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Intolerância à lactose e Alterações no trânsito intestinal 
(constipação e diarreia) 
Lactose
A lactose é um dissacarídeo composto de glicose e galactose, formado pelas glândulas mamárias dos mamíferos através da glicose para suprir o componente carboidrato durante a lactação (QUILICI e MISSIO, 2015).
A lactose é encontrada apenas no leite materno, apresentando diferentes concentrações nos mamíferos. Em 100g de leite de vaca desnatado existe 4,9g de lactose e em 100 ml de leite humano, 7g de lactose (MATTAR e MAZO, 2010). 
Alguns indivíduos apresentam um distúrbio nesta digestão, denominado de intolerância à lactose, causada pela deficiência, primária ou secundária, da enzima responsável pela hidrólise da lactose, a lactase (QUILICI e MISSIO, 2015).
Digestão
Sua digestão é feita a partir de duas enzimas a amilase salivar – que começa a digerir os carboidratos na boca – e a enzima lactase, que é produzida na mucosa intestinal, onde a lactose deverá ser hidrolisada em monossacarídeo. (fig. 1).
A digestão deste carboidrato ocorre em todo o intestino delgado, porém, sua atividade é grande no jejuno proximal, pequena no duodeno e jejuno distal e praticamente ausente no íleo terminal.
Figura 1 - Digestão da lactose no intestino. Fonte: QUILICI e MISSIO, 2015
Digestão
Os monossacarídeos resultantes da hidrolise da lactose, atravessam a mucosa e são transportadas de maneira ativa até a corrente sanguínea até o fígado.
A glicose e galactose dependem do Co Transportador Glut 1, que necessita de Na para entrada na célula. 
Causas da intolerâncias a lactose
Geralmente a produção de lactose começa a aumentar na 32 semana de gestação e só diminui a partir dos 5 anos de idade (MATTAR e MAZO, 2010).
A intolerância à lactose pode ocorrer em qualquer idade, é extremamente raro ser intolerante à lactose desde o nascimento.
Causas da intolerâncias a lactose
A intolerância a lactose pode ser classificada como primária, secundaria ou congênita.
Sendo primário quando há um defeito intrínseco da enzima, algumas causas do distúrbio primário são: deficiência de lactase do prematuro; deficiência de lactase congênita; e deficiência de lactase do tipo adulto.
Sendo secundária, quando ocorre um dano na mucosa intestinal com consequente falta da enzima. O distúrbio secundário pode ter como causas: doença celíaca; fibrose cística; alergia à proteína heteróloga; desnutrição; reticolite ulcerativa; síndrome o cólon irritável; giardíase; utilização de algumas drogas; entre outras (TÉO, 2002). 
Causas da intolerâncias a lactose
É herdada e autossômica recessiva, sendo uma condição extremamente grave. Caso não seja diagnosticada precocemente pode levar ao óbito. O recém- nascido apresenta diarreia líquida ao ser amamentado ou receber fórmulas, contendo lactose.
A diferença entre a hipolactasia primária do adulto e a intolerância à lactose congênita é molecular: na primeira, a enzima lactase é normal, mas diminui a expressão ao longo da vida; na segunda a enzima lactase está ausente, ou é truncada
Causas da intolerâncias a lactose
Os sintomas da intolerância à lactose, frequentemente, surgem na adolescência ou no início da idade adulta. Alguns grupos étnicos como: negros, hispânicos e asiáticos são mais suscetíveis ao desenvolvimento desta intolerância (NASPGHAN, 2010).
A intolerância à lactose pode se distinguir por um conjunto de sinais e sintomas que apresentam - se após a ingestão de leite e lacticínios, há variação quanto à intensidade da intolerância e a resposta perante ingesta alimentar rica em lactose, em virtude da individualidade de cada ser humano. 
Ocorrência No brasil
De acordo com a pesquisa realizada por Mondini e Monteiro, em 1994, a respeito das mudanças no padrão de alimentação da população urbana brasileira, houve, entre várias mudanças alimentares, um aumento significativo no consumo do leite e seus derivados.
No Brasil, estima-se que cerca de 35 a 40 milhões de adultos tenham perturbações digestivas após a ingestão de um copo de leite de vaca, tais como, digestão lenta, distensão abdominal, empachamento, meteorismo, aumento do número diário das evacuações, fezes pastosas e fétidas. 
Sintomas
Em crianças : Dificuldade na ganha de peso e diarreia.
Em adultos: Borborigmo, distenção abdominal, flatulências, náuseas, Empachamento – popular "pança cheia“, acumulo de gases no TGI, aumento da frequência de evacuação, fezes pastosas, diarreias e cólicas abdominais.
Diagnostico
O paciente ingere de 25g a 50g de lactose e se avalia os sintomas por duas a três horas. A técnica mais difundida nos laboratórios de análises clínicas é a por curva glicêmica. Nesta técnica, é coletada a glicemia em jejum e depois é feita uma curva. Se o paciente absorver a lactose, a glicemia deve se elevar de 1,4 mmol/l ou mais.
O teste respiratório do hidrogênio expirado é considerado padrão-ouro para o diagnóstico de intolerância à lactose.
Agravantes
Dependendo da intensidade da intolerância à lactose, as perdas líquidas decorrentes da diarreia podem ser muito grandes e acarretar, além da desidratação, importante espoliação de eletrólitos, sobretudo sódio e potássio. 
A hiponatremia pode ser agravada pela reposição inadequada, às custas de líquidos pobres ou isentos de sódio. 
Nas diarreias osmóticas porém, as perdas de liquido são superiores às de sódio, porque outras moléculas retiram água para a luz intestinal. Desse modo, ocorre hipernatremia, que se acentua quando a reposição, também incorreta, fornece excesso de sódio em relação à água. 
tratamento
A intolerância à lactose não é uma doença. É uma carência do organismo que pode ser controlada com dieta e medicamentos.
 No início, a proposta é suspender a ingestão de leite e derivados da dieta a fim de promover o alívio dos sintomas. Depois, esses alimentos devem ser reintroduzidos aos poucos até identificar a quantidade máxima que o organismo suporta sem manifestar sintomas adversos. 
Pessoa que desenvolveu intolerância à lactose pode levar vida absolutamente normal desde que siga a dieta adequada e evite o consumo de leite e derivados além da quantidade tolerada pelo organismo.
Tratamento
Há opções já no mercado, da enzima lactase. Há alguns anos atrás a enzima lactase era difícil de ser comprada no Brasil. Felizmente hoje temos diversas opções produzidas por laboratórios nacionais, disponíveis em pó, para serem misturadas aos alimentos, ou em comprimidos.
ALTERAÇÕES NO TRÂNSITO INTESTINAL : constipação
Obstipação intestinal é uma alteração do trânsito das fezes no intestino grosso, caracterizada pela diminuição do número de evacuações, com fezes endurecidas e esforço à defecação. (CUPPARI, 2005).
Ocorre que, principalmente em pessoas idosas, há um enfraquecimento dos músculos intestinais, retardando assim, o tempo de trânsito das fezes e que por consequência, torna a passagem das fezes ainda mais difícil. (VONO, 2010)
As causas de obstipação são a ausência de resposta imediata à necessidade de evacuar, devido aos hábitos da vida moderna. Mas pode também estar relacionada aos efeitos secundários, como uso de medicamentos, falta de exercício, doenças do intestino grosso, neuropatia (diabetes), neoplasias intestinais, etc. (CUPPARI, 2005)
ALTERAÇÕES NO TRÂNSITO INTESTINAL : constipação
As possíveis causas da Constipação: redução do peristaltismo, associada à idade, sedentarismo, ingestão inadequada alimentar de fibras e líquidos, desidratação, dependência de laxantes ou enemas, efeitos secundários dos medicamentos (por exemplo, antiácidos, anticolinérgicos, cálcio, ferro). (ELIOPOULOS, 2011)
Doenças crônicas (Parkison, Dm, síndrome do cólon irritável) e causa metabólica ( hipercalcêmia e hipocalcemia) também podem causar constipação. (DALACORTE, Roberta Rigo et al, 2012)
ALTERAÇÕES NO TRÂNSITO INTESTINAL : constipação
Algumas Recomendações Nutricionais na Constipação:
▪ Incluir fibras na alimentação: legumes, frutas,farelo de aveia;
▪ Aumentar a oferta hídrica (água, sucos e outros);
▪ Substituir alimentos refinados por cereais e grãos integrais;
▪ Consumir ameixa preta, principalmente seu suco (contém o ácido diidroxifinil isotina);
▪ ↑ ingesta de alimentos ricos em Tiamina (leguminosas, cereais integrais), Potássio (abacate, banana prata) 
▪ ↑ consumo de gordura monoinsaturada (azeite de oliva, óleo de canola);
▪ Evitar alimentos que provocam constipação (ovo cozido, banana, cenoura cozida, maisena, tapioca, fécula de batata, goiaba, etc.).(CUPPARI, 2005)
ALTERAÇÕES NO TRÂNSITO INTESTINAL: Diarreia
É o aumento da frequência (normalmente acima de 3 vezes ao dia) de eliminação de fezes semi pastosas ou líquidas, sendo acompanhada por perda excessiva de líquidos e eletrólitos - sobretudo Sódio e Potássio. (CUPPARI, 2005)
A diarreia pode ser :
Osmótica: presença de solutos no intestino, que foram inadequadamente absorvidos (deficiência da enzima lactose)
 Secretória: secreção de eletrólitos e água pelo epitélio intestinal (por explo, exotoxinas bacterinas)
Exsudativa: eliminação do muco, sangue e proteínas plasmáticas (por explo, colite ulcerativa)
ALTERAÇÕES NO TRÂNSITO INTESTINAL: Diarreia
Contato mucoso limitado: há exposição inadequada ao quimo no epitélio intestinal (por explo, na síndrome do intestino curto).
As principais recomendações nutricionais para diarreia são:
▪ ↑ fibras solúveis – pectinas, gomas, hemiceluloses (psyllium);
▪ evitar alimentos fonte de fibras insolúveis (celulose, hemiceluloses tipo B – farelo, cereais, soja e grãos integrais), lignina;
▪ ↑ oferta hídrica de líquidos e eletrólitos suficiente para repor as perdas;
▪ ↓ consumo alimentos fermentáveis;
▪ evitar o consumo de lácteos; 
▪ considerar a necessidade de incluir triglicerídeos e suplementação de vitaminas e minerais;
▪ incluir FOS, lactobacilos e vitamina C.
rEFERÊNCIAS
Mattar, R., & Mazo, D. F. D. C. (2010). Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular. Revista da Associação Médica Brasileira, 56(2), 230-236.
Quilici, F. A., & Missio, A. (2004). Intolerância a lactose. Sociedade Integrada de gastroenterologia. Campinas-SP.
CUPPARI, Lilian. Guia de Nutrição: Nutrição clínica no adulto. 2. ed. Barueri: Manole, 2005. 474 p.
DALACORTE, Roberta Rigo et al. Cuidados paliativos em geriatria e gerontologia. Atheneu, 2012, 354 p.
ELIOPOULOS, Charlotte. Enfermagem gerontológica. 7. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2011. 568 p.
VITOLO, Marcia Regina. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2.ed. Rio de janeiro: RUBIO, 2015. 555p.
VONO, Zulmira Elisa. Enfermagem gerontológica: atenção à pessoa idosa. São Paulo: SENAC São Paulo, 2010. 104 p

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