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Unidade 05 Direito das Sucessões

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Direito das Sucessões
Unidade 05
Unidade V- Sucessão legítima. Ordem de vocação hereditária. Sucessão dos descendentes. A vocação hereditária concorrente do cônjuge com os descendentes do autor da herança. Concorrência sucessória do companheiro. Sucessão dos colaterais. Recolhimento da herança pelo Município, Distrito Federal e União. Herdeiros necessários. Restrição à liberdade de testar. Direito de representação. Conceito. Requisitos e efeitos da representação.
Parentesco
1 – Linha reta – (1.591,CC) – são parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes.
2 – Linha colateral – (1.592,CC) são parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
Ex1: Qual o grau de parentesco entre eu e minha irmã? Deve-se subir um grau até o pai (ancestral comum), para depois descer até a irmã. A conclusão é que o parentesco é colateral em segundo grau.
	Pontue-se que o mínimo de parentesco colateral existente é de segundo grau, justamente diante da regra de subir ao máximo, até o tronco comum, para depois descer. Não há, portanto, parentesco colateral de primeiro grau.
	Ex2: Qual o grau de parentesco entre eu e meu tio? Ora, deve-se subir dois graus até o avô, que é o ancestral comum. A atenção aqui deve ser redobrada, pois o erro mais comum é subir até o pai, o que não está correto. Repita-se que é necessário subir até o avô que é o tronco comum, para depois descer ao tio. Portanto, o parentesco é colateral de terceiro grau.
A concorrência sucessória do cônjuge 
1 – A sucessão dos descendentes e a sua concorrência com o cônjuge
	Os descendentes e o cônjuge são herdeiros de primeira classe, em um sistema de concorrência, presente ou não de acordo com o regime de bens adotado no casamento com o falecido, conforme tabela a seguir:
	Regimes em que o cônjuge herda em concorrência 
	Regimes em que o cônjuge não herda em concorrência 
	- Regime da comunhão parcial de bens, havendo bens particulares do falecido.
- Regime da participação final nos aquestos.
- Regime da separação convencional de bens, decorrente de pacto antenupcial.
	- Regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares do falecido.
- Regime da comunhão universal de bens.
- Regime da separação legal ou obrigatória de bens.
	Constata-se que o objetivo do legislador foi separar claramente a meação da herança. Assim, pelo sistema instituído, quando o cônjuge é meeiro, não é herdeiro; quando é herdeiro, não é meeiro.
	Vejamos as principais consequencias teóricas e práticas da concorrências do cônjuge com os descendentes:
a) Regime da Comunhão Parcial de Bens
	Haverá concorrência sucessória do cônjuge, se o falecido deixar bens particulares. Como bens particulares entendem-se justamente os bens que não se comunicam nesse regime, como aqueles anteriores ao casamento, ou que o cônjuge recebeu por doação ou herança, além de outros descritos no art. 1.659 do CC.
	No regime da comunhão parcial de bens, a concorrência sucessória somente se refere aos bens particulares, aqueles que não entram na meação. 
	Nesse sentido, o Enunciado 270 CJF/STJ, da III Jornada de Direito Civil: “O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o falecido possuísse bem particulares hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes”.
b) Regime de separação de bens
Na linha do que sustenta a grande maioria da doutrina, nos termos da lei, não há concorrência sucessória na separação legal ou obrigatória de bens. Ao contrário, na separação convencional de bens, a concorrência sucessória está presente, pois esta não está abrangida pela exclusão que consta da parte final do art. 1.829, inc. I, CC. Esse aliás, é o teor do Enunciado 270 da III Jornada de Direito Civil.
Cabe pontuar que o afastamento sucessório na separação legal ou obrigatória se deve ao fato de que nesse regime há comunicação de bens havidos durante o casamento, na dicção da antiga Súmula 377 do STF. Houve grande debate nos anos iniciais de vigência do Código Civil de 2002 a respeito da permanência prática ou não dessa sumular. Acabou por prevalecer a sua aplicação, o que é majoritário na doutrina e na jurisprudência superior, que tem dispensado até a prova do esforço comum, em acórdãos mais recentes, para a comunicação dos bens.
Súmula 377 do STF – “No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”.
Pode-se afirmar, assim, que a jurisprudência transformou a separação legal ou obrigatória de bens em uma comunhão parcial, havendo direito a uma meação dos bens havidos durante o casamento, independentemente, da prova do esforço das partes. Havendo meação, por lógico, não há que se falar em sucessão.
Por outro lado, na separação convencional de bens há uma separação absoluta de bens, não havendo comunicação de qualquer componente do patrimônio dos envolvidos e plena liberdade de dispor sobre os bens particulares. Nesse sentido, não deixa dúvidas o art. 1.687 do CC, segundo o qual, “estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real”. Como não há meação ou qualquer outra participação do cônjuge sobre os bens do outro, deve-se reconhecer a concorrência sucessória. Mantém-se a ideia antes deduzida, no sentido de que o espírito da codificação é trazer a premissa de que o cônjuge ou meia ou herda sobre os bens do falecido.
O Superior Tribunal de Justiça entendia de forma diversa do explicado. O STJ se posicionou no sentido de inexistir a concorrência sucessória do cônjuge também na separação convencional de bens. No caso que envolve o julgado, um homem viúvo de 51 anos de idade e graves problemas de saúde se casou com uma mulher de 21 anos de idade pelo regime da separação convencional de bens.
Assim, o STJ concluiu que: “O regime da separação obrigatória de bens, previsto no art. 1.829, inc. I, do CC/02, é gênero que congrega duas espécies: (i) separação legal, (ii) separação convencional. Uma decorre da lei e outra da vontade das partes, e ambas obrigam os cônjuges, uma vez estipulado o regime da separação de bens, à sua observância. Não remanesce, para o cônjuge casado mediante separação de bens, direito a meação, tampouco a concorrência sucessória, respeitando-se o regime de bens estipulado, que obriga as partes na vida e na morte. Nos dois casos, portanto, o cônjuge não é herdeiro necessário” (STJ, REsp 9992.749/MS, 3ª Turma, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 01/12/2009, Dje 05/02/2010). O julgado considera a separação convencional de bens como obrigatória, pelo fato de vincular os cônjuges, em sentido diverso do que geralmente se desenvolveu na doutrina nacional, seja clássica ou contemporânea. 
Entretanto, a posição do STJ foi modificada em 2014. A 3ª Turma do STJ no julgamento do Resp 1.472.945/RJ decidiu que o cônjuge sobrevivente casado sob o regime de separação convencional de bens é herdeiro necessário e faz jus a herança. No julgado há distinção entre separação legal e separação convencional de bem. Ocorrendo interpretação restritiva do artigo 1.829, I, do CC/02.
c) Regime da comunhão universal de bens
	Na comunhão universal de bens, de acordo com o texto legislativo, não há a concorrência sucessória, uma vez que o cônjuge é beneficiado pela meação dos bens adquiridos durante o casamento e pelos bens anteriores ao casamento e outros particulares do outro cônjuge, não se justificando que além desse montante, receba também a herança em conjunto com os descendentes do falecido.
d) Regime da participação final nosaquestos
	No regime da participação final nos aquestos não há meação, ao contrário da comunhão parcial de bens. Assim, a previsão legal aponta a concorrência sucessória do cônjuge caso seja adotado tal regime.
Da reserva da quarta parte da herança para o cônjuge na concorrência com os descendentes. O problema da concorrência híbrida na sucessão do cônjuge com os descendentes.
	Versa o art. 1.832 do CC que “em concorrência com os descendentes (1.829, inc. I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer”.
	De início, a norma enuncia que o cônjuge supérstite terá direito ao mesmo quinhão que receberem os descendentes que sucederem por cabeça, ou seja, por direito próprio, e não por direito de representação. Nesse ponto não importa se o filho é havido de ambos (filhos comuns) ou só do autor da herança (filhos exclusivos).
	Em suplemento, o comando consagra a reserva de ¼ da herança ao cônjuge, se ele for ascendente dos descendentes com quem concorrer. A tutela dessa quarta parte da herança ou de vinte e cinco por cento sobre o patrimônio sucessível visa manter um mínimo vital a favor do cônjuge. 
	Se o cônjuge concorrer com filhos somente do autor da herança e filhos comuns será afastada a reserva da quarta parte diante da sucessão híbrida. Essa é a posição de Flávio Tártuce, outros doutrinadores apontam soluções matemáticas para o caso. A aplicação prática é no sentido de não reservar a quarta parte do cônjuge. Ele concorre com os descendentes por cabeça.
Da sucessão dos ascendentes e a concorrência do cônjuge 
	Nos termos dos arts. 1.829, inc. II, e 1.836 do CC, na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, que são os herdeiros da segunda classe, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
	Na concorrência do cônjuge com os ascendentes, não há qualquer influência quanto ao regime de bens.
	Da mesma forma como ocorre com a sucessão dos descendentes, na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas, conforme enuncia o art. 1.836, §1º, do CC/2002. Não existe direito de representação em relação aos ascendentes. 
	O Código Civil versa que:
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
§1º. Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.
§2º. Havendo igualdade em grau e diversidade em linha os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.
1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente ou se maior for aquele grau.
1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente.
	Exemplos práticos:
Ex1: Se o falecido deixou pais e avós, os dois primeiros – seus pais – herdam na mesma proporção, sendo excluídos os avós. Se o de cujus deixa a mãe – sendo seu pai premorto – e avós, somente a sua mãe herdará.
Ex2: Se o falecido com o patrimônio de R$1.200.000,00 não deixou pais, mas apenas avós paternos e maternos, a herança é dividida inicialmente em duas partes, uma para cada linha. Depois a herança é fracionada entre os avós em cada grupo, que recebem quotas iguais, ou seja, R$300.000,00 cada um.
Ex3: Se o falecido com patrimônio de R$1.200.000,00 deixou três avós, dois na linha paterna e um na linha materna, estão presentes a igualdade de graus e a diversidade de linhas. Por isso, metade da herança é atribuída aos avós paternos – R$600.000,00, recebendo R$300.000,00 cada um – e outra metade par a avó materna – que receberá R$600.000,00.
Ex4: Se o falecido deixou pai, mãe e esposa. Os três terão direitos sucessórios na mesma proporção, ou seja, em 1/3 da herança. Se o falecido deixou o patrimônio final de R$1.200.000,00 cada um de seus herdeiros elencados receberá R$400.000,00. Esclareça-se que nesse e nos exemplos a seguir não se está considerando a meação do cônjuge, mas apenas a sua herança.
Ex5: Se o falecido com patrimônio de R$1.200.000,00 deixou a mãe e a esposa, cada uma recebe a metade da herança, R$600.000,00.
Ex6: O falecido deixou R$1.200.000,00 em bens e dois avós maternos, além da esposa. A esposa recebe metade da herança, ou seja, R$600.000,00. A outra metade é dividida entre os avós do falecido, de forma igualitária, recebendo R$300.000,00 cada um.
Ex7: O falecido deixou R$2.000.000,00 em bens, uma esposa e quatro avós. A esposa receberá metade da herança, ou seja, R$1.000.000,00. A outra metade deve ser dividida de forma igualitária entre os avós, recebendo R$250.000,00 cada um.
Da sucessão do cônjuge isoladamente
	Faltando descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro e isoladamente ao cônjuge sobrevivente, que está na terceira classe de herdeiros (1.830, inc. III, CC).
Ex1: Se o falecido era casado, não importando o regime de bens, deixando um patrimônio de R$1.200.000,00 e como parentes sucessíveis a esposa e dois irmãos, a esposa receberá todo patrimônio.
Da sucessão dos descendentes e do direito de representação
	Nos termos do art. 1.833 do CC, os descendentes de grau mais próximo excluem aqueles de grau mais remoto, salvo o chamado direito de representação. Ex: se o falecido deixou dois filhos e quatro netos, filhos dos primeiros, a herança será atribuída aos filhos (descendentes de primeiro grau), que excluem os netos (descendentes de segundo grau).
	Ressalta-se que um filho não pode receber por sucessão legítima mais do que outro, o que representaria atentado ao princípio da igualdade entre os filhos, retirado do art. 227, § 6º, da CF e do art. 1.596 do CC.
	Os filhos sempre herdam por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.
a) por cabeça – a sucessão em que a herança se reparte um a um, no sentido de cada parte vir a ser entregue a um sucessor direto.
b) por estirpe – quando a herança não se reparte um a um relativamente aos chamados a herdar, mas sim na proporção dos parentes de mesmo grau vivo ou que, sendo mortos, tenham deixado prole ainda viva.
	Exemplo: sendo herdeiros dois filhos do falecido, que são irmãos, eles sucedem por cabeça. Sendo herdeiros um filho e um neto do falecido, o último por direito de representação, o primeiro herda por cabeça e o ultimo, por estirpe.
	Pelo direito de representação um herdeiro substitui outro por força de convocação realizada pela lei. É essa categoria que gera a sucessão por estirpe, efetivada em nome de outro parente que está em posição sucessória privilegiada. Em duas situações específicas a norma jurídica consagra o direito de representação:
a) representação na linha reta descendente (1.852, CC) – Lembrando que nunca há direito de representação na linha reta ascendente, também não há direito de representação entre cônjuges e companheiros, que sequer são parentes entre si.
b) representação na linha colateral ou transversal – existente somente em favor dos filhos de irmão do falecido, quando com irmãos deste concorrerem (1.853, CC). Em outras palavras, o sobrinho concorre com seus tios, pois seu pai é premorto.
	Como outra regra fundamental a respeito do instituto, o quinhão do representado deve ser partilhado de forma igualitária entre os representantes (1.855, CC).
	Ex1: Se o falecido A deixar três filhos B, C e D e dois netos F e G, filhos de E (premorto), o quinhão do ultimo deve ser dividido igualmente entre seus sucessores, que têm direito de representação.
	Ex2: Se A for falecido deixando apenas netos (E, F, G), filhos de seus filhos premortos (B, C e D), não se cogita o direito de representação, recebendo os netos quotas iguais, um terço da herança, e por cabeça. 
Da sucessão dos colaterais. Do direito de representação transversal.
	Os colateraissão herdeiros de quarta e última classe na ordem de vocação hereditária (art. 1.829, IV, CC). Como outrora já se destacou, os colaterais são herdeiros facultativos e não necessários, podendo ser excluídos totalmente pela vontade do autor da herança.
	Estabelece o art. 1.839 do Código Civil que, se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições dispostas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. Desse modo, são herdeiros os irmãos (colaterais de segundo grau); os tios e sobrinhos (colaterais de terceiro grau); os primos, os tios-avós e os sobrinhos-netos (colaterais de quarto grau).
a) Como primeira regra, na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos (art. 1.840, CC). Assim sendo, os irmãos (colaterais de segundo grau) excluem os sobrinhos e tios (colaterais de terceiro grau). Ainda ilustrando, os sobrinhos e tios (colaterais de terceiro grau) excluem os primos, sobrinhos-netos e tios-avós (colaterais de quarto grau).
Exemplo: Se o falecido deixar dois irmãos vivos e um sobrinho, filho de outro irmão já falecido quando da morte do autor da herança, o sobrinho tem direito de representação, concorrendo com os dois tios.
Deve ficar claro que o direito de representação não se estende aos sobrinhos-netos do falecido, mas somente aos sobrinhos. Nessa linha decidiu o Superior Tribunal de Justiça, em decisão publicada no seu Informativo n. 485, que:
A turma negou provimento ao recurso com o entendimento de que, embora fosse o pai da recorrente sobrinho da inventariada, ele já havia falecido, e o direito de representação, na sucessão colateral, por expressa disposição legal, limita-se aos filhos dos irmãos, não se estendendo aos sobrinhos-netos, como é o caso da recorrente�. 
	b) Como segunda regra, dizendo respeito aos colaterais de segundo grau, estabelece o polêmico art. 1.841 do Código Civil que, concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais ou germanos com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
	Para parte da doutrina, a norma é inconstitucional, ao trazer o tratamento diferenciado entre os irmãos, o que não seria admissível pelo princípio constitucional da igualdade entre os filhos, retirado do art. 227, §6º, da CF e do art. 1.596 do CC.
	Para Flávio Tartuce não há qualquer inconstitucionalidade no artigo 1.841 do CC. O autor afirma que a norma se refere a irmãos, e não a filhos, não sendo o caso de invocar o art. 227, §6º, da CF/88 e o art. 1.596 do CC/02, que tratam da igualdade entre os descendentes de primeiro grau.
Segundo o autor, o dispositivo parece estar situado na segunda parte da isonomia constitucional (art. 5º, caput, da CF/88), eis que a lei deve tratar de maneira igual os iguais e de maneira desigual os desiguais, de acordo com as suas desigualdades. 
Zeno Veloso afirma que “a solução deste artigo se justifica porque, como se diz, o irmão bilateral é irmão duas vezes; o vínculo parental que une os irmãos germanos é duplicado. Por esse fato, o irmão bilateral deve receber quota hereditária dobrada da que couber ao irmão unilateral”.
Assim, até o presente momento, não houve qualquer argüição ou declaração de inconstitucionalidade do art. 1.841 do CC em qualquer Tribunal, apesar de a questão ser dividida na doutrina nacional.
c) Como terceira regra, não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão em partes iguais, os irmãos unilaterais (art. 1.842, CC).
Exemplo: Se o falecido deixar quatro irmãos, dois unilaterais uterinos (mesma mãe) e dois unilaterais consangüíneos (mesmo pai), cada um destes receberá 25% da herança.
d) A quarta regra enuncia que, na falta de irmãos, herdarão os filhos destes (sobrinhos). Na falta dos sobrinhos, herdarão os tios. Como se observa, os sobrinhos têm prioridade sobre os tios, por opção legislativa que remonta ao Direito Romano, apesar de serem parentes de mesmo grau (colateral de terceiro grau).
e) Como quinta regra, se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça, ou seja, por direito, e não por direito de representação. (1.843, §1º, CC).
Exemplo: O falecido tinha três irmãos premortos (A, B, C) e cinco sobrinhos (D, E, F, G, H). D e E são filhos de A. F e G são filhos de B. H é filho de C. Cada um dos sobrinhos receberá, assim um quinto da herança.
f) A sexta regra preceitua que, se concorrerem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles (art. 1.843, §2º). Trata-se de decorrência natural da distinção entre os irmãos.
g) Como sétima regra, se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual.
h) Como oitava regra, não havendo sobrinhos, como ficou claro, os tios receberão a herança, de forma igualitária. Se o morto não deixar tios, serão convocados os demais colaterais até o quarto grau (primos, tios-avós, e sobrinhos netos). O CC de 2002, a exemplo de seu antecessor, não traz qualquer regra a respeito dessa última hipótese, de convocação dos colaterais de quarto grau. Segundo a doutrina, deve-se concluir que a sucessão deve se dar de forma igualitária, por direito próprio de cada parente de quarto grau.
� STJ, REsp 1.064.363/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, j. 11.10.2011.
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