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Apostila de Literatura Brasileira e Portuguesa

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06/02/2018
1
Letras
Literatura brasileira e portuguesa I
Teleaula 1
O Arcadismo: características e principais autores 
portugueses e brasileiros
Prof.ª Amanda Crispim Ferreira 
Valerio
Doutoranda em Letras (UEL)
Mestre em Estudos Literários (UFMG)
Graduada em Letras (UEL)
Pretende-se que ao final da aula o aluno
reconheça as características do movimento
literário Arcadismo, bem como seus principais
representantes em Portugal e no Brasil.
OBJETIVO: ARCADISMO: Simplicidade para contrapor os 
excessos barrocos
O pastor descuidado , William Holman Hunt 
(Inglaterra -1851 )
Neoclassicismo: retorno aos clássicos greco-romanos
e renascentistas (Homero, Camões, Petrarca;);
Retomada dos ideais clássicos: o Belo, o Bem e a
Verdade. Arte é imitação da natureza.
Convencionalismo amoroso: não há preocupação em
expressar os sentimentos, mas em seguir o modelo
(pseudôminos pastoris);
ARCADISMO: principais características
Antropocentrismo;
Busca pelo equilíbrio, simplicidade e pela clareza de
ideias;
Presença de elementos da cultura greco-latina.
Influência da burguesia francesa – Revolução 
Francesa.
Ideal Iluminista: razão, ciência, conhecimento 
humano (renovação do ensino);
ARCADISMO: principais características
06/02/2018
2
Fugere urbem: rejeição à 
urbanização; reflexão sobre a vida 
simples e natural. (Bucolismo) 
Carpe diem: aproveitar a vida 
enquanto é possível.
Aurea mediocritas: vida simples 
materialmente, mas rica em 
realizações espirituais, ou seja, ser 
pobre e feliz no campo é melhor 
que ser rico e triste na cidade.
Locus amoenus: natureza, local 
de equilíbrio e paz interior.
Inutilia truncat: cortar o 
inútil, eliminar o rebuscamento 
Barroco. 
Princípios latinos 
Aponte 2 diferenças entre o Barroco, estética que
predominou no século XVI, e o Arcadismo.
ATIVIDADE 1
Fundação da Arcádia Lusitana (1756);
Marquês de Pombal: presença dos ideais iluministas e
declínio do poder da Igreja sobre o ensino (laicização);
ARCADISMO EM PORTUGAL
O balanço de Nicolas Lancret
( França – 1730) 
MANUEL DU BOCAGE 
( 1765 – 1805)
Pseudônimo Elmano Sadino. Foi um 
dos poetas dissidentes da Nova 
Arcádia. É considerado um dos 
grandes nomes da poesia 
portuguesa, ao lado de Camões, de 
quem era discípulo.
Publicações: Idílios Marítimos 
(1791); Rimas – 3 volumes (1791-
99, 1804); Parnaso bocagiano 
(poesias eróticas, burlescas e 
satíricas).
Poesia lírica: transição entre o 
apego às convenções árcades e a 
antecipação do estilo romântico 
(razão x sentimento).
Poesia satírica, libertina e erótica –
levou-o à prisão e à criação de uma 
figura lendária. Fazia a crítica ao 
poder, união dos dogmas da Igreja 
ao poder absolutista.
MANUEL DU BOCAGE
VÍDEO
http://fr.youtube.com/watch?v=pYaubAfQqd0
Bocage, Por Detrás da História
06/02/2018
3
Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:
Dido foi puta, e puta dum soldado;
Cleópatra por puta alcança a coroa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado;
BOCAGE – SATÍRICO / ERÓTICO Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta),
Entre mil porras expirou vaidosa.
Todas no mundo dão a sua greta;
Não fiques, pois, oh Nise, duvidosa,
Que isto de virgo e honra é tudo peta.
Ó retrato da Morte! Ó noite amiga,
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!
Pois manda Amor que a ti somente os diga
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, 
enquanto
Dorme a cruel que a delirar me obriga.
BOCAGE: LÍRICO /PRÉ-ROMÂNTICO E vós, ó cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!
Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar o meu coração de horrores.
Observe o poema de Bocage a seguir e analise-o, apontando as 
características do poeta presentes no texto:
A frouxidão no amor é uma ofensa,
Ofensa que se eleva a grau supremo;
Paixão requer paixão, fervor e extremo;
Com extremo e fervor se recompensa.
Vê qual sou, vê qual és, vê que diferença!
Eu descoro, eu praguejo, eu ardo, eu gemo;
Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo;
Em sombras a razão se me condensa.
Tu só tens gratidão, só tens brandura,
E antes que um coração pouco amoroso,
Quisera ver-te uma alma ingrata e dura.
Talvez me enfadaria aspecto iroso,
Mas de teu peito a lânguida ternura
Tem-me cativo e não me faz ditoso.
ATIVIDADE 2: ARCADISMO NO BRASIL: Entre o local e o 
mundial
Séc. XVIII: Ciclo do ouro em Minas Gerais favoreceu o
desenvolvimento cultural e intelectual na região;
Inconfidência mineira: influência dos ideias iluministas
fizeram com que os jovens brasileiros quisessem
também lutar por liberdade;
O contexto brasileiro influenciou a produção, fazendo
com que nossos poetas se afastassem um pouco dos
modelos mundiais.
06/02/2018
4
VÍDEO
Inconfidência mineira
https://www.youtube.com/watch?v=9BJM9eosN0o
ARCADISMO NO BRASIL: Entre o local e o 
mundial
Das cabeças dos jovens brotavam ideais revolucionários para
conquistar a independência e os mais belos poemas árcades.
A mais importante das 
reuniões dos conjurados, 
por Pedro Américo.
ARCADISMO NO BRASIL: principais autores
Entre os autores árcades brasileiros, destacam-se:
Cláudio Manuel da Costa (lírica e épica)
Tomás Antônio Gonzaga (lírica e satírica)
Basílio da Gama (épica)
Santa Rita Durão (épica)
Silva Alvarenga (lírica )
É autor de duas importantes obras poéticas: uma
satírica, Cartas chilenas, 13 poemas nos quais critica
alegoricamente Luís da Cunha Menezes, governador de
Minas Gerais entre 1783 e 1788, e outra lírica, Marília de
Dirceu, que o tornou mais conhecido. No caso, Gonzaga (o
Dirceu) celebrizou versos amorosos dirigidos à sua amada,
Maria Joaquina Doroteia de Seixas (a Marília).
TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744 – 1810)
Ah! pobre Chile, que desgraça esperas!
Quanto melhor te fora se sentisses
As pragas, que no Egito se choraram,
Do que veres que sobe ao teu governo
Carrancudo casquilho, a quem rodeiam
Os néscios, os marotos e os peraltas!
Seguido, pois, dos grandes entra o chefe
No nosso Santiago junto à noite.
A casa me recolho e cheio destas
Tristíssimas imagens, no discurso,
Mil coisas feias, sem querer, revolvo.
CARTAS CHILENAS (1787-1788) Por ver se a dor divirto, vou sentar-me
Na janela da sala e ao ar levanto
Os olhos já molhados. Céus, que vejo!
Não vejo estrelas que, serenas, brilhem,
Nem vejo a lua que prateia os mares:
Vejo um grande cometa, a quem os doutos
Caudato apelidaram. Este cobre
A terra toda co’ disforme rabo.
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Lira III, Parte III
Tu não verás, Marília, cem cativos
Tirarem o cascalho, e a rica, terra,
Ou dos cercos dos rios caudalosos, 
Ou da minada serra.
Não verás separar ao hábil negro
Do pesado esmeril a grossa areia,
E já brilharem os granetes de ouro 
No fundo da bateia.
MARÍLIA DE DIRCEU (1792) Não verás derrubar os virgens matos;
Queimar as capoeiras ainda novas;
Servir de adubo à terra a fértil cinza;
Lançar os grãos nas covas.
Não verás enrolar negros pacotes
Das secas folhas do cheiroso fumo;
Nem espremer entre as dentadas rodas 
Da doce cana o sumo.
Verás em cima da espaçosa mesa
Altos volumes de enredados feitos;
Ver-me-ás folhear os grande livros, 
E decidir os pleitos.
Enquanto revolver os meus consultos.
Tu me farás gostosa companhia,
Lendo os fatos da sábia mestra história, 
E os cantos da poesia.
Lerás em alta voz a imagem bela,
Eu vendo que lhe dás o justo apreço,
Gostoso tornarei a ler de novo 
O cansado processo.
Se encontrares louvada uma beleza,Marília, não lhe invejes a ventura,
Que tens quem leve à mais remota idade
A tua formosura.
VÍDEO
Sobre a personagem Marília
http://www.youtube.com/watch?v=Gqj6SlT8Gzw
Em 1769 publica o poema épico O Uraguai, criticando os
jesuítas e defendendo a política do Marquês de Pombal que
o transforma em oficial da Secretaria do Reino. A crítica
recaía no fato de que os jesuítas não defendiam os índios,
apenas pretendiam falsamente libertá-los e usar a mão de
obra indígena para proveito próprio.
BASÍLIO DA GAMA (1741-1795)
06/02/2018
6
A morte de Lindóia (Canto IV)
Este lugar delicioso, e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la, e temem
Que desperte assustada, e irrite o 
monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
O URAGUAI (1769)
Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco, e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia, e fere
A serpente na testa, e a boca, e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
Açouta o campo co'a ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males. (...)
Moema, de Victor Meirelles (1866 - Brasil)
CONCLUSÃO
Nesta aula pudemos conhecer as características do
Arcadismo e seus principais representantes em Portugal e
no Brasil.
RESUMO
Nesta aula trataremos das características do Arcadismo,
bem como seus principais representantes em Portugal e
no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Arcadismo; poetas árcades
portugueses; poetas árcades brasileiros.
REFERÊNCIAS
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: 
Cultrix, 1997.
CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. São Paulo: 
Cultrix, 1989.
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: Saraiva de 
bolso, 2013.
MASSAUD, Moisés. História da Literatura Brasileira. São Paulo: 
Cultrix, 1983.
________________. A Literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 
2008.
________________. A Literatura 
portuguesa através dos textos. Cultrix, 
1986.

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