Buscar

Anestésicos Locais: Definição e Mecanismo de Ação

Prévia do material em texto

DEFINIÇÃO
Os AL são inibidores inespecíficos das vias sensoriais periféricas, motoras e autonômicas.
Os anestésicos locais são vitais para a medicina e cirurgia, pois produzem o bloqueio regional da sensação de dor. Eles referem-se a um conjunto de substâncias químicas localmente aplicadas, as quais possuem estruturas químicas semelhantes, capazes de inibir a percepção das sensações e de impedir o movimento. Eles são utilizados em procedimentos cirúrgicos e obstetrícia, como também em locais quando há queimaduras e pequenos cortes.
Os AL exercem o seu efeito por meio de bloqueadores dos canais de sódio regulados por voltagem, inibindo assim, a propagação dos potenciais de ação ao longo dos neurônios. Ao inibir o PA, eles impedem a transmissão da informação para o sistema nervoso e a partir dele.
Os AL não são seletivos para as fibras de dor, podendo também bloquear as fibras sensoriais, como também as fibras motoras e autonômicas e, potenciais de ação no músculo esquelético e cardíaco.
Além disso, possuem agentes responsáveis por inibir a condução dos potenciais de ação em torno das fibras nervosas aferentes, geralmente no SNP. Então, os estímulos sensoriais não são transmitidos ao cérebro, nem os impulsos motores e autônomos aos músculos e órgãos alvo na periferia.
Os AL bloqueiam todos os tipos de fibras que percorrem os nervos periféricos, incluindo as fibras dos nociceptores, fibras nervosas aferentes, eferentes, somáticas e autonômicas, agindo nos canais de sódio regulados por voltagem nas membranas neuronais.
NOCICEPÇÃO
	A nocicepção é a ativação das fibras nervosas sensoriais primárias. Os neurônios nociceptores são os primeiros na cadeia de neurônios responsáveis pela sensação da dor. Essa ativação ocorre por estímulos nocivos provocados por lesão tecidual, como em situações de temperaturas elevadas, perturbações mecânicas intensas e substâncias químicas adstringentes.
	Os nociceptores possuem terminações livres situadas na pele, em tecidos profundos e vísceras. Seus corpos celulares estão localizados nos gânglios da raiz dorsal, próxima a medula espinhal ou no glânglio trigeminal para a invervação da face.
	Essas fibras nervosas sensoriais são responsáveis pela transmissão de impulsos da periferia para o corpo dorsal da medula espinhal, onde é transmitida para diversas partes do cérebro.
	A lesão tecidual constitui o principal estimulo para a ativação dos nociceptores, os quais apresentam receptores em suas membranas celulares para substâncias, como a bradicinina, liberadas no momento da lesão. Esses receptores de transdução geram uma cadeia de estímulos para despolarizar o neurônio, resultando em potenciais de ação, os quais aumentam a intensidade de acordo com o limiar nociceptor, ou seja, cresce com a intensidade do estímulo.
	MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS
O nervo periférico possui diferentes fibras nervosas protegidas por membranas protetoras que são o epineuro, perineuro e endoneuro. Os anestésicos devem atravessas essas bainhas para alcançar as membranas neuronais, bloqueando a condução. O AL é injetado no epineuro, para evitar a lesão mecânica do nervo causada pela agulha.	 
Em relação ao bloqueio funcional, as áreas proximais são bloqueada antes das áreas distais, pois as regiões proximais são inervadas por axônios que seguem um trajeto relativamente superficial no nervo periférico.
O bloqueio funcional diferencial descreve a ordem de fibras dentro de um nervo periférico em ordem de bloqueio iniciada pela primeira dor, segunda dor, temperatura, tato, propriocepção e, por fim, tônus da musculatura esquelética e tensão voluntária.
Como a função motora é a ultima habilidade a ser perdida, é possível que alguns AL bloqueiem a nocicepção sem um bloqueio motor eficiente. Exemplificando, a lidocaína bloqueia de modo eficiente as fibras C e as fibras motoras. EM CONTRAPARTIDA, a bupivacaína epidural produz um bloqueio sensorial em baixas concentrações, sem um bloqueio motor significativo.
Os AL atuam no bloqueio dos canais de sódio individuais nas membranas neuronais. De acordo com a onda de despolarização ele apresenta três estados conformacionais: aberto, inativo e em repouso. Esses diferentes estados de conformação influenciam na afinidade com os AL em que apresentam uma maior afinidade pelos estados fechado, inativo e aberto. Essa ligação inibe o retorno do canal ao estado de repouso, prolonga o período refratário e inibe a transmissão dos potenciais de ação.
	Ademais, podem interagir com canais de potássio, cálcio, canais regulados por ligantes, canais receptores de potencial transitório e receptores acoplados a proteína G, produzindo efeitos não são significativos, pois a afinidade é maior pelo canal de sódio.
	
FARMACOCINÉTICA 
ABSORÇÃO SISTÊMICA
Após a administração, as moléculas de AL são captadas pelos tecidos locais e removidas do local de administração pela circulação sistêmica. Vale salientar que a quantidade de AL que penetra na circulação sistêmica e a potência do AL determinam a toxicidade sistêmica do agente.
A vascularidade do local de injeção, a concentração do fármaco, a coadministração de um vasoconstrictor e as propriedades da solução injetada influenciam a velocidade e extensão da absorção sistêmica dos AL. A absorção aumenta de acordo com as múltiplas administrações.
Os vasoconstrictores são administrados com anestésicos locais de ação curta ou média. Eles reduzem o fluxo de sangue no local da injeção, produzindo a contração dos músculos lisos dos vasos e, consequentemente, diminuem a taxa de remoção do AL.
Por consequência, eles aumentam a concentração do anestésico ao redor do nervo, o que potencializa a duração da ação do AL, como também diminuem a concentração máxima alcançada na circulação sistêmica, reduzindo a toxicidade sistêmica do fármaco.
	Os AL com ligação éster são metabolizados por esterases teciduais e plasmáticas com os seus produtos excretados pelo rim. Enquanto que os aminoácidos com ligação amida são principalmente metabolizados no fígado por enzimas do citocromo P450.
ADMINISTRAÇÃO DOS AL
ANESTESIA TÓPICA
Os anestésicos tópicos propiciam alívio da dor a curto prazo quando aplicados a mucosa ou a pele. O fármaco atravessa a barreira epidérmica, o estrato córneo até alcançar aa fibras nervosas.
Após atravessá-la, eles são rapidamente absorvidos na circulação, aumentando o risco de toxicidade sistêmica.
ANESTESIA INFILTRATIVA
É utilizada para anestesiar por meio de injeção a superfície mucosa. O AL é administrado por vias intradérmica ou subcutânea, frequentemente no local próximo da área a ser anestesiada, o que produz um entorpecimento mais rápido. Os AL mais utilizados são lidocaína, procaína e bupivacaína.
BLOQUEIO DOS NERVOS PERIFÉRICOS
É subdividido em bloqueio nervoso menor e bloqueio nervoso maior. Em ambos, os anestésicos locais são injetados por via percutânea. A quantidade injetada é alta, pois o anestésico deve atravessas várias camadas e a maior parte do fármaco se distribui para a gordura perineural, músculo ou é removida pela circulação local. SENDO ASSIM, apenas uma pequena fração do fármaco alcança a membrana do nervo.
Ademais, é mais utilizada para membros superiores, intercostais, plexo cervical e membros inferiores.
 BLOQUEIO NERVOSO CENTRAL
Nela, o fármaco é injetado próximo a medula espinal, incluindo a anestesia epidural e a espinal. Causam um bloqueio inicial nas raízes espinais até penetrar no interior da medula espinal.
Por exemplo, a bupivacaína é utilizadas em trabalhos de parto, sem o bloqueio motor significativo, como também fármacos mais novos como ropivacaína e levobupivacaína.
ANESTESIA REGIONAL INTRAVENOSA
Conhecida como bloqueio de Bier, sendo utilizada para cirurgias de braço e mão.

Continue navegando