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1 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS – ÁREA 1 AULA 01 – ESTÁTICA: REVISÃO 1. INTRODUÇÃO 1.1 Conceitos fundamentais da Mecânica Clássica � Força: grandeza vetorial que representa a interação entre dois corpos de acordo com a terceira Lei de Newton (ação e reação). As forças são geradas por contato (ex.: forças de atrito, pressão de fluidos) ou à distância, sendo neste caso obtidas pela ação de campos gravitacionais (força peso) e eletromagnéticos. Descrição vetorial: x y zf f fij =F = F i + j + k � � �� � � λλλλ Vetor unitário de direção: ( )x y zcos ,cos ,cosijij ij θ θ θ= = r r � � � λλλλ P Pij j i= −r � : vetor posição relativa x y z, ,θ θ θ : ângulos diretores Componentes escalares do vetor força: x x y y z zf cos ; f cos ; f cosθ θ θ= = =F F F � � � ou: x y y y z y f sen .cos ; f cos ; f sen .sen θ φ θ θ φ = = = F F F � � � As forças que atuam em um corpo são divididas entre forças externas e forças internas. As forças externas representam a ação de agentes externos ao corpo, tais como cargas induzidas por contato com outros corpos e ação do campo gravitacional, além das próprias reações vinculares. Estes ações podem ocorrer de forma estática, quando as forças são aplicadas de uma maneira lenta, ou de forma dinâmica, quando são levados em conta os efeitos inerciais do corpo que é submetido ao carregamento. Por outro lado, as forças internas desenvolvem-se no interior dos corpos e são responsáveis pela manutenção do equilíbrio interno, representando a ação mútua entre as partes que constituem um dado corpo. Forças externas: p = 270 N/m, reações vinculares em A; Forças internas na seção C: Nc, Vc e Mc. Dependendo da forma como ocorrem as ações, as respectivas forças que as representam podem ser consideradas como sendo concentradas ou ainda distribuídas sobre uma superfície ou sobre uma linha. Cargas concentradas são empregadas na representação de forças e pressões atuando sobre áreas muito pequenas em comparação com as dimensões do corpo sobre o qual elas atuam, o suficiente para serem considerais pontuais. Por outro lado, cargas distribuídas são utilizadas para representar uma ação que se estende sobre uma dada área da superfície de um corpo. 2 a) carga concentrada b) carga distribuída por unidade de área c) carga distribuída por unidade de comprimento .F p A= ( , ) F Vp x y h A A γ γ= = = ( ) . .F Vp x e h L L γ γ= = = V: volume da carga; A: área de contato; h: altura da carga; γ: peso específico do material da carga. No caso de forças distribuídas, uma força concentrada equivalente deve ser obtida para a determinação das reações nos apoios, tendo sua linha de ação na direção do próprio carregamento e passando pelo centróide da figura que representa a distribuição de carga. O módulo da força equivalente é igual à área (ou volume) abaixo da curva que define a forma de distribuição do carregamento. a) carga distribuída por unidade de comprimento Força concentrada equivalente: F ( ) L p x dx dA= =∫ ∫ Ponto de aplicação: . ( ) . ( ) L L x p x dx x dA x p x dx dA = = ∫ ∫ ∫ ∫ b) carga distribuída por unidade de área Força concentrada equivalente: F ( ) A p x dA dV= =∫ ∫ Ponto de aplicação: . ( , ) . ( , ) A A x p x y dA x dV x p x y dA dV = = ∫ ∫ ∫ ∫ . ( , ) . ( , ) A A y p x y dA y dV y p x y dA dV = = ∫ ∫ ∫ ∫ 3 � Momento: grandeza vetorial que mede a tendência de uma força de gerar rotações em um corpo. Descrição vetorial: O OA A= ×M r F � � � OAr � : vetor posição relativa ao pólo O. Módulo do vetor momento: O OA A A. sen .dα= =M r F F � � � � d: braço de alavanca (menor distância entre o ponto O e a linha de ação da força). Direção e sentido do vetor momento: ortogonal ao plano definido por OAr � e AF � com sentido segundo a regra da mão direita. Componentes escalares do vetor momento: O x y z x y z r r r f f f = i j k M � � � � O XO YO ZOM M M=M i + j + k � �� � XO y z z yM r .f r .f= − ; YO z x x zM r .f r .f= − ZO x y y xM r .f r .f= − Convenção de sinais: Sentido anti-horário em relação aos eixos X, Y e Z. Em problemas planos (plano XY), o vetor momento M � de uma força F � terá sempre sua direção dada segundo o eixo Z, com o módulo dado por .dF � . Para facilitar os procedimentos de cálculo, emprega-se o teorema de Varignon, mostrado ao lado. Assim, são utilizados os braços de alavanca das componentes da força ao invés do braço de alavanca da linha de ação da força. 1 1 2 2. . .R d F d F d= + � Partícula e corpo rígido, deformações: a abordagem de partícula na Estática é empregada quando temos a concorrência das linhas de ação das forças atuantes em um único ponto. Com isso, o equilíbrio pode ser verificado simplesmente pela obtenção de um vetor força resultante nulo. Abordagem de partícula (forças concorrentes em G): =∑F 0 �� Abordagem de corpo rígido: = = ∑ ∑ G F 0 M 0 �� �� Abordagem de corpo deformável: 0ij i i b x σ ρ∂ + = ∂ Por outro lado, a abordagem de corpo rígido é utilizada quando os pontos materiais que compõe o corpo apresentam posições relativas fixas entre si, sem alteração na forma do corpo quando submetido à ação de forças. O equilíbrio estático é verificado através da existência de um vetor força resultante nulo e de um vetor momento resultante nulo, uma vez que a condição estática só pode ser confirmada neste caso pela inexistência de acelerações lineares e angulares devido ao fato do 4 sistema de forças atuantes ser não concorrente. Quando deformações finitas são observadas, alterando significativamente a forma do corpo, deve-se utilizar a Mecânica de corpos deformáveis para o estudo do equilíbrio. Contudo, nos casos em que a configuração deformada do corpo é muito próxima da configuração indeformada, a Mecânica de corpos rígidos pode ser utilizada como aproximação sem prejuízos quanto à precisão dos resultados. � Leis de Newton: As Leis de Newton são um conjunto de axiomas que definem os princípios básicos sobre os quais se fundamenta a Mecânica Clássica. Neste contexto, empregam-se os conceitos absolutos de espaço e tempo (independem de referencial) em uma descrição geométrica Euclidiana. As leis podem ser expressas da seguinte maneira: 1ª Lei: lei da inércia (conservação da quantidade de movimento) – Todo corpo continua em seu estado de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que ele seja forçado a mudar aquele estado por forças imprimidas sobre ele: 0d m dt = = L a � � � . 2ª Lei: A mudança de movimento é proporcional à força resultante e é produzida na direção e sentido desta força resultante: d m dt = = ∑ L a F � � � . 3ª Lei: lei da ação e reação � Lei da gravitação: 1 22 m mF G r = G = constante de gravitação (G = 6,673x10-11 m3/kg.s2) Força peso P = mg; g = Gm/r2 = 9,81 m/s2. 1.2 Sistemas estaticamente equivalentes Dois sistemas de forças são estaticamente equivalentes quando produzem a mesma resultante de forças e momentos em um dado ponto de um corpo e as mesmas condições cinemáticas. Na figura abaixo é mostrado um exemplo de aplicação do Princípio da Transmissibilidade. Neste caso, deseja-se deslocar o ponto de aplicação de uma força F sobre um dado corpo do ponto P (sistema a) para o ponto E (sistema b), procurando que sejam mantidas a mesma condição cinemática e a mesma condição de estaticidade verificadainicialmente. Através do Princípio da Transmissibilidade garante-se que não há alteração nestas condições desde que mantenha-se o ponto de aplicação da força sobre a linha de ação original. É importante ressaltar que este princípio só é válido quando um corpo é tratado como um corpo rígido, ou seja, sem modificação da distância relativa entre os pontos materiais do corpo (sem deformações). No exemplo ilustrado abaixo, deseja-se alterar o ponto de aplicação de uma força F do ponto P para o ponto E do corpo, mantendo-se a mesma condição de estaticidade e a mesma condição cinemática observadas inicialmente. Neste caso, deve-se transladar a força para o novo ponto de aplicação mantendo-se o mesmo módulo e a mesma direção e sentido observados originalmente. Além disso, deve-se também aplicar um momento equivalente ao transporte da força (M = F.d). Em corpos rígidos, momentos podem ser transladados livremente sobre o plano. 5 E z F FSistema 1: M F.d = + = + ∑ ∑ E z F FSistema 2 : M M F.d = + = + = + ∑ ∑ 2. EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO ESTÁTICO DE CORPO RÍGIDO Para que um corpo rígido qualquer esteja em equilíbrio estático é necessário que as resultantes de força e momento tenham componentes nulas nas direções em que o corpo possa apresentar movimentos de corpo rígido. Caso estas resultantes não sejam nulas, o corpo apresentará movimentos de translação (deslocamentos lineares) e rotação (deslocamentos angulares). Movimentos de corpo rígido são deslocamentos que um corpo sofre quando submetido à ação de forças e momentos sem alterar a distância relativa entre dois pontos quaisquer pertencentes a este corpo (ou seja, sem alterar a sua forma). No espaço são 6 os movimentos de corpo rígido: 3 translações + 3 rotações; no plano há 3 movimentos de corpo rígido possíveis: 2 translações + 1 rotação. A condição de equilíbrio estático no plano é dada pelo seguinte conjunto de equações: 0 0 0 x y p z f f M = = = ∑ ∑ ∑ Equações de equilíbrio alternativas também podem ser usadas desde que sejam cumpridas algumas exigências: 1ª condição de equilíbrio alternativa: 1 2 0 0 0 a p z p z f M M = = = ∑ ∑ ∑ � Exigência: a direção a (a = x ou a = y) escolhida para o equilíbrio de forças não pode ser perpendicular à linha que une os pontos p1 e p2. 6 2ª condição de equilíbrio alternativa: 1 2 3 0 0 0 p z p z p z M M M = = = ∑ ∑ ∑ � Exigência: os pontos p1, p2 e p3 não podem ser colineares. Obviamente, um elemento estrutural não pode apresentar movimentos de corpo rígido. Para isso, devem ser usados os chamados vínculos, que são dispositivos que impedem o movimento (translação e/ou rotação) do elemento em uma determinada direção no ponto em que são aplicados. Para que um movimento seja impedido, é necessário aplicar uma força ou momento na direção correspondente, gerando-se as chamadas reações vinculares. Os tipos de vínculos empregados em problemas planos resumem-se a: a) Apoio simples ou de 1ª ordem: impede apenas o deslocamento linear na direção perpendicular à base de apoio; b) Apoio duplo ou de 2ª ordem (rótula): impede todos os deslocamentos lineares; c) Engaste ou vínculo de 3ª ordem: impede todos os deslocamentos lineares e rotações. As reações surgem nas direções dos deslocamentos e/ou rotações impedidos, como mostra a figura abaixo. 3. ESTATICIDADE DE UMA ESTRUTURA Em função do número de movimentos de corpo rígido e da vinculação existente, as estruturas podem ser classificadas da seguinte maneira: Estrutura hipostática ou mecanismo: o número de restrições vinculares ou sua disposição não impedem a totalidade dos movimentos de corpo rígido da estrutura, de modo que a mesma adquire movimento sob a ação de forças (mecanismo). O número de equações de equilíbrio é maior que o número de incógnitas (reações vinculares). Estrutura isostática ou estaticamente determinada: o número e a disposição das restrições vinculares impedem a totalidade dos movimentos de corpo rígido da estrutura. O número de equações de equilíbrio é igual ao número de incógnitas. 7 Portanto, não basta que o número de restrições iguale o número de movimentos de corpo rígido. É preciso também que os vínculos estejam convenientemente dispostos para impedir o movimento. As estruturas ao lado apresentam 3 movimentos de corpo rígido e 3 restrições vinculares, mas os movimentos não são totalmente impedidos. No caso A pode ocorrer deslocamento horizontal e no caso B podem ocorrer giros em torno do ponto P. Estrutura hiperestática ou estaticamente indeterminada: o número de restrições vinculares é maior que o número de movimentos de corpo rígido, ou seja, há mais vínculos que o necessário para impedir os movimentos da estrutura. Este tipo de estrutura não pode ser resolvido somente com as equações de equilíbrio, sendo necessário acrescentar equações ao sistema provenientes de considerações sobre a deformação da estrutura (p.ex.: método dos deslocamentos, método das forças). EXERCÍCIOS: 1 – Determine as reações de apoio para as vigas abaixo: Respostas: 8 2 – Calcule as reações de apoio para o pórtico abaixo: As componentes da resultante de uma carga distribuída de forma qualquer aplicada a uma barra inclinada, bem como seus pontos de aplicação, podem ser obtidos considerando-se a função de carga original distribuindo-se sobre a projeção da barra perpendicular à direção da componente a ser calculada. Assim, a componente vertical é obtida aplicando-se a função de carga distribuída sobre a projeção horizontal e a componente horizontal é obtida aplicando-se a função de carga distribuída sobre a projeção vertical. Substituindo as cargas distribuídas atuando no pórtico pelas respectivas forças concentradas equivalentes, obtém-se a seguinte configuração de cargas: A solução é obtida aplicando-se as equações de equilíbrio de corpo rígido na seguinte forma: 50.60 40.6 He 0 He 90 2x F kN= ⇒ − − = ⇒ = −∑ 0 50.3 50.6 .2 .4 180 He.9 40.2.9 40.6.3 Vd.10 0 2 2 Vd 174 A zM kN = ⇒ − − − + − + + = ⇒ = ∑ 50.30 Va 40.2 Vd 0 Va 19 2y F kN= ⇒ − − + = ⇒ = −∑ OBS: os sinais negativos em He e Va indicam que o sentido real dessas forças é contrário ao que foi arbitrado no diagrama de corpo livre. 9 3 – Calcule as reações nos apoios do pórtico abaixo: Neste exemplo, a carga aplicada sobre a barra AE está indicada por unidade de comprimento da projeção da barra sobre a direção horizontal do plano (eixo x). Por outro lado, a carga sobre a barra CD vem dada por unidade de comprimento da própria barra, sendo que esta também poderia ser expressa da mesma maneira utilizada na barra AE. Neste caso, o valor da taxa de carga deveria ser de 50Kn/m a fim de reproduzir a mesma resultante. Cargas deste tipo são empregadas na representação de cargas de peso próprio de estruturas inclinadas (ex.: escadas) ou de neve acumulada em telhados. Para a solução deste problema deve-se observar que os apoios são inclinados. O apoio em D restringe apenas translações na direção do eixo da barra CD. Conseqüentemente, uma reação de força Rd deve ser aplicada nesta mesma direção, podendo ser decomposta nas direções x e y do plano. Já no apoio A tem-se a restrição de todas as translações no plano, resultando em duas reações de força, as quais podem ser descritas segundo as direções tangencial e normal à barra ou nas direções horizontal (eixo x) e vertical (eixo y) do plano, umavez que a resultante será sempre a mesma (Ra). Aplicando-se as equações de equilíbrio de corpo rígido, obtém-se: 0 4 6Rd.12 30.5.10,5 40. .4 200 0 5 2 Rd 193, 2 A zM kN = ⇒ − − + = ⇒ = ∑ 30 Ha .193,2 0 Ha 115,9 5x F kN= ⇒ − = ⇒ =∑ 6 40 Va 40 30.5 193, 2 0 Va 115,4 2 5y F kN= ⇒ − − + = ⇒ =∑
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