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31 - Correlações clínicas Berne - Regulação gastrintestinal e motilidade

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Regulação gastrintestinal e motilidade
Correlações clínicas
Berne
	 Doenças importantes envolvem a hiperatividade do sistema imune. Os pacientes com doença celíaca, também conhecida como espru celíaco e enteropatia pelo glúten, têm resposta alérgica à gliadina, um componente do glúten na farinha de trigo. Como consequência, os vilos encurtam-se e os microvilos tornam-se muito menos numerosos, de modo que a superfície absorvente do intestino delgado é acentuadamente diminuída, levando à possibilidade de má absorção de múltiplos nutrientes. A doença celíaca é mais bem tratada com uma dieta que exclua o glúten. A doença inflamatória intestinal (DII) caracteriza-se por uma população aumentada de linfócitos e de macrófagos na lâmina própria, onde os linfócitos T estão envolvidos em provocar a inflamação. A inflamação crônica do intestino, na maior parte dos casos, resulta em diarreia e dor abdominal. As DIIs mais comuns são a colite ulcerativa e a doença de Crohn. A colite ulcerativa é limitada ao cólon e geralmente pode ser curada pela remoção cirúrgica do cólon. A doença de Crohn, em contraste, pode ocorrer em qualquer parte do intestino delgado ou grosso e, algumas vezes, envolve tanto o intestino delgado quanto o cólon. Na doença de Crohn, se o segmento do intestino inflamado for removido, é provável que a doença apresente recorrência em outra parte.
	 
	 Refluxo é particularmente problemático, pois a pressão sobre o esôfago torácico é próxima à pressão intratorácica, que quase sempre é menor do que a pressão intra-abdominal. A diferença entre as pressões intra-abdominal e intratorácica aumenta durante cada inspiração. Além disso, com o ligamento frênico-esofágico ao redor do esôfago, ao nível do EEI, a contração do diafragma ajuda a aumentar a pressão sobre o EEI em cada inspiração. Em indivíduos com fragilidade do diafragma, e particularmente naquelas com hérnia de hiato, a esofagite pode ser causada pelo aumento do refluxo. 
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	 Em alguns indivíduos o esfíncter não se relaxa suficientemente durante a deglutição para permitir que o alimento penetre no estômago. Essa condição é conhecida como acalásia. A terapia para a acalásia envolve ou a dilatação mecânica ou o enfraquecimento cirúrgico do EEI ou a administração de drogas que inibam o seu tônus. Em indivíduos com espasmo esofagiano difuso, a contração prolongada e dolorosa da parte inferior do esôfago ocorre após a deglutição e substitui a onda peristáltica esofagiana normal. Em indivíduos com incompetência do EEI, o suco gástrico pode movimentar-se de volta para a parte inferior do esôfago e erodir a mucosa esofagiana. 
	 A mucosa gástrica é altamente resistente ao ácido, mas ela pode ser danificada pela bile. A mucosa duodenal tem propriedades opostas. Portanto, se o esvaziamento gástrico for rápido demais uma úlcera duodenal pode se desenvolver. Por outro lado, a regurgitação dos conteúdos duodenais pode contribuir para úlceras gástricas. As úlceras gástricas podem ser exacerbadas quando o esvaziamento gástrico é mais lento do que o normal. 
	 Em alguns pacientes com úlceras duodenais, a eficácia dos mecanismos que liberam hormônios do duodeno pode estar diminuída. Como resultado desse mal funcionamento, a velocidade do esvaziamento gástrico ou da secreção de ácido pelo estômago é anormalmente alta. Em indivíduos normais, a instilação do ácido dentro do duodeno via um tubo nasogástrico diminui dramaticamente a velocidade e a força das contrações do antro gástrico. No entanto, em alguns pacientes com úlcera duodenal, essa resposta ao ácido no duodeno é acentuadamente diminuída. 
	 A importância da velocidade lenta da propulsão no intestino delgado pode ser demonstrada pelo tratamento dos pacientes com agentes que alteram a motilidade desse intestino. A administração de codeína e outros opiáceos reduz acentuadamente a frequência e o volume das fezes. Esse efeito resulta de uma diminuição na motilidade do intestino delgado; essa motilidade diminuída, por sua vez, aumento o tempo de trânsito dos conteúdos jejunais. O tempo de trânsito mais longo permite que os sais, a água e certos nutrientes sejam mais completamente absorvidos no intestino delgado, de modo que o volume dos conteúdos que penetram no cólon seja menor que o normal. O tratamento com óleo de rícino, um potente laxativo, causa os efeitos opostos. O óleo de rícino contém hidroxiácidos graxos que estimulam a motilidade e diminuem o tempo de trânsito no intestino delgado. Portanto, os sais e a água são liberados para o cólon a uma velocidade que sobrepuja a capacidade do cólon de absorvê-los, e isso resulta em diarreia. 
	 O CMM também inibe a migração das bactérias colônicas para dentro do íleo terminal. Os indivíduos com contrações CMM fracas ou ausentes podem ser suscetíveis ao crescimento bacteriano excessivo no íleo. As substâncias liberadas pelas bactérias podem estimular a secreção do NaCl e da água pelo epitélio, aumentar a motilidade do íleo e causar diarreia. 
	 Na doença de Hirschsprung, também conhecida como megacólon congênito, os neurônios entéricos estão congenitamente ausentes em parte do cólon. Geralmente, apenas o esfíncter anal interno e um curto comprimento do cólon proximal a ele não possuem os neurônios entéricos, mas segmentos maiores do cólon podem ser afetados. Em uma pessoa normal, o enchimento do reto por um movimento de massa leva ao relaxamento reflexo do reto distal e do esfíncter anal interno. Na ausência de neurônios entéricos, esse relamento entérico não ocorre. Como resultado, ocorre a obstrução funcional do cólon distal e a dilatação do cólon acima da obstrução.

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