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ESTUDO DIRIGIDO – DISLIPIDEMIAS 1 CURSO DE BIOMEDICINA DISCIPLINA DE BIOQUÍMICA CLÍNICA DOCENTE: LIANE ROTTA DISCENTE: CAREM LESSA Estudo Dirigido – Dislipidemias 1. Cite os principais tipos de lipídios? (ou lipoproteínas?), sua constituição (% de colesterol e de triglicerídeos) e suas funções. Lipoproteína %CL %CE %TG PR QM 2 5 84 2 VLDL 7 12 55 8 IDL 8 23 32 16 LDL 10 38 9 21 HDL2 6 16 4 44 HDL3 3 12 4 55 CL: colesterol livre; CE: colesterol esterificado; TG: triglicerídeos; PR: proteínas As funções básicas das lipoproteínas são: 1. Transporte de lipídios exógenos (dieta); 2. Transporte de lipídios endógenos: a. Do fígado para a periferia: VLDL e LDL; b. Transporte Reverso (da periferia para o fígado): HDL Os lipídios podem ter funções como: componentes das membranas celulares, juntamente com as proteínas (fosfolipídios e colesterol), composto bioquímico de armazenamento calórico (triacilgliceróis), componente do sistema de transporte de elétrons (ubiquinona), isolante térmico (tecido adiposo) e funções especializadas de hormônios e vitaminas lipossolúveis. 2 ESTUDO DIRIGIDO – DISLIPIDEMIAS 2. Descreva, resumidamente, o metabolismo dos triglicerídeos (a partir da alimentação até o fígado) e das lipoproteínas VLDL, LDL e HDL. quilomícrons? O transporte dos lipídios exógenos é feito pelos quilomícrons que vai transporta-los até o fígado e ao tecido adiposo. O transporte de lipídios produzidos endogenamente envolve dois diferentes sistemas: O sistema da Apo B-100, presente na VLDL e LDL, que corresponde ao transporte de triacilgliceróis (VLDL) e colesterol (LDL) do fígado para os tecidos periféricos; E O sistema da Apo A-I, presente na HDL, que corresponde ao transporte reverso de lipídios (sobretudo, mas não apenas colesterol) dos tecidos periféricos para o fígado. Do transporte reverso do colesterol origina-se o papel protetor da HDL. 3. Como atuam os medicamentos hipocolesterolêmicos (estatinas)? A estatinas atuam inibindo a enzima HMG-CoA redutase que tem a função da síntese endógena de colesterol. 4. Descreva, de forma reduzida, os principais processos fisiopatológicos associados à formação da placa de aterosclerose. O processo da placa de aterosclerose inicia com uma lesão da parede arterial que é ocasionada por muitos fatores, nesta parede agredida as LDLs penetram e além das reações inflamatórias acontece a migração de células musculares lisas que dão volume ao ateroma. Em uma fase tardia ocorre ainda a calcificação do ateroma. 5. A que se deve o rompimento da placa aterosclerótica? Qual a consequência deste rompimento? O rompimento se deve a força feita pelo fluxo continuo de sangue somada a instabilidade da placa aterosclerótica devido ao volume de acumulo. O rompimento de uma placa aterosclerótica pode levar a consequências graves como tromboses, AVCs e infartos. 6. Qual o papel da LDL na aterosclerose? Por sua baixa densidade a LDL está próxima a parede endotelial e tem a capacidade de penetrar em tecidos lesado, após sua penetração são modificadas por ROS e ficam presas, as LDL se agregam a proteoglicanos provocando inflamação. 7. O que é e por que ocorre a dislipidemia? Dislipidemia é a elevação de colesterol e/ou de triglicerídeos ou uma baixa concentração de HDL que contribui para o desenvolvimento de aterosclerose. O motivo da ocorrência de dislipidemias pode ser primário, de origem genética ou secundário que envolve inúmeros fatores de risco como a obesidade e o sedentarismo. ESTUDO DIRIGIDO – DISLIPIDEMIAS 3 8. O que é síndrome metabólica? Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno representado pela agregação de fatores predisponentes para desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes. 9. Quais são as causas das dislipidemias primárias e secundárias? As dislipidemias primárias são de causa genética enquanto as secundárias são causadas por interações com o ambiente como o tipo e alimentação, tabagismo e o sedentarismo. 10. Cite e explique as causas primárias e secundárias de um HDL baixo. A genética é a principal causa primária de HDL baixo, já as causas secundárias são bem mais numerosas como a obesidade, o sedentarismo, o tabagismo. 11. Homem, 26 anos, ao exame admissional para contador, apresenta: altura: 1,83m, peso: 92kg, HAS e obesidade abdominal. Exames Clínicos GLI: 289 mg/dL TG: 312 mg/dL COL : 360 mg/dL HDL: 28 mg/dL Com os dados obtidos nos exames clínicos e laboratoriais, calcule o LDL, dê e justifique seu diagnóstico e determine o risco de DCV. 𝐿𝐷𝐿 = 𝐶𝑂𝐿 − 𝐻𝐷𝐿 − 𝑇𝐺5 𝐿𝐷𝐿 = 360𝑚𝑔/𝑑𝐿 − 28𝑚𝑔/𝑑𝐿 − 312𝑚𝑔/𝑑𝐿5 𝐿𝐷𝐿 = 360𝑚𝑔/𝑑𝐿 − 28𝑚𝑔/𝑑𝐿 − 62,4𝑚𝑔/𝑑𝐿 𝐿𝐷𝐿 = 269,6𝑚𝑔/𝑑𝐿 Resultado: Levando em conta seu LDL estimado acima de 160 mg/dL, de acordo com o III Consenso Brasileiro sobre Dislipidemias, o risco de desenvolver doença arterial coronariana é alto. Os principais fatores que podem ser modificados no caso deste paciente é a eliminação do sobrepeso (IMC de 27,5) e da obesidade abdominal. 12. Relacione 1. Dislipidemia tipo I 2. Dislipidemia tipo IIa 3. Dislipidemia tipo IIb 4 ESTUDO DIRIGIDO – DISLIPIDEMIAS 4. Dislipidemia tipo III 5. Dislipidemia tipo IV 6. Dislipidemia tipo V ( 4 ) Expressão genética de modificada da Apo E. ( 3 ) Causada pela deficiência na atividade da lipase hepática e do receptor de LDL. ( 4 ) Distúrbio genético ou adquirido que eleva HDL. ( 1 ) Causada pela deficiência na atividade da lípase proteica e raramente pela deficiência da Apo C II. ( 5 ) Há produção alterada e/ou remoção diminuída do VLDL. ( 2) Há ausência total ou parcial do receptor LDL. 13. É possível calcular o LDL pela fórmula de Friedwald de um paciente com Colesterol Total: 300, Triglicerídeos: 520 mg/dL e HDL: 60 mg/dL. Justifique. Não é possível calcular o LDL deste paciente pela imprecisão resultante do Triglicerídeo estar acima de 400mg/dL (4,5mmol/L). 14. Um paciente que sofreu um infarto agudo do miocárdio necessita realizar seu perfil lipídico. O que é mais recomendado; fazer um perfil lipídico nas primeiras 24 horas do evento isquêmico ou esperar alguns dias para realizar essas dosagens. Porquê? 15. Qual(is) o(s) método(s) utilizado(s) para determinação da dosagem de apolipoproteínas? Métodos imunoquímicos, imunoturbidimetria ou nefelometria 16. Quais são os métodos laboratoriais que podem ser utilizados na pesquisa (e não na rotina laboratorial) que envolve a mensuração de lipoproteínas? A dosagem de Apo (a) massa por turbidimetria, nefelometria ou quimiluminescência. 17. Como é feito o cálculo para a determinação do colesterol não HDL? 𝑁ã𝑜 𝐻𝐷𝐿 = 𝐶𝑇 − 𝐻𝐷𝐿 18. Assinale com A as variáveis que aumentam o perfil lipídico e com D as que diminuem o perfil lipídico. a) ( A ) menopausa nas mulheres b) ( A ) gravidez c) ( D ) dieta rica em óleo de peixe d) ( A ) aumento do tempo do torniquete na coleta e) ( D ) exercícios físicos 19. Uma gestante foi ao laboratório, após um jejum de 8h, realizar o perfil lipídico e se assustou ao constatar que seus triglicerídeos estavam em 400 mg/ dL. ESTUDO DIRIGIDO – DISLIPIDEMIAS 5 Esse valor é verdadeiro? Qual é o procedimento que atendente do laboratório deve dar a gestante e porquê? Existe a possibilidade do valor estar correto pois os triglicerídeos podem aumentar muito na gravidez para suprir as demandas aumentadas de energia da mãe esse aumento pode chegar a 4 vezes o normal. O médico deve avaliar a necessidade de utilizar um controle dietético ou colestiramina, único fármaco com segurança definida para o feto. 20. Faça um resumo da Classificação de Fredrickson, considerando aspectosdo plasma e diminuições e aumentos do perfil lipídico. • Tipo I: Síndrome de hiperquilomicronemia familiar grave: acumulo de quilomícrons def. de lipoproteína lipase plasmática ou ApoC-II; TG>1000 e o VLDL também pode aumentar; Assoc. pancreatite; Células espumosas no fígado, baço e MO. Paciente não é obeso; • Tipo II: Hipercolesterolemia Familiar IIa: LDL: excesso de LDL; falta de receptor para LDL; O diagnóstico é suspeito quando o colesterol encontra-se >350 mg/dL na ausência de hipertriacilgliceridémia. IIb: VLDL e LDL: LDL, quilomícrons e IDL elevados. Raro VLDL elevado. HDL baixo. Paciente normalmente obeso. DAC mais tardia (>30a) que a IIa • Tipo III: Hipercolesterolemia + hipertiacilgliceridémia por IDL: doença da Apo-E, evoluindo com excesso de VLDL. LDL sempre baixo. Colesterol e TG elevados. Associado com hipotireoidismo e obesidade. • Tipo IV: Hiperlipidemia endógena: fígado produz muito VLDL; LDL elevado e HDL reduzido. TG entre 200-2500mg/dL • Tipo V: Hiperlipidemia mista (endógena e exógena) Os tipos I, IV e V correspondem a hiperaciltrigliceridemias (eleva TG), ao passo que os tipos II e III são formas de hipercolesterolemias familiares. Os tipos mais comuns são II e IV. Dislipidemia Lipoproteína elevada TG CT I - def. LPL ou Apo C-II Quilomícron ++++ Normal a + IIa - receptor LDL LDL Normal ++ IIb LDL e VLDL ++ ++ III IDL +++ ++ IV VLDL ++ Normal a + V VLDL e Quilomícron ++++ Normal a + 21. Classifique o paciente de acordo com o tipo de dislipidemia de Fredrickson: a) Colesterol total: 240 mg/dL, plasma límpido, triglicerídeos alto e LDL alto. Colesterol elevado, TG elevado e LDL alto 6 ESTUDO DIRIGIDO – DISLIPIDEMIAS Hiperlipidemia mista com LDL alto – Tipo IIb b) Colesterol total : 200 mg/dL, quantidade muito alta de triglicerídeos e plasma turvo com visualização de quilomícrons. TG elevado, quilomícrons e colesterol normal - Tipo I 22. Quais as justificativas para a “liberação” do jejum de 12h na determinação do perfil lipídico? Qual as orientações em relação à emissão do laudo? A justificativa para liberação é o interesse médico estar no perfil lipídico mais real do paciente, pois sem o jejum o exame representa melhor o estado metabólico normal do paciente. Outro beneficio é evitar a possibilidade de hipoglicemias nos pacientes, principalmente idosos, diabéticos, gestantes e crianças. Como esta mudança é recente os laboratórios devem adequar seus procedimentos e informar no laudo uma das situações possíveis: sem jejum ou jejum de 12 horas. Referências 1. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2Supl.1): 1-76. 10.5935/abc.20170121. 2. Ribeiro Filho, Fernando Flexa, et al. "Gordura visceral e síndrome metabólica: mais que uma simples associação." Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia (2006). 3. Salaroli, Luciane B., et al. "Prevalência de síndrome metabólica em estudo de base populacional, Vitória, ES-Brasil." Arq Bras Endocrinol Metabol (2007): 1143-1152. 4. Cordova CM, Schneider CR, Juttel ID, Cordova MM: Comparison of LDL- cholesterol direct measurement with the estimate using the Friedewald formula in a sample of 10, 664 patients. Arq Bras Cardiol. 2004, 83: 482-7. 10.1590/S0066-782X2004001800006 5. Pereira, A. C., et al. "I Diretriz brasileira de hipercolesterolemia familiar (HF)." Arquivos Brasileiros de Cardiologia 99.2 (2012): 1-28
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