Público (art. 654 do Código de Processo Penal). Os juízes e os tribunais têm competência para expedir, de ofício, uma ordem de Habeas Corpus, sempre que verificarem, no curso do processo, que alguém está sofrendo ou se encontra na iminência de sofrer uma coação ilegal (art. 654, § 2º, do CPP).
Antigamente se falava em “autoridade coatora” que cometesse abuso e prejudicasse o direito de “ir e vir” do paciente.
Mas, atualmente, cabe Habeas Corpus também da ilegalidade praticada ferindo direito de “ir, vir e permanecer”, admitindo, portanto, a medida heroica contra a atitude do particular.
Exemplo: Se alguém se interna num hospital e, tendo possibilidade de alta médica, é impedido de deixar dito estabelecimento, cabe HC contra a atitude do diretor do hospital.
O art. 648 do CPP traz um rol das hipóteses de constrangimento ilegal que permite a impetração do “writ” de “Habeas Corpus”:
► quando não houver justa causa para o ato;
► quando alguém estiver preso por mais tempo do que a lei determina;
► quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
► quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
► quando o processo for manifestamente nulo; e
► quando estiver extinta a punibilidade.
Atenção
Este rol não é taxativo, tendo, por exemplo, a hipótese de cabimento da ordem de Habeas Corpus no caso de indeferimento da suspensão condicional do processo – art. 89, § 1º, da Lei n. 9.099/95.
Salvo as competências especiais por prerrogativa da função (elencadas no capítulo acerca da competência), em regra se impetra Habeas Corpus para a autoridade ou instância acima de quem estiver infringindo o direito de locomoção. Desse modo, se a autoridade coatora for delegado de polícia ou a ilegalidade partir do particular, a impetração se dará para o juiz. Se a autoridade for o juiz, impetra-se para o tribunal. Se a auto ridade coatora for o tribunal o HC irá para o Superior Tribunal de Justiça. Se a autoridade coatora for o STJ, a impetração será para o Supremo Tribunal Federal. Das coações perpetradas pelos membro do STF, quem julga a ordem de HC é o próprio
STF.
Não cabe Habeas Corpus nos casos de punições disciplinares. A petição inicial do HC poderá ter pedido de liminar, que será deferida se estiverem presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora característicos das concessões liminares.
Nos tribunais, quem analisa o pedido liminar é o Relator. Pode ainda, inicialmente, ser determinado que se apresente o paciente no dia e hora que for designado.
Após a distribuição do feito, concedida a liminar ou não, serão pedidas à autoridade apontada como coatora ou o responsável pela ilegalidade as informações atinentes ao caso.
Recebidas as informações e passados os autos pelo crivo do Ministério Público, o Habeas Corpus será julgado na primeira sessão seguinte. Da decisão do HC em primeira instância cabe Recurso em Sentido Estrito – RESE (art. 581,
X, do CPP) ou outra ordem de Habeas Corpus, sendo que se se conceder a ordem haverá Recurso de Ofício – art. 574, I, do CPP, e do HC denegado pelos Tribunais cabe o Recurso Ordinário Constitucional – ROC previsto nos arts. 102, II e alíneas, e art. 105, II e alíneas, ambos da CF.
16.3.1 Tipos de Habeas Corpus
Existem dois tipos de Habeas Corpus: o preventivo e o liberatório. O HC será preventivo se houver uma ameaça de coação. O HC será liberatório se a coação estiver em curso.
O HC preventivo é aquele que tem por objetivo impedir futuro constrangimento ilegal, e, uma vez concedido, será expedido salvo-conduto, assinado pelo juiz, que o paciente trará consigo e, se a coação se materializar, o “salvo-conduto” a combaterá – art. 660, § 4º, do Código de Processo Penal.
O HC repressivo ou liberatório é aquele que tem como objeto afastar constrangimento ilegal à liberdade de locomoção já existente. Ex.: alguém que se encontre preso ilegalmente. 
Nesse diapasão, se o réu está na iminência de ser preso, diga-se, injustamente, porque o magistrado não fundamentou corretamente o decreto segregacional, o HC, nesse caso, será liberatório. Art. 654, § 1º – traz o rol do que deverá conter a petição de Habeas Corpus.
Atenção
O impetrante poderá sustentar oralmente o pedido de Habeas Corpus pelo prazo de 10 minutos, sendo possível, em sede de Habeas Corpus, sua concessão liminar.
Observação-Para impetrar a ordem de Habeas Corpus não há necessidade de procuração e nem precisa ser advogado.
Observação-Não cabe HC contra prisão disciplinar militar e nem para trancar processo administrativo.
Observação-A maior parte da doutrina e da jurisprudência vem admitindo a impetração de Habeas Corpus contra ato do particular.
Algumas súmulas importantes: Súmula 690 do STF – Compete originariamenteao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de Juizados Especiais Criminais.
Atenção -Esta súmula não está sendo utilizada; estes HCs vão para os tribunais estaduais ou federais.
Súmula 691 do STF – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido ao tribunal superior, indefere liminar.
Súmula 693 do STF – Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
Súmula 694 do STF – Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública.
Súmula 695 do STF – Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.

Continue navegando