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AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia FISIOTERAPIA EM ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Aula 04: Lesão de tecidos moles AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Temas dessa aula: conceito de lesão do tecido mole, Definição de luxação e entorse, mecanismo de lesão 1. Conhecer a resposta metabólica lesional ao trauma; 2. Identificar as fases de cura das feridas; 3. Diferenciar a lesão e a reparação dos tecidos especializados; 4. Definir luxação e entorse; 5. Interpretar os mecanismos de lesão. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Conceito de lesão do tecido mole Nesta aula, vamos abordar o mecanismo de lesão do tecido mole e suas consequências para a saúde do paciente. Em primeiro lugar, é importante saber “como aconteceu a lesão”. Segundo Zernicke (2001), a resposta precisa para essa pergunta pode estabelecer uma relação de causa e efeito entre o eventos relacionados com a lesão e a própria lesão. Ainda segundo Zernicke (2001), a descrição do mecanismo de uma lesão depende, em parte, da perspectiva da pessoa envolvida. Médicos, fisioterapeutas, treinadores, técnicos e a própria vítima descreverão o mecanismo de lesão de maneiras diferentes, baseados nas suas experiências. Dependendo da lesão, a causa pode ser de um único mecanismo como sendo o principal responsável, mas, com certa frequência, observamos que, em determinadas lesões, vários mecanismos estão envolvidos. O fisioterapeuta e toda a equipe envolvida devem estar atentos a esse fato. A identificação precisa dos mecanismos envolvidos é importante para o condicionamento apropriado, o tratamento e a reabilitação. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Reação à lesão Os mecanismos responsáveis por uma lesão são muitos e variados. Segundo Zernicke (2001), a categorização dos mecanismos de lesão se baseia em conceitos mecânicos, respostas teciduais ou uma combinação dos dois. Estudaremos nesta aula os mecanismos de lesão e cicatrização dos tecidos especializados (ligamentos, tendões e músculos). Para entender como o corpo responde ao processo de imobilização e remobilização, sua reação ao trauma precisa ser compreendida. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Reação à lesão Conceito – é a reação local do organismo, no nível tecidual, a um fator irritante (KNIGHT, 2000). A Inflamação tem três objetivos: 1. Defender o organismo contra substância estranha; 2. Remover o tecido morto ou necrosado, de modo que a cicatrização possa acontecer; 3. Promover a regeneração do tecido normal; • Os sinais cardinais de inflamação, como dor, edema, rubor, calor e perda da função, indicam que o processo inflamatório está ocorrendo – e não a resposta inflamatória. Fonte: Reabilitação Física do Atleta, (ANDREWS, 2005). • Inflamação ou resposta inflamatória AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Reação à lesão 1. Lesão- qualquer evento que danifique a estrutura; 2. Alterações estruturais- rompimento da membrana celular com extravasamento para o meio extracelular; 3. Alterações metabólicas (hipóxicas); 4. Ativação dos mediadores químicos- histamina e bradicinina têm a função de avisar o restante do corpo que as células foram danificadas; 5. Alterações hemodinâmicas- ocasionam a mobilização e o transporte de componentes de defesa do sangue para o local da lesão; • Inflamação ou resposta inflamatória 6. Alterações de permeabilidade- histamina e bradicinina aumentam a permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos. Células endoteliais contraem-se ou acumulam-se, distanciando-se umas das outras, deixando grandes lacunas; 7. Migração de leucócitos- neutrófilos e macrófagos: Neutrófilos – sete horas de vida; Macrófagos – meses de vida; 8. Fagocitose- processo de digestão de detritos celulares. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Tecidos especializados (ligamentos) • A lesão de um ligamento, denominada na literatura como entorse ligamentar, pode comprometer a capacidade estabilizadora do ligamento e afetar sua capacidade de controlar os movimentos articulares (ZERNICK, 2001); • Os ligamentos sofrem as mesmas alterações estruturais que outros elementos do tecido Periarticular; • Segundo Frank (1996), as três principais fases de cicatrização do ligamento são: 1. Sangramento e inflamação; 2. Proliferação do material que funcionará como ponte; e 3. Remodelagem da matriz. Obs: Lembrando que os ligamentos cruzados uma vez rompidos não cicatrizam, havendo a necessidade, na maioria dos casos, de reconstrução. Esse tema será abordado com mais detalhes na disciplina de Fisioterapia Desportiva. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Tecidos especializados: tendões Os tendões estruturas, responsáveis pela transferências das forças do músculo esquelético para o osso, estão entre os problemas mais frequentes do aparelho locomotor. A lesão das estruturas tendinosas pode restringir ou até mesmo impedir o movimento e a função normais, afastando atletas e não atletas de suas atividades esportivas e da vida diária. Este tópico será abordado com mais detalhes na disciplina Fisioterapia Desportiva. O quadro ao lado mostra com detalhes a classificação das lesões tendinosas. Fonte: medicina do esporte, Lasmar, Camanho e Rodrigo Lasmar, 2002. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Tecido especializado: músculo • Com relação ao músculo, é responsável por cerca de 40 a 45% do peso corporal de um indivíduo; • Como já é de conhecimento dos alunos, os músculos podem ser monoarticulares de função tônica e os músculos bi ou poliarticulares com função dinâmica; • Também já é do conhecimento dos alunos que os músculos são composto por três tipos de fibras musculares: Tipo I – contração lenta, resistente à fadiga; Tipo IIA – contração rápida, resistente a fadiga; Tipo IIB – contração rápida, fatigável; Tipo IIC – encontrada na mandíbula. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Tecido especializado: músculo As lesões musculares podem ser classificadas de diversas maneiras: • Quanto à gravidade - em leve, moderada e grave; • Quanto ao tempo de evolução da lesão - em aguda e crônica; e • Quanto ao tipo de trauma – em intrínseco (p. ex: estiramento muscular) ou extrínseco (p. ex: contusão). Lesão do adutor longo. Fonte medicina do esporte, 2004 AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Tecido especializado: músculo As fases da lesão seguem o mesmo processo das outras lesões. Obs.: Segundo Gilberto Carazzato (2004), os termos “contratura” e “distensões” não têm lugar e só são usados por leigos. Seguindo o critério anterior, esse tema será abordado com mais detalhes na disciplina de Fisioterapia Desportiva. Lesão do adutor longo. Fonte medicina do esporte, 2004 AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Definição de entorse Entorse: É a perda momentânea da congruência (coesão) articular, provocada por uma distensão excessiva das estruturas que estabilizam a articulação, como os ligamentos, por exemplo. É causada por movimentos bruscos ou traumatismos que provocam um estiramento ou ruptura dos ligamentos da articulação. O ligamento é uma faixa de tecido rígido, relativamente inelástico, que liga um osso a outro.Sua função primária é tripla: • Proporcionar estabilidade a uma articulação; • Controlar a posição de um osso em relação a outro durante o movimento articular normal; • Fornecer informação proprioceptiva. (PRENTICE, 2002) Entorse do joelho com lesão do ligamento colateral medial. Acervo pessoal do autor. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Classificação das entorses ligamentares É importante lembrar que os ligamentos e tendões são semelhantes, daí a substituição de ligamento por tendão. Porém, os ligamentos são geralmente mais achatados do que os tendões e as fibras colágenas nos ligamentos são mais compactas. Outro fato importante é que o posicionamento anatômico dos ligamentos determina, parcialmente, os movimentos que podem ser feitos por uma articulação. Se estresses forem aplicados a uma articulação além do seu limite, é provável que ocorra algum dano aos ligamentos. Entorse do joelho com lesão do ligamento colateral medial. Acervo pessoal do autor. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Classificação das entorses ligamentares A gravidade do dano vai depender da energia aplicada na articulação. Existem vários sistemas para classificar as lesões ligamentares. Entretanto, o mais utilizado é: • Entrose grau I - estiramento ou talvez ruptura das fibras ligamentares com pouca ou nenhuma instabilidade ligamentar; • Entorse grau II - existe ruptura com separação das fibras ligamentares e instabilidade; • Entorse grau III - existe ruptura completa dos ligamentos, com instabilidade articular. (PRENTICE, 2002) Entorse do joelho com lesão do ligamento colateral medial. Acervo pessoal do autor. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Definição de luxação Luxação: É a perda total do contato entre os ossos de uma articulação, causada pelo deslocamento de um dos ossos, podendo provocar graves lesões nos ligamentos. Como resultado, os ossos ficam mal posicionados, causando deformidade articular, dificuldade ou impossibilidade de realizar movimentos. A luxação pode ser total, quando os ossos ficam completamente separados, ou parcial. Para Prentice (2002), as luxações nunca devem ser imediatamente reduzidas, independentemente de onde ocorreram. É mais seguro levar o paciente para radiografar e excluir possíveis fraturas associadas. Luxação anterior do ombro. Fonte: Radiologia ortopédica (GREENSPAN, 2001). AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Treinamento Prezado Professor, converse com seus alunos a respeito do tema abaixo: Na luxação aguda da patela é observada, no exame de Ressonância Magnética, a contusão do côndilo lateral femoral e a contusão da face articular medial da patela. Certo ou errado? AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Saiba mais AMATUZZI, M. Marco; CARAZZATO G. João. Medicina do Esporte. Curitiba: Ed. Roca, 2004. ANDREWS JR.; HARRELSON, G.L.; WILK, K. E. Reabilitação Física do Atleta. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2005. BROWNER, B. D.; JUPITER, J. B.; LEVINE, A. M.; TRAFTON, P. G. Traumatismos do Sistema Musculoesquelético. Vol. 1 e 2. São Paulo: Ed. Manole, 2000. GREENSPAN, Adan. Radiologia Ortopédica. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara koogan, 2001. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Saiba mais KNIGHT L. Kenneth. Crioterapia no Tratamento das Lesões Esportivas. São Paulo: Ed. Manole, 2000. LASMAR, Neylor P.; LASMAR, Rodrigo C. P.; CAMANHO, Gilberto L. Medicina do Esporte. Rio de Janeiro: Ed. Revinter, 2002. PERCOPE, Marco A. Comissão de Ensino e Treinamento. 1.000 perguntas e respostas em ortopedia e Traumatologia. São Paulo: Ed. Manole, 2008. PRENTICE, Willian E. Técnicas de Reabilitação em Medicina Esportiva. 3. Ed. São Paulo: Ed. Manole, 2002. WHITING, C. Willian; ZERNICKE F., Ronald. Biomecânica da Lesão Musculoesquelética. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2001. AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia Saiba mais • http://www.periodicos.capes.org.br • www.pedro.org.au/portuguese • www.orthopaedicsandtraumajournal.co.uk • www.sbto.org.br AULA 04: LESÃO DE TECIDOS MOLES Fisioterapia em ortopedia e traumatologia VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? Recursos Fisioterapêuticos mais indicados para cada fase do processo de reparo das lesões dos tecidos moles; Utilização de aparelhos ou técnicas para lesões de tecido mole, auxiliando o processo de cicatrização; Casos clínicos com lesão de tecido mole. AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO.
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