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Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Medicina Farmacologia I Pablo Bastos Rodrigues ATM 2016/2 Farmacologia Fundamentos Básicos em Farmacologia Fármaco: Qualquer substância química biologicamente ativa com poder de afetar o organismo e seu funcionamento. Não se considera alimento ou artefato. O ápice de formação de fármacos iniciou a partir da II Guerra Mundial. Substância que se utiliza para o diagnóstico, o alívio, o tratamento e a cura das doenças, assim como a prevenção das mesmas. Farmacologia: Estudo dos mecanismos dos fármacos, pela qual modifica a função dos sistemas vivos e afeta a função do organismo. MEDICAMENTO = FÁRMACO DROGA = Substância química que atua no organismo. PRÓ-DROGA: Fármaco inativo que ao passar por algum processo enzimático torna-se ativo e realiza a função desejada. UTILIZAÇÃO DOS FÁRMACOS 1. Preventivos: São medicamentos utilizados como prevenção de determinada causa. Ex: Vacinas e anticoncepcionais. 2. Substitutivos: Substituem alguma substância que deveria ser produzida ou ingerida. Ex: Vitaminas e insulina. 3. Supressores: Usados para suprimir a causa da doença. Ex: Antibióticos. 4. Sintomáticos: Corrigem os sintomas sem eliminar a causa. Ex: Antiinflamatórios. Farmacocinética: É o trânsito dentro do organismo, desde a sua absorção até a eliminação. - VIA (a via venosa é a mais rápida, porém com maior risco) + ABSORÇÃO (circulação sanguínea, a via venosa não possui essa etapa) + DISTRIBUIÇÃO (sangue) + METABOLIZAÇÃO (geralmente fígado, citocromo P450, é realizado para hidrossolubilizar os fármacos) + ELIMINAÇÃO (geralmente pelo rim através da urina, mas também pode ser pelas fezes e outras). Obs: Manitol (diurético) é um fármaco exclusivo que não sofre metabolização. Obs: Existem fármacos que não seguem o pensamento: aumenta a dose, aumenta o efeito terapêutico e aumenta o efeito colateral. Obs: SELETIVIDADE: Fármaco é mais seletivo ou menos seletivo conforme seu modo de ação, da quantidade de receptores e de enzimas que agem no seu mecanismo. Farmacodinâmica Farmacodinâmica: É o efeito do fármaco, seja ele desejado ou indesejado, no local alvo (receptor). É na farmacodinâmica que ocorre os efeitos terapêuticos, colaterais e tóxicos do fármaco. Efeito Colateral: Efeito adverso em doses abaixo da dose máxima. Efeito Tóxico: Efeito adverso em doses diárias acima da dose máxima. Mecanismo de Ação: Alterações bioquímicas ou fisiológicas que modificam as funções celulares. Efeito ou Resposta: Conseqüência da ação clinicamente observável ou mensurável. ALVOS PARA LIGAÇÃO DOS FÁRMACOS 1. Receptores de Membrana Celular: Geralmente levam o nome dos neurotransmissores. Ex: Histamina -> Histamínico. 2. Enzimas: São ativadas ou inibidas pelos fármacos. Ex: AINE’s inibem a enzima COX. 3. Moléculas Carreadoras: Ex: Diuréticos, que inibe a eliminação de sódio atuando na molécula carreadora de sódio. 4. Canais Iônicos: Atuam nos canais de Na+, Ca+, Cl-, K+, etc. Ex: Bloqueadores dos canais de cálcio e benzodiazepínicos. FÁRMACO + RECEPTOR COMPLEXO FR EFEITO FARMACOLÓGICO A ligação do fármaco com o receptor pode ser reversível ou irreversível, isso depende das interações moleculares entre os dois componentes. Fármacos Agonistas: São fármacos que possuem tanto afinidade química (afinidade para ligar-se ao receptor) como atividade intrínseca (modificam o receptor e desencadeia a resposta por sinalização protéica -> mecanismo chave fechadura). Eles podem ser agonistas totais (possuem elevada eficácia) e agonistas parciais (possuem eficácia intermediária porque não conseguem agonizar todos receptores). Locais de Ação Mecanismos de Ação EFEITOS Concentração Variação da Resposta das Drogas Fármacos Antagonistas: São fármacos que possuem apenas a afinidade química. Ex: Os β_bloqueadores não possuem atividade intrínseca, eles competem com a adrenalina para ligar-se ao receptor adrenérgico, quando esse fármaco se liga ele impede a ligação da adrenalina com o receptor, evitando assim a ação adrenérgica. Existem quatro tipos básicos de fármacos antagonistas: Antagonistas Farmacodinâmicos ou Competidores: Por competição de receptores com os agonistas. Antagonistas Farmacocinéticos: Agem na absorção, metabolização e excreção dos agonistas. Antagonistas Químicos: Ligam-se aos agonistas, sem deixá-los realizar sua função. Antagonistas Fisiológicos: Dois agonistas interagem em receptores independentes produzindo efeitos opostos que se anulam. TIPOS DE RECEPTORES São geralmente receptores de membranas. Os fármacos são geralmente ácidos ou bases fracas e lipossolúveis, ou seja, quanto maior for a lipossolubilidade mais rápido o fármaco atravessará a membrana plasmática. 1. Ligados a enzimas: Atividade enzimática citosólica por fosforilação do receptor transmembranoso, que ativam ou inibem essas enzimas, como, por exemplo, a tirosina-cinase. Ex: Receptores da insulina. 2. Ligados a proteína G: O AMPc, ativada com a proteína G, gera vasodilatação e broncodilatação, processo que ocorre em fármacos antihipertensivos, por exemplo. Ex: Captopril. 3. Ligados a canais iônicos: São regulados pelo fluxo de íons na membrana celular. São acionados quando um ligante se gruda ao canal. Ex: Receptor colinérgico nicotínico. 4. Intracelulares: Os glicocorticóides e hormônios atuam nesse tipo de receptor, alguns atuam ao nível de núcleo celular, modificando a produção de determinadas proteínas. Obs: Os glicocorticóides sempre, mesmo em doses baixas, causam imunossupressão como efeito colateral. Para conseguir o efeito desejado sem chegar à dose máxima pode-se fazer associação de medicamentos, com isso pode provocar menos efeitos colaterais comparados com a utilização de doses altas. Ex: (1) Associar broncodilatador a corticoide; (2) Enalapril associado a diurético e bloqueadores do canal de cálcio. Obs: A insulina também usa receptores de reserva, que são receptores que estão parados enquanto um fármaco já está realizando a sua resposta terapêutica máxima, eles não estão inativados e nem ocultos. CICLO DOS RECEPTORES Síntese dos Receptores (R.E.R.) Receptores Imaturos (C. de Golgi) Receptores Maduros (M. Plasmática) Eficácia: Relação entre a ocupação do receptor e a capacidade de iniciar uma resposta em nível molecular: celular ou tecidual. Depende da quantidade de complexos FR formados e da eficiência do acoplamento com o receptor até a resposta desejada. Potência: Refere-se a quantidade de fármaco de que se necessita para produzir um efeito farmacológico. Latência: Tempo de inicio da resposta do fármaco, corresponde ao tempo de absorção e o tempo dinâmico. Ex: Os antidepressivos têm latência de pelo menos duas semanas. Dessensibilização “Down Regulation” (ou Tolerância): Perda de receptores por exposição prolongada aos fármacos agonistas. É dado em longo prazo. Taquifilaxia: Receptor que entra em período de repouso como medida de controle para os efeitos do fármaco. É uma dessensibilização rápida dos receptores. Superssensibilização “Up Regulation”: Aumento da sensibilidade a agonistas do receptor após redução de um nível crônico de estimulação. Ex: Propranolol, esse medicamento nunca pode ser suspenso de formadireta, porque ele bloqueia os receptores para ação dos agonistas. Se a retirada for abrupta os agonistas realizarão a super estimulação dos receptores podendo causar até morte. Diminuição do Efeito Farmacológico Alteração na produção de receptores. Perda de receptores. Esgotamento dos mediadores. Adaptações fisiológicas perdendo a ação a esses receptores. Extrusão ativa do fármaco das células. Índice Terapêutico: Também chamada de janela terapêutica, segurança ao usar um fármaco, para não chegar perto da dose letal. Onde DL = dose letal e DE = dose de eficácia. Se o ID > ou = 10 pode administrar o fármaco. Quanto maior o ID menor o risco de ser letal. ID = DL 50 / DE 50 Salbutamol: Agonista β2_adrenérgico. (Broncodilatador -> Aerolin) Captopril: Inibidor da ECA (Antihipertensivo, vasodilatador) AINE’s: Inibidor da ciclooxigenase (Antiinflamatórios não esteriodais, como a aspirina, paracetamol [hepatotoxicidade de 4.000 mg/dia], ibuprofeno, diclofenaco). EFEITOS DOS FÁRMACOS A OMS define reação adversa como “qualquer resposta prejudicial ou indesejável, não intencional, a um medicamento utilizado no homem para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doença ou para modificação da função fisiológica”. REAÇÕES ADVERSAS DO MEDICAMENTO - RAM 1. Sofrimento e piora da qualidade de vida. 2. Aumento dos custos, hospitalizações e risco de morte para o paciente. 3. Dificuldade de manejo em determinadas funções. 4. Necessidade de tratamento adicional, adição de medicamentos para tratar reações adversas. 5. Necessidade de exames diagnósticos para detectar se é doença ou efeito adverso. CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS 1. EFEITOS COLATERAIS: São inerentes a própria ação do fármaco, ou seja, eles agem em outros locais fora do alvo terapêutico. Ocorrem mesmo em dose terapêutica. São indesejáveis em determinadas situações, em outras são desejáveis (sedativos). Efeitos mais comuns: Cefaleia Tosse seca causada pelos fármacos inibidores da ECA (captopril). Náusea e vômito: antibióticos, opióides, AINEs, quimioterápicos (alguns com alto potencial emético ou com baixo potencial, mas todos podem provocar). A maioria dos fármacos por via oral traz algum transtorno gástrico. Úlceras por tratamento com AINEs. Sedação causada por relaxante muscular, ansiolítico, anti-histamínicos, anti-psicóticos. Fadiga com uso β_bloqueador. Alergias e convulsões por uso de penicilinas em altas doses. Este gráfico representa como se acha a concentração letal de um fármaco para poder ter noção do índice terapeutíco do mesmo. O DL 50 equivale a concentração do fármaco em que ocorre 50% de mortalidade entre os individuos que usaram o medicamento. No gráfico 1 os medicamentos possuem a mesma eficácia, entretanto o medicamento A é mais potente que o medicamento B. No gráfico 2 o medicamento B nunca poderá substituir o medicamento A, pois ele nunca chegará na eficácia de A. Obs: Quanto mais fácil de atravessar a barreira hematoencefálica (impede a passagem dos mais hidrossolúveis), mais fácil de acontecerem os efeitos colaterais a nível central. Obs: A adrenalina não é seletiva comparada ao salbutamol, com isso o salbutamol (β bloqueador) mais seletivo causa menos efeitos colaterais comparado com a adrenalina (age em receptores α e β). 2. EFEITOS SECUNDÁRIOS: Surgem em decorrência da ação primária dos fármacos. Ex: Corticóides só são utilizados quando não se tem outra opção, pois são imunossupressores e podem causar infecções secundárias (oportunistas) como a candidiase oral. Anti-hipertensivos pode causar uma hipotensão com o seu uso. 3. HIPERSENSIBILIDADE: São reações sistêmicas ou localizadas. É uma sensibilização prévia do individuo ao corpo estranho, quanto mais exposto maior a reação. É gerado por um mecanismo imunológico (geralmente por descarga de histamina) e não está relacionado com a dose do fármaco. Qualquer fármaco pode dar hipersensibilidade, mas alguns são mais alergênicos como os antibióticos (penicilina). Sinais de hipersensibilidade são pruridos e choque anafilático. Hipersensibilidade Cruzada: Pode acontecer quando se usa um medicamento do mesmo grupo de outro que já tenha causado hipersensibilidade. Ex: Após reação alérgica a uma penicilina pode se usar outra? Como se trata de um mesmo grupo de fármacos é bem provável que haja outra reação, então não deve ser usada. Se for uma reação leve pode ser tratada com cefalosporina, se for uma reação mais forte não se deve usar nenhum β-lactâmico, porque pode haver risco de morte (choque anafilático). 4. REAÇÕES IDIOSSINCRÁSICAS: É uma questão genética, uma resposta rara e inesperada a determinado fármaco. Pode ser por um efeito enzimático genético isolado (individual) que se manifesta durante a utilização de fármacos. É pouco provável que ocorra esse tipo de reação. Ex: Hipocalemia com uso de captopril. 5. EFEITOS TÓXICOS: Decorrem de concentrações superiores à terapêutica, gerado por variações farmacocinéticas e doenças ou características genéticas. Obs: Se a dosagem estiver correta e houver efeito tóxico pode haver erro na metabolização ou excreção de fármaco. Nesse caso, deve-se analisar a taxa de filtração e os níveis de creatinina. Diminuir a dose ou abolir totalmente o uso do fármaco. Especial atenção para medicamentos hepatotóxicos e nefrotóxicos. Ex: A aspirina (ácido acetilsalicílico) em altas doses causa efeitos gastrointestinais ulcerosos, desequilíbrio do pH sanguíneo o que leva a uma hiperventilação pulmonar que pode levar a morte. 6. REAÇÕES TERATOGÊNICAS: Existem fármacos que atravessam a placenta e possuem efeito teratogênico, pois não são metabolizados por ela. Ex: Anti-hipertensivos inibidores da ECA na gravidez podem ser fetopáticos. 7. SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA. a) Física: Hipotensão, hipoglicemia, hipoventilação. b) Psíquica: O paciente tenta obter a droga de qualquer forma. Ansiedade, irritação. Ex: Opióides em dores crônicas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Pode ocorrer intensificação do efeito, inclusive com os efeitos tóxicos presentes ou diminuição dos efeitos de um ou mais fármacos. EFEITO ASSOCIAÇÃO MECANISMO DE AÇÃO Aditivo AAS + diclofenaco de sódio Bloqueio enzimático da COX Somatório Meperidina + cetoprofeno No primeiro bloqueio de receptores opióides e o segundo bloqueio da COX Potencialização Codeína + imipramina O primeiro bloqueia o receptor opióide, o segundo causa ativação do sistema descendente serotoninérgico, inibição da degradação de encefalinas e bloqueio da recaptação das encefalinas. Farmacocinética Estuda os processos que a droga sofre no organismo: absorção, distribuição, metabolização e excreção do fármaco. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO As vias podem ser: enteral, parenteral e outras (inalatória, intranasal). Para escolha da via de administração são considerados vários fatores: 1. Desejo de efeito local ou sistêmico. 2. Propriedades da droga e da forma farmacêutica. 3. Idade do paciente. 4. Conveniência, custos e disponibilidade. 5. Tempo necessário para o ínicio do tratamento. 6. Duração do tratamento. 7. Obediência do paciente ao regime terapêutico. VIA PARENTERAL Introduz o fármaco diretamente na circulação sistêmica, utilizado para fármacos pouco absorvido no TGI (heparina) e fármacos instáveis (insulina). Sua administração é IRREVERSÍVEL e tem MAIOR BIODISPONIBILIDADE. 1. VIA INTRAVENOSA (IV) É uma viade efeito imediata, geralmente é administrado fármacos com meia vida curta. Vantagens: Níveis plasmáticos previsíveis, pois não sofre absorção no TGI; biodisponibilidade de 100%, indicada em emergências, indicada nas substâncias irritantes por outras vias. Desvantagens: Necessita de assepsia, dificuldade na execução, menor segurança (efeitos agudos e intensos), maior custo e efeitos indesejados no local da aplicação (flebite, trombose). 2. VIA INTRAMUSCULAR (IM) É uma via rápida e mais segura que a IV. O fluxo sanguíneo do local da aplicação é quem determina a velocidade de absorção do fármaco. Se não forem bem solubilizados ocorrerá precipitação no local da injeção, absorção incompleta e muito lenta. Podem provocar dor, desconforto, dano celular, hematoma e reações alérgicas. Se o fármaco for administrado em solução aquosa sua absorção será rápida, se tiver preparação de depósito (solução oleosa ou em suspensão) sua absorção será lenta e constante. Ex: Cloranfenicol é um antimicrobiano que precipita bastante após a injeção (fármaco de depósito). 3. VIA SUBCUTÂNEA (SC) É introduzida na área abaixo da pele. É rápida, pois o fármaco só necessita ultrapassar as células endoteliais para chegar a corrente sanguínea. O fluxo sanguíneo da região de aplicação é determinante para a velocidade da absorção da droga. Não é adequada para grandes volumes e substâncias irritantes e podem provocar dor local e infecções. Na via subcutânea também pode ser administrado um fármaco de depósito, geralmente ocorre associada com um vasoconstritor (epinefrina). Ex: Insulina. VIA ENTERAL 1. VIA ORAL A absorção das drogas por via oral pode ocorrer na boca (mucosa bucal e sublingual), no intestino delgado, no reto e em menor extensão no estomago e no intestino grosso. Elas podem exercer um efeito local no trato gastrointestinal ou ser absorvidos pela mucosa gastrointestinal, atingir o sangue e a linfa e exercer seus efeitos sistêmicos. Deve haver uma preocupação com a forma farmacêutica da droga: líquido, cápsula ou comprimido. 2. VIA SUBLINGUAL Local com rica vascularização e permite rápida absorção de pequenas doses. Protege fármacos suscetíveis da inativação gastrointestinal e hepática não sofrendo metabolismo de primeira passagem, portanto, indo direto para a circulação sanguínea. São geralmente fármacos formados por micropartículas. Ex: Nitratos. Vantagens: Absorção rápida (local altamente vascularizado), administração conveniente, baixa incidência de infecções, evita que o fármaco passe pelo ambiente agressivo do intestino e evita a biotransformação de primeira passagem. Desvantagens: Dificuldade de manter o contato com a mucosa oral por causa da ação diluidora da saliva. OUTRAS VIAS 1. VIA INALATÓRIA Tem efeitos locais e sistêmicos, grande área de absorção (mucosa nasal ao epitélio alveolar). É muito rápida, pois tem vascularização justaposta as membranas e tem rico fluxo sanguíneo, além de oferta rápida ao epitélio respiratório da droga. A desvantagem dessa via é a irritação da mucosa respiratória. Ex: Salbutamol no tratamento da asma. 2. VIA RETAL Usada em pacientes inconscientes, com vômitos ou com dificuldade de deglutição. Protege o fármaco da inativação gástrica e hepática (50% do fluxo venoso retal tem acesso à circulação porta). A absorção é errática e incompleta porque depende da motilidade intestinal e causa irritação da mucosa retal. Vantagens •São autoadministrados facilmente e evitam infecções sistêmicas que podem complicar o tratamento. •A toxicidade ou dosagens excessivas por essa via podem ser neutralizadas com antídotos, como o carvão ativado. •Custa mais barato. • Mais segura. Desvantagens •Não tem efeitos sistêmicos imediatos. •Fármacos mal absorvidos pela mucosa digestiva. •Fármacos inativados frente ao suco gástrico. •Fármacos que formam complexos insolúveis com os alimentos. •Fármacos com importante metabolismo de primeira passagem hepática. •Emese ou impossibilidade de deglutição. •Sabor ou odor desagradáveis. 3. TÓPICA CUTÂNEA Utilizada quando se deseja um efeito localizado. Deve ser usado em pele não íntegra, pois a pele intacta funciona como uma barreira, com isso tem uma absorção lenta e ineficaz. O aumento da absorção por essa via ocorre com veículos lipossolúveis, queimaduras, ulcerações, aumento da temperatura e aumento do grau de hidratação. ABSORÇÃO Para alcançar seu local de ação a droga na maioria dos casos é obrigada a atravessar barreiras (epitélio gastrointestinal, endotélio vascular e membranas plasmáticas). A absorção é importante para todas as vias de administração (exceto a via IV). Existem casos, como a inalação de um broncodilatador na forma de aerossol, em que a absorção não é necessária para que o fármaco atue no seu sítio de ação, mas na maioria dos casos o fármaco deve entrar no plasma antes de chegar ao seu local de ação. ABSORÇÃO É QUANDO A DROGA PASSA PARA O PLASMA. A velocidade absortiva depende: Dosagem e emprego de formas sólidas ou líquidas; Grau de hidratação e de dissolução; Estabilidade química nos sucos digestivos; Esvaziamento gástrico; Trânsito intestinal; Flora bacteriana digestiva; Presença de alimento e outros fármacos. Itens observados na absorção de um fármaco: a) Membranas Fisiológicas As bicamadas lipídicas ou gordurosas são impermeáveis a maioria das moléculas polares e aos íons sendo, entretanto, permeáveis as moléculas das drogas apolares. Portanto, drogas lipossolúveis serão facilmente absorvidas, enquanto as que não são lipossolúveis precisam de processos especiais para atravessar as membranas biológicas como, por exemplo, os canais hidrofílicos funcionais formados por proteínas que fazem parte integrante das membranas. Os íons não atravessam a membrana plasmática. b) Propriedades Físico-Químicas dos Fármacos Lipossolubilidade: Bem absorvido. Hidrossolubilidade: Só permite absorção quando existem nas membranas sistemas transportadores específicos ou canais e poros hidrofílicos. Estabilidade química da molécula: Quanto mais instável menos absorvida é a droga. Peso molecular, tamanho e volume da molécula: Quando maior e mais pesada for a molécula maior será a dificuldade de ser absorvida. Carga elétrica da molécula: Quanto mais apolar mais absorvida. As bicamadas lipídicas das membranas biológicas têm permeabilidade muito baixa para os íons e para maioria das moléculas polares, enquanto que a permeabilidade é mais elevada para moléculas apolares. Ionização da molécula: A maioria dos fármacos permanece na forma ionizada (dificuldade em atravessar a membrana plasmática) ou não ionizada (atravessam com maior facilidade a membrana plasmática). A dissociação é influenciada pelo meio. pH do meio: Fármacos ácidos são mais absorvidos em meios ácidos e o mesmo ocorre com as bases, ou seja, a absorção depende do pH do meio. Quanto menor o pKa mais ácido será o fármaco, quanto maior o pKa mais básico será o fármaco. (pKa é uma medida de força da interação de um composto com o próton). Forma farmacêutica: Comprimidos, cápsulas, soluções, xaropes. Velocidade de dissolução da droga: Quando administrada por via oral tem que saber se há compatilibilidade com as secreções gástricas. Concentração da droga no local de absorção: Quanto maior a concentração da droga, maior será a absorção. c) Modalidade da Absorção Difusão Simples ouPassiva Processo mais frequente, a favor do gradiente de concentração e sem gasto de energia; Distribuição das moléculas do meio mais concentrado para o meio menos concentrado; Determinada pela energia cinética ou agitação térmica das moléculas ou pelo gradiente de concentração; As moléculas necessitam ser apolares, possuírem peso molecular compatível com a bicamada lipídica da membrana a ser atravessada e ser lipossolúvel. Difusão Facilitada Necessita de um transportador existente na membrana, mas não tem gasto de energia; A força responsável pela difusão facilitada é como na difusão simples, o gradiente de concentração, mas sua velocidade depende da combinação com o transportador existente na membrana. Transporte Ativo O fármaco move-se contra o gradiente de concentração ou um gradiente eletroquímico; O sistema pode ser saturado e ocorre gasto de energia na forma de ATP; A velocidade do transporte é limitada pelo transporte do transportador, se ocorre saturação essa velocidade diminui; É seletivo, o soluto a ser transferido deve ter estrutura química adequada aos pontos de ligação da proteína transportadora. Vesicular (Pinocitose, Fagocitose e Exocitose) A pinocitose e a fagocitose são processos de absorção nos quais a membrana celular se invagina em torno de uma molécula ou de várias pequenas moléculas e as engloba junto com gotículas do meio extracelular, em seguida formam-se vesículas intracelulares que se destacam da membrana; Esses processos exigem energia celular para a sua execução e diferentemente do transporte ativo não necessitam de transportadores específicos nas membranas celulares. A exocitose é o contrário da endocitose, processo que ocorre com a formação de vesícula para expulsar o composto da célula, acontece com a noraepinefrina, por exemplo. d) Locais de Absorção o Mucosa bucal: Ex.: esteróides (metiltestosterona, estradiol), nicotina, cocaína. o Mucosa gástrica: Ex.: água, aspirina, fenobarbital (ácidos fracos). o Mucosa do intestino delgado: ótima absorção o Mucosa do intestino grosso: pouca absorção / ampla vascularização. o Pulmão: efeitos locais e sistêmicos o Pele: maior absorção quando necessário efeito local. e) Fatores que influenciam na absorção Fluxo de sangue no local da absorção: O fluxo de sangue para o intestino é muito maior do que para o estomago assim a absorção no intestino é muito maior do que no estomago. Área ou superfície disponível para absorção: O intestino tem uma superfície rica em microvilosidades apresenta uma superfície cerca de 1000 vezes maior do que o estomago, assim a absorção de fármacos pelo intestino é mais eficiente. Tempo de contato com a superfície de absorção: Se um fármaco se desloca muito rápido ao longo do TGI como ocorre na diarreia intensa ele não será bem absorvido, no entanto, qualquer retardo no transporte do estomago para o intestino reduz a sua velocidade de absorção. METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM HEPÁTICA Ocorre quando o fármaco passa pelo tecido hepático antes de atingir a circulação sistêmica. A quantidade que chega à circulação sistêmica é consideradamente menor que a absorvida --- e isso se chama de metabolismo de primeira passagem. Ele reduz a biodisponibilidade do fármaco e, portanto, é necessária uma dose muito maior do fármaco quando é administrado por via oral do que por outras vias. Porém, ocorrem grandes variações individuais. Se o paciente tiver uma insuficiência hepática pode ocorrer um aumento da biodisponibilidade e a dose terapêutica pode tornar-se uma dose tóxica. MEIA VIDA DAS DROGAS Refere-se ao tempo que determinada concentração da droga leva para reduzir-se à metade. Origina dados importantes para interpretação dos efeitos terapêuticos ou tóxicos das drogas, da duração do efeito farmacológico e do regime posológico adequado. Quando a meia-vida é prolongada acima do valor normal, como acontece com os digitálicos e a gentamicina na presença de insuficiência renal, o tempo é maior para se alcançar a concentração plasmática máxima constante, isso pode levar a concentrações sanguíneas muito mais elevadas que as normais, podendo atingir níveis tóxicos, portanto, neste caso a dose deve ser diminuída ou os intervalos entre as doses devem ser prolongados. DISTRIBUIÇÃO Um fármaco reversivelmente abandona o leito vascular e entra no líquido extracelular e/ ou nas células dos tecidos. É o transporte da droga pelo sangue e outros fluidos aos tecidos do corpo. FÁRMACO ATIVO = FÁRMACO LIVRE. Biodisponibilidade: Quantidade de fármaco que entra na corrente sanguínea. Indica a velocidade que a droga atinge o sangue. A via de administração intravenosa tem biodisponibilidade total. Nas outras vias a biodisponibilidade é influenciada por fatores que dependem da droga. A via oral não chega a ter biodisponibilidade de 70%. Os fatores que influenciam na biodisponibilidade são: biotransformação hepática de primeira passagem, solubilidade do fármaco, instabilidade química (benzilpenicilinas que são instáveis no pH gástrico) e natureza da formulação do fármaco (comprimidos e cápsulas tem que sofrer desintegração para ser absorvido). Genérico: Mesma biodisponibilidade. Similar: Biodisponibilidade menor que a do fármaco original. Bioequivalência: São fármacos com o mesmo principio ativo, mesma biodisponibilidade, mesma via de absorção, ou seja, são fármacos semelhantes em todos os aspectos. A distribuição depende: a) Fluxo Sanguíneo: O fluxo sanguíneo para o cérebro, fígado e rins é maior que para os músculos esqueléticos e tecido adiposo, portanto, a distribuição para estes locais é maior. Ex: Tiopental IV: O aumento do fluxo com o aumento da lipossolubilidade determina a rapidez do fármaco, agindo de forma anestésica. b) Permeabilidade Capilar: Depende da estrutura do capilar e da estrutura do fármaco. Barreira Hematoencefálica: O transporte depende das propriedades físico-químicas da molécula da droga; drogas apolares, não ionizada, lipossolúveis de tamanho molecular reduzido, atravessam mais facilmente a BHE. É importante quando se deseja levar fármacos antimicrobianos até o SNC a fim de combater infecções localizadas. Aumenta a seletividade dos fármacos. Drogas que precisam atingir o encéfalo, a fim de modificar a atividade do SNC (hipnóticos, anestésicos, tranquilizantes). A penicilina tem dificuldade de atravessar a barreira, pois é um ácido orgânico muito ionizado e suas frações não ionizadas não são lipossolúveis. Barreira Placentária: Concentrações adequadas de fármaco chegam à circulação fetal. Há fármacos que também passam pelo leite materno. c) Ligação dos fármacos as proteínas plasmáticas: Essas proteínas realizam o transporte dos fármacos pelo sangue. A albumina possui maior afinidade por fármacos aniônicos (ácidos fracos) e hidrofóbicos. Já a α1-glicoproteína ácida tem maior afinidade a fármacos básicos. No sangue quase todas as drogas se subdividem em livres, dissolvidas no plasma e outras que se ligam as proteínas plasmáticas (albumina é a principal). Somente a parte livre é que pode ser distribuída e atravessar o endotélio vascular atingindo o compartimento extravascular. A parte ligada as proteínas plasmáticas constitui a fração de reserva das drogas e só se torna farmacologicamente disponível no momento em que se converte em porção livre. Forma-se no sangue um equilíbrio entre a parte ligada e a parte livre da droga. À medida que a parte livre é utilizada pelo organismo a parte ligada vai se desligando para substituiraquela parte livre que é distribuída, acumulada, metabolizada e excretada. O grau de ligação das proteínas plasmáticas com o fármaco depende: Afinidade entre a droga e a proteína plasmática; concentração sanguínea da droga; concentração das proteínas sanguíneas; e atração entre droga e proteína, principalmente a albumina, que consiste de uma ligação reversível de várias forças tais como: eletrostáticas, forças de Van der Waals, pontes de hidrogênio e atração iônica. A magnitude da ligação proteica das drogas é muito variável, assim algumas drogas apresentam 15% ou menos de ligação proteica como o acetominofeno, aciclovir e gentamicina, e outras drogas apresentam até mais de 95% de ligação proteica como diazepam, furosemida, digoxina e varfarina. Obs: Uma droga ligada à albumina pode ser deslocada por outra droga que possua maior afinidade por essa proteína transportadora, então por competição farmacológica a concentração plasmática da parte livre da droga deslocada se eleva e pode inclusive produzir níveis tóxicos. Ex: Fenilbutazona desloca anticoagulantes muscarínicos da sua ligação proteica aumentando o efeito anticoagulante da droga e o seu metabolismo. METABOLIZAÇÃO A metabolização pode ocorrer em vários locais, mas principalmente no fígado (outros: mucosa intestinal, pulmão, sangue e placenta). Transforma fármacos lipofílicos em produtos facilmente excretados (hidrossolúveis). Inativação: As drogas, na sua maioria ou seus metabólitos, são inativados ou transformados em produtos menos ativos. Ex: Morfina. Metabólito ativo de droga ativa: muitas drogas são parcialmente transformadas em um ou mais metabólitos ativos. Ex: Hidrato de Cloral (tricloroetanol). Ativação de droga inativa: As chamadas pró-drogas ou pro-fármacos, são inativas e necessitam ser metabolizadas para se tornarem ativas. Ex: Levodopa que se transforma em dopamina. Ausência de metabolismo: Certas drogas como as penicilinas e anestésicos gerais inalatórios, são excretadas em forma inalterada, sem sofrer metabolismo, devido às suas propriedades físico-químicas peculiares. Fatores que alteram a biotransformação hepática: idade, sexo, diferenças individuais, fatores genéticos, doenças hepáticas (hepatite, cirrose) e desnutrição. Obs: O fármaco conjugado geralmente é inativo. Fase I ocorre através do citocromo P450 (sistema monooxigenases) que realiza reações de oxirredução acrescentando um oxigênio no fármaco, deixando mais hidrossolúvel, isso ocorre através do NADPH. As enzimas do citocromo P450 são heme proteínas abrangendo uma grande família denominada por CYP (isoenzimas CYP1, CYP2 e CYP3 -> mais importante). A fase II ocorre com a conjugação com o ácido glicurônico. O conjugado resultante é quase sempre farmacologicamente inativo e menos lipossolúvel do que seu precursor sendo então eliminado na urina ou bile. Os fármacos que possuem grupos –OH; -NH2; - COOH podem entrar diretamente na Fase II e serem conjugados sem uma reação da Fase I. Os grupamentos envolvidos são o glicuronil, sulfato, metil, acetil e glicil. Também pode ocorrer inversão das fases. Indutores do Sistema P450: Certos fármacos são capazes de aumentar uma ou mais isoenzimas CYP. Esse aumento resulta com aceleração da biotransformação dos fármacos, redução do efeito farmacológico, e pode aumentar a toxicidade e a capacidade carcinogênica de um fármaco porque diversos metabólitos da fase I são tóxicos ou carcinogênicos. Ex: Paracetamol. Ex: Carbamazepina x ACO: A carbamazepina (anticonvulsivante) induz a ação das isoenzimas dos ACO, diminuindo a sua ação farmacológica. Inibidores do Sistema P450: Ocorre inibição da atividade das isoenzimas CYP. É uma fonte importante de interações de fármacos, causando efeitos adversos. A forma mais comum é inibição por competição pela mesma isoenzima. Ex: Omeprazol x Varfarina: O omeprazol é inibidor importante de três isoenzimas que metabolizam a varfarina, com isso inibe a coagulação e aumenta as chances de hemorragia porque a varfarina não é metabolizada e fica com uma maior quantidade livre no plasma (aumentando, assim, o efeito anticoagulante). EXCREÇÃO As substâncias lipofílicas não são facilmente excretadas pelos rins, para isso as drogas lipofílicas são metabolizadas em derivados polares que são facilmente excretados pela urina. Excreção renal - substâncias hidrossolúveis. Excreção biliar - substâncias biotransformadas. Excreção pulmonar (anestésicos gasosos) - substâncias voláteis. Suor, saliva, lágrimas, leite materno, fezes e secreção nasal. a) Filtração Glomerular: Filtração Moléculas de drogas com peso molecular menor que 20.000 atingem o filtrado glomerular. As proteínas plasmáticas não atingem o filtrado glomerular. A varfarina, por exemplo, que se liga à albumina plasmática até 98%, tem concentração no filtrado glomerular que só atinge 2%. A lipossolubilidade e o pH não influenciam a passagem dos fármacos para o filtrado glomerular. b) Secreção Tubular Proximal: Reabsorção Até 20% do fluxo plasmático é filtrado pelos glomérulos, o que deixa cerca de 80% da droga passar pelos capilares peritubulares do túbulo proximal. Neste ponto as moléculas da droga são transferidas para a luz tubular por dois sistemas transportadores independentes e relativamente não seletivos, um desses sistemas transporta drogas ácidas e vários ácidos endógenos, como o ácido úrico e o outro transporta bases. Como pelo menos 80% da droga que chega ao rim é apresentada ao sistema transportador, a secreção tubular é praticamente o mecanismo mais eficiente na eliminação da droga por excreção renal. Muitas drogas compartilham do mesmo sistema de transporte podendo haver competição entre elas. Ex: A probenecida prolonga a ação da penicilina porque retarda a sua excreção. c) Secreção Tubular Distal: Reabsorção O fármaco se desloca em direção ao túbulo contorcido distal e sua concentração aumenta e excede o espaço perivascular. Se o fármaco for neutro, pode difundir-se para fora do lúmen retornando a circulação sistêmica, se ionizado e mais hidrossolúvel o fármaco é eliminado. Drogas com elevadas lipossolubilidade são lentamente excretadas. Se a droga é altamente polar e, portanto, tem baixa permeabilidade tubular, sua concentração na urina se eleva cerca de 100 vezes mais do que no plasma. Obs: O MANITOL é livremente absorvido, filtrado e excretado. Obs: O ácido úrico é secretado no túbulo proximal, se algum fármaco atua nesse local ele compete com a secreção do ácido úrico, o que pode levar a uma urocemia e posteriormente em gota. Sistema Nervoso COORDENAÇÃO E ADAPTAÇÃO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS O SNC recebe, analisa e integra informações. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais para o sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores (músculos e glândulas). No sistema nervoso periférico tem o sistema nervoso somático com ações voluntárias que resultam da contração de músculos estriados esqueléticos e o sistema nervoso autônomo que é dividido em dois grupos de acordo com o tipo de neurônio envolvido no mecanismo de ação: adrenérgico (noradrenalina e adrenalina) e colinérgico (acetilcolina). SISTEMA NERVOSO AUTONÔMO Transporta todos os impulsos do SNC. Apresenta uma ação integradora sobre a homeostase corporal. Existem receptores específicos para colinérgicos e para adrenérgicos. 1) Fibras Pré e Pós Ganglionares Parassimpáticas: ACETILCOLINA 2) Fibras Pré Ganglionares Simpáticas: ACETILCOLINA 3) Fibras Pós Ganglionares Simpáticas: NORADRENALINASistema Nervoso Simpático: Predomina principalmente durante “respostas ativas”: luta, fuga e estresse. Sistema Nervoso Parassimpático: Predomina durante “respostas passivas”: saciedade, repouso e digestão. SISTEMA COLINÉRGICO Neurônio Colinérgico (Parassimpático): Neurotransmissor -> ACETILCOLINA A fibra pré-ganglionar que termina na medula adrenal; Gânglio autônomo (tanto simpático quanto parassimpático); Fibras pós-ganglionares da divisão parassimpática; Inervam os músculos do sistema somático; Desempenha um papel importante no SNC. SÍNTESE DA ACETILCOLINA SINAPSE COLINÉRGICA: Após ativação do receptor a acetilcolina é hidrolisada pela AchE (acetilcolinesterase). O controle de liberação é feito pela ativação de auto- receptores pré-sinápticos do tipo M2. RECEPTORES PARA A ACETILCOLINA 1. MUSCARÍNICOS: Liga-se com a acetilcolina, reconhecem a muscarina (alcaloide presente em certos cogumelos venenosos), apresentam baixa afinidade pela nicotina. O mecanismo de transdução de sinal é mais lento e atuam em receptores metabotrópicos (acoplados a proteína G). Existem 5 subtipos de receptores muscarínicos (M1, M2, M3, M4 e M5). M1: Gânglios, glândulas secretoras, células parietais gástricas, SNC (predominante). M2: Miocárdio e músculo liso. M3 e M4: Bexiga (M3), glândulas secretoras e músculo liso. Os receptores M1 e M3 quando ativados interagem com a proteína Gq, a qual aumenta o cálcio intracelular, e esse aumento pode estimular ou inibir enzimas ou causar secreção ou contração. A ativação dos receptores do tipo M2 no músculo cardíaco estimula a proteína Gi, a qual inibe a resposta da adenilciclase, aumenta a condutância de potássio levando a diminuição da velocidade e força de contração. 2) NICOTÍNICOS: Ligam-se a acetilcolina, reconhecem a nicotina, possuem baixa afinidade pela muscarina. O mecanismo de transdução de sinal é mais rápido através de receptores ionotrópicos. Existem dois tipos de receptores nicotínicos: Nn: Gânglio autônomo e medula adrenal. Nm: Placa terminal e junção neuromuscular. Colinérgicos COLINÉRGICOS DE AÇÃO DIRETA a) Acetilcolina e ésteres sintéticos: CARBACOL, BETANECOL (mais resistente a hidrólise) e METACOLINA. b) Alcalóides naturais e derivados: PILOCARPINA, MUSCARINA, AEROCOLINA e OXOTREMORINA. ACETILCOLINA Neurotransmissor fisiológico com um grupamento chamado amônio quartenário que dificulta a passagem pela barreira hematoencefálica. É pouco utilizada porque é facilmente degradada pela acetilcolinesterase ou butirilcolinesterase. Efeitos no Sistema Cardiovascular Diminuição da frequência (cronotropismo negativo) e do débito cardíaco. Diminuição da força de contração (inotropismo negativo). Vasodilatação e diminuição da pressão arterial. Efeitos no Trato Gastrointestinal Aumento da secreção salivar. Estimulo das secreções e motilidade intestinal. Contração da musculatura visceral (intestino, bexiga, brônquios). Efeitos Oftalmológicos Contração do músculo ciliar -> Miose BETANECOL É um fármaco com maior resistência a hidrólise, não sendo assim tão facilmente quebrado pela acetilcolinesterase, isto por causa do grupamento do ácido carbâmico. Forte afinidade muscarínica e fraca afinidade nicotínica (devido à presença de um grupo metila). Está relacionado estruturalmente com a acetilcolina, atua como agonista M1, M2 e M3. Duração por cerca de uma hora. Principais Ações: Contração da musculatura lisa da bexiga (estimula os músculos detrusores da bexiga, relaxa o trígono e promove a micção), e no TGI (aumenta a motilidade e o tônus intestinal). Aplicações Terapêuticas: Tratamento urológico, usado para estimular bexiga atônica, tratamento de atonia neurogênica, íleo adinâmico e megacólon. Efeitos Adversos: Sudorese, salivação, rubor, diminuição da pressão arterial, náuseas, dor abdominal, diarréia e broncoespasmo. PILOCARPINA Extraída da Pilocarpus pennatifolius (Jaborandi). É um alcaloide, amina terciária, resistente a hidrolise da acetilcolinesterase. É menos potente que a acetilcolina e seus derivados. Não possui carga elétrica, por isso alcança o SNC nas doses terapêuticas (atravessa a BHE). Apresenta atividade muscarínica (M1, M2 e M3). É utilizada principalmente pela oftalmologia. Principais Ações Fármaco de escolha para redução emergencial de pressão intraocular nos glaucomas de ângulo estreito e ângulo amplo. Útil para promover salivação em pacientes que apresentam xerostomia (secura da mucosa oral). Secretagoga. Estimula as secreções como suor, lágrima e saliva. (Não tem seletividade). Efeitos Adversos Distúrbios no SNC. Estímulo da salivação e sudorese. COLINÉRGICOS DE AÇÃO INDIRETA ou ANTICOLINESTERÁSICOS São fármacos que atuam tanto em receptores do tipo muscarínicos quanto nicotínicos inibindo a ação da acetilcolinesterase, o que acaba aumentando o tempo de resposta da acetilcolina nos receptores. a) Curta Ação: EDROFÔNIO (usado no diagnóstico de miastenia gravis). b) Intermediária Ação: NEOSTIGMINA, PIRIDOSTIGMINA e FISOSTIGMINA. c) Irreversíveis: ORGANOFOSFORADOS. FISOSTIGMINA Encontrado naturalmente em plantas. É um substrato da acetilcolinesterase que se liga reversivelmente e torna a ação da enzima mais lenta, gerando uma potenciação da atividade colinérgica em todo o organismo. A fisostigmina age tanto em sítios muscarínicos quanto nicotínicos do sistema nervoso autônomo, assim como nos receptores nicotínicos da junção neuromuscular. Sua duração de ação é cerca de 2 a 4 horas, considerado fármaco de ação intermediária. Atravessa a BHE. Principais Ações Aplicada como colírio na redução da pressão intraocular, produz miose e espasmo de acomodação, para o tratamento do glaucoma, porém a pilocarpina é mais eficaz. Aumenta a motilidade do intestino e bexiga, usada no tratamento de atonia nos dois órgãos. Revertem os efeitos da atropina no SNC e o bloqueio neuromuscular. Efeitos Adversos Convulsões no SNC. Bradicardia e queda da pressão arterial. Acúmulo de acetilcolina nas junções neuromusculares que pode resultar em paralisia dos músculos esqueléticos. NEOSTIGMINA Fármaco sintético que age semelhante a fisostigmina. Não atravessa a BHE por ser mais polar que a fisostigmina. Apresenta duração de ação intermediária de 2-4 horas. Age como antagonista da tubocurarina. Principais Ações Previne a distenção abdominal pós-cirúrgica e a retenção urinária. Age no tratamento sintomático da miastenia grave. TACRINA, DONEPEZILA, RIVASTIGMINA e GALANTAMINA São fármacos utilizados para o tratamento da perda cognitiva. Ajudam a retardar o avanço da doença (Mal de Parkinson). TACRINA foi a primeira a ser desenvolvida -> HEPATOTÓXICA. ECOTIOFATO É um organofosforado que se liga covalentemente com a acetilcolinesterase. Gera um aumento de longa duração nos níveis de acetilcolina, podendo causar paralisia da função motora e convulsões. Provoca intensa miose, podendo ser usado no tratamento crônico do glaucoma de ângulo amplo. Apresenta longa duração podendo perdurar por uma semana. ANTICOLINÉRGICOS São fármacos que realizam antagonismo aos efeitos do sistema colinérgico. São classificados como: a) Agentes Antimuscarínicos: ATROPINA, ESCOPOLAMINA, CICLOPENTOLATO, IPRATRÓPIO e TROPICAMINA. b) Bloqueadores Ganglionares: NICOTINA e MECAMILAMINA. c) BloqueadoresNeuromusculares: TUBOCURARINA, ROCURÔNIO e MIVACÚRIO. ATROPINA É um alcaloide natural extraído da espécie de plantas Atropa belladona. Tem alta afinidade por receptores muscarínicos ligando-se competitivamente e impedindo a ligação da acetilcolina. Atua tanto em nível central ou periférico (atravessa a BHE). Seus efeitos duram em torno de 4 horas (quando aplicada topicamente pode ter duração de dias). Principais Ações Olho: Midríase persistente, cicloplegia (paralisação do músculo ciliar), aumento da pressão intraocular em indivíduos com glaucoma de ângulo estreito. TGI: Antiespasmódica (reduz a atividade do TGI -> relaxamento). Não é eficaz na cura de úlcera péptica. Sistema Urinário: Reduz a hipermotilidade da bexiga. Sistema Cardiovascular: Em doses baixas ocorre diminuição da frequência cardíaca (por bloqueio de M1). Em doses elevadas (1mg) ocorre aumento modesto da frequência cardíaca (por bloqueio M2). Não altera a pressão arterial. Secreções: Bloqueia a produção de secreção pelas glândulas. Efeitos Adversos: Dependente da dose Xerostomia Visão Borrada Taquicardia Constipação Alucinações e delírios. ESCOPOLAMINA Alcalóide natural de amina terciária da beladona. Produz efeitos periféricos similares ao da atropina. Apresenta maior ação no SNC do que a atropina. Apresenta uma duração de ação mais longa. É considerado um fármaco anticinetósicos. Principais Ações Ele bloqueia a memória de curta duração. Produz sedação, em doses elevadas excitação. Euforia quando utilizada em abuso. Amnésia importante nos procedimentos anestésicos. TROPICAMIDA e CICLOPENTOLATO São fármacos usados como soluções oftálmicas para midríase e cicloplegia. Tem duração de ação menor que da atropina. A tropicamida produz midríase por seis horas e o ciclopentolado por 24 horas, são geralmente os fármacos utilizados para causar dilatação da pupila em exames oftalmológicos. BLOQUEADORES GANGLIONARES São fármacos que atuam especificamente nos receptores nicotínicos dos gânglios autônomos parassimpáticos e simpáticos. Eles podem bloquear alguns canais iônicos dos gânglios antônomos e bloqueiam completamente os impulsos do sistema nervoso autônomo nos receptores nicotínicos. NICOTINA: Dependendo da dose ela despolariza os gânglios antônomos, resultando primeiro em estimulação e depois em paralisia de todos os gânglios - Não é usada terapeuticamente. MECAMILAMINA: Bloqueio nicotínico competitivo nos gânglios - usada para diminuir a pressão arterial em situações de emergência. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES Esta classe de fármacos bloqueia a transmissão colinérgica entre o terminal nervoso motor e o receptor nicotínico na placa motora neuromuscular do músculo esquelético. São úteis durante a cirurgia para produzir relaxamento muscular completo, além de facilitar a intubação quando necessária. TUBOCURARINA: É o protótipo da classe, ela libera histamina e pode diminuir a pressão arterial. ROCURÔNIO: Tem início de ação rápido, útil para intubação endotraqueal em pacientes com conteúdo gástrico. MIVACÚRIO: Recuperação do bloqueio é mais rápida. É indicado para processos cirúrgicos mais curtos. Agonistas Adrenérgicos São fármacos que atuam em receptores estimulados por noradrenalina e adrenalina. Quando os fármacos ativam diretamente o receptor adrenérgico são chamados SIMPATOMIMÉTICOS. Os fármacos que bloqueiam a ação dos neurotransmissores nos receptores são os SIMPATICOLÍTICOS (antiadrenérgicos). CAPTAÇÃO 1 (Do citoplasma para o neurônio): Toda droga que liberar noradrenalina com inibição da captação 1 vai estimular o sistema adrenérgico. Se inibir a MAO ou a COMT ocorre potencialização do efeito adrenérgico central. Receptor α1: + pós sináptico -> vasoconstrição através da liberação de cálcio. Receptor α2: + pré sináptico -> inibitório, diminui a liberação de noradrenalina, ou seja, drogas agonistas que agem nesse receptor tem como função a inibição do sistema adrenérgico: METILDOPA e CLORIDINA (antihipertensivos). Obs: Na pele, mesentério e rins tem predomínio de receptor do tipo α. Receptor β1: Coração (cronotropismo, dromotropismo e inotropismo positivos) e Rim (aumenta a liberação de renina). Receptor β2: Músculo liso brônquico -> Broncodilatação Receptor β3: Tecido adiposo: Lipólise Obs: No coração tem tanto β1 quanto β2, por esse motivo alguns broncodilatadores causam efeitos no coração causando taquicardia e arritmia. Síntese da Noradrenalina Obs: Não existe fármaco que atua diretamente na síntese na noraepinefrina. Modulador Pré-Sináptico: Ele controla a liberação de neurotransmissores na fenda sináptica. Existem os agonistas de AÇÃO DIRETA (agem direto nos receptores) e os agonistas de AÇÃO INDIRETA (agem impedindo ou causando alguma disfunção do receptor). CATECOLAMINAS Derivada da betafeniletilamina (canal benzênico + etilamina) pode ser sintetiza de maneira endógena (dopamina, adrenalina e noradrenalina) ou de maneira sintética (dobutamina, isoproterenol e dopexamina). São fármacos polares com bastante dificuldade de atravessar a barreira hematoencefálica. São utilizadas no choque (anafilático principalmente), porque predomina a vasoconstrição e melhora a perfusão tecidual (mais utilizada é a adrenalina). São drogas vasoativas metabolizadas pela COMT e pela MAO (exceção: isoproterenol que é metabolizado apenas pela COMT). AGONISTAS Receptores Adrenérgicos α1 α 2 ß1 ß2 NORADRENALINA + + + + + + + + + + ADRENALINA + + + + + + + + + + ISOPROTERENOL - - + + + + + + DOBUTAMINA - - + + + + Obs: A noradrenalina e a dobutamina tem fraca ação contra a asma. Obs: Alguns autores dizem que a ação da adrenalina nos receptores α é muito fraca. ADRENALINA ou EPINEFRINA Hormônio endógeno liberado pela suprarrenal em casos de estresse. Atua em todos os receptores do sistema nervoso simpático, com ação maior nos receptores do tipo β. A adrenalina NÃO É SELETIVA. Ela é principalmente VASOCONSTRITORA e BRONCODILATADORA. A epinefrina pode ser administrada por via tópica, aerossol, IV ou SC. Os metabólitos da adrenalina são excretados na urina. É utilizada na asma aguda e no choque anafilático. Também prolonga a ação dos anestésicos locais. Tem meia vida curta (2 a 3 minutos), é metabolizada pela COMT e pela MAO. Efeitos no Sistema Cardiovascular Inotropismo e cronotropismo positivo. Contrai as arteríolas da pele e vísceras. Dilata os vasos do fígado e do músculo estriado. Diminui o fluxo sanguíneo renal. Aumenta a pressão sistólica e ligeiramente reduz a pressão diastólica. Efeitos no Sistema Respiratório Broncodilatação (Fármaco em desuso no tratamento da asma). Inibe a liberação de mastócitos que produzem histamina e leucotrienos (potentes broncoconstritores) Efeitos no Metabolismo Hiperglicemia significativa porque aumenta a glicogenólise no fígado por β2 e diminui a liberação de insulina por estimulação α2. No pâncreas o receptor α inibe a liberação de insulina e β aumenta a liberação desse hormônio. Lipólise porque estimula o hormônio da lípase sensível que hidrolisam triglicerídeos a ácidos livres e glicerol. Na musculatura lisa realiza relaxamento. Aumenta os níveis de lactato sérico. Indicações Choque anafilático e cardiogênico (0,3 a 0,5 mg/Kg) Broncoespasmos severos. Ressucitação cardiopulmonar.Efeitos Adversos: Arritmia, cefaleia, hiperatividade, insônia, náusea (quando administrada por via oral) e tremores (por estimulação da musculatura esquelética -> receptores β2). Os efeitos no SNC ocorrem em poucos casos devido a dificuldade em atravessar a BHE, por ter curta meia vida e pelo seu uso ser principalmente parenteral. NORADRENALINA, NORAEPINEFRINA ou LEVATERENOL Precursor da adrenalina, o fármaco estimula diretamente os receptores α1 α2 e ß1, sendo fraco agonista nos receptores ß2. Mais vasopressora que epinefrina (maior aumento da pressão arterial). É um potente vasoconstritor. Sua principal via de administração é IV (porque tem curta meia vida), mal absorvida por via SC. Sua cinética é semelhante a da adrenalina. Efeitos Sistêmicos No sistema cardiovascular causa aumento da RVP e aumento da pressão sistólica e diastólica. No coração tem efeito inotrópico + e cronotrópico +. No rim reduz o fluxo renal. Indicações Choque séptico RCP Efeitos Adversos: Taquicardia excessiva e vasocontrição. DOPAMINA O fármaco ativa receptores dopaminérgicos (D1 e D2) que dilata os leitos renais, mesentéricos e coronarianos. Também estimula os receptores α1 realizando vasoconstrição periférica, assim como efeitos inotrópicos e cronotrópicos por ativação do receptor ß1. Aumenta predominantemente PA sistólica. Sua farmacocinética é semelhante a da adrenalina. Doses 1. 2-5 µg/Kg/min: Ação nos receptores dopaminérgicos. Efeito renal (vasodilatação). 2. 5-20 µg/Kg/min: Ação nos receptores β. Vasodilatação coronariana e mesentérica. 3. > 20 µg/Kg/min: Ação nos receptores α. Vasoconstrição periférica. Indicações: Estados de baixo débito cardíaco com volemia controlada ou aumentada (choque cardiogênico). Efeitos Adversos: Taquicardia e vasoconstrição. DOBUTAMINA É uma catecolamina sintética, agonista direta dos receptores ß1. A dobutamina apresenta uma mistura racêmica de duas formas isoméricas. Não depende das reservas de noradrenalina para ter sua ação, ínicio de ação rápida e não tem dose de ataque. Sua farmacocinética é semelhante às outras catecolaminas. Sua eficácia é incerta no decorrer de vários dias (Down regulation). Efeitos Sistêmicos Efeitos inotrópicos ß1 e ß2 no coração mais que cronotrópicos. Poucos efeitos vasculares em α1. Diminuição de consumo de oxigênio o que melhora o trabalho cardíaco. Uso Terapêutico Aumenta o débito cardíaco Insuficiência cardíaca Choque cardiogênico ISOPROTERENOL É uma catecolamina sintética com ação direta que estimula receptores ß1 e ß2, NÃO TEM ação nos receptores α. Sua farmacocinética é resistente a MAO (não é metabolizada por essa enzima). Ela é disponível na forma parenteral ou aerossol. Utilizado em situações de emergências em pacientes com bradicardia ou bloqueio cardíaco. Efeitos Sistêmicos: Aumento o potencial cardíaco e faz vasodilatação. Usado também na reversão de broncoespasmos. Efeitos Adversos: Taquicardia excessiva e arritmias. Obs: Choque Hipovolêmico: Realizar ajuste hídrico e aplicação de DOPAMINA ou NORADRENALINA. Obs: Choque Cardiogênico: Utilizar inotrópicos positivos: DOBUTAMINA (melhor diminuição do consumo de oxigênio) ou NORADRENALINA. Obs: Associação de DOBUTAMINA com dopamina ou noradrenalina pode ser utilizada. Não associar DOPAMINA x NORADRENALINA. AGONISTAS β2 SELETIVOS São fármacos escolhidos para o tratamento da asma fraca (terapia de resgate -> sintomas ocasionais e intermediários). 1. Ação Intermediária: São utilizados para alívio rápido dos sintomas. São administrados por inalação ou oral. Tem ínicio de ação entre 5-30 minutos com duração de 4-6h. Ex: SALBUTAMOL (Aerolin), FENOTEROL (Berotec), TERBUTALINA e METAPROTERENOL. 2. Ação Prolongada: Utilizados para tratamento de asma no nível intermediário. São administrados por inalação ou via oral com duração de 8-12h. Ex: FORMOTEROL e SALMETEROL. Obs: Ação Ultra Prolongada: INDACATER (24 horas de duração). Obs: METAPROTERENOL é o que mais tem efeitos cardíacos, por isso não é tão utilizado. Os fármacos de ação intermediária e prolongada se diferenciam pelo tempo de ação do agente e pela latência (cinética), e não pela eficácia do medicamento. Esses fármacos geralmente são usados por via inalatória, pois ela é mais rápida, localizada e com menos efeitos sistêmicos, entretanto também pode ser administrada por via oral ou parenteral. VANTAGENS DA VIA INALATÓRIA Via rápida e menor latência. Efeitos diretos e menores efeitos sistêmicos. Uso de menores doses. Não sofre primeira passagem hepática. DESVANTAGENS DA VIA INALATÓRIA Efeitos sistêmicos porque há deposição de fármaco na boca e 90% são deglutidos. Efeito local de 10%. Irritação da mucosa traqueal. Dificuldade de uso. RITODRINA É um fármaco agonista β2 seletivo usado para o relaxamento uterino para evitar parto prematuro (administração via venosa). A ritodrina sofre rápida absorção, porém de maneira incompleta. Através da via oral 90% é excretado na urina. AGONISTAS MISTOS PSEUDOEFEDRINA e EFEDRINA São fármacos simpatomiméticos (estimulam o sistema nervoso simpático) que tem como principal função serem descongestionantes nasais. Agem liberando noraepinefrina e estimulam diretamente α1 e ß1. Eles penetram no SNC (alerta), por esse motivo podem causar dependência (por isso está em desuso). Os dois fármacos são considerados dopping em exames. A EFEDRINA estimula o aumento da pressão arterial, é menos potente que a epinefrina quando usada como antiasmático (broncodilatação) e descongestionante nasal. A efedrina é agonista pós-sináptico do SNC, por isso causa irritabilidade, nervosismo, alucinações. Além de atravessar a BHE, a efedrina interfere nos receptores dopaminérgicos, liberando DOPAMINA para a fenda sináptica. A PSEUDOEFEDRINA é apenas utilizada como descongestionante nasal. Mais utilizado que a efedrina. AGONISTAS α1 SELETIVOS São amplamente utilizados para diminuir a congestão nasal em rinites infecciosas e alérgicas, entretanto com o uso crônico e a retirada súbita do fármaco podem provocar congestão reflexa de rebote. Ex: FENILEFRINA (agonista α1 pós-sináptico). Uso Terapêutico: Descongestionante nasal (rinites infecciosas e alérgicas) e midríase. A FENILEFRINA também pode ser usada em crises de hipotensão. AGONISTAS α2 SELETIVOS São fármacos imidazólicos utilizados como descongestionantes nasais promovendo vasoconstrição. Um problema é que esses fármacos atravessam a barreira hematoencefálica. Ex: NAFAZOLINA, OXIMETAZOLINA e XILOMETAZOLINA. São utilizadas topicamente e também causam rebote. CLONIDINA Fármaco que diminui o fluxo adrenérgico central e a liberação da noraepinefrina nas terminações nervosas periféricas e estimula o fluxo parassimpático. É usado para tratamento da hipertensão arterial leve a moderada. O fármaco pode ser associado com diuréticos. Também usada para aliviar sintomas da síndrome de abstinência (nos primeiros dias) porque diminui a resposta do SNC (taquicardia, sufocamento, inquietude geral e hipertensão). Tem efeito sedativo. Farmacocinética: A clonidina é bem absorvida por via oral, tem biodisponibilidade de 100% com efeito máximo de 1-2 horas. Excreção renal. Dose de 0,1 a 1,2 mg em intervalos de 12 horas. Efeitos Adversos: Xerostomia, ressecamento da mucosa nasal, sedação, disfunção sexual,hipotensão ortostática, vertigem e constipação. Pode ocorrer hipertensão de rebote. α-METILDOPA Fármaco convertido em alfa-metilnoraepinefrina no SNC sendo armazenado nas vesículas neuronais. A metildopa é utilizada para tratamento da hipertensão arterial em pacientes com insuficiência renal e em gestantes. Farmacocinética: São bem absorvidos por via oral, meia vida de 2 horas e é excretado na forma conjugada pela urina. Efeitos Adversos: Sonolência e sedação transitória, depressão, xerostomia, perda da libido e impotência, bradicardia (em pacientes com disfunção no nodo sinoatrial), hepatotoxicidade (raro e grave) e anemia hemolítica. ANFETAMINAS São fármacos que atravessam a barreira hematoencefálica, causam inibição do centro da fome (muito utilizados para o tratamento da obesidade). Foram proibidas pelos altos riscos cardiovasculares. ANFETAMINAS DE USO MÉDICO ANFETAMINAS DE USO NÃO MÉDICO Metilfenidato, D-anfetamina, metanfetamina, fenapraporex, anfepranona, dietilpropiona e fenfluramina. Ecstasy, ICE, crystal (Estimulantes do SNC) Efeitos Adversos: Irritabilidade, dependência química, vigília, alucinações, aumento da pressão arterial, vasoconstrição periférica, arritmias e taquicardia. METILFENIDATO ou RITALINA Fármaco relacionado estruturalmente à anfetamina. Age como estimulante do SNC, mas com proeminentes efeitos em atividades mentais e motoras, além de estar envolvido no controle da atenção em nível do córtex cerebral (aumenta a vigília). Contraindicado no glaucoma. Farmacocinética: Após a absorção oral, atinge pico em 2h e sua meia vida é de 1 a 3h. Sofre metabolização hepática e excreção renal sobre a forma de ácido ritalínico. Uso Terapêutico: O tratamento da THDA pode iniciar-se 5mg, pela manhã e ao almoço com aumentos progressivos de dose ao longo de semanas. A dose diária não deve ultrapassar 60mg. Efeitos Adversos Aumento da pressão arterial, arritmias e angina. Ataques de ansiedade e/ou pânico. Cefaleia, insônia, hipersensibilidade. Dilatação das pupilas. Alteração do humor. Dores no estômago e enjoos. Perda de apetite e perda de peso temporária. Antagonistas Adrenérgicos São antagonistas competitivos dos receptores adrenérgicos (adrenalina, noradrenalina e dopamina) ou qualquer substância exógena que esteja atuando nestes receptores. ANTAGONISTAS α Esses fármacos REDUZEM A PRESSÃO ARTERIAL, reduzindo o tônus simpático dos vasos sanguíneos, assim como realizam a redução da RVP. Eles também provocam aumenta da taquicardia reflexa. Os antagonistas desse tipo de receptor se dividem em três grandes grupos: a) Não Seletivos: São aqueles fármacos que atuam em qualquer um dos receptores (tipo 1 e 2). Ex: FENOXIBENZAMINA e FENTOLAMINA. b) Seletivos α1: São aqueles que antagonizam os receptores do tipo 1. Eles atuam por competitividade com a noradrenalina e também estimulam a retroalimentação negativa, porque eles não impedem a ligação da noradrenalina no receptor adrenérgico. Ex: PRAZOSINA, DOXAZOSINA, ALFUZOSINA e TERAZOSINA. c) Seletivos α2: São aqueles que antagonizam as ações realizadas por receptores do tipo 2. Ex: IOIMBINA. FENOXIBENZAMINA Fármaco não seletivo, bloqueia os receptores α1 pós-sináptico e α2 pré-sinápticos. O bloqueio é IRREVERSÍVEL e NÃO COMPETITIVO, ela inativa o receptor através de uma ligação covalente. A ideia do fármaco é o bloqueio de receptores superar a síntese de novos adrenorreceptores. Uso Terapêutico: Feocromocitoma (10mg 2x/dia antes da cirurgia, 40 a 120mg ao dia após a cirurgia ou em estado de doença crônica). FENTOLAMINA Fármaco não seletivo que bloqueia COMPETITIVAMENTE os receptores α1 e α2. Efeitos Diminui progressivamente a RVP e a pressão arterial. Promove aumento da liberação de noraepinefrina. Aumenta a frequência cardíaca por reflexo. Aumenta o débito cardíaco. Efeitos Adversos: Arritmias e angina. Obs: A FENOXIBENZAMINA e a FENTOLAMINA devem ser utilizadas de forma limitada porque causam hipotensão postural, arritmias, taquicardia, disfunção sexual, vertigens e obstrução nasal. PRAZOSINA Fármaco utilizado no tratamento da hipertensão, no tratamento da obstrução ou hiperplasia benigna da próstata e na insuficiência cardíaca congestiva (melhora o quadro, mas não prolonga a vida). Farmacocinética: Biodisponibilidade de 50 a 70%. Ligam-se fortemente as proteínas plasmáticas, tem meia vida de 2 a 3h e é extensamente metabolizada no fígado. Tem duração de ação de 7 a 10h, sendo administrada em intervalos de 12 horas. Administração oral. Efeitos Diminuição da RVP e da pressão arterial (podendo causar hipotensão postural). Relaxamento dos músculos lisos artérias e venosos. Alterações mínimas no débito cardíaco e no fluxo sanguíneo renal. Inibem a contração do trígono e do esfíncter da bexiga, melhorando o fluxo urinário. Diminuem os sintomas e a necessidade de urinar durante a noite. Diminuem a pré e a pós-carga. Diminuem a congestão pulmonar. TERAZOSINA Possui as mesmas funções e efeitos que a prazosina, o que modifica é a cinética. A terazosina é mais hidrossolúvel, tem uma maior biodisponibilidade (>90%), tem meia vida de 12 horas com duração de ação de até 18 horas. É administrada via oral em intervalos de 24 horas. DOXAZOSINA Também segue a linha funcional da prazosina e terazosina, sendo diferente apenas na cinética. Sua meia vida é de 20 horas com duração de ação de 36 horas. A doxazosina é eliminada nas fezes. Administrada via oral em intervalos de 24 horas. Reações Adversas: Comum a todos os medicamentos dessa classe. Hipotensão, síncope, palpitações e fraqueza. FENÔMENO DE PRIMEIRA DOSE: Esses fármacos devem ser administrados de forma lenta e gradual, pois uma superdose pode gerar uma resposta muito acentuada. Preferível tomar a noite em uma dose baixa. ANTAGONISTAS β Antagonismo Total: O fármaco bloqueia totalmente os receptores não deixando espaço para nenhuma ação do neurotransmissor. Esses fármacos não realizam nenhuma função no receptor apenas o ocupam. Ex: PROPRANOLOL Antagonismo Parcial: O fármaco bloqueia parcialmente os receptores tendo assim ainda uma pequena ação dos neurotransmissores. Também chamado de antagonista simpatomimético intrínseco por possuir atividade no receptor, já que mesmo bloqueando o receptor ele mantém uma atividade adrenérgica (ASI). Ex: PINDOLOL Os fármacos que realizam antagonismo nos receptores do tipo β se classificam em três grupos: a) Antagonistas Não Seletivos: Atuam tanto em β1 quanto β2. Ex: PROPRANOLOL, TIMOLOL e NADOLOL. b) Antagonistas β1 Seletivos: Atuam apenas antagonizando nos receptores β1. Ex: ATENOLOL, METOPROLOL, ACEBUTOLOL, BISOPROLOL e ESMOLOL. Utilizados no tratamento da hipertensão. c) Antagonistas α/β: Atuam em todos os receptores adrenérgicos. Ex: LABETOLOL e CARVEDILOL. Obs: O PROPRANOLOL tem mais efeitos adversos do que o ATENOLOL porque ele não é seletivo e é mais lipossolúvel. Obs: Cardio-seletividade: Seletividade para os receptores β1 do coração. Diminui os efeitos colaterais porque não atua em β2 e pode ser utilizado com precaução em pacientes asmáticos. O ATENOLOL é a melhor escolha, porém tem uma resposta menor em negros e idosos. Obs: Em emergência hipertensiva é utilizado LABETOLOL via parenteral como vasodilatador direto. Obs: O TIMOLOL éo fármaco de escolha para tratamento profilático do glaucoma. Obs: Os antagonistas adrenérgicos LABETOLOL e CARVEDILOL são bloqueadores reversíveis que produzem vasodilatação periférica e não alteram os níveis séricos de lipídeos e glicose. Porém, como efeitos adversos podem causar hipotensão postural e tonturas. Obs: Os β bloqueadores (PROPRANOLOL) são a primeira escolha para o tratamento de angina estável, porque diminuem o consumo de oxigênio pelo coração e, portanto, melhoram o trabalho cardíaco. Também são utilizados pra profilaxia de enxaqueca e tremores. Efeitos Cardíacos β1 > β2 Diminuição da frequência cardíaca. Diminuição da contratilidade. Diminuição do débito cardíaco. Diminuição da condução nos átrios e no nodo AV. Efeitos Renais: β1 Diminuição da liberação de renina. Diminuição da produção de angiotensina I. Diminuição dos níveis de aldosterona. Diminuição da retenção de sódio e água. Diminuição do volume plasmático. Efeito Pulmonar: β2 Broncoconstrição potencialmente fatal. Obs: Antagonistas não seletivos são contraindicados para pacientes asmáticos, podem ser utilizados antagonistas seletivos ou antagonistas com ASI, porém usados com muita cautela. Efeito Lipídico: α1, β1, β2 e β3 Redução do colesterol. Aumento dos triglicerídeos. Aumento do LDL Obs: CELIPROLOL e CARVEDILOL melhoram o perfil lipídico. Efeito Glicídico: α1 e β2 Diminuição da glicogenólise. Diminuição da mobilização da glicose. Obs: Os bloqueadores não seletivos (PROPRANOLOL) podem retardar a recuperação da hipoglicemia em pacientes com diabetes tipo I. APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS Doenças Cardiovasculares: Cardiopatia isquêmica, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, miocardiopatia obstrutiva hipertrófica. Hipertireoidismo e ascite Profilaxia de enxaqueca Abstinência a certas substâncias e sintomas da síndrome do pânico Glaucoma Anti-Hipertensivos: Por redução do tônus simpático, redução na liberação de renina e diminuição do débito cardíaco. Insuficiência Cardíaca: Cuidar com respostas simpáticas reflexas à insuficiência cardíaca que podem agravar o coração, chegando a falência. Foram conduzidos estudos com CARVEDILOL, BISOPROLOL e METAPROLOL e foi constatado que eles reduzem a taxa de mortalidade em pacientes com IC crônica estável independente da gravidade do quadro. O bloqueio beta em longo prazo diminui o volume cardíaco, a hipertrofia do miocárdio e a pressão de enchimento. Por outro lado aumenta a fração de ejeção (remodelagem ventricular). Anti-Isquêmicos: Reduzem o consumo de oxigênio pelo miocárdio pela redução da frequência cardíaca. A diástole prolongada aumenta o tempo de perfusão coronariana e reduzem o aumento da pressão arterial induzida e da contratilidade induzida pelo exercício físico. Efeitos Adversos: Arritmia, broncoconstrição e disfunção sexual. Contraindicações: DPOC, asma, bradicardia sinusal, doença do nó sinusal, diabetes (aumentam o quadro hipoglicêmico) e gestação. Obs: CUIDAR COM A INTERRUPÇÃO ABRUPTA DO TRATAMENTO -> UP REGULATION: A droga deve ser retirada lentamente e gradual, por risco de isquemia miocárdica. Autacóides São substâncias naturais com estruturas químicas diferentes e com atividades fisiológicas e farmacológicas diversas. São classificados como “hormônios” locais porque atuam perto do local de síntese, mas não podem ser chamados de neurotransmissores ou hormônios endógenos. Ex: ÓXIDO NÍTRICO, BRADICININA, HISTAMINA, SEROTONINA, ANGIOTENSINA, PROSTAGLANDINAS, LEUCOTRIENOS e TROMBOXANOS. Fisiologicamente: Secreção gástrica e funções neurovegetativas. Patologicamente: Inflamação (são os principais mediadores), alergia (histamina), anafilaxia, choque, hipertensão, dismenorréia, depressão e ansiedade. Principais ácidos precursores: ácido araquidônico e ácido prostanóico. EICOSANÓIDES Derivados do ácido araquidônico que são liberados pela fosfolipase A2. São produzidos pela maioria das células e por uma variedade de estímulos físicos, químicos e hormonais, regulados conforme a necessidade e raramente sofrem acúmulo tecidual. São os principais mediadores da dor, febre e inflamação. Os eicosanoides também participam de diferentes processos patológicos: câncer, trombose, alergias, asma e infecções. COX: Prostaglandinas e tromboxanos. LOX: Lipogenases e leucotrienos. Para produção de diferentes prostaglandinas e tromboxanos são necessárias enzimas sintetases para essa metabolização. Ex: Tromboxano sintetase presente nas plaquetas. COX 1: Participa mais dos processos fisiológicos. Chamada de enzima constitutiva. COX 2: Participa mais dos processos patológicos. Chamada de enzima induzida. Efeitos no Sistema Vascular Prostaglandinas: Existem aquelas que realizam vasodilatação e vasoconstrição. Leucotrieno C4 e Leucotrieno D4: Vasodilatação Exsudação do plasma nas vênulas pós-capilares Aumento da permeabilidade capilar Edema e eritema Redução da pressão arterial Efeitos no Sangue Tromboxano A2 produzido pelas plaquetas promove agregação plaquetária. Prostaglandina I2 (prostaciclina) produzida pelas células endoteliais dificulta a agregação plaquetária. PGE2 inibe a diferenciação de linfócitos e leucotrienos B4 são potentes quimiotáxicos que realizam adesão de neutrófilos as células endoteliais. Efeitos no Rim As prostaglandinas PGE2 e PGI2 aumenta o fluxo plasmático renal causando diurese, natriurese e caliurese (perda de potássio na urina). O tromboxano A2 diminui o fluxo sanguíneo renal. Efeitos no Trato Gastrointestinal As prostaglandinas PGE (principalmente) e PGI inibem a secreção de HCl e aumenta a secreção de bicarbonato e muco, ou seja, inibem a lesão gástrica. São CITOPROTETORAS GÁSTRICAS. As prostaglandinas PGE e PGF realizam a contração do músculo longitudinal desde o estômago até o cólon: diarréia e cólicas. Os AINEs levam a diminuição da PGE por isso causam sintomas gástricos. Efeito no Sistema Respiratório PGF, PGD e leucotrienos (LTC4 e LTD4) contraem o músculo liso brônquico e traqueal (broncoespasmo). Ainda os leucotrienos são importantes mediadores de respostas alérgicas, asmáticas e anafiláticas. A prostaglandina PGE relaxa a musculatura brônquica e a traquéia. Efeitos no Sistema Reprodutivo As prostaglandinas PGE, PGI e PGF fazem contração uterina. A PGE é responsável pela dismenorréia primária. A PGF 2α causa luteólise, contração uterina (no parto, menstruação ou aborto), transporte do sêmen, motilidade das trompas e contração do canal deferente. Efeitos no Sistema Imunológico As prostaglandinas inibem a função linfocitária e a proliferação de células do sistema imunológico. Efeitos no Sistema Endócrino Aumento a secreção de insulina, ACTH, hormônio do crescimento e prolactina. Efeitos no Sistema Nervoso Central A prostaglandina PGD causa analgesia central e sono. A prostaglandina PGE é estimulada pela interleucina-I, aumenta a temperatura corporal e promove sono. Efeitos no Sistema Termorregulador A liberação de PGE2 no hipotálamo gera mecanismos conservadores de calor que causam a febre. MISOPROSTOL É a versão sintética da prostaglandina E1 (PGE1) usada no tratamento e prevenção de úlcera. Administrado via oral em comprimidos de 100 e 200mg. Para efeito abortivo associar com MIFEPRISTONA. Nome Comercial: CYTOTEC Efeitos Inibe a secreção de HCl e pepsina e aumenta a resistência da mucosa gástrica. É útil no tratamento de pacientes portadores de úlcera gástrica que utilizam AAS de forma crônica. Pode ser abortivo durante o primeiro trimestre da gestação. Efeitos Adversos: Náuseas, vômitos, diarréia, fortes dores abdominais, febre, temores e aborto. DINOPROST e DINOPROSTONONA São fármacos que se assemelham a PGF2α (dinoprost) e PGE (dinoprostonona). São funcionantes para o abortamento terapêutico (via intravaginal). Induz o trabalho de parto e esses fármacos podem ser metabolizados nos tecidos locais e pulmões e excretados na urina. EPOPROSTENOL São fármacos semelhantes ao PGI com efeitos antitrombolíticos e vasodilatadores. Tem meia vida curta e são administrados via intravenosa e de forma contínua. Pode ser uma substituição eficaz da heparina. LATANOPROSTA, TRAVAPROSTA, UNOPROSTONA e BIMATOPROSTA São fármacos derivados da PGF2α com efeito hipotensor ocular. Utilizados no tratamento do glaucoma com gotas no saco conjuntival (2xdia 0,005% -> LATANOPROSTA). Efeitos Adversos: Pigmentação castanha ocular irreversível da íris e dos cílios e ressecamento dos olhos. Dani Realce Associado após mifepristona possui efeito abortivo Anti-Histamínicos São medicamentos muito utilizados no tratamento de alergias que vem apresentando uma evolução no seu uso. A histamina é um autacóide natural de baixo peso molecular no nosso organismo que provoca vasoconstrição e estimula a contratilidade cardíaca. A histamina é sintetizada nos mastócitos, basófilos circulantes, células da epiderme, células enterocromafínicas, neurônios histaminérgicos do SNC e células de regeneração ou crescimento rápido da seguinte forma: Obs: Histidina é um aminoácido não essencial. Participação da Histamina Reações alérgicas Reações inflamatórias Secreção de ácido gástrico Neurotransmissão em algumas regiões do SNC Proliferação e diferenciação celular Hematopoiese Desenvolvimento embrionário Regeneração Cicatrização de feridas Regulação do sistema imune. Alvos da Histamina Pulmões Pele Trato gastrointestinal Mastócitos e Basófilos Neurônios Presente em componentes de venenos. A histamina é liberada em resposta a algum estímulo ou mediador químico, por exemplo, na destruição de células, alergias e anafilaxias. Atuam em receptores H1, H2, H3 e H4. Estes receptores são transmembranas que através da realização de sinalização para proteína G libera diversos segundos mensageiros. H1: Aumentam o prurido, dor, vasodilatação, permeabilidade vascular e hipotensão. Broncoconstrição, taquicardia, cefaleia e rubor. H2: Aumentam a secreção gástrica. H3: Previne a broncoconstrição exagerada. H4: Diferenciação de mieloblastos e promielócitos. Forma ativa: Agonista ligando no receptor -> Histamina Forma inativa: Agonista inverso ligando no receptor, não realiza a função, não desencadeia a cascata -> Anti-Histamínicos. Resumo: Os efeitos da histamina nas doenças alérgicas ocorrem através de receptores RH1, mas hipotensão, taquicardia, cefaleia ocorrem através de receptores RH1 e RH2. O prurido cutâneo e a congestão nasal ocorrem através de receptores RH1 e RH3. A secreção da mucosa gástrica através de RH2. Existem os anti-histamínicos H1 de primeira geração e de segunda geração que são agonistas inversos dos receptores H1. São mais eficazes no controle de manifestações alérgicas leves e de ínicio recente. Sua ação preventiva é maior que a curativa e sua eficácia é geralmente incompleta por não interferirem com outros mediadores que também causam as reações alérgicas. Estes fármacos têm limitações de dosagens. Farmacocinética dos Anti-Histamínicos Os fármacos apresentam boa absorção por via oral e alcançam níveis plasmáticos dentro de 3 horas após a sua administração. Os fármacos de primeira geração são mais lipossolúveis. O mecanismo de transporte ativo das membranas celulares mais bem conhecidos são a da glicoproteínas P (gP) e os polipeptideos transportadores de ânions orgânicos (OATP). A gP consiste em um sistema natural de detoxificação e atua como uma bomba de extração, sendo fator importante na distribuição e na excreção de várias drogas, assim como na interação entre drogas. A administração dessas drogas concomitantemente com a ingestão de alguns alimentos podem alterar suas concentrações plasmáticas. Metabolismo: A maioria dos agentes são metabolizados e detoxificados no fígado por um grupo de enzimas pertencentes ao sistema do citocromo P450 (CYP). Eliminação: A maioria é eliminada por via renal. Exceção: A FEXOFENADINA é intensamente excretada por via biliar. É necessário ajuste de dose em idosos, doentes renais e hepáticos. Usos Clínicos dos Anti-Histamínicos URTICÁRIA: São drogas indicadas como primeira linha no tratamento sintomático. Os anti-histamínicos de segunda geração oferecem controle moderado a bom. Todos os anti- histamínicos são mais efetivos em reduzir o prurido do que em diminuir a frequência, o número e o tamanho das lesões urticárias. DERMATITE ATÓPICA: O prurido é o sintoma mais comum e menos tolerante em doentes com dermatite atópica, sua redução ou controle resulta numa significativa melhoria da qualidade de vida. Entretanto, a histamina é apenas um dos mediadores do prurido na DA, o que questiona o uso de anti-histamínicos. INFLAMAÇÃO: Os fármacos tem fraca ação no controle da inflamação por atuarem apenas na histamina. CINETOSE e DISTÚRBIOS VESTIBULARES: A ESCOPOLAMINA (anticolinérgico) e outros anti-histamínicos de primeira geração (DEFINIDRAMINA e PROMETAZINA) são os fármacos mais efetivos. O DIMENIDRINATO é quase exclusivamente indicado para tratamento da cinetose (sensação de enjoo ou náusea por perturbação do sistema vestibular). RINITE ALÉRGICA: Os anti-histamínicos de segunda geração preenchem a maioria dos critérios para o uso (farmacodinâmica, potência, eficácia e segurança). Obs: A ação dos anti-histamínicos é mais preventiva do que curativa. Sua eficácia é frequentemente incompleta porque não interfere com outros mediadores, apenas com a histamina. Eles têm limitações de dosagens, o que impede atingir altas concentrações do medicamento nos receptores. Portanto, são apenas indicados para manifestações alérgicas leves, de ínicio recente e não recorrentes, assim como na prevenção de recidivas. CARBINOXIMINA (Naldecon), DEXCLORFENIRAMINA (Polaramine), DIMENIDRINATO (Dramin) e PROMETAZINA (Fenergan) São anti-histamínicos de primeira geração que possuem em comum os efeitos colaterais como sonolência, sedação (não se ligam como substrato da gP na BHE, atravessam-na, e atuam então a nível central) e fadiga que promovem a redução das funções cognitivas, de memória e no desempenho psicomotor. Esses diversos efeitos adversos ocorrem em decorrência das suas ações nos receptores muscarínicos (ação anticolinérgica), serotoninérgicos e adrenérgicos, e são esses efeitos no sistema nervoso central que estão primariamente responsáveis pela toxicidade com potencial risco de vida na superdosagem desses fármacos. Esses fármacos de primeira geração têm estudos falando de seus riscos. Sofrem absorção rápida o que indica aplicações de 3 a 4 vezes ao dia para manter o efeito farmacológico, isto porque são altamente lipossolúveis. Os anti-histamínicos de primeira geração ainda são utilizados em crianças porque o efeito sedativo promove um sono adequado.Efeitos Adversos FEXOFENADINA (Allegra), LORATADINA (Claritin) e TERFENADINA (Fenasil) São mais potentes que o de primeira geração, tem longa duração de ação e poucos efeitos adversos pela baixa passagem pela barreira hematoencefálica. E a sua afinidade aos receptores H1 é alta, com pouco ou nenhum efeito anticolinérgico. Estudos já comprovam a sua melhor segurança comparada com os fármacos de primeira geração. Por terem alta afinidade aos receptores histamínicos tem meia vida prolongada e podem ser administrados uma ou duas vezes ao dia. Normalmente estes fármacos são comercializados associados a psicoestimulantes (pseudoefedrina ou cafeína) para diminuir o efeito sedativo. Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINEs) São fármacos que atuam combatendo a inflamação (corticoides são melhores), a dor (analgésicos não narcóticos) e na febre. Atuam através da inibição da COX. Todos os fármacos tem caráter ácido. Não Seletivos: Inibe a ação da COX1 e COX2, alguns podem ter maior preferência para inibição da COX1. Seletivos: Inibem predominantemente a ação da COX2. Mecanismo de Ação: Inibição periférica e central da atividade da enzima COX e subsequente diminuição da biossíntese e liberação dos mediadores da inflamação, dor e febre (prostaglandinas). Mecanismo de Ação Inflamatória: Bloqueio da formação de prostaglandinas por inibição da COX, inibição da liberação de histamina e diminuição da migração de polimorfonucleados e monócitos. Uso Terapêutico: Analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios. Utilizados também no tratamento de doenças reumáticas e não reumáticas como artrite reumatoide, osteoartrite, artrite psoriática, sequelas de traumas, contusões e pós- operatórios. Muito utilizada para o tratamento de dor leve à moderada devido a suas propriedades analgésicas prolongadas e diminuem a temperatura corporal elevada sem provocar dependência química. Farmacocinética: A maioria dos AINES são ácidos fracos facilmente absorvidos no TGI, e com picos de concentração entre 1-4h. Ligam-se extensivamente às proteínas plasmáticas (95-99%), sofrem metabolismo hepático e excreção renal (melhor em meio básico). Quanto mais metabólitos mais eles vão andar pelo sangue, mais difícil será a excreção. Não tem indícios de ação teratogênica. A meia vida depende da dose e do medicamento: Meia vida curta (< 6h): AAS, DICLOFENACO, IBUPROFENO, INDOMETACINA, CETOPROFENO. Meia vida longa (>10h): NAPROXENO, FENILBUTAZONA, PIROXICAM, TENOXICAM, MELOXICAM. Os AINEs podem ser administrados por diversas vias (principal é a oral): Oral: AAS, IBUPROFENO, DIPIRONA, MELOXICAM, DICLOFENACO. Intravenosa: TENOXICAM, DIPIRONA, IBUPROFENO, CETOPROFENO e CETOROLACO. Sublingual: PIROXICAM. Retal: INDOMETACINA, CETOPROFENO, IBUPROFENO, DIPIRONA, PIROXICAM e NIMESULIDA. Intramuscular: DICLOFENACO, CETOPROFENO, TENOXICAM, PIROXICAM, DIPIRONA, MELOXICAM e FENILBUTAZONA. Transdérmica: Utilizado em dores localizadas. DICLOFENACO, CETOPROFENO, PIROXICAM e INDOMETACINA. AINEs x Gestação Prolongam o trabalho de parto e gestação e aumentam o risco de hemorragia no pós- parto. O uso de AAS durante a gestação causa diminuição do peso no recém-nascido, aumento da mortalidade peri-natal, natimorto, anemia e deslocamento prematuro da placenta. O PARACETAMOL parece ser o mais seguro durante a gestação e não altera o desenvolvimento fetal. Se necessário utilizar durante maior tempo um anti-inflamatório preferir por IBUPROFENO, por períodos curtos todos são compatíveis. Altas doses durante um período prolongado podem provocar óbito fetal. No final da gestação PARACETAMOL e NIMESULIDA provocam lesão renal do feto. Os AINEs IBUPROFENO, AAS e NAPROXENO são indicados nos meses finais de gestação por causa da possibilidade de fechamento do ducto arterioso precoce e diminuição do líquido amniótico. Síndrome de Nicolau Fármaco causa lesão no local de aplicação podendo levar a necrose, septicemia, entre outros. Ocorre por administração intramuscular, por exemplo. ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS) Fármaco que inibe preferencialmente a COX1. Utilizado nas inflamações (intervalo de 6horas com dose máxima de 5000mg) e na artrite reumatoide (1g a cada 4 a 6 horas). Ele não é efetivo para dores viscerais. Efeitos sobre as Plaquetas: ANTITROMBÓTICO Doses de 100mg a 300mg em 24 horas. Diminui a incidência de acidentes isquêmicos, IAM, angina instável e trombose. AAS dobra o tempo de sangramento (por inibição da produção de tromboxano, desviando para o lado da prostaciclina que é mais produzida pela COX2). Deve ser evitado em pacientes com: lesão hepática grave, hemofilia e deficiência de vitamina K. Deve ser suspensa uma semana antes de cirurgias. Potencializa o efeito de anticoagulantes. Efeitos no Trato Gastrointestinal: ULCERATIVOS Efeitos Adversos: Dor abdominal, náuseas, dispepsia, erosão, ulceração, hemorragia, anemia e diarréia. Fatores de Risco: Idade maior que 65 anos, história de úlcera, uso concomitante de corticoides, uso de outro AINEs, tratamento prolongado com doses elevadas, sexo feminino, fumo, álcool e presença do Helicobacter pylori. Para evitar as úlceras usa AAS associado a IBP (inibidores da bomba de prótons - > OMEPRAZOL). Efeitos nos Rins Diminuição do fluxo sanguíneo renal (vasoconstrição por inibição das prostaglandinas) Queda da filtração glomerular. Retenção de sódio e água. Hiperpotassemia. Edema. Taxa de Depuração da Creatinina: (140 – idade) x massa (kg) / 72 x creatinina plasmática Em mulheres deve ser multiplicado o valor por 0,85. Efeitos na Pressão Arterial Aumento da PA em 5mmHg Retenção hídrica Edema periférico Sobrecarga cardíaca Arritmias e agravamento da insuficiência cardíaca congestiva Efeitos Hepáticos Lesões hepáticas em altas doses. É reversível. Efeitos Pulmonares Aumento dos leucotrienos (porque o ácido araquidônico é todo destinado para a lipoxigenase), broncoconstrição. Risco maior em pacientes com história de asma e sinusites. Síndrome de Reye x AAS O ácido acetilsalicílico podem provocar infecções virais em crianças menores de 2 anos que consiste em hepatite fulminante associada a edema cerebral que pode levar ao óbito. Em crianças usar PARACETAMOL. PARACETAMOL ou ACETOMINOFENO São fármacos considerados analgésicos não narcóticos porque não causam tolerância nem dependência química. Tem fraca ação anti-inflamatória e boa ação analgésica e antitérmica. Em doses acima de 4000mg ele é hepatotóxico, podendo causar uma hepatite fulminante. Antídoto para intoxicação com paracetamol: Acetilcisteína. O paracetamol é um bom antitérmico porque age a nível central, o que minimiza os efeitos colaterais periféricos. Ele atua bem na cefaleia por atravessar a BHE e talvez agir em enzimas COX3 (ainda não confirmada). AINE de escolha em crianças. Dose: 500mg ou 750mg 4xdia 6h/6h, via oral. MELOXICAM Fármaco que é seletivo para a COX2. Causa menos efeitos gástricos. Usado para tratamento de doenças reumáticas, osteoartrite e artrite reumatoide. Tem meia vida de 20 horas sendo geralmente utilizado uma vez ao dia. DIPIRONA Existem duas preparações farmacológicas: dipirona sódica e dipirona potássica. O principio ativo é o mesmo o que muda é a farmacocinética. A dipirona é um bom antitérmico, porque assim como o paracetamol ela age mais a nível central. Dose Máxima Diária: 4.000 mg/dia. IBUPROFENO O ibuprofeno é mais bem tolerado e utilizado em pacientes com história de intolerância a sintomas gastrointestinais. Dose: 600mg 3xdia 8h/8h com dose máxima de 2.400mg/dia. DICLOFENACO Possui administração por via oral, retal, intramuscular e oftálmica. Cerca de 40-50% do fármaco sofre metabolismo de primeira passagem hepática, sofrendo inativação do seu efeito anti-inflamatório. INDOMETACINA Potente inibidor não seletivo da COX com ação central e periférica. Inibe a motilidade de leucócitos, inibe a fosfatase A2, reduz a migração de neutrófilos, diminui a proliferação de células T e B. Entretanto, seu uso terapêutico deve ser limitado, em geral não é utilizado como antipirético e/ou analgésico. Alivia a dor, tumefação e a duração da rigidez matinal chegando a ser 20 vezes mais potente que o AAS. NIMESULIDA Fármaco seletivo COX2 (seletividade não é absoluta). Como vantagens tem a redução dos efeitos colaterais no estômago (não são isentos, mas tem uma significativa redução desses sintomas), plaquetas e rins. Como desvantagens tem o risco cardiovascular, pois inibindo seletivamente a COX2 predomina tromboxano A2 que é um potente agregante plaquetário e não tem prostaciclina (PGI) que é um anti agregante plaquetário, o que leva a um estado trombótico. Glicocorticóides Os glicocorticóides são hormônios sintéticos que mimetizam ações do cortisol endógeno. São os mais eficazes anti-inflamatórios disponíveis, suplantando os não esteróides e provocam melhora sintomática de uma série de manifestações clínicas, sem afetar a evolução da doença básica. O fator liberador corticotrófico é liberado pelo hipotálamo no estresse, e este estimula a hipófise a liberar o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) que age na medula adrenal (zona fasciculada) e libera o cortisol. O cortisol por sua vez diminui a sua liberação por feedback negativo, agindo a nível hipofisiário e hipotalâmico. As interleucinas estimuladas pelo cortisol fazem feedback positivo para aumentar ainda mais a liberação do hormônio (via hipotalâmica e hipofisiária). Seu pico de secreção é por volta das 8 horas (despertar) da manha, diminuindo essa taxa no decorrer do dia. Seu mecanismo de ação é nuclear. O esteróide lipossolúvel se difunde através da membrana celular e se liga ao receptor citoplasmático, essa ligação forma um dímero e a mesma estimula ou inibe a atividade de um promotor adjacente que inicia ou inibe a transcrição de um gene. Em qualquer dose um dos riscos do uso crônico dos glicocorticóides é a IMUNOSSUPRESSÃO. Também causa diminuição da cicatrização e reparo por queda da ação dos fibroblastos e diminuição na produção de colágeno e glicosaminoglicanos. Classificação dos Glicocorticóides Os glicocorticóides são classificados conforme o tempo de duração de ação e a potência. Os glicocorticoides são fármacos anti-inflamatórios por excelência, eles inibem manifestações precoces e tardias da inflamação (rubor, calor, dor, edema, reações proliferativas da inflamação crônica). Farmacocinética: Circulam ligados à globulina (90%) e albumina. Sua metabolização é hepática e excreção é renal. Meia vida de 60-90 minutos. AÇÕES DOS GLICOCORTICÓIDES Efeitos Celulares Nos basófilos causa inibição de IgE. Inibe a proliferação de fibroblastos. Diminui a vasodilatação, a permeabilidade vascular e a resposta imune. Redução de prostanóides devida à expressão reduzida da ciclooxigenase-2 (COX- 2). Redução de várias citocinas produzidas por linfócitos, inclusive IL-1, IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, IL-6, IL-8, TNF-α, fatores de adesão celular devida à inibição da transcrição gênica. Redução da ativação de células T-helpers (auxiliadoras) e redução da expansão clonal de células T, devida a transcrição reduzida de genes para IL-2 e seu receptor. Redução da ativação de neutrófilos e macrófagos devida redução da transcrição de genes responsáveis pela produção de fatores de adesão celular e citocinas. Efeitos Imunossupressores Inibem respostas imunes desencadeadas inadequadamente como na hipersensibilidade ou doença autoimune. Inibem o início e a geração da resposta imune mais eficientemente do que inibem uma resposta já estabelecida na qual a proliferação clonal já ocorreu. Efeitos Anti-Inflamatórios Redução da concentração de componentes do sistema complemento no plasma. Redução da produção do óxido nítrico induzido. Redução da liberação de histamina pelos basófilos. Redução da produção IgG. Aumento da síntese de proteínas anti-inflamatórias como proteinaquinase, fosfatase I, IL-10, anexina-1e receptor de IL-1. EFEITOS ADVERSOS Efeitos Glicídicos Aumentam a glicemia em 10 a 20%, por reduzir a captação e utilização periférica da glicose e estimular a gliconeogênese. Este efeito associado à hiperinsulinemia leva a resistência periférica à insulina. Nem todos pacientes manifestam diabetes corticóide (um tipo de diabetes reversível, leve, sem cetose e estável). O grau de intolerância a glicose está na dependência de doses, duração de tratamento e tipo de corticóide usado. BETAMETAZONA > DEFLAZACORT -> Efeito Diabetogênico Efeitos Lipídicos Aumenta a lipólise por estimulação da lípase. Há facilitação da indução da lipólise nos adipócitos, com aumento dos ácidos graxos livres. Clinicamente se observa distribuição anômala de gordura, com acúmulo em face (fácies cushingnóide), região escapular (giba), abdômen e diminuição de gorduras nas extremidades. Pode haver aumento de peso corporal devido a maior ingestão calórica, decorrente hiperorexia. Efeitos Proteicos Inibem a síntese e aumento o catabolismo proteico, levando ao balanço nitrogenado negativo. Consequentemente redução da massa muscular (fraqueza muscular, principalmente em extremidades), matriz óssea (osteoporose e fraturas patológicas) e afinamento de pele (estrias). Efeitos Ósseos Diminui a absorção intestinal de cálcio. Aumenta a excreção renal de cálcio. HIPOCALCEMIA. Diminui a ação de osteoblastos. Aumenta a ação de osteoclastos. Osteoporose e fraturas patológicas. Efeitos Endócrinos A administração de corticoides exógenos, em doses farmacológicas, por tempo prolongado, determina supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (manifestada em sete dias se usado em altas doses). Doses fracionadas e as administradas à noite são mais supressivas que doses únicas diárias e matinais. A reversão desse processo é lenta, por isso se justifica retirada gradual de corticóide usados cronicamente. Corticóides antagonizam insulina, diminuindo sua ação celular -> Diabetes. Inibem hormônio de crescimento, retardo do desenvolvimento em crianças que usam esquemas de doses diárias fracionadas, por isso é contraindicado seu uso em crianças. Anormalidades menstruais e impotência masculina estão descritas em pequeno número de pacientes. Efeitos Gastrointestinais Diminuem a barreira da mucosa gástrica, interferem com reparação tecidual. Podem aumentar a produção de ácido clorídrico e pepsina com aparecimento de sintomas gástricos. Dispepsia. Raramente ocorrem complicações como hemorragia e perfuração ou morte. Efeitos no Sistema Nervoso Central Euforia, melhora do ânimo, insônia, ao passo que outros expressam ansiedade e depressão. Podem ocorrer surtos psicóticos e tendência ao suicídio. As alterações observadas são transitórias, cessam com a suspensão do tratamento. Efeitos no Sistema Cardiovascular Aumentam a pressão arterial sistêmica. Efeitos Hematológicos Há diminuição de linfócitos, monócitos, basófilos e eosinófilos circulantes. Podem aumentar a coagulação sanguínea, acarretando efeitos trombóticos (diminui a produção de anticorpos anti-plaquetas e a destruição das plaquetas). Efeitos sobre o Feto e o Lactante A placenta é capaz de biotransformar extensamente vários agentes corticoides a metabólitos inativos. Embora passem no leite, eles não acarretam problemas ao lactante se as doses forem pequenas e administradas longe das mamadas. Predisposição a Infecções Leva a imunodepressão, o que predispõe a infecções bacterianas, virais e fúngicas (infecções oportunistas). Mascaram manifestações clínicas de várias doenças, como a febre nas doenças infecciosas. Resumo dos Efeitos Adversos: Giba, hipertensão, adelgamento da pele, atrofia muscular, osteoporose, tendência a hiperglicemia, balanço nitrogenado negativo, aumento do apetite, suscetibilidade a infecções, aumento de gordura abdominal, catarata, hipertensão intracraniana benigna, fásceis de lua cheia, equimoses e estrias. PREDNISOLONA Fármaco de escolha para efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores sistêmicos. É de ação intermediária. PREDNISONA Fármaco inativo até ser convertido em prednisolona no fígado. É de ação intermediária. METILPREDNISOLONA Fármaco usado como anti-inflamatório e imunossupressor. Faz mínima retenção de sódio, o que não faz aumentar tanto a pressão arterial. É de ação intermediária. TRIANCINOLONA Usado para os mesmos tratamentos que as demais, porém mais tóxica do que as outras. Não faz retenção de sódio. É de ação intermediária. DEXAMETAZONA Anti-inflamatório e imunossupressor usado especialmente em situações em que a retenção hídrica deve ser evitada. É de longa ação. BETAMETAZONA Anti-inflamatório e imunossupressor usado especialmente em situações que a retenção hídrica necessita ser evitada. É de longa ação. DOSAGENS Doses Normais: Equivale a quantidade de cortisol secretado diariamente. Dose diária de cortisol de 20 a 30mg/dia. Doses Farmacológicas: Equivale a quantidade necessária para o glicocorticóide agir como anti-inflamatório. Dose 5mg > do que a secretada pelo organismo. Doses Imunossupressoras: Equivale a quantidade necessária de glicocorticóide para causar imunodepressão no sistema imunológico. Doses altas: 1-2mg/Kg/dia. Pode ser aplicado em dias alternados ou em pulsoterapia (doenças graves). O fracionamento de doses (3-4 vezes diária) só deve ser realizado quando o tratamento for de curta duração. O esquema de dias alternados utiliza o dobro das doses diárias e nos dias sem corticoides a secreção de cortisol pela adrenal se faz normalmente. Nem sempre há resposta com esse esquema (doenças graves hematológicas, malignas e transplante renal), mas deve ser tentado porque efetivamente diminui a incidência de efeitos indesejáveis e supressão do eixo. Na administração única matinal ou em dias alternados se usa corticoide de ação intermediária. A retirada dos corticoides depende do esquema de uso: quando breve, a suspensão pode ser abrupta. Em tratamentos mais longos essa retirada deve ser gradual e lenta, para não haver supressão do eixo adreno-hipotalâmico-hipofisiário. Consequências: Recrudescimento da doença básica (efeito rebote). Síndrome de abstinência aos efeitos euforizantes (mal-estar, febre, mialgias e artralgias). Pseudotumor cerebral, manifesto por hipertensão intracraniana. Insuficiência da adrenal, decorrente da supressão do eixo hipotálamo-hipófise- adrenal que segue suspensão rápida. Há variações individuais no tempo requerido para a recuperação funcional do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal: semanas, meses ou até mesmo um ano. Efeito rebote segue-se à interrupção abrupta de tratamento. Tópico prolongado, manifestando-se por ressurgimento de lesões. Antes da suspensão, um esquema intermitente ou substituição de agentes mais potentes por outros de menor atividade diminui os efeitos de retirada. Pode ocorrer corticodependência (doença ressurge com determinada dose, necessitando retomar da dose mais alta). Uso Tópico: As diferentes propriedades farmacocinéticas de novos agentes tópicos mais lipofílicos aumentam a eficácia local e diminuem efeitos adversos, pois são rapidamente inativados após a absorção. Mesmo com uso tópico, ocorre absorção sistêmica com BECLOMETAZONA, TRIANCINOLONA, FLUNISOLIDA e BUDESONIDA, cujas biodisponibilidades variam de 34 a 49%. Não há problemas descritos do uso de corticoides durante a gestação, somente em altas doses pode causar uma insuficiência adrenal no feto. Usos Terapêuticos: Lúpus eritematoso sistêmico (LES), artrite reumatoide, artrite gotosa aguda, asma brônquica, DPOC, doença de Crohn (evitar BUDESONIDA), meningite bacteriana, esclerose múltiplas, dor ciática, afecções muscoesqueléticas e dermatológicas, osteoartrose do joelho, rinite alérgica, sinusite, afecções oculares. Antiasmáticos ASMA: Condição inflamatória crônica das vias aéreas. São episódios recorrentes de obstrução brônquica de reversão espontânea ou por tratamento. Manifestam-se clinicamente por episódios de broncoconstrição aguda, tosse, sibilância e dispnéia. O mecanismo de ação da asma ocorre por absorção de antígenos através das vias respiratórias leva a reação com a IgE, produzindo edema, hipersecreção e espasmo por liberação de mediadores. Ocorre, portanto, inflamação sendo produto de ampla interação entre células: mastócitos, linfócitos, eosinófilos, linfócitos T, macrófagos, neutrófilos e mediadores (histamina, leucotrienos e citocinas). Objetivos do Tratamento a) Reduzir o agravamento: Prevenir os sintomas crônicos e penosos, necessidade de uso infrequente (≤ dois dias/semana) de agonista β2 de ação rápida. Manter função pulmonar normal. Manter nível de atividade normal (incluindo exercícios, frequência escolar e trabalho). b) Reduzir o risco: Prevenir o agravamento recorrente da asma e prevenir a progressiva perda da função pulmonar. AGONISTAS β2 SELETIVOS 1. Ação Intermediária: São utilizados para alívio rápido dos sintomas. São administrados por inalação ou oral. Tem ínicio de ação entre 5-30 minutos com duração de 4-6h. Ex: SALBUTAMOL, FENOTEROL, TERBUTALINA e METAPROTERENOL. 2. Ação Prolongada: Utilizados para tratamento de asma no nível intermediário. São administrados por inalação ou via oral com duração de 8-12h. Ex: FORMOTEROL e SALMETEROL. Esses fármacos relaxam o músculo liso brônquico, inibem a liberação de mediadores dos mastócitos e a liberação de TNF-α dos mastócitos e também aumentam a remoção do muco. Efeitos Adversos: Taquicardia (β1 e β2), hiperglicemia, hipopotassemia, hipomagnesemia, tremores (β2), ansiedade e tolerância. ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS Bloqueiam a contração dos músculos lisos das vias aéreas e a secreção de muco mediada pelo vago. Tem menor eficácia broncodilatadora que os simpatomiméticos. Ex: IPRATROPIO, TIOTROPIO e ATROPINA. IPRATROPIO O ipratropio em associação com agonistas β2 de curta duração tem indicação atual na abordagem de exacerbações moderadas e graves na asma. Geralmente livre de efeitos indesejáveis. O ipratropio é o mais utilizado, administrado na forma de aerossol de 6h/6h. São menos eficazes para o tratamento da asma porque necessitam que o broncoespasmo seja causado por ação colinérgica. Efeitos Adversos:Xerostomia, gosto desagradável e tosse. XANTINAS ou METILXANTINAS São broncodilatadores que promovem alívio na obstrução e alívio de sintomas. Ex: TEOFILINA e AMINOFILINA. TEOFILINA A TEOFILINA (mais usada) inibe a fosfodiesterase e com isso o AMPc não se converte a AMP e não realiza o broncoespasmo. A teofilina é bem absorvida por via oral e metabolizada pelo sistema P450 no fígado. Meia vida de eliminação é de 8 horas. Administrar em intervalos de 6-8 horas. Efeitos Adversos: Taquicardia, arritmias, náuseas e cefaleia. AMINOFILINA A aminofilina é administrada intravenosa com intervalo de 12 horas em injeção contínua e lenta (30 minutos). Por ser IV pode causar taquicardia, arritmias, vômitos, hipotensão postural, convulsões e morte. GLICOCORTICOIDES Pode ser administrado de várias formas: a) Aerossol: BECLOMETASONA, BUDESONIDA, FLUNISOLIDA e FLUTICASONA. Intervalo de ação de 12 horas. b) Cápsula com Inalador: MOMETASONA. Intervalo de ação de 24 horas. c) Via Oral: PREDNISONA e PREDNISOLONA. O primeiro com intervalo de 4- 12horas e o segundo de 24 horas, todos sendo usados durante 3-10 dias. d) Intravenosa: METILPREDNISOLONA e HIDROCORTISONA. Ambos com intervalo de ação de 6 horas. Efeitos Adversos: Candidiase orofaríngea, irritação da garganta e voz rouca. Obs: FLUTICASONA, MOMETASONA e CICLOSONIDA são pouco absorvidas no TGI e possuem metabolismo pré-sistêmico quase completo. CROMOGLICATO DE SÓDIO e NEDOCROMIL Não são broncodilatadores, são anti-inflamatórios que são úteis profilaticamente. Inibem a asma induzida por antígenos ou exercício. O uso crônico reduz a reatividade brônquica e são ineficazes na reversão do broncoespasmo. São fármacos de curta duração e com alta segurança. Administração por cápsula inalatória. Mecanismo de Ação a) Inibem a liberação de mediadores inflamatórios (histamina). b) Inibem broncoconstritores a partir de mastócitos e macrófagos. c) Inibem a resposta tardia a alérgenos e broncoespasmo induzido pelo exercício e frio. Efeitos Adversos: Gosto desagradável na boca, rouquidão e tosse. ANTI-LEUCOTRIENOS São fármacos que agem combatendo a ação de leucotrienos. Ex: ZAFIRLUCASTE, PRANLUCASTE, ZILEUTONA e MONTELUCASTE. Os fármacos LUCASTES são antagonistas dos receptores de leucotrienos, já a ZILEUTONA é inibidora da síntese de leucotrienos. Efeitos Adversos: Cefaleia, efeitos no TGI, vasculites e alterações das enzimas hepáticas. TERAPIA ANTI-IgE OMALIZUMAB É um fármaco biológico de um anticorpo monoclonal dirigido contra IgE. A IgE quando ligada ao fármaco não consegue ligar-se aos receptores presentes nos mastócitos e basófilos. Farmacocinética: Injeção subcutânea a cada 2 ou 4 semanas, metabolização hepática, meia vida de 26 dias e níveis máximos em 7 e 8 dias. Efeitos Adversos: Rubor e equimoses no local da injeção. Antirreumáticos São medicamentos utilizados principalmente na artrite reumatoide. DROGAS MODIFICADORAS DO CURSO DA DOENÇA Essas drogas melhoram os sintomas, tem início lento (meses - característica comum) e podem ser associadas com AINEs (ou glicocorticoides). Necessidade de terapia continua para manter a remissão da doença (recorrência e rebote após a interrupção da medicação). Retardam a evolução da doença, mas não o detêm inteiramente. Fármacos mais utilizados: HIDROXICLOROQUINA, SULFASSALAZINA, METOTREXATO e LEFLUNOMIDA. Pode também ser introduzidos imunossupressores na terapia contra rejeição de órgãos transplantados (AZATIOPRINA, CICLOSPORINA e MICOFENOLATO DE MOFETILA). METOTREXATO O MTX é um agente imunomodulador cuja ação consiste na inibição da síntese de DNA, RNA, timidinato e proteínas e antagonista do ácido fólico. Os efeitos anti- inflamatórios do MTX na artrite reumatoide parecem estar relacionados, pelo menos em parte, com a modulação do metabolismo da adenosina e com os efeitos possíveis nas vias do fator de necrose tumoral. O MTX é atualmente considerado o fármaco padrão no tratamento da AR, pois reduz sinais e sintomas de atividade da AR e melhora o estado funcional do paciente. Além disso, reduz a progressão das lesões radiográficas. O metotrexato tem inicio de ação mais rápida que outros DMARDs. Pode ser administrado via oral ou parenteral (IV ou SC). Caso não observe melhora deve ir aumentando a dose até chegar 20-30mg/semana. A eliminação é por via renal e cerca de 40 a 90% do fármaco é eliminado de forma inalterada. Sugerido associação com o ácido fólico na dose de 5-10mg/semana dois dias após a administração do metotrexato. Usos Terapêuticos: Agente antirreumatóide, antineoplásico, atividade imunossupressora e atividade citotóxica. Efeitos Adversos: Anemia, neutropenia, náuseas, vômitos, mucosite e elevação de enzimas hepáticas. Contraindicações: Insuficiência renal, hepatopatias, etilismo e supressão da medula óssea. Em mulheres em idade fértil que não estejam utilizando métodos anticoncepcionais. A gestação e a amamentação também são contraindicadas para uso do MTX. Deve ser usado com cautela em pacientes com pneumopatias leves e evitados em pacientes com comprometimento pulmonar moderado ou grave. Monitoramento: Hemograma, creatinina e enzimas hepáticas a cada 4-12 semanas. LEFLUNOMIDA A LEF é um agente imunomodulador com atividade antiproliferativa que inibe a enzima diidroorotato desidrogenase, envolvida na síntese da pirimidina. Ela reduz a dor e a inflamação e retarda a progressão da lesão estrutural na artrite reumatoide. A LEF melhora a qualidade de vida e reduz a progressão radiográfica. Pode ser uma alternativa ao MTX ou pode ser uma terapia combinada. Farmacocinética: Absorvida no TGI e a biotransformação ocorre provavelmente no fígado e na parede gastrointestinal, transformada principalmente em M1, o metabolito 1 é o ativo responsável por todas as ações da medicação. Pico de concentração máxima da M1 é de 6–12 h e sua eliminação é renal e intestinal. Efeitos Adversos: Náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia, alteração das enzimas hepáticas, exantema cutâneo e hipertensão. Contraindicação: Mulheres em idade fértil que não estejam utilizando métodos anticoncepcionais, pacientes com insuficiência renal e hepatopatias. Sua suspensão é recomendada até dois anos antes de uma possível gravidez. Monitoramento: Hemograma, creatinina e enzimas hepáticas a cada 4-12 semanas. SULFASSALAZINA A SSZ é um DMCDs que pertence ao grupo dos salicilatos e sulfamidas. É desdobrada pelas bactérias intestinais na sulfapiridina e no ácido 5-aminosalicílico. A sulfapiridina tem vários efeitos imunomoduladores, como inibição da produção de prostaglandinas, de diversas funções neutrofílicas e linfocitárias e da quimiotaxia, e mostra-se eficaz em quadros leves e iniciais de artrite reumatoide. Também é inibidor de enzimas folato-dependentes. Provoca redução da atividade da doença, atua no controle da dor e na avaliação clinica global. Além disso, tem interferência sobre a progressão radiográfica. Ação reduzida quando associada com antibiótico. Farmacocinética: Meia vida de eliminação de 5-10 horas, o metabolismo ocorre no trato gastrointestinal (via flora intestinal) e sua excreção é renal. Efeitos Adversos: Anemia hemolítica e neutropenia. Realizar monitoramento hematológico mensal. Monitoramento: Hemograma, creatinina e enzimas hepáticas a cada 8-12 semanas. HIDROXICLOROQUINAe CLOROQUINA São fármacos classificados como antimaláricos. Usados no lúpus eritematoso sistêmico e na artrite reumatoide (tem relativamente poucos efeitos colaterais). Isoladamente não retarda a lesão articular, apenas quando associada ao MTX. Elas causam diminuição da quimiotaxia dos leucócitos, estabilização de enzimas lisossômicas e inibe a fosfolipase A2, ou seja, têm propriedades anti-inflamatórias. Efeitos Adversos: Miopatias (dose dependente), toxicidade ocular (dose dependente e cumulativa), náuseas, vômitos, dor epigástrica, pesadelos e hiperpigmentação cutâneo. Monitoramento: Exame oftalmológico inicial e anual após 5 anos (ou desde o principio se houver fatores de risco para maculopatia ou retinopatia). Obs: HIDROXICLOROQUINA pode ser usada na gestação. SAIS DE OURO: AUROTIMALATO DE SÓDIO e AURANOFINA O efeito se desenvolve lentamente demorando de 3-4 meses. O mecanismo de ação é por inibição da indução da IL-1 e TNF-α. Esses fármacos são captados pelos macrófagos e suprimem a fagocitose e atividade lisossomal. Efeitos Adversos: Úlceras bucais, sintomas de resfriados, proteinúria, trombocitopenia, encefalopatia, neuropatia periférica e hepatite. São usados infrequentemente devido à necessidade de monitorização da mielossupressão e por ser um fármaco caro. CICLOSPORINA Tem potente atividade imunossupressora com ação na redução de rejeição de órgãos em transplantes. Efeitos Adversos: NEFROTOXICIDADE (comum), hiperplasia gengival, hipertensão, hepatotoxicidade e hirsutismo. MICOFENOLATO DE MOFETILA É um pró-fármaco que rapidamente se converte em seu agente ativo (ácido micofenólico). O mecanismo de ação é porque ele restringe e reduz a proliferação de linfócitos T citotóxicos e linfócitos B. Usos Clínicos: Profilaxia na rejeição de transplantes e para nefrite no lúpus eritematoso sistêmico. Efeitos Adversos: Efeitos gastrointestinais. AZATIOPRINA Amplamente usada para imunossupressão, particularmente para o controle de doenças autoimunes (artrite reumatoide e prevenção na rejeição de transplantes). Efeitos Adversos: Náuseas, vômitos, dispepsia, diarréia, erupções cutâneas, hepatotoxicidade, risco de infecções, aumento dos linfonodos e depressão da medula óssea (leucopenia). CICLOFOSFAMIDA É um pró-fármaco transformado no fígado em seus metabólitos ativos. É um agente alquilante que interfere com a síntese de DNA. Exerce um efeito significativo sobre a proliferação das células. Usado clinicamente em doenças imunes que se limita a distúrbios da imunidade humoral, particularmente o LES. Também causa supressão da formação de anticorpos contra xenotransplantes. Efeitos Adversos: São graves e disseminados. Incluem leucopenia, cardiotoxicidade, alopécia e risco aumentado de câncer, devido a sua mutagenicidade. O risco de câncer vesical é particularmente notável porque produz um metabólito carcinogênico, a acroleína, que se concentra na urina. D-PENICILAMINA Fármaco análogo do aminoácido cisteína, previne a progressão da doença e reduz a velocidade de progressão da destruição óssea na artrite reumatoide. Efeito terapêutico observados em semanas, mas não alcançam o platô em vários meses. Eles diminuem a resposta imunológica e a geração da IL-1. Efeitos Adversos: Insuficiência renal e anemia aplásica. AGENTES ANTICITOCINAS O TNF é uma citocina pró-inflamatória que apresenta papel chave como mediadora de sinovite inflamatória, degradação da matriz articular e erosão óssea na artrite reumatoide. É um importante alvo molecular para intervenção biológica direta, para isso foram criados os bloqueadores dessa citocina na tentativa de diminuir os sinais e sintomas da doença, diminuir a progressão da lesão e melhorar a função física (tem resposta em duas semanas de tratamento). Reações Adversas: Infecções bacterianas graves, tuberculose (reativação da infecção latente), aspergilose, histoplasmose, coccidioidomicose, listeriose e pneumonia. Maioria são infecções oportunistas. ETARNECEPTE É uma proteína composta por dois dímeros, sendo que um deles é extracelular, e realiza ligação aos TNF α e β. Via subcutânea. ADALIMUMABE É um anticorpo monoclonal humano que se liga ao TNF humano com alta afinidade. Via subcutânea. INFLIXIMABE É um anticorpo monoclonal quimérico com meia vida de 9 dias. Via intravenosa. ANACINRA Fármaco antagonista do receptor da IL-1. Realiza redução de sinais e sintomas da artrite reumatoide moderada a grave. Pacientes devem ser monitorados com sinais de infecção. Sua administração é SC em dias alternados nos pacientes com artrite reumatoide. Efeitos Adversos: Neutropenia. Antimicrobianos O uso de antibióticos tem como objetivo tratar e prevenir infecções, atuando em organismos como bactérias, fungos e protozoários. Os antimicrobianos podem ser: antibacterianos, antifúngicos, antivirais, antiprotozoários e anti-helmínticos. ANTIBIÓTICO: São fármacos produzidos a partir de microrganismos, principalmente fungos. QUIMIOTERÁPICOS: São fármacos sintetizados em laboratório. Os antibióticos podem ter características BACTERICIDAS que são aqueles que têm potencial de matar os microrganismos, ou ações BACTERIOSTÁTICAS que são aqueles que inibem o crescimento, e necessita da atuação do sistema imune para eliminar a infecção. Outros termos importantes a serem discutidos é o espectro de ação desses fármacos. Antibióticos de AMPLO ESPECTRO (Tetraciclina) são preferidos nas infecções em que não se conhece o agente etiológico, e os de ESPECTRO LIMITADO (Isoniazida) são usados após o conhecimento do microrganismo por resultados de cultura e antibiograma. MECANISMO E LOCAIS DE AÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS 1. Inibem a síntese da parede celular: β_LACTÂMICOS e VANCOMICINA. 2. Ativam enzimas que destroem a parede celular. 3. Aumentam a permeabilidade da membrana: ISONIAZIDA e ANFOTERICINA B. 4. Inibem a síntese de ácido nucleico: FLUOROQUINOLONAS e RIFAMPICINA. 5. Inibem a síntese proteíca: TETRACICLINAS, AMINOGLICOSÍDEOS, MACROLÍDEOS, CLINDAMICINA e CLORANFENICOL. 6. Inibidores do metabolismo: SULFONAMIDAS e TRIMETROPIM. Para a escolha de um antibiótico é necessário levar em conta a existência da infecção, a localização da infecção e da flora local habitual, a sensibilidade do agente infectante, a natureza da infecção, as característicos do agente microbiótico e a farmacologia do antibiótico. a) Existência de Infecção: Presença de febre (sudorese e calafrios) tosse (nova ou mudança no padrão de uma pré-existente), catarro (com alterações de cor, quantidade, sangue, cheiro), dor (ventilatório dependente, miccional, articular, abdominal), inflamação (sinais flogísticos) e glóbulos brancos aumentados (leucocitose). b) Localização da Infecção e da Flora Habitual: Conhecimentos gerais da doença infecciosa, os patógenos típicos de tal infecção e sintomas e sinais clássicos. Assim como conhecer o ambiente que está tendo a infecção (epidemia, surto, viagem, contato com doentes). c) Sensibilidade do Agente Infectante: Conhecer sobre a sensibilidade e/ou resistência de um antibiótico perante um microrganismo é de extrema importância. d) Natureza da Infecção: Localização (pele, pulmão), presença de corpos estranhos (cateteres, próteses), pH do local infectado (estômago, urina), teor de oxigênio no local (abscessos, intestino), perfusão sanguínea local (extremidades em diabéticos).e) Características do Hospedeiro: Características do paciente como idade, imunocompetência, uso prévio de antibióticos, doenças de base, função renal e função hepática. f) Farmacologia do Antibiótico Vias de Administração: Oral, parenteral, tópica. Absorção: Relação com as refeições e formação de quelato. Distribuição: Líquor, rins e articulações. Excreção: Renal e hepática. Concentração inibitória mínima (menor concentração do agente capaz de inibir o crescimento da cultura do microrganismo), posologia e duração do tratamento. Farmacodinâmica: Efeitos colaterais e reações alérgicas. RESISTÊNCIA BACTERIANA: Pode acontecer a resistência natural ao antibiótico ou resistência adquirida (por seleção -> mutação; ou por indução -> plasmídeos e transpossomas). A resistência pode ser revertida em alguns casos, quando o antibiótico tem seu uso diminuído. Abaixo estão citados alguns mecanismos de resistência bacteriana: a) Inibição enzimática. b) Perda da permeabilidade. c) Exclusão ativa do antimicrobiano. d) Alterações dos sítios ribossômicos. e) Alterações de receptores de membrana. f) Superprodução de enzimas alvo. g) Derivação de síntese enzimática. BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS: A parede celular dessas bactérias é formada de cápsula, proteína, ácido teicóico e polissacarídeos, peptideoglicano e membrana citoplasmática. BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS: Sua parede celular é formada de cápsula com porinas, polissacarídeos, membrana externa, peptideoglicano e membrana citoplasmática. Essas bactérias possuem um espaço periplásmico o que prejudica a ação de alguns fármacos. β_Lactâmicos Esses antibióticos tem uma gama de variedade e classificações. Os β_lactâmicos impedem as ligações cruzadas dos peptídeos de se ligarem a cadeias tetrapeptídicas laterais, portanto, eles afetam a síntese da parede celular. A cadeia lateral de peptídeos (formados por ácido N_acetilmurânico e N_acetilglicosamina) sofre ligação cruzada na etapa final da síntese do peptideoglicano, e é nessa junção que atuam esse grupo de fármacos, ou seja, quanto maior reações cruzadas, maior será a ação dos fármacos. O sítio de ligação dos β_lactâmicos não é o mesmo, por isso eles têm a vantagem de não haver competição entre os fármacos. São sempre bactericidas. Mecanismos de Resistência: Inibição pelas betalactamases, por bombas de efluxo e alterações das proteínas de ligação. PENICILINAS As penicilinas são um grupo de antibióticos formados de ácido-estável permitindo a administração oral, são altamente eficientes e com uma toxicidade extremamente baixa. São classificadas em: a) Penicilinas Naturais: BENZILPENICILINA (Penicilina G) e FENOXIMETILPENICILINA (Penicilina V). b) Espectro Estendido: AMPICILINA e AMOXICILINA. c) Antiestafilocócicas: DIELEXACILINA, METICILINA, NAFCILINA e OXACILINA. d) Antipseudomonas: CARBENICILINA, PIPERACILINA e TICARECILINA. Existem ainda as penicilinas resistentes à penicilinase, como a OXACILINA e a METICILINA, que são utilizadas para o tratamento de infecções causadas por Staphylococcus sensíveis. FARMACOCINÉTICA: Esses antibióticos possuem diferentes absorções, sendo a velocidade desse evento característica de cada fármaco, apenas com administração parenteral que esses fármacos se equivalem no quesito absorção. A via intramuscular é muito dolorosa e causa irritação local. São distribuídos amplamente nos líquidos corporais e tecidos. Sua excreção é renal. Obs: A PROBENICIDA bloqueia a secreção tubular renal das penicilinas e cefalosporinas, impedindo sua rápida excreção e, portanto, aumentando os níveis séricos desses fármacos, assim como os efeitos colaterais. EFEITOS ADVERSOS: Provocam reações de hipersensibilidade, diarréia e irritação gastrointestinal (ampicilina em 20% dos casos), superinfecções (candidiase oral e vaginal e colite pseudomembranosa), nefrite, neurotoxicidade (ação irritativa das penicilinas, maior morbidade são as convulsões) e toxicidade hematológica (nas penicilinas antipseudomonas). PENICILINA G ou BENZILPENICILINA A PENICILINA G não pode ser administrada por via oral por ser inativada pelo suco gástrico, portanto é administrada via intramuscular. A BENZATINA forma depósitos, com liberação gradual e meia vida longa, com duração de mais ou menos um mês. Não penetra na BHE a não ser que as meninges estejam inflamadas. Pode ser administrada IV ou IM. MICRORGANISMOS: Estreptococos β_hemolíticos, meningococos, pneumococos (Streptococcus pneumoniae), Treponema pallidum, estafilococos não produtores de betalactamases e pouca atividade contra clostridios. DOENÇAS: Faringoamigdalites (determinadas por Streptococcus), meningite (por Neisseria meningitis), sífilis, tétano, leptospirose. 1ª Escolha: Leptospirose, Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae. Também é utilizada na endocardite bacteriana causada por S. viridans e S. faecalis, porém associada GENTAMICINA (aminoglicosídeo). Usada para evitar a recorrência de febre reumática. PENICILINA V ou FENOXIMETILPENICILINA Possui o espectro similar ao da PENICILINA G, porém com necessidade de administração por quatro vezes diárias, devido a sua baixa biodisponibilidade. Está sendo substituída pelas aminopenicilinas. É segura na gestação (risco B) e lactação. Mais resistente ao ácido gástrico podendo ser utilizada por via oral. DOENÇAS: Faringoamigdalites não graves. AMOXICILINA e AMPICILINA São classificadas como penicilinas de espectro estendido do grupo das aminopenicilinas. Seu espectro é similar a benzilpenicilina, mas são mais eficazes em bactérias Gram- negativas (Escherichia, Proteus e Haemophilus). São seguros na gestação (Risco B) e lactação. A AMOXICILINA tem melhor absorção oral, níveis sanguíneos mais elevados quando comparada com a AMPICILINA, além de menores distúrbios do TGI. A AMPICILINA sofre menor absorção quando administrada com a alimentação, podendo causar diarréia. Doses: Amoxicilina: 250 a 500mg 3xdia / Ampicilina: 250 a 500mg 4xdia. MICRORGANISMOS: Droga de escolha para Enterococos, com associação de aminoglicosídeos em infecções graves. OXACILINA, METICILINA, CLOXACILINA e DICLOXACILINA São penicilinas antiestafilocócicas, por não permitirem a inativação da ação pelas betalactamases desses microrganismos. Se uma cepa for resistente a OXACILINA confere resistência a todos os β_lactâmicos disponíveis no momento. São fármacos de risco B na gestação e lactação. Esse grupo de antibióticos tem interação com a alimentação, sendo, portanto, administradas 1 hora antes ou depois da refeição. A METICILINA é a droga de escolha para infecções graves por Staphylococcus sensíveis. CARBENICILINA,TICARCILINA e PIPERACILINA São penicilinas antipseudomonas, com atividade aumentada contra Gram-negativas, incluindo Pseudomonas aeruginosa causadora de endocardite, foliculite, doenças pulmonares, infecções oculares e auriculares, assim como em anaeróbios. Para combater esse bastonete Gram-negativo (Pseudomonas) é necessário associação com aminoglicosídeos. A PIPERACICLINA pode ser associada ao TAZOBACTAN para infecções graves por bactérias sensíveis gram-negativas, como sepse e pielonefrite. Doses: 2,25 a 4,5g em intervalos de 6 a 8 horas. Risco B na gestação. Pode causar diarréia e candidíase em crianças. São todas administradas IV. CLAVULANATO, SULBACTAM e TAZOBACTAM São antibióticos que funcionam como substratos para as betalactamases, não tendoação alguma sozinhos. Eles tornam a AMPICILINA e AMOXICILINA ativas contra anaeróbios em geral. Eles se ligam irreversivelmente e inativam as betalactamases bacterianas sensíveis, permitindo que o fármaco associado interrompa a síntese da parede celular bacteriana. MICRORGANISMOS: H. influenzae, E. coli, Klebsiella sp., e outras bactérias Gram- negativas. CEFALOSPORINAS Desde a sua introdução em 1960 tem sido amplamente utilizadas, tem o mesmo mecanismo de ação das penicilinas e são afetadas pelos mesmos mecanismos de resistência. São mais resistentes do que as penicilinas as ß-lactamases e possuem um espectro mais amplo e dispõem de melhores propriedades farmacocinéticas: como meia vida mais longa, por exemplo. Um problema do uso das cefalosporinas é que muitas bactérias Gram-negativas desenvolveram rapidamente resistência ao uso desses fármacos. Obs: Pacientes que apresentam resposta anafilática a penicilinas não devem receber cefalosporinas (por causa da sensibilidade cruzada). EFEITOS ADVERSOS: Flebite e tromboflebite, diarréia, náuseas, vômitos, anorexia, hemorragias, pseudolitíase biliar (Ceftriaxona), nefrotoxicidade, hepatotoxicidade, neurotoxicidade e reações do tipo dissulfiram (associação com álcool, não podendo ser ingerida concomitantemente). CEFALOSPORINAS DE 1ª GERAÇÃO: CEFALOTINA, CEFAZOLINA e CEFALEXINA Esses antibióticos atuam como substitutas a benzilpencilina. São ativas contra cocos Gram-positivos, alem de apresentar atividade contra Proteus mirabilis, E. coli, e K. pneumoniae. Não podem ser usadas em meningites, pois não penetram a BHE e não tem atividade anaerobicida. Podem ser utilizadas como alternativa a pacientes alérgicos a penicilinas. Risco B na gestação. CEFALOSPORINAS DE 2ª GERAÇÃO: CEFOXITINA, CEFAMANDOL, CEFUROXIMA e CEFACLOR O uso clínico principal é nas infecções respiratórias e é primeira escolha para otite média aguda. Apresentam maior atividade contra Gram-negativos adicionais (H. influenzae, Enterobacter aerogenes e algumas espécies de Neisseria). Não tem ação anaerobicida (com exceção da CEFOXITINA que é eficaz contra o B. fragilis, porém tem fraca atividade contra o H. influenzae). Tem boa infiltração no líquido cefalorraquidiano. CEFALOSPORINAS DE 3ª GERAÇÃO: CEFOTAXINA, CEFTRIAXONA, CEFTAZIDIMA e CEFOPERAZONA São drogas com melhor espectro para Gram-negativas, de escolha no tratamento de meningites bacterianas e eficazes no tratamento de peritonites (Cefotaxina e Ceftriaxona), além de serem ativas contra Pseudomonas sp. (Ceftazidima e Cefoperazona). CEFTRIAXONA: Meia vida longa, uso parenteral e reservada para infecções mais graves por causa da resistência. CEFALOSPORINAS DE 4ª GERAÇÃO: CEFEPIMA Antibiótico com amplo espectro antibacteriano. Penetra no SNC. Tem administração IV ou IM. MICRORGANISMOS: Gram-Positivos: S. pneumoniae, S. aureus sensíveis a meticilina, H. influenzae, Neisseria. Gram-Negativos Aeróbios: E. coli, K. pneumoniae, P. mirabilis e P. aeruginosa. CARBAPENÊMICOS São antibióticos ß-lactâmicos sintéticos de estrutura relacionada às penicilinas. São os de maior espectro atualmente disponíveis, pegando inclusive anaeróbios. Resiste à hidrólise pela maioria das betalactamases. São todos de administração intravenosa. Obs: ERTAPENEM não é ativo contra Pseudomonas. IMIPENEM Utilizado associado à CILASTINA para proteger da biotransformação pela desidropeptidases renais, que forma um metabólito inativo e nefrotóxico. Penetra bem em todos os tecidos e líquidos corporais, inclusive no líquor. Pode ser utilizado em ITU graves, pneumonias hospitalares graves, pneumonias associadas a ventilação mecânica e infecções intra-abdominais. Tem dificuldade de ligação nas proteínas da parede celular das bactérias, por isso é administrado intravenoso, para realizar uma ação mais rápida contra as bactérias. Dose: 2-4g a cada 6-8 horas, com meia vida de 1 hora e administrado via intravenosa. Efeitos Adversos: É seguro (raramente é necessário interromper o tratamento por complicações do seu uso). Pode causar convulsões, náuseas, vômitos, diarréia e flebites. Risco C na gestação. Penetra no SNC. MEROPENEM Espectro maior que o do IMIPENEM, tendo dois diferenciais: menor potencial para desencadeamento de crises convulsivas e uso restrito para infecções do sistema nervoso central. Não é biotransformado pelas peptidases renais. Dose: 2-4g, de 6-8h, com meia vida de 1 hora e administração IV. Efeitos Adversos: Riscos menores do que encontrados no IMIPENEM, sendo risco B na gestação. MONOBACTÂMICOS São fármacos de espectro restrito, não sendo muito empregados. AZTREONAM Utilizados contra bastonetes Gram-negativos aeróbios incluindo P. aeruginosa. Não apresenta atividade contra Gram-positivos aeróbios. Utilizado em infecções de vias urinárias e intra-abdominais. É resistente a ação de betalactamases e tem escassa reatividade cruzada com os outros β_lactâmicos. Utilização limitada por espectro restrito e rápido desenvolvimento de resistência, exclui uso sozinho em tratamento empírico. Farmacocinética: 2-4g, de 6-8 horas, com meia vida de 3h, IV ou IM. Excretado na urina e se acumula na insuficiência renal. Não é relativamente tóxico e pode causar flebite com testes de função hepática anormal, porque altera as transaminases. Glicopeptídeos São antibióticos que inibem a síntese da parede celular bacteriana, alteram a permeabilidade da membrana plasmática, inibem a síntese de DNA e RNA. Tem ação bactericida com baixo desenvolvimento de resistência. A vancomicina é o protótipo obtido em 1956. A inibição da parede celular ocorre pela interrupção da síntese de peptideoglicanos da parede celular de Gram-positivos em crescimento. VANCOMICINA A vancomicina interage com a terminação D-alanina/D-alanina das cadeias pentapeptídicas laterais impedindo a glicosiltransferase, que interferem na formação das pontes entre as cadeias de peptideoglicanos. Alguns são resistentes, pois a terminação das cadeias pentapeptídicas é D-alanina/D-lactato ou serina, o que não deixa a vancomicina se ligar. Pela sua alta eficácia tiveram uso em Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA). São indicados em casos de sepse ou endocardites causadas por MRSA. É inativa contra bactérias Gram-negativas, porque a molécula é muito grande para atravessar os poros da membrana externa e alcançar o peptideoglicano que é o seu sítio alvo. São fármacos de segunda escolha contra Clostridium. Ocorreram alguns casos de cepas de Enterococos que criaram resistência à vancomicina. Farmacocinética: Meia vida de 5 a 11 horas, sua depuração é renal. Não penetra na BHE, porém com as meninges inflamadas conseguem. É usado por via oral apenas no tratamento de enterocolite, o restante é por IV. Efeitos Adversos: SÍNDROME DO HOMEM VERMELHO: Febre, calafrios e flebite no sítio de infusão, dor e espasmos musculares em dorso e tórax, nefrotoxicidade (rara) e ototoxicidade (incomum) ocorrendo apenas em altas doses ou em associação com aminoglicosídeos, problemas hematológicos se uso prolongado (trombocitopenia, neutropenia e eosinofilia reversíveis). TEICOPLAMINA Semelhante à vancomicina no seu mecanismo de ação e espectro antibacteriano. É uma alternativa para pacientes com infecções por MRSA. Farmacocinética: Meia vida de 40-70 horas, aplicado 1xdia, IV ou IM. Não apresenta absorção oral adequada. A dosede ataque é de 6mg/Kg, seguida de 3mg/Kg. Tem boa penetração tecidual e com depuração renal. Administrada via intravenosa e intramuscular. Macrolídeos São antibióticos que agem inibindo a síntese proteíca. Os macrolídeos se ligam à subunidade 50S, inibindo, assim, a translocação do ribossomo. São tanto bacteriostáticos ou bactericidas em altas concentrações. Mecanismo de Resistência: Baixa permeabilidade em germes Gram-negativos, aumento do efluxo do fármaco, modificação do sítio de ligação com ribossomo e inativação por clivagem enzimática. Atividade Antimicrobiana Cocos Aeróbios Gram (+). Bacilos Aeróbios Gram (-): H. ducreyi, V. Cholerae, Bordetella pertussis, Legionella pneumophila, Campilobacter jejuni, Clamydia sp., Treponema pallidum, M. pneumoniae. Tem menor atividade contra H. influenzae, Enterobacteriáceas e Bacteróides fragilis. Farmacocinética: Absorção oral, meia vida curta (exceção: AZITROMICINA com meia vida maior que 40 horas). Apenas a ERITROMICINA não necessita conversão para metabólito ativo. Elas não penetram no SNC e são administrados por via oral ou intravenosa. Os metabólitos da AZITROMICINA e da ERITROMICINA são encontrados na bile. Efeitos Adversos: Distúrbios gastrointestinais, icterícia e ototoxicidade. PRIMEIRA ESCOLHA Infecções por L. pneumophila. Pneumonia por M. pneumoniae. Difteria. Gastroenterite por Campylobacter sp. Infecções por Chlamydia trachomatis em crianças e gestantes. Profilaxia de cirurgias de cólon (com NEOMICINA). Coqueluche. Cancróide e uretrite por U. urealyticum. Ainda são recomendadas como primeira linha em pneumonias comunitárias. Em infecções por Chlamydia é usada quando há contraindicação para tetraciclinas. Os macrolídeos não modificam o curso da coqueluche (sintomas causados por toxinas), mas diminuem a infecciosidade dos portadores. No Mycoplasma pneumoniae se utiliza ERITROMICINA, já que as penicilinas não atuam neles porque eles não têm paredes. ESCOLHA COMO ALTERNATIVA Infecções cutâneas leves por Staphylococos aureus. Profilaxia de endocardite bacteriana, faringites, sinusites, otites e febre reumática em pacientes alérgicos a penicilinas por infecção com Streptococcus pneumoniae. Sífilis primária, linfogranuloma venéreo e uretrite por Chlamydia. ERITROMICINA É o protótipo do grupo, espectro relativamente extenso, porém com pouca atividade contra H. influenzae, Enterobacteriáceas e Bacteroides fragilis. É o fármaco de escolha para infecções urogenitais decorrentes de Clamydia durante a gestação. AZITROMICINA Comparativamente maior atividade contra Gram-negativos e menor contra Gram- positivos. Muito mais ativo contra infecções respiratórias por H. influenzae e Moraxella catarrhalis. Preferida no tratamento por Chlamydia trachomatis. CLARITROMICINA Atividade similar a eritromicina, sendo mais ativa contra Clamydia, Legionella, Moraxella e H. pylori. Sua maior utilização é para erradicação da bactéria intestinal. A associação CLARITROMICINA e AMOXICILINA mostrou-se eficaz, pois a resistência primária é infrequente, os efeitos adversos são mais aceitáveis em comparação a outras associações e a duração do tratamento é menor. Tetraciclinas São antimicrobianos de amplo espectro. As tetraciclinas se ligam à subunidade ribossomal 30S, impedindo, assim, a ligação aminoacil-RNAt ao ribossomo, tendo ação bacteriostática. Pode ser usada associada ao cloranfenicol porque não competem pelo mesmo sítio de ação. A resistência às tetraciclinas pode ocorrer pela diminuição da penetração do antibiótico para o interior da célula, pelo efluxo ativo do antibiótico para fora da célula, por alteração de sítio-alvo no ribossomo ou por modificação enzimática do antibiótico. São elas: TETRACICLINA, DOXICICLINA e MINOCICLINA. Farmacocinética: São administrados por via oral ou intravenosa (Doxiciclina), com bom intervalo de ação (com exceção da Tetraciclina 6 horas). Excreção é hepática ou renal (Tetraciclina). Apenas a Minociclina assegura concentrações terapêuticas no LCR. O metabólito da Doxaciclina é biotransformado pela bile. Formam quelatos quando são administrados concomitantemente com alimentos lácteos. Efeitos Adversos: Distúrbios do TGI, toxicidade hepática, toxicidade renal, fotossensibilização, reações vestibulares, tontura, vertigem, toxicidade tissular local. A via intravenosa pode causar trombose venosa e a intramuscular é muito dolorosa e deve ser evitada. Estrutura óssea e dentes: As tetraciclinas podem produzir coloração permanente (amarelo, cinza, marrom) dos dentes e hipoplasia do esmalte, além de diminuição do índice de crescimento linear ósseo em lactentes prematuros, razão pela qual não é recomendável o uso em lactentes e crianças menores de oito anos. Contraindicações: Não usar na gestação porque tem risco D, por causar retardo no desenvolvimento ósseo do feto e risco de hepatotoxicidade. Não usar em crianças menores de oito anos, porque causam retardo ósseo em crianças e prematuro, além de descoloração dos dentes em formação. PRIMEIRA ESCOLHA Infecções do trato genitourinário causadas por Chlamydia trachomatis (uretrite, tracoma e linfogranuloma venéreo). Granuloma inguinal (Calymotobacterium granulomatis). Cólera. Infecções por Rickettsia. Brucelose (com estreptomicina). ESCOLHAS ALTERNATIVAS Gonorreia. Sífilis. DPOC. Pneumonia por M. pneumoniae. Acne grave. Leptospirose. Glicilciclinas São inibidoras da síntese proteíca assim como as tetraciclinas. O mecanismo de ação é bacteriostático, ligando reversivelmente à subunidade 30S. TIGECICLINA É o primeiro agente disponível dessa classe, derivada da minociclina tem sua estrutura semelhante a das tetraciclinas. Tem amplo espectro contra patógenos multirresistentes. Ação bacteriostática ligando reversivelmente na subunidade 30S. Tem espectro expandido incluindo, Streptococcus pneumoniae, Enterococcus vancomicina resistente, Gram-negativas produtoras de betalactamases e anaeróbios. Farmacocinética: Infusão IV por 30-60 minutos a cada 12 horas. É extensamente distribuída no plasma e tecidos corporais. Sua excreção é biliar e fecal e não requer ajuste de dose em paciente com insuficiência renal, porém necessário em portadores de disfunção hepática. Efeitos Adversos: Antibiótico bem tolerado podendo causar náuseas, vômitos, fotossensibilidade, coloração nos dentes. Contraindicação: Gestante. Cloranfenicol Antibiótico de amplo espectro e muito lipossolúvel. No Brasil, o cloranfenicol apresenta mais de 30 diferentes preparações para usos sistêmicos e tópicos. Age em Gram-positivos (não apresentando cobertura sobre Pseudomonas aeruginosa), anaeróbios e ótima atividade contra Rickettsia sp e Mycoplasma sp.. Os microrganismos adquirem resistência por redução da permeabilidade celular, mutação ribossomal e acetilação do cloranfenicol pela acetiltransferase. Mecanismo de Ação: O cloranfenicol inibe a peptidiltranferase. Níveis elevados também inibem a síntese de proteínas mitocondrial, atua na região 50S. Ele é bactericida ou bacteriostático dependendo da dose e da cepa. Farmacocinética: Administração IV ou oral, não sendo recomendado por IM já que ele não é completamente degradado. Doses de 2 a 4g fracionada 4xdia, com meia vida de 1,6 a 3 horas. São eliminados em produtos inativos na urina e produtos ativos na bile e fezes, tendo metabolização hepática. Não necessitaajuste de dose em insuficiência renal, se acumula em insuficiência hepática ou imaturidade desse órgão (recém-nascidos). Obs: O cloranfenicol realiza inibição do sistema citocromo P450, aumentando quantidades séricas de clorpropamida, fenitoína, tolbutamida e varfarina. Indicações: Meningite bacteriana especialmente útil em epidemias (H. influenzae, S. pneumoniae e N. meningitidis), infecções por Rickettsia sp., febre tifoide (Salmonella typhi com taxa de resistência de 80% -> difícil utilização), infecções por anaeróbios (tem grande cobertura anaerobicida), infecções por Yersinia pestis e conjuntivite bacteriana. Efeitos Adversos: Mais comuns são náusea, vômitos, diarreia, gosto desagradável e supressão medular. Os mais raros são aplasia de medula que independe da dose, síndrome cinzenta em recém-nascido, neurite óptica. Síndrome Cinzenta no Recém-Nascido: Se caracteriza por cianose, distensão abdominal, vômitos, diarréia, hipotonia, hipotermia e colapso circulatório agudo. Metade dos casos evolui para óbito. Obs: Não pode associar cloranfenicol com macrolídeo e glindamicina porque eles competem pelo sítio de ligação. Quinolonas São antibióticos que bloqueiam a síntese do DNA bacteriano, inibindo a topoisomerase II (DNA girase) e a topoisomerase IV (que interfere na separação do DNA cromossômico), além de impedir o relaxamento do DNA superespiralado positivo. Todas estas ações dão as quinolonas um efeito bactericida. A resistência a esse grupo se desenvolve por mutação: através de diminuição da afinidade das girases ou por diminuição da permeabilidade do fármaco. É bem comum a formação de resistência contra as quinolonas. Possuem baixa característica alérgica comparada as sulfas. FARMACOCINÉTICA: São antibióticos com boa disponibilidade oral, alcançando níveis séricos adequados em infecções sistêmicas (com exceção da norfloxacina e das quinolonas não fluoradas). Penetram bem em tecidos e fluídos corporais, e suas concentrações são superiores que as plasmáticas na urina, rim, pulmão, fezes, bile, tecido prostático, ossos, pele e tecidos moles. Sua eliminação é renal ou hepática. Efeito Pós-Antibiótico: Após o fim da administração o efeito perdura por horas ou dias, apesar disso deve se respeitar o tempo de tratamento, pois esse efeito não pode ser medido e varia entre as pessoas. USOS CLÍNICOS INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS: Tratamento de pneumonias da comunidade causadas por Streptococcus pneumoniae. As fluorquinolonas são recomendadas no tratamento empírico, pois a taxa de resistência a elas é inferior a 3%. Usar: LEVOFLOXACINA, GEMIFLOXACINA e MOXIFLOXACINA de 750mg/dia. INFECÇÕES URINÁRIAS: Tratamento de ITU causada por Escherichia coli (80% das ITU). Para essa patologia o medicamento de escolha é o sulfametoxazol-trimetoprim, porém se a resistência exceder a 20%, utilizar quinolonas por sua comodidade posológica. DST: Atividade contra Neisseria gonorrhoeae, Clamydia trachomatis e H. ducrey, mas sempre são escolhas alternativas. EFEITOS COLATERAIS: Gastrointestinais (anorexia, vômitos, diarréia e dor abdominal), no SNC (inquietação, cefaleia, sonolência e tonturas), nefrotoxicidade, reações hematológicas, reações de hipersensibilidade e fotossensibilidade, e mais raramente, convulsões, psicoses e tendinites (quando ocorre geralmente é no tendão de Aquiles). No sistema cardiovascular pode causar taquicardia e hipotensão. A MOXIFLOXACINA e a GATIFLOXACINA aumentam o intervalo QT, podendo causar arritmias. QUINOLONAS EM CRIANÇAS: O uso de quinolonas se limita a pacientes com fibrose cística e febre tifoide em locais de alta prevalência de resistência de S. typhi. Há risco controverso de efeitos adversos relacionados as cartilagens. Portanto, recomenda-se restrição de uso, a não ser que não haja opção de tratamento em infecções graves. ESPECTRO E AS GERAÇÕES 1ª GERAÇÃO: ÁCIDO NALIDÍXICO, ÁCIDO PIPEMÍDICO, ÁCIDO OXOLÍNICO, CINOXACINA e ROSAXACINA Não possuem atividade contra bactérias Gram-positivas, tem ação sobre enterobactérias e não atingem concentrações adequadas no sangue e tecidos. Uso restrito ao trato urinário, em ITU não complicada, assim como em gastroenterites não complicadas. O ÁCIDO NALIDÍXICO e o ÁCIDO PIPEMÍDICO são quinolonas não fluoradas. 2ª GERAÇÃO: NORFLOXACINA, CIPROFLOXACINA, OFLOXACINA e PEFLOXACINA Tem atividade contra Gram-negativos, Gram-positivos e atípicos (Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia). A NORFLOXACINA tem um espectro limitado, tendo pouca atividade em Gram- positivas. Tem uma boa concentração na urina e fezes, sendo restrita a sua atividade dos sistemas urinários e intestinais. Dose: VO, 400mg de 12h/12h. A CIPROFLOXACINA possui um espectro mais amplo, tendo uma maior ação contra as bactérias Gram-negativas, comparada com a pequena atividade em Gram-positivas. É utilizada em tratamentos sistêmicos. Dose: VO ou IV, 400mg de 12h/12h ou 8h/8h. 3ª GERAÇÃO: LEVOFLOXACINA Possuem uma maior atividade contra Gram-positivos e anaeróbios, porém uma menor atividade em Gram-negativas. Dose: VO ou IV, 250mg-750mg, de 24h/24h ou de 12h/12h. 4ª GERAÇÃO: GATIFLOXACINA e MOXIFLOXACINA São quinolonas mais fortes e com maior espectro, podendo atingir bactérias atípicas e serem usadas no tratamento contra a tuberculose. Sulfonamidas São fármacos descobertos pela sua atividade antiestreptocócica e seu uso indiscriminado desses agentes gerou resistência bacteriana. Quando descoberto o TRIMETOPRIM ele foi associado às sulfas, o que aumentou a eficácia e ampliação do espectro antimicrobiano. MECANISMO DE AÇÃO: Agem na enzima di-hidropteroato-sintetase, com ação bacteriostática. A resistência ocorre por uma superprodução de PABA ou por modificações estruturais da enzima de ação. ESPECTRO DE AÇÃO: Atuam em Gram-positivos e Gram-negativos. E. coli: Causadora de infecções adquiridas na comunidade, especialmente urinários. Sensíveis a Neisseria menigitidis, Clamydia, Toxoplasma e algumas espécies de Nocardia e Actinomyces. Mostram atividade contra Streptococcus pyogenes, com alternativa a pacientes alérgicos a penicilina e profilaxia de febre reumática. FARMACOCINÉTICA: As sulfas de ação curta devem ser administradas a cada 4/6 horas de intervalo. As sulfas de ação intermediária tem intervalo de 12 horas. A SULFADOXINA tem administração semanal. Devem sofrer reajustes de esquema em pacientes com depuração de creatinina endógena inferior a 50mL/min, a insuficiência hepática não requer ajuste de dosagem. EFEITOS ADVERSOS: Cristalúria, hipersensibilidade, anemia hemolítica e icterícia nuclear. CLASSIFICAÇÃO a) Não Absorvíveis: Tem ação limitada na luz intestinal, usada em casos leves à moderada de colite ulcerativa aguda, enterite regional e doença inflamatória pélvica: SULFASSALAZINA b) Tópicas: SULFACETAMIDA, MAFENIDA e SULFADIAZINA DE PRATA c) Absorvíveis: Utilizadas em nocardiose associada a penicilinas, eritromicina ou estreptomicina. 1. De absorção e excreção rápida: SULFIZOXAZOL e SULFADIAZINA (Usada na toxoplasmose associada a PIRETAMINA) 2. De absorção e excreção intermediária: SULFAMETOXAZOL 3. De absorção rápida e excreção lenta: SULFADOXINA (Usada na profilaxia da malária de forma associada com a PIRETAMINA). COTRIMOXAZOL: SULFAMETOXAZOL + TRIMETOPRIMA O trimetoprim é um antifolato que potencializa a ação antimicrobiana da sulfa, ampliando o espectro e diminuindo a resistênciaadquirida, ou seja, tem uma maior eficácia clínica. A composição do antibiótico é 5/1 (5 de sulfa + 1 de trimetoprim -> 400mg / 80mg). Sua ação é bactericida por inibição sequencial da rota de síntese do ácido fólico. FARMACOCINÉTICA: O fármaco atravessa a BHE muito lentamente, administrado IV e o fármaco inalterado e metabólitos aparecem na urina. A metabolização é hepática, excreção é renal e absorção é intestinal. É necessário reajustar o esquema de dose na insuficiência renal. O trimetoprim tem pico de 1 hora, enquanto a sulfametoxazol tem pico de 4 horas se utilizados oral, quando forem administrado IV as concentrações são similares para os dois. Atinge altas concentrações na saliva, leite materno, tecido prostático, líquido seminal, tecido pulmonar, bile e liquor. Dose Comum: 400mg + 80mg de 12h/12h. EFEITOS ADVERSOS: Urticária, náuseas, Kernicterus, deficiência de ácido fólico, cristalúria em altas doses nos pacientes com insuficiência renal, colite pseudomembranosa, hipersensibilidade e toxicidade hematológica. INDICAÇÕES 1. Infecções Genitourinárias: Indica-se em quase todas as formas de ITU aguda não complicada, em infecção urinária recorrente, pielonefrite não complicada e síndrome uretral, em adultos ou crianças. Em gestantes não é indicado especialmente no ínicio e no final da gestação. Para tratamento de infecção urinária recorrente, mais que três episódios anuais, administram-se COTRIMOXAZOL contínuo em um período de seis meses. Pode ser realizada com trimetoprim isolado (100mg à noite), nitrofurantoína (50- 100mg à noite) ou cotrimoxazol (40 a 200mg a noite). 2. Infecções Intestinais: Não deve ser utilizado no tratamento, além do que é muito questionável o tratamento de diarréia por Salmonella. 3. Infecções Respiratórias: Eficaz em bronquite aguda, sinusite e pneumonias causadas por germes sensíveis, assim como na exacerbação da bronquite crônica. É a primeira escolha em infecções causadas por H. influenzae, M. catarralis e K. pneumoniae. 4. Infecções de Ouvido Médio: Utilizado com alternativa viável a cepas resistentes a ampicilina ou pacientes alérgicos na otite média aguda. Antissépticos Urinários São usualmente denominados antissépticos urinários por serem alternativas de tratamento em ITU agudas não complicada e terapia supressiva de infecções urinárias recorrentes. Não podem ser usados em infecções sistêmicas por não atingirem níveis plasmáticos eficazes em doses seguras. São antibióticos com estruturas químicas diferentes, porém com características comuns, como altos níveis urinários, em contraposição com os séricos. A eliminação renal é preponderantemente forma ativa, têm baixa resistência induzida (mesmo em uso prolongado). Administrado por via oral. ÁCIDO NALIDÍXICO, ÁCIDO PIPEMÍDICO e ÁCIDO OXOLÍNICO São antibióticos que pertencem à classe das quinolonas e que alcançam níveis séricos eficazes por VO. São utilizados no tratamento de ITU agudas não complicada. Efeitos Adversos: Manifestações digestivas, alterações neurológicas (visuais, confusão mental, alucinação, vertigem, cefaleia, insônia) e manifestações alérgicas. NITROFURANTOÍNA É eficaz contra E. coli, Salmonella, Shigella, Enterococcus faecalis, Staphylococcus saprophyticus. As bactérias Pseudomonas e Proteus são resistentes. Para ter atuação, a nitrofurantoína necessita acidificação urinária. Mecanismo de Ação: Redução enzimática dentro da célula bacteriana. Indicações Infecção urinária aguda não complicada, em dose oral (100 mg), a cada 6 horas por 3 a 5 dias. Infecção urinária recorrente para suprimir as recidivas, 50 mg à noite, por 6 meses. Na profilaxia pós-coital, em gestantes com infecção urinária, em dose única de 100mg após o intercurso sexual. Não se recomenda em pielonefrite aguda porque não atinge concentrações altas no parênquima renal. Na bacteriúria assintomática da gravidez é o antibiótico de escolha. Efeitos Adversos: Fibrose pulmonar, febre, erupções cutâneas, hepatotoxicidade, intolerância gastrointestinal, anemia e neuropatia periférica. Não pode ser usada em insuficiência renal, insuficiência hepática e próxima ao término da gestação. Durante a administração crônica é necessário monitorizar a presença de toxicidade pulmonar, hepática e neurológica. TRIMETOPRIMA Fármaco antifolato ativo contra Escherichia coli, Proteus mirabillis e Klebsiella, mas não tem ação contra Pseudomonas. É preconizado para tratamento de infecções urinárias agudas não complicadas, com esquema de dosagem de 100 mg 12h/12h durante sete dias. Pode também ser utilizado como profilaxia para infecção urinária recorrente em dose de 50 mg à noite por seis meses. Vantagens sobre as sulfas: Podem ser utilizado em pacientes alérgicos a sulfas, pode ser combinado com outros agentes bacterianos (quinolonas) e pode sofrer ajuste de doses diferentes das concentrações fixas. Efeitos Adversos: Reações alérgicas cutâneas e manifestações digestivas, pancitopenia e anemia megaloblástica em tratamentos prolongados. METENAMINA Antibiótico que necessita decompor-se em formaldeído no pH 5,5 para ter sua ação plena. É usado por via oral com eliminação na urina. Sua metabolização produz amônio na bexiga, que quando chega ao fígado o amônio é metabolizado na uréia. Efeitos Adversos: Alterações no trato gastrointestinal, hematúria e urticária. É contraindicado em pacientes com insuficiência hepática. Metronidazol Antibiótico bactericida que se degrada por ação da nitroredutases gerando produtos tóxicos que causam a ruptura da dupla hélice, provocando interrupção na síntese de DNA. Espectro de Ação: Anaeróbios (Bacteroides fragilis, Bacteroides sp., Fusobacterium, Clostridium sp.), Gardnerella vaginalis, Trichomonas vaginalis, Helicobacter pylori, Entamoeba histolytica e Giardia lamblia. Farmacocinética: Administrado por via oral (2g/dia) ou por via intravenosa, em intervalos de 12h, porém em manifestações graves realizar as aplicações de 6h/6h. Possui meia vida de 8 a 10 horas. O fármaco atravessa a barreira hematoencefálica. O metronidazol e os seus metabólitos glicuronizados aparecem na urina. Na insuficiência hepática e renal deve sofrer ajuste de dose. Efeitos Adversos: Dor epigástrica, diarréia, náuseas, vômitos, efeito dissulfiram e cefaleia. Mais raras são neuropatia periférica e convulsões. Deve-se evitar o uso de metronidazol durante a gestação, principalmente durante o primeiro trimestre. INDICAÇÕES CLÍNICAS Abscesso Cerebral: Indicado por sua boa penetração e participação do B. fragilis. Tétano: É recomendado, mas a Penicilina G continua sendo usada por IV. Diarréia e Colite: Causada por Clostridium difficile, o metronidazol é o agente de escolha para essa doença, geralmente oral. A vancomicina foi superior ao metronidazol principalmente nos casos graves. Osteomielite: O metronidazol deve ser associado a outro antimicrobiano. Intra-abdominais e pélvicas: Tratamento é primariamente recomendado o uso de metronidazol. Usado no tratamento de sepse causada por anaeróbios em infecções intra-abdominais. Não é ativo contra enterobactérias. Em infecções pélvicas femininas com suspeita de participação de Clamydia trachomitis, a doxiciclina deve ser adicionada ao regime. Obs: Associações de metronidazol com clindamicina, cefoxitina e cloranfenicol mostraram eficácia superior do que a utilização desses antimicrobianos isolados. Obs: Anaerobicidas: Cloranfenicol, cefalosporinas, imipenem,vancomicina, clindamicina e metronizadol. Aminoglicosídeos São antibióticos inibidores da síntese proteíca. São eles: ESTREPTOMICINA, GENTAMICINA, NEOMICINA, TOBRAMICINA, AMICACINA, CANAMICINA e SISIOMICINA. Os aminoglicosídeos se ligam à subunidade ribossomal 30S e distorcem sua estrutura, interferindo assim, na iniciação da síntese proteíca. Eles são bactericidas que causam a leitura incorreta do RNAm, causando mutação ou término prematuro da cadeia polipeptídica. Tem ação efetiva em infecções graves causadas por Enterobactérias, Pseudomonas aeruginosa, Mycobacterium tuberculosis, Mycobacterium avium, Neisseria gonorrhoea, bacilos Gram-negativos aeróbios. Porém tem atividade limitada em Gram-positivos aeróbios e em anaeróbios. Pode ser associado à quinolonas e β_lactâmicos para aumentar o espectro. Farmacocinética: Podem ser utilizados tópico, IV ou IM. Não penetram o SNC e o fármaco inalterado aparece na urina. Efeitos Adversos: Ototoxicidade (vestibular ou coclear usualmente irreversível, podem surgir após o final do tratamento e é potencializada por agentes ototóxicos), nefrotoxicidade (lesão de células tubulares renais que causam insuficiência renal não oligúrica, usualmente reversível) e bloqueio neuromuscular (potencialmente séria e fatal, com inibição da liberação pré-sináptica de acetilcolina e bloqueio pós-sináptico de receptores). Clindamicina É derivado semissintético da LINCOMICINA, é o representante de maior uso clínico atualmente e tem maior taxa de absorção oral de LINCOMICINA. O mecanismo de ação é inibindo a síntese protéica ligando-se na subunidade 50S. São bactericidas ou bacteriostáticos na dependência de dose e espécie bacteriana. Espectro de Ação: Cocos aeróbios Gram-positivos (Streptococcus e Staphylococcus) e anaeróbios (Bacteroides fragilis). O Clostridium difficile é resistente. Farmacocinética: Pode ser administrado por via oral (absorve rapidamente no trato gastrointestinal), tópica, IM ou IV. As doses recomendadas são de 2 a 4 g/dia em adultos, com intervalos de 6horas. Não são obtidos níveis adequados no SNC e os metabólitos da clindamicina são excretados na bile e na urina. Dever ser realizado ajuste de dose na insuficiência hepática, e não necessita desse ajusta na insuficiência renal. Efeitos Adversos: Distúrbios gastrointestinais, colite pseudomembranosa, estomatites, gosto metálico, reações alérgicos. Se for utilizada via parenteral pode causar flebites. Evitar o uso em gestantes -> Risco C, e mais de 50% é passado pelo leite materno, podendo causar diarréia no lactente. Usos Clínicos: Tratamento de infecções por Bacteroides fragilis, e como segunda opção para infecções intra-abdominais e pélvicas, incluindo peritonites, abscessos e abortamentos sépticos.