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A Importância da Citação no Processo Civil

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PUC-SP 
 
 
 
 
A CITAÇÃO NO PROCESSO CIVIL 
BRASILEIRO 
 
Nelson Nery Jr. 
Georges Abboud 
José Carlos Van Cleef de Almeida Santos 
Abril/Maio de 2014 
I. CONCEITO: 
 
CPC 213. “Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o 
interessado a fim de se defender.” 
 
Citação é a comunicação que se faz ao sujeito passivo da relação processual 
(réu ou interessado), de que em face dele foi ajuizada demanda ou 
procedimento de jurisdição voluntária a fim de que possa, querendo, vir se 
defender ou se manifestar 
 
à Na bem da verdade, a citação não é feita para o réu se defender, mas, 
apenas, para lhe dar ciência da demanda (v.g. execução o réu é chamado 
para pagar). Princípio do contraditório. 
 
à PNCPC 238. “Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o 
executado ou o interessado para integrar a relação processual.” 
 
 
A CITAÇÃO NO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO 
 
II. ANTES DA CITAÇÃO O RÉU SOMENTE FAZ PARTE DA DEMANDA, 
MAS NÃO DO PROCESSO: 
A demanda é o ato de vir a juízo pedir tutela jurisdicional (quebra da inércia 
processual por ato do autor). O réu, desde que inserto na petição inicial 
como sujeito passivo, faz parte da demanda, mas somente com a citação é 
que passa a fazer parte da relação jurídica processual. É com a citação que 
se forma a relação jurídica triangular (Liebman). 
III. SISTEMA DE MEDIAÇÃO E IMEDIAÇÃO: 
No direito brasileiro, a citação é ato realizado mediante ordem do juiz. 
Esse sistema é o da mediação, no qual o juiz se coloca entre a demanda 
e o ato de chamar o réu a juízo. No sistema da imediação inexiste a 
figura do juiz na fase introdutória do procedimento sendo que a citação 
é feita pelos oficiais em razão do pedido direto do autor. 
 
 
IV. A CITAÇÃO REALIZADA DE FORMA VÁLIDA VALE PARA TODO O 
PROCESSO: 
No processo de conhecimento, que tornou-se sincrético pela entrada em 
vigor da Lei n.º 11.232/2005, há apenas uma citação, que garante 
formação do processo trilateral que se desenvolverá em fases sem solução 
de continuidade. 
 
V. CITAÇÃO: PRESSUPOSTO PROCESSUAL DE EXISTÊNCIA OU 
VALIDADE? 
A teoria dos pressupostos processuais originou-se da doutrina de Oskar 
Bulow (La teoría de las excepciones procesales y los presupuestos 
procesales) que identificou o processo como uma relação distinta daquela 
que constitui seu objeto. 
à Pressuposto processual: 
É uma exigência legal sem cujo atendimento o processo – enquanto relação 
jurídica – não se estabelece ou não se desenvolve validamente (HTJ). 
 
à A citação é tida pela doutrina maciça como pressuposto processual, mas 
há uma acirrada discussão no tocante a espécie de pressuposto, se de 
existência ou de validade. 
 
à CPC 214.“Para a validade do processo é indispensável a citação 
inicial do réu.” 
 
à Existência: 
Em que pese o CPC indicar, supostamente, que a citação é um pressuposto 
de validade, parte considerável da doutrina entende que na bem da verdade 
a citação é pressuposto de existência do processo (Arruda Alvim; Liebman). 
Isso, porque, o processo (rectius relação jurídica processual) somente se 
forma a partir da triangularização entre autor-juiz-réu. Antes desse 
momento processual não há propriamente uma relação jurídica processual, 
mas, como diz Chiovenda, um início de processo. 
 
 
à Se o réu somente passa a fazer parte do processo com a citação e se o 
processo somente existe formalmente com a participação do réu, sem 
citação não haveria processo, de forma que a citação, para a doutrina que 
assim sustenta, é inegavelmente um pressuposto processual de existência. 
 
à Validade: 
Para outra parte da doutrina, tal como expressamente disposto no CPC, a 
citação é, somente, pressuposto processual de validade, uma vez que entre 
a demanda e a citação o juiz pratica atos processuais na relação 
angularizada com o autor, e o faz dentro do processo (Dinamarco; Milton 
Sanseverino e Roque Komatsu; Pontes de Miranda; Vicente Greco Filho; 
Fredie Didier Jr.) Para esta parte da doutrina, o ato processual de citação se 
dá no bojo do próprio processo, que se forma com a propositura da 
demanda. A citação não seria pressuposto processual de existência, pois a 
sua ocorrência é posterior à formação do processo (Dinamarco). 
 
à Existência e validade: 
Para outra parcela da doutrina a citação é, ao mesmo tempo, pressuposto 
processual de existência e de validade. A citação é pressuposto de 
existência do processo e a citação válida é pressuposto de validade (NNJ, 
Teresa Arruda Alvim Wambier). 
 
 
 
à Polêmica: 
É inegável que a citação é um pressuposto processual, mas mesmo sem 
citação é possível que o Estado preste jurisdição através de atos que 
beneficiem o réu (v.g CPC 285-A e 295). Com efeito, com a demanda já há 
processo para o autor, que, dependendo das circunstâncias do caso 
concreto, pode ter sua pretensão processual analisada e resolvida mesmo 
sem a presença do réu. 
 
à O Processo: o que é? 
 Deve ser compreendido como a conjunção da relação jurídica processual e 
do procedimento. A relação jurídica processual é sistema dos vínculos 
regidos pelo direito que interligam os sujeitos do processo. 
Compõe-se do conjunto de situações ativas e passivas que permitem ou 
exigem a prática de atos que estruturam o método de atuação do Estado: 
prestação da jurisdição. Com a demanda surge um vinculo entre o autor e o 
juiz e embora ainda não haja processo para o réu já é possível em certa 
escala evidenciar-se situações ativas e passivas pelas quais praticam-se atos 
processuais, inclusive, com possibilidade de prestação de jurisdição. 
 
 
 
 
à Conclusão: 
É possível afirmar que a citação é pressuposto processual de existência, 
mas para tanto parece-nos que é essencial fazermos uma ressalva: é 
pressuposto processual de existência do processo para a perspectiva do 
réu. Antes da citação o processo não existe para o réu. Antes disso a 
existência do processo é apenas potencial. Ele existe, mas somente entre 
autor e juiz. De toda forma, sempre será a citação pressuposto processual 
de validade do processo, sem a qual o processo não poderá se desenvolver 
de forma válida. E essa citação deve ser válida, sob pena de nulidade 
processual. 
 
PNCPC 239. “Para a validade do processo é indispensável a citação 
do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da 
petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.” 
 
 
 
 
 
 
VI. O DESTINATÁRIO DA CITAÇÃO. 
CPC 215, CAPUT. “Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao 
procurador legalmente autorizado”. 
 
à Regra: Vige no Direito Processual Civil Brasileiro o princípio da pessoalidade da citação. 
Assim, o réu deverá ser citado pessoalmente. 
 
à Pessoa Física: 
 
i) Capazes: são citados pessoalmente; 
 
ii) Relativamente incapazes: são citados pessoalmente e o ato é aperfeiçoado também na pessoa de 
seu representante legal: 
 
CPC 8º. “Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma 
da lei civil.” 
 
à Absolutamente incapaz: são citados na pessoa de seus representantes legais, sem que haja 
necessidade do ato ser praticado na pessoa do citando (CPC 8º). 
 
CCB 3º: “os menores de dezesseis anos, os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o 
necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil e aqueles que, mesmo por causa 
transitória, não puderem exprimir sua vontade.” 
 
à Ao representante legal se dá o nome de tutor, quando se tratar de incapaz menor de idade, e 
curador, se maior. 
 
 
à Pessoa jurídica: 
A citação é feita na pessoa do representante legal. Nessa hipótese está citando-se a 
pessoa jurídica (ente moral) pessoalmente, não há quebra do princípio da 
pessoalidade da citação. 
 
à Atenção ao CPC 12 (entes despersonalizados).
à Procurador com poderes: 
Em todo caso (pessoa física ou jurídica) é possível que a citação seja feita na 
pessoa do respectivo advogado, desde que tenha poderes específicos para receber 
a citação. Não basta procuração ad judicia, deve haver outorga de poderes 
específicos. 
 
** Atenção: 
Nos casos de ações incidentais, o advogado está autorizado a receber a citação da 
parte através dos poderes de representação outorgados para o processo (ad 
judicia). V.g. oposição (CPC 57), reconvenção (CPC 316) (RT 578/142). 
 
à Representante legal e procurador legalmente autorizado: não representa quebra 
ao princípio da pessoalidade. A citação realizada nessas pessoas é considerada 
realizada na pessoa do citando. 
 
à Exceções: O CPC 215 apresenta duas exceções à regra da pessoalidade: 
 
CPC 215, § 1º. “Estando o réu ausente, a citação far-se-a ́ na pessoa de seu mandatário, 
administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados.” 
 
à Ausente? 
Da Comarca em que tramita a demanda. 
 
à A citação é feita na pessoa que praticou o ato do qual a demanda originou-se; 
 
CPC 215, § 2º. “O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que 
deixou na localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para 
receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do 
recebimento dos aluguéis.” 
 
à Quebra do princípio da pessoalidade: 
Essas hipóteses não se assemelham às hipóteses em que a citação é feita na pessoa do 
representante legal ou procurador legalmente autorizado. Aqui há a quebra do princípio da 
pessoalidade, porque o réu é citado na pessoa de outrem. 
 
 
 
VII. IMPEDIMENTOS NA REALIZAÇÃO DA CITAÇÃO. 
 
CPC 217. “Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: 
I – a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; 
II – ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha reta, ou na 
linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos sete dias seguintes; 
III – aos noivos, nos três primeiros dias de bodas; 
IV – aos doentes, enquanto grave o seu estado.” 
 
à Tratam-se de situações transitórias: 
Na bem da verdade não se trata de impossibilidade em realizar o ato da citação, mas apenas 
impedimento temporário. 
 
à Motivo (?) 
Dever de solidariedade humana, de cortesia e de respeuto a certos atos da vida (Pontes de 
Miranda). 
 
à Inciso IV: Doente (?) 
Acepção mais abrangente possível, incluindo os acidentados e feridos. 
 
à Perecimento do direito: 
Mesmo nas situações do CPC 217 poderá ser efetivada a citação nos casos de prescrição e 
decadência (que atingem a pretensão condenatória e constitutiva), bem como naquelas em que 
há urgência na prestação da tutela jurisdicional. 
VIII. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE: A CITAÇÃO DO 
DEMENTE E DE QUEM ESTEJA IMPOSSIBILITADO DE RECEBÊ-LA. 
 
CPC 218. “Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está 
impossibilitado de recebê-la.” 
 
à Diferença das hipóteses do CPC 217 (?) 
As hipóteses do CPC 218 são diversas das hipóteses de impedimento contidas no CPC 217. 
Aquelas são momentâneas e uma vez cessadas a citação pode ocorrer normalmente. Nas 
hipóteses do CPC 218 há proibição de realização do ato em si. 
 
à As situações são permanentes e curador especial: 
CPC 218, §3º. “A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do 
réu.” 
 
Assim, verifica-se que não se trata, propriamente, de impedimento para a realização do 
ato, mas, sim, exceção ao princípio da pessoalidade. A citação não fica impedida de 
ocorrer, apenas não poder ocorrer de forma pessoal. Ou seja, o ato de citação realiza-se 
e não se posterga conforme as hipóteses do CPC 217. 
 
CPC 218, §2º. “Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador, 
observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é 
restrita à causa.” 
 
 
 
 
 
à Curador Especial. “Preferência estabelecida na lei civil”(?) 
O Juiz, ao verificar as hipóteses do CPC 218, nomeará curador ad litem e a escolha recairá, a 
priori, sobre alguma das pessoas indicadas no CCB 1.775: 
 
CCB 1.775. “O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, 
curador do outro, quando interdito. 
§1º Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o 
descendente que se demonstrar mais apto. 
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos. 
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.” 
 
à Procedimento: 
 
CCB 218, §1º: “§ 1o O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a 
ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado 
em cinco dias.” 
 
Se o laudo apontar a capacidade do réu em receber a citação, o juiz manda cumprir o 
mandado. Se o laudo apontar a impossibilidade, o juiz nomeará o curador. 
 
à Diferença entre CCB 217 IV e CCB 218: 
 
A diferença reside na circunstância da demência do CPC 218 ser permanente. Se for provisória 
a situação de doença mental aplica-se o CPC 217. 
 
IX. DO LUGAR DA CITAÇÃO. 
 
CPC 216. “A citação efetuar-se-a ́ em qualquer lugar em que se encontre o réu. 
Parágrafo único. O militar, em serviço ativo, será citado na unidade em que 
estiver servindo se não for conhecida a sua residência ou nela não for 
encontrado.” 
 
à Regra (NNJ): a citação do réu deve ocorrer no local de seu domicílio (ad domum). 
 
à Domicílio: O domicílio é o local livremente escolhido ou, em certos casos, imposto por 
lei, onde se concentram as atividades habituais da pessoa e onde ela pode ser encontrada 
para responder por suas obrigações. É, por assim dizer, a sede jurídica oficial do sujeito, 
de onde se presume que foram praticados os atos e negócios jurídicos por ele realizados 
(Almeida Santos, José Carlos Van Cleef e CASCALDI, Luís de Carvalho. Manual de Direito 
Civil. São Paulo: RT, 2011). 
 
à Exceção: Apenas quando não for possível a realização da citação no domicílio do réu é 
que incide o CPC 216 (NNJ REpro 55/7). 
 
X. TEORIA DA APARÊNCIA 
 
à Teoria da aparência aplicada na citação (Doutrina e STJ): Adotou-se 
a posição pela qual se reputa juridicamente relevante a crença naquilo que 
parece ser, ainda quando na realidade possa não ser o que parece. Assim, uma 
pessoa, considerada por todos como titular de um direito, embora não o sendo, 
leva a efeito um ato jurídico com terceiro de boa-fé. 
 
“PROCESSO CIVIL - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - CITAÇÃO - TEORIA DA 
APARÊNCIA. 1. Nega-se seguimento a embargos de divergência quando o 
acórdão recorrido encontra-se em sintonia com a jurisprudência dominante no 
Tribunal. 2. Aplicação do entendimento prevalente da Corte Especial no 
sentido de adotar-se a Teoria da Aparência, reputando-se válida a 
citação da pessoa jurídica quando esta é recebida por quem se 
apresenta como representante legal da empresa e recebe a citação 
sem ressalva quanto à inexistência de poderes de representação em 
juízo. 3. Agravo regimental improvido.” (STJ – EREsp n.º 205.275, Corte 
Especial, Rel. Min. Eliana Calmon, J. 18.09.2002). 
 
 
à Citação por carta (regra do sistema): 
 
i) Pessoa física: se recebida por terceiro, o autor deve demonstrar que o 
réu teve ciência do ato sob pena de nulidade; 
 
ii) Pessoa jurídica: se recebida pelo funcionário, presume-se válida a 
citação, por aplicação da teoria da aperência. 
 
à STJ: “Impõe o Código ao carteiro a obrigação de entregar a carta 
pessoalmente ao citando, de quem exigirá assinatura no recibo (art. 
223, parágrafo único). Tratando-se, porém, de pessoa jurídica, o 
Superior Tribunal de Justiça consagrou o entendimento de que é válida a 
citação
postal quando realizada no endereço da re ́, mesmo que o aviso 
de recebimento seja firmado por simples empregado. Desnecessário, em 
tal caso, que a assinatura seja do representante legal da empresa.” (STJ, 
Corte Especial, ERESP 249.771/SC, Rel. Min. Fernando Gonçalves, ac. 
07.11.2007, DJU 03.12.2007, p. 247. Precedentes: REsp 582.005/BA, 
DJU 05.04.2004; e REsp 259.283/MG, DJU 11.09.2000. No mesmo 
sentido: STJ, 4a T., AgRg no 1.229.280/SP, Rel. Min. João Otávio de 
Noronha, ac. 25.05.2010, DJe 04.06.2010).” 
 
 
à Citação por Oficial de Justiça: 
 
i) Pessoa física: o Oficial de Justiça deve, sempre, procurar o réu para cita-lo 
pessoalmente; 
 
ii) Pessoa jurídica: conquanto tenha o Oficial de Justiça o dever de certificar-se que a 
pessoa que o recebeu tem poderes para receber a citação, caso o recebedor não ressalve 
a ausência de poderes a citação será considerara válida; 
de Noronha, ac. 25.05.2010, DJe 04.06.2010).” 
 
à PNCPC 248. “Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de secretaria 
remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo 
para resposta, o endereço do juízo e o respectivo cartório. 
2º. Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa 
com poderes de gerência geral ou de administração, ou, ainda, a funcionário 
responsável pelo recebimento de correspondências.” 
§ 4º Nos condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso, será 
válida a entrega do mandado feita a funcionário da portaria responsável pelo 
recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o 
recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da 
correspondência está ausente.” 
 
 
XI. EFEITOS DA CITAÇÃO. 
CPC 219: “A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz 
litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em 
mora o devedor e interrompe a prescrição.” 
 
à A citação possui efeitos de direito processual (prevenção, a 
litispendência e a litigiosidade da coisa) e efeitos de direito material 
(constituição em mora do devedor e interrupção da prescrição). 
 
à Apenas a citação válida enseja a produção dos efeitos contidos na 
norma. Citação válida é aquela “que satisfaz os requisitos exigidos por 
lei” (Amaral dos Santos) ou seja “aquela determinada por juiz competente e 
cumpria corretamente” (Moniz de Aragão). CPC 247. A invalidade da citação 
acarreta a sua impossibilidade de produção de efeitos típicos (Teresa Arrida 
Alvim Wambier). 
 
à Exceção: Efeito material da citação. Interrupção da prescrição. CCB, 202, I. 
Barbosa Moreira aponta que a citação ordenada por juiz incompetente para fins 
de interrupção da prescrição é válida mas parcialmente ineficaz (não produz os 
efeitos típicos em sua totalidade). 
 
 
 
 
à Citação e triangularização da relação jurídica processual: Com a citação ocorre 
a formação do relação jurídica processual triangular, o processo passa a existir para o 
réu. 
 
A) PREVENÇÃO: é a fixação de competência de um juiz face ao outro, ou outros, 
quando todos forem igualmente competentes (Moniz de Aragão). Para que ocorra a 
prevenção é necessário que haja conexão entre causas (CPC 103), porque mesmo 
que as partes sejam as mesmas causas que não tenham mesmo objeto ou causa de 
pedir podem tramitar de forma apartada. 
 
CPC 219: “A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a 
coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e 
interrompe a prescrição.” 
 
CPC 106: “correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma 
competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro 
lugar.” 
 
Há aparente contradição entre o CPC 219 e o 106 à A prevenção ocorre com o mero 
despacho ou com a citação válida? 
 
 à REGRA: CPC 219; 
 à EXCEÇÃO: CPC 106. 
 
 
 
à Com efeito apenas com a citação válida ocorre a prevenção, mas 
se tratando de juízes da mesma comarca (com a mesma competência 
territorial) a prevenção ocorrerá para aquele que primeiro despachar a 
petição inicial. Assim, a regra do CPC 219 aplica-se quando os juízes 
se localizarem em comarcas diversas, e a exceção do CPC 106 
para juízes que estiverem situados na mesma comarca. 
 
“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL E AÇÃO ORDINÁRIA 
CONEXAS. REUNIÃO DOS PROCESSOS, FIXANDO-SE A COMPETÊNCIA 
DO JUÍZO CONFORME ESTEJAM ELES TRAMITANDO NA MESMA 
JURISDIÇÃO TERRITORIAL (CPC, ART. 106) OU EM JURISDIÇÕES 
TERRITORIAIS DIFERENTES (CPC, ART. 219, CAPUT). A conexão 
existente entre a execução fiscal e a ação de anulação de débito 
tributário induz a reunião dos processos para julgamento simultâneo; 
Correndo elas perante juízes que têm a mesma competência territorial, 
considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar (CPC, 
art. 106); A citação válida determina a prevenção se as ações 
tramitarem perante jurisdições territoriais diferentes (CPC, art. 219, 
caput)”. (STJ – CC n.º 16.201-DF, 1ª Seção, Rel. Min. Ari Pargendler, J. 
22.05.1996). 
 
 
 
 
à Problema: 
 
Em comarcas diversas: citações válidas efetuadas ao mesmo tempo (mesmo 
dia), como solucionar? 
 
Aplica-se a exceção contida no CPC 106 e verifica-se qual o juiz despachou 
primeiro. 
 
Na mesma comarca: ações despachadas simultaneamente (mesmo dia), como 
solucionar? 
 
A prevenção ocorre de acordo com a anterioridade da distribuição (André Luizi 
Correia). 
 
PNCPC 240. “A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, 
torna eficaz a litispendência para o réu, faz litigiosa a coisa e constitui em mora 
o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 do Código Civil.” 
 
PNCPC 59: “O registro ou distribuição da petição inicial torna prevento o 
juízo.” 
 
 
 
B) LITISPENDÊNCIA: Trata-se do principal efeito da citação. 
 
à Três eadem: 
 
Para compreender o que seja litispendência, temos que relembrar a teoria dos três eadem: 
eadem personae; eadem res; eadem causa petendi (Chiovenda). 
 
à Elementos da ação: 
 
i) sujeitos; ii) objeto (pedido); e iii) causa de pedir. 
 
à Litispendência: possui dois significados processuais: 
i) causa pendente: fluência da causa em juízo; e 
ii) pressuposto processual negativo. 
 
CPC 301. §1º: “Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação 
anteriormente ajuizada.” 
CPC 301. §2º: “o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma 
causa de pedir e o mesmo pedido.” 
CPC 301. § 3º “Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa 
julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba 
recurso.” 
à Regra para o réu: A litispendência é fixada com a citação válida apenas para o réu. 
E para o Autor? 
 
Demanda. 
 
NCPC 338 § 2º. “Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma 
causa de pedir e o mesmo pedido.” 
 
NCPC 338 § 3º “Há litispendência quando se repete ação que está em curso.” 
 
C) LITIGIOSIDADE DO OBJETO: Com a citação válida a coisa sobre a qual recai a 
demanda torna-se litigiosa. A coisa é o bem, corpóreo ou incorpóreo, objeto da 
pretensão resistida (lide). 
 
à Noção importante: haja vista que a coisa litigiosa atinge terceiros, mesmo que 
alienada no curso da demanda não influencia em regra na legitimidade das partes, bem 
como não pode a coisa litigiosa ser modificada, sob pena de atentado (CPC 881). 
 
D) CONSTITUIÇÃO EM MORA: Com a citação o devedor é constituído em mora. A 
regra destina-se a regular a mora ex persona, qual seja aquele que necessita de 
interpelação do devedor. 
 
 
 
E) INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO: A citação válida interrompe a 
prescrição, de acordo com o CPC 219. O CC de 2002, através do seu 
artigo 202, estabelece
que a prescrição é interrompida pelo despacho 
do juiz. 
 
CCB 202. “A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer 
uma vez, dar-se-á: 
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, 
se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;” 
 
à Doutrina: Fredie Didier Jr. propõe estar revogado o CPC 219, por 
ser o CCB lei posterior. NNJ lembra, nesse sentido, que o CCB 
estabelece efeitos materiais de interrupção da prescrição, tarefa que 
lhe é específica e nesse particular prevalece sobre o CPC. 
 
à Antinomia aparente de normas: em que pese parecer haver 
antinomia entre as normas em questão, trata-se de antinomia 
aparente. Na bem da verdade não há incompatibilidade entre a regra 
do CPC e a disposta no CCB (NNJ). 
 
 
 
 
à Na bem da verdade o ato que interrompe a prescrição é, de 
fato, o despacho do juiz (que ordena a citação): não é qualquer 
decisão, portanto, é apenas a decisão que determina a citação (assim, 
eventual juízo de admissibilidade negativo, ou julgamento liminar do 
mérito não tem o condão de interromper a prescrição). Essa 
sistemática é a vigente após o CCB 2002, em razão do disposto na 
LINDB 2º, §1º (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro): “a 
lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, 
quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a 
matéria de que tratava a lei anterior.” 
 
à E porque não há, então, incompatibilidade? 
 
Pois tanto no CCB, quanto no CPC o ato que enseja a interrupção da 
prescrição está subordinado à citação válida. 
 
Uma coisa, pois, é o ato que interrompe, a outra e a efetiva 
interrupção, que somente ocorre quando a citação válida é efetivada 
pela parte no prazo do CPC 219, §§ 2º e 3º: 
 
 
 
CPC 219 § 2º. “Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias 
subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora 
imputável exclusivamente ao serviço judiciário;” 
 
CPC 219 § 3º. “Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 
90 (noventa) dias” 
 
CPC 219 § 4º. “Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos 
parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição”. 
 
à A interrupção da prescrição, assim, decorre de ato complexo (NNJ): 
Conforme previsto no CCB o despacho que ordena a citação é o ato que interrompe 
a prescrição. Todavia, esta interrupção ficará condicionada à efetiva realização da 
citação válida, nos prazos previstos na lei processual. 
 
à Significado de promover a citação (?): 
 
A parte, na prática, pouco pode fazer para cumprir o mandado de citação. Na bem da 
verdade, a parte não efetiva a citação, apenas a promove. Promover a citação 
significa, apenas, subsidiar o Poder Judiciário com os meios necessários à realização 
do ato. 
 
à “Promover a citação significa requere-la e arcar com as despesas de diligência; não significa ‘efetiva-
la’, pois no direito processual brasileiro a citação é feita pelo sistema da mediação”. (STJ - RMS n.º 42/
MF, Rel. Min. Athos Gusmão Carneiro, J. 30.10.1989). 
 
à Retroação da interrupção da prescrição: Determinada a citação pelo magistrado ocorrerá a 
interrupção da prescrição. Este ato, como visto, é condicionado à citação válida. Ocorrendo a citação 
válida, a interrupção da prescrição valida-se e retroage à data da distribuição da demanda. CPC 219, 
§1º: “a interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.” 
 
à Assentou-se no CPC o que restou sedimentado na jurisprudência. STJ 106: “Proposta a 
ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo 
da Justiça, não justifica o acolhimento da argüição de prescrição ou decadência.” 
 
à Desde que o jurisdicionado não seja omisso e negligente, a demora do Poder Judiciário 
não pode prejudica-lo. 
 
 
 
 
PCNCP 240 
 
“§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a 
citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de 
propositura da ação. 
§ 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de dez dias, as providências 
necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no 
§1º. 
§ 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao 
serviço judiciário. 
§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos 
demais prazos extintivos previstos em lei.” s 
 
 
XII. INEXISTÊNCIA E NULIDADE DE CITAÇÃO: O regime está previsto do CCB 147 
e ss. Em regra, sabe-se que há duas modalidade de nulidades: 
 
i) as absolutas, que não se convalidam e independem e ação própria para seu 
reconhecimento; e 
 
ii) as relativas, que se convalidam, e necessitam de ação própria para seu 
conhecimento. 
 
à A teoria das nulidades do processo civil é inspirado na base do CCB, mas por ser ramo 
de direito público possui certas limitações. 
 
à Princípio da instrumentalidade das formas e princípio da inexistência de nulidade sem 
prejuízo (pas de nullité sans grief). 
à No processo civil, não há propriamente uma diferença entre nulidade absoluta e 
relativa, no que tange à possibilidade de correção. Em processo “tudo se emenda, ou 
melhor, tudo deve-se emendar”. A diferença é que se tratando de nulidade relativa se a 
parte não arguir tempestivamente, ocorre a preclusão. As nulidades absolutas, por sua 
vez, não se submetem à preclusão e são causa, inclusive, de ação rescisória, mas o vício 
sempre poderá ser corrigido. 
 
 
 à Inexistência de citação: não havendo citação, o processo não existe para o 
réu, e mesmo que haja relação jurídica formada entre autor e juiz, o réu não poder 
ser atingido pela tutela jurisdicional. 
 
à Vícios de fundo vs. vícios de forma: Os vícios de fundo (absolutos) são 
aquelas relacionados à estrutura do próprio processo e da relação jurídica 
processual. As nulidades de forma são as demais. Vícios na citação poderão 
apresentar-se como de fundo ou de forma. Quando a citação é realizada 
indevidamente e com isso prejudica-se o direito de ação e defesa, o vício na citação 
é de fundo (v.g. efetivada por uma modalidade indevida, porquanto ausentes os 
requisitos). Agora quando há inobservância do procedimento no ato citatório ocorre, 
via de regra, uma vício de forma (v.g. erro na escrita do mandado ou ausência de 
inobservância quando a eventual advertência das consequências da revelia). 
 
à Nulidades da citação: CPC 247: “as citações e as intimações serão nulas, 
quando feitas sem observância das prescrições legais”. Sempre? 
 
à A nulidade da citação deve sempre ser medida com base no fenômeno da 
revelia. “Diante de uma citação viciada – fundo ou forma-, há que se perguntar: 
houve relevia? (Teresa Arruda Alvim Wambier). Se houve, há nulidade, se não 
houve fica como se o vício não tivesse havido. 
 
 
“AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO. COMPARECIMENTO 
ESPONTÂNEO E OFERECIMENTO DE CONTESTAÇÃO. NULIDADE DO 
PROCESSO. PREJUÍZO NÃO COMPROVADO. CERCEAMENTO DE DEFESA. 
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA STJ/7. 
1.- Não obstante ter tramitado o processo por quase dois anos sem a 
participação da requerida, ora recorrente, entendeu o Acórdão recorrido 
que a falha foi suprida com a sua regular citação, seguida do oferecimento 
de contestação, quando teve a oportunidade de se manifestar sobre o 
laudo, inclusive formulando quesitos, os quais foram respondidos pelo 
perito, com ciência às partes. 
2.- A desconstituição da conclusão a que chegou o Acórdão recorrido, 
ensejaria nova incursão no acervo fático-probatório da causa, o que é 
vedado à luz da Súmula 7 desta Corte. 
3.- O princípio processual da instrumentalidade das formas, outrossim, 
sintetizado pelo brocardo pas de nullité sans grief, determina que não 
sejam declarados nulos os atos inquinados de invalidade
quando deles não 
tenha decorrido nenhum prejuízo concreto. 
4.- Agravo Regimental improvido. (STJ- AgRg no AREsp n.º 247.090/SP, 3ª 
Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, J. 19.03.2013). 
XIII. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO RÉU: 
Se o réu que não foi citado ou o foi de forma defeituosa comparece espontaneamente em juízo 
a finalidade da citação (que é justamente dar ciência ao réu da demanda) é cumprida, de 
modo que eventuais vícios (de inexistência ou nulidade) tornam-se sanados. 
 
 CPC 214 § 1º. “O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação; 
 
CPC 214 § 2º. Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta decretada, 
considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão.”. 
 
à O comparecimento espontâneo do réu pode ocorrer de três formas diferentes: 
 
i) O réu comparece e apresenta sua defesa: hipótese na qual nada obstante a inexistência 
ou nulidade da citação o réu toma conhecimento do feito e apresenta defesa; 
 
ii) O réu comparece apenas para alegar a inexistência ou nulidade do ato: hipótese 
na qual sendo procedente sua arguição lhe será fixado o prazo para a apresentação da 
resposta, sem que haja renovação da citação; 
 
iii) O réu comparece para arguir a inexistência ou nulidade e, simultaneamente, já 
apresenta a defesa: hipótese na qual sendo procedente sua arguição o juiz receberá de 
forma tempestiva a resposta. 
 
XIV. MODALIDADES: 
 
O CPC traz três meio de se efetuar a citação: 
 
i) por correio; 
 
ii) por mandado; e 
 
iii) por edital. 
 
São consideradas citações reais as que se efetivam diretamente na pessoa 
do réu (carta ou mandado). 
 
São consideradas citações fictas as que não se efetuam diretamente na 
pessoa do réu, mas que ante ao uma situação de razoável probabilidade de 
conhecimento, é tida pelo legislador como válida (editar e hora certa). 
 
 
 
XV. CONTEÚDO COMUM A TODAS AS MODALIDADES DE CITAÇÃO. CPC 223, 225 E 
232: 
 
A citação deve cumprir dois requisitos essenciais: 
i) levar ao réu o conhecimento da demanda; 
 
ii) intimação do réu para realizar o primeiro ato que lhe cumpre no processo. Para que esses 
dois requisitos sejam validamente cumpridos, o ato citatório deve conter: 
 
Conteúdo comum de todas as modalidades: 
 
i) cópia da petição inicial; 
 
ii) copia da decisão com que o juiz mandou citar; 
 
iii) indicação do ato processual a ser realizado pelo réu; 
 
iv) a advertência de que, não se defendendo no tempo ou no momento oportuno, ele 
suportará o efeito da revelia; 
 
v) a assinatura do escrivão, com afirmação de que o escrito é feito por ordem do juiz; 
 
vi) se o caso, a ordem para o réu realizar algum ato ou se abster e a cominação de pena no 
caso de descumprimento. 
 
 
XVI. CITAÇÃO POSTAL. REGRA NO ORDENAMENTO JURÍDICO: 
Ato do escrivão e seus funcionário, com colaboração dos correios como 
auxiliar extravagante da justiça. Realiza-se mediante expedição de carta 
registrada com aviso de recebimento. O carteiro deve colher a assinatura 
do réu pessoalmente ou de seu representante legal. 
 
à Em caso de recusa: o ato restará frustrado, pois o carteiro não tem fé 
pública para atestar a injusta recusa. 
 
à Restrições à citação por carta. CPC 222. Principal delas: processo 
de execução. 
 
Caso para discussão: Citação por carta expedida para caixa postal 
é válida? (venire contra factum proprium) 
 
“Processo civil e direito do consumidor. Citação pela via postal. 
Correspondência remetida para a caixa postal da ré. Hipótese em que esse 
era o único endereço por ela fornecido a seus consumidores, nas faturas 
de cobrança enviadas. Validade.” (STJ – REsp n.º 981.887-RS, 3ª Turma, 
Rel. Min. Nancy Andrighi, J. 23.03.2010). 
 
 
 
Caso para discussão: citação de pessoa física por AR que é 
devolvido com assinatura de pessoa estranha ao réu. Validade? 
 
“Embargos de divergência. Corte Especial. Citação por AR. Pessoa física. 
Art. 223, parágrafo único, do Código de Processo Civil. 1. A citação de 
pessoa física pelo correio deve obedecer ao disposto no art. 223, parágrafo 
único, do Código de Processo Civil, necessária a entrega direta ao 
destinatário, de quem o carteiro deve colher o ciente. 2. Subscrito o aviso 
por outra pessoa que não o réu, o autor tem o ônus de provar que o réu, 
embora sem assinar o aviso, teve conhecimento da demanda que lhe foi 
ajuizada. 3. Embargos de divergência conhecidos e providos.” (STJ – EREsp 
n.º 117.949-SP, Corte Especial, Rel. Des. Carlos Alberto Menezes Direito, J. 
03.08.2005). 
 
XVII. Citação por mandado: 
 
O mandado é a ordem que o juiz passa por escrito a alguém para que 
realize o ato. A citação por mandado é ato do qual participam o escrivão e 
seus funcionário e o Oficial de Justiça. 
 
à Formalidades. CPC 226: 
 
“Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo: 
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; 
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; 
III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no 
mandado.” 
 
CPC 143. “Incumbe ao oficial de justiça: 
I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais 
diligências próprias do seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, 
com menção de lugar, dia e hora. A diligência, sempre que possível, 
realizar-se-á na presença de duas testemunhas;” 
 
XVIII. CITAÇÃO POR HORA CERTA: CPC 227 e 228. Trata-se da citação por 
mandado que se realiza em pessoa próxima ao réu, quando o oficial suspeita 
seriamente de que este se oculta para evitar a citação. 
 
CPC 227. “Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu 
em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de 
ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer 
vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que 
designar.” 
 
CPC 228. “No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente 
de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de 
realizar a diligência. 
§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-
se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se 
tenha ocultado em outra comarca. 
§ 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa 
da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.” 
 
à Autorização do juiz? 
 
à Requisitos: 
 
i) suspeita do oficial; 
 
ii) que o oficial tenha realizado 3 diligências para tentar citar pessoalmente 
o réu em dias e horários diversos; e 
 
iii) o oficial deve certificar pormenorizadamente as razões pelas quais 
levou a efetuar a citação ficta para permitir futuro controle jurisdicional 
 
à A citação deve ocorrer na pessoa que recebeu a intimação do 
Oficial de Justiça? 
 
“É ineficaz a citação por hora certa se a contrafé não é entregue à mesma 
pessoa que recebeu a intimação do Oficial de Justiça. A marcação e o 
levantamento da hora certa devem ser precedidos na mesma 
pessoa” (ATARJ 17/92) (NNJ e RMAN, CPC Comentado). 
 
 
“Na citação por hora certa, a contrafé será entregue a pessoa da família ou 
a qualquer vizinho, não necessariamente aquela mesma pessoa que fora 
intimada. Entendemos que a exigência de que a contrafé seja entregue à 
mesma pessoa que recebeu a intimação poderia tornar a citação por hora 
certa inócua. Bastaria que essa pessoa, no intuito de auxiliar o citando, 
também se ocultasse, para que o oficial de justiça, não podendo entregar a 
contrafé a outrem, continuasse impedido de concluir o ato”. (André de Luizi 
Correia. A citação no direito processual civil brasileiro. São Paulo: RT, 2001, 
p. 132. No mesmo sentido Barbosa Moreira). 
 
à Família
ou vizinho (?): é possível a citação por hora certa em pessoa 
diversa das indicadas no CPC 227? 
 
* Sim. A doutrina entende que outras pessoas também podem 
receber a citação, tais como companheiro, empregado doméstico, 
zelador, funcionário, etc. 
 
 
PNCPC 252. “Art. 252. Quando, por duas vezes, o oficial de justiça 
houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o 
encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer 
pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil 
imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. 
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou loteamentos com 
controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput 
feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de 
correspondência.” 
 
à Aperfeiçoamento do ato: Carta de hora certa. CPC 229. A carta 
de hora certa não é parte do ato citatório, mas, apenas, condição para 
aperfeiçoamento do ato (NNJ). Sua ausência enseja nulidade. O prazo 
para contestação na citação por hora certa é o mesmo das 
outras modalidades de citação e corre do momento da juntada 
do mandado nos autos. 
 
à Revelia: Havendo revelia na citação por hora certa, o juiz deve 
nomear curador especial ao réu (CPC 9º, II). 
 
 
XIX. CITAÇÃO POR EDITAL: 
É meio de citação ficta e extremamente excepcional. É aquela que se faz mediante divulgação 
de proclamas públicos capazes de levar a propositura da demanda ao conhecimento geral, com 
o objetivo de fazer com que a informação chegue ao réu. 
 
CPC 231. “Far-se-á a citação por edital: 
I - quando desconhecido ou incerto o réu; 
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar; 
III - nos casos expressos em lei. 
§ 1º Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o 
cumprimento de carta rogatória. 
§ 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será 
divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.” 
 
à Pessoas não identificadas (CPC 231 I e II). Hipóteses extraordinárias pois 
compreendem também a omissão do próprio nome e qualificação do réu na petição inicial. 
 
à Pessoas incessíveis (CPC 321 II). A inacessibilidade poder ser de ordem física ou 
política. 
 
à Demais casos previstos em lei (CPC 321 III). Tais como, v.g. CPC 942. 
à Requisitos: 
 
CPC 232. “São requisitos da citação por edital: 
I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias 
previstas nos ns. I e II do artigo antecedente; 
II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão; 
III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no 
órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver; 
IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 
(sessenta) dias, correndo da data da primeira publicação; 
V - a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar 
sobre direitos disponíveis. 
§ 1o Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada publicação, bem como do 
anúncio, de que trata o no II deste artigo. 
§ 2o A publicação do edital será feita apenas no órgão oficial quando a parte for 
beneficiária da Assistência Judiciária.” 
 
à CPC 232. O CPC dificulta a boa compreensão da citação por edital ao misturar i) 
requisitos para que a citação por edital seja admissível; ii) indicações do conteúdo 
do edital; e iii) exigências relativas ao modo como se procede à divulgação do 
edital. 
 
à Afirmação do autor ou certidão do oficial. CPC 232, I: Na bem da verdade, é o 
juiz que, analisando a afirmação do autor ou a certidão do oficial, avalia se estão 
presentes os requisitos da citação por edital e se de fato é o caso de assim se proceder. 
 
à Dolo da parte: CPC 233. “A parte que requerer a citação por edital, alegando 
dolosamente os requisitos do art. 231, I e II, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o 
salário mínimo vigente na sede do juízo. 
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando. 
 
XX. CITAÇÃO ELETRÔNICA. É POSSÍVEL: Lei n.º 11.419/2006. Convênio entre o 
Poder Judiciário e empresas de grande porte para estas receberem as citações por e-
mail. 
 
NCPC 246. “A citação será feita: 
V – por meio eletrônico, conforme regulado em lei. 
§ 1º Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas 
públicas e privadas ficam obrigadas a manter cadastro junto aos sistemas de processo 
em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão 
efetuadas preferencialmente por esse meio. 
§ 2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos 
Municípios e às entidades da administração indireta.” 
 
 
 
 
 
OBRIGADO! 
 
José Carlos Van Cleef de Almeida Santos 
 
Mestre em Direito Processual Civil pela PUC-SP. 
Especialista em Processo Civil pela PUC-SP. 
Membro do IBDP – Instituto Brasileiro de Direito Processual 
Advogado 
 
jcarlos@almeidasantos.com 
 
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•  WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Os agravos no CPC Brasileiro, 4ª Ed. São Paulo: RT, 2006. 
 
 
SEMINÁRIO 
 
I) João tem pretensão contra Mário exercitável no prazo de 01 (um) ano, nos termos da lei civil. A 
pretensão de João iniciou-se em 01.01.2013, conforme dispõe o artigo 189 do CCB. Objetivando evitar 
a disputa perante o Poder Judiciário, João dedicou-se durante todo o ano de 2103 a negociar com 
Mário uma solução amigável do litígio. Em dezembro de 2013, sem que as partes houvessem chegado 
com um consenso, João procurou um advogado para tomar as medidas judiciais cabíveis. Em 
01.01.2014 João ajuizou demanda contra Mário. Em 01.03.2014 o juiz determinou o cite-se. Mário foi 
citado em 01.05.2014 e apresentou contestação tempestivamente. Dentre outras alegações, arguiu 
em contestação a prescrição da pretensão do autor, em razão da citação ter ocorrido após o prazo 
prescricional ânuo. Pergunta-se: deve o juiz acolher a prescrição? Fundamente sua resposta. 
 
II) Quantas diligência devem ser efetuadas para seja efetivamente citado o réu por hora certa? 
 
III) A conexão existente entre a execução fiscal e a ação de anulação de débito tributário induz a 
reunião dos processos para julgamento simultâneo (conexão, CPC 103). Considerando que ambas 
tramitam perante juízes que têm a mesma competência territorial, a citação válida em qualquer dos 
processos operará o efeito da prevenção? 
 
IV) De acordo com a exegese do CPC 247, todo e qualquer vício na citação acarreta a sua nulidade? 
Há diferença, para a espécie, trata-se de vício de fundo ou vício de forma? 
 
V) Faça o cotejo dos julgados a seguir e indique, na opinião do grupo, qual o entendimento deve 
prevalecer. Fundamente a sua resposta. A discussão seria modificada se a modalidade de citação 
fosse a da regra geral? 
 
 
“PROCESSO CIVIL - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - CITAÇÃO - TEORIA DA APARÊNCIA. 
1. Nega-se seguimento a embargos de divergência quando o acórdão recorrido encontra-
se em sintonia com a jurisprudência dominante no Tribunal. 2. Aplicação do 
entendimento prevalente da Corte Especial no sentido de adotar-se a Teoria da 
Aparência, reputando-se válida a citação da pessoa jurídica quando esta é recebida por 
quem se apresenta como representante legal da empresa e recebe a citação sem 
ressalva quanto à inexistência de poderes de representação em juízo. 3. Agravo 
regimental improvido.” (STJ – EREsp n.º 205.275, Corte Especial, Rel. Min. Eliana 
Calmon) 
 
“PROCESSUAL CIVIL - CITAÇÃO DE PESSOA JURÍDICA - NECESSIDADE DE 
REPRESENTAÇÃO LEGITIMA PARA RECEBER A CITAÇÃO - NULIDADE COMINADA - 
ARTIGOS 12, VI, 214, PARAGRAFO 1., 215, 247, 248, 249 E 282, VII, CPC. 1. O autor, na 
inicial, para a citação, deve indicar o representante legal da pessoa jurídica ré, 
incumbência que não pode ser transferida para o Oficial de Justiça. Desobedecida a 
obrigação legal, recairão sobre o autor as conseqüências dos equívocos e erros pelo 
Oficial de Justiça (Muniz de Aragão - Coments. CPC). 2. A "teoria da aparência", não 
serve para escumar os vícios no caso concreto. 3. Feita a citação na pessoa de preposto, 
faltante a representação legal para aceitar, em ato judicial de tal significância, o formal 
chamamento para o processamento da ação é nulo. 4. Multiplicidade de precedentes 
jurisprudenciais. 5. Recurso provido.” (STJ - REsp n.º 37.274-SP,1ª Turma, Rel. Min. 
Milton Luiz Pereira)

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