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TEXTO CONFLITO DE INTERESSE STF

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Trata-se de conflito negativo de competência em que foram suscitados o Tribunal Superior do Trabalho e o Juízo de Direito da 2º Vara de Coari – AM. 
Na origem o processo foi ajuizado por Célia Rogrigues de Albuquerque, auxiliar de serviços gerais, contratada para prestar serviços em uma escola estadual, que não teve sua carteira de trabalho assinada, nem o depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço efetuado (fl. 11), em face do Estado do Amazonas, perante a Justiça Laboral que, em sede de recurso de revista, deu provimento ao apelo para se declarar incompetente para processar e julgar ação (fls. 128-132). 
Às fls. 164-165 a Justiça Comum declinou de sua competência por entender que, com o advento da EC 45/2004, aquela foi transferida para a Justiça Laboral. 
Às fls. 169-171, o Estado do Amazonas suscitou o presente conflito. Os autos foram, então, encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça que, às fls. 178-180, dele não conheceu, determinando a remessa dos autos a esta Corte. 
É o relatório. 
Passo a decidir. 
A questão encontra-se pacificada nesta Corte. Cito, nesse sentido, julgado recente no CC 7.537/AM, Rel. Min. Eros Grau: 
“DECISÃO: Trata-se de conflito negativo de competência suscitado pelo Juiz do Trabalho da 12ª Vara de Manaus/AM, tendo como suscitados o Juiz de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Manaus e o Tribunal Superior do Trabalho.
2.	O feito teve origem em reclamação trabalhista ajuizada por Ivameire Soriano de Oliveira contra o Município de Manaus --- Secretaria Municipal de Esportes e Lazer/SEMESP ---, em virtude da contratação temporária da reclamante pelo chamado regime especial.
3.	A 12ª Vara do Trabalho de Manaus/AM julgou parcialmente procedente a reclamação [fls. 39/42]. 
4.	O Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, a seu turno, negou provimento ao recurso ordinário interposto, rejeitando a preliminar de incompetência da Justiça do Trabalho [fls. 78/81].
5.	Contra essa decisão, o Município protocolou recurso de revista, o qual foi provido pela 4ª Turma do TST, para declarar a incompetência da Justiça do Trabalho, determinando a remessa dos autos à Justiça Comum [fls. 111/115]. O Juiz de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Manaus/AM determinou a remessa dos autos à Justiça do Trabalho [fl. 133]. A Juíza do Trabalho da 12ª Vara de Manaus, por sua vez, suscitou o presente conflito, conforme decisão de flS. 144/145. 
6.	O Ministério Público Federal opina pela remessa dos autos à Justiça estadual [fls. 173/179]. 
7.	É o relatório. Decido.
8.	Tanto o Tribunal Superior do Trabalho quanto O Juiz de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública de Manaus declararam-se incompetentes para julgar o feito. O magistrado de primeiro grau, em vez de suscitar o conflito de competência, encaminhou os autos à 12ª Vara da Justiça do Trabalho de Manaus, que, por sua vez, os enviou ao STJ, vislumbrando a existência do incidente processual.
9.	O conflito, embora suscitado por Juízo ilegítimo, foi efetivamente instaurado, conforme se infere, a contrario sensu, da jurisprudência desta Corte:
‘Conflito positivo de competência: inexistência.
Ainda quando não haja entre eles o vínculo de superposição jurisdicional - bastante a ilidir a caracterização do conflito -, para que um conflito positivo se configurasse seria necessário que ambos os órgãos jurisdicionais - da mesma ou diversa gradação judiciária - explicitamente ou implicitamente se afirmassem competentes para decidir, num dado processo, da mesma questão, em decisão do mesmo grau: assim, quando Juiz e Tribunal - desvinculados entre si - se pretendam originariamente competentes para conhecer de determinada causa e julgá-la.’ [CC n. 7.094-QO, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ 04.05.2001]
10.	Os legitimados a suscitar conflito de competência são as partes, o Ministério Público e o Juiz, de acordo com o disposto no art. 116 do CPC. A EC n. 45/2004 erigiu o princípio da celeridade processual como postulado fundamental, incluindo-o no art. 5º da Constituição:
‘LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação’
11.	Tem-se, de um lado, as regras processuais que garantem ao jurisdicionado a segurança jurídica, e de outro, a preocupação com a rápida prestação jurisdicional.
13.	Caso não conhecesse do incidente processual por ilegitimidade, os autos seriam encaminhados à Justiça estadual, a fim de que o conflito fosse suscitado pelo juízo competente. O processo, então, retornaria a esta Corte para ser apreciado, de modo que o resultado prático alcançado apenas conferiria maior morosidade ao feito.
14.	A dificuldade de atribuir efetividade ao princípio da celeridade processual consiste em compatibilizar segurança jurídica com agilidade processual, sopesando o grau de sacrifício de cada um destes elementos, o que não é impossível se forem ponderados os bens jurídicos envolvidos no caso concreto.
15.	Conheço do conflito, neste caso, pois o reclamante não pode ser prejudicado pela omissão do juízo a quo, especialmente em virtude do caráter alimentar dos créditos trabalhistas. Entendimento diverso causaria grave prejuízo ao trabalhador que ajuizou a reclamação, sem que a ele se possa atribuir qualquer culpa. 
16.	A mora na prestação jurisdicional equivale à ineficácia ou inutilidade do próprio provimento. Por isso o magistrado deve, no exercício do poder de direção do processo, e para conferir efetividade à tutela jurisdicional, evitar que as delongas processuais sejam superiores ao razoável.
17.	Nenhum prejuízo advirá a qualquer das partes em razão do conhecimento imediato do incidente processual, já que deve ser do interesse de todos a rápida definição do Juízo competente para decidir o litígio. 
18.	Afasto o óbice processual referente à legitimidade ativa do Juízo suscitante.
19.	Reconheço, ademais, a competência originária do Supremo Tribunal Federal para dirimir o conflito de competência entre Juízo Estadual de primeira instância e o Tribunal Superior do Trabalho, nos termos do disposto no art. 102, I, ‘o’, da Constituição do Brasil.
20.	Apesar do texto constitucional não designar expressamente a competência do STF para julgar as causas entre Tribunais Superiores e juízes a ele não vinculados, o envolvimento de instância extraordinária não deve escapar à análise desta Corte, conforme exegese fixada no julgamento do CC n. 7.027, Relator o Ministro CELSO DE MELLO, DJ de 1º.9.95:
‘EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA - TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO E JUIZ FEDERAL DE PRIMEIRA INSTANCIA - COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO STF PARA DIRIMIR O CONFLITO – [...] - Pertence ao Supremo Tribunal Federal a competência para dirimir, originariamente, conflitos de competência instaurados entre qualquer Tribunal Superior da União e magistrado de primeira instancia que não esteja a ele vinculado. Precedentes. CC 7.023, Rel. Min. ILMAR GALVAO - CC 7.025, Rel. Min. CELSO DE MELLO.’
21.	No mérito, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que compete à Justiça Comum estadual conhecer de ação que versa sobre direitos decorrentes do regime especial estabelecido por lei local:
‘Justiça do Trabalho. Incompetência. - Esta Corte, ao julgar hipóteses análogas à presente em que se tratava de servidor estadual regido por regime especial disciplinado por lei local editada com fundamento no artigo 106 da Emenda Constitucional nº 1/69, firmou o entendimento (assim, a título exemplificativo, no CJ 6.829, nos RREE 130.540 e 215.819, e no RE 136.179-AgR) de que a competência para julgar as questões relativas a essa relação jurídica é da Justiça comum estadual e não da Justiça trabalhista. Dessa orientação divergiu o acórdão recorrido. Recurso extraordinário conhecido e provido’ [RE n. 367.638/AM, Relator o Ministro MOREIRA ALVES, DJ de 28/03/2003].
22.	A relação entre o servidor e o Município é de natureza estatutária, e não trabalhista. Trata-se de servidor do Município submetido a regimeespecial, disciplinado por lei local. A competência para julgamento das questões relativas a essa relação jurídica é, portanto, da Justiça Comum estadual e não da Justiça do Trabalho.
23.	A nova redação do art. 114, I, da CB/88, dada pela EC 45/04 não se aplica ao caso, vez que medida cautelar concedida na ADI 3.395 suspendeu toda e qualquer interpretação que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a ‘... apreciação... de causas que [...] sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ela vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo’ [DJ de 4.2.05, referendada pelo Plenário em 5.4.06].
24.	Também não se aplicam ao caso os CC de n. 7.128 [DJ de 1º.4.05], 7.125 [DJ de 4.3.05] e 7.134 [DJ de 15.8.03], Relator o Ministro GILMAR MENDES, como a ele também não se aplica o CC n. 7.149, Relator o Ministro JOAQUIM BARBOSA, DJ de 28.11.03, vez que se referem a contratos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
	Conheço do conflito e declaro a competência do Juízo de Direito da Vara da Fazenda Pública de Manaus, Amazonas, mantido, destarte, o acórdão do Tribunal Superior do Trabalho.
	Publique-se.
	Remetam-se os autos àquele juízo”.
Em casos semelhantes aos destes autos, o Supremo Tribunal Federal tem dirimido o respectivo conflito para estabelecer a competência de magistrado estadual para conhecer de “causas instauradas entre o Poder Público e seus agentes, em decorrência de vínculos de natureza estatutária ou de caráter jurídico-administrativo” (CC 7.223/AM e CC 7.295/AM, Rel. Min. Celso de Mello).
A reclamante foi contratada sob a égide da Lei Estadual 1.674/84, com vinculação meramente administrativa com o Estado do Amazonas. Descaracterizada, portanto, a natureza celetista do vínculo. 
Isso posto, conheço do conflito e declaro competente o Juiz de Direito da 2ª Vara de Coari–AM, para processar e julgar o presente feito. 
Publique-se. 
Brasília, 15 de fevereiro de 2008. 
Ministro RICARDO LEWANDOWSKI 
- Relator -

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