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NÃO FAÇA A PROVA SEM SABER 4 MPMG

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1 
 
NÃO FAÇA A PROVA SEM SABER – GRUPO TEMÁTICO 4 
CICLOS DE REVISÃO MP/MG 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1. Direito Material Coletivo.........................................................................................02 
2. Direito Processual Coletivo.....................................................................................82 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
DIREITO MATERIAL COLETIVO1 
 
 
BENS COLETIVOS E RELAÇÕES GRUPAIS 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
- Conflituosidade interna dos interesses difusos: reflete um conflito de participação política (capacidade de 
influenciar decisões) em um interesse indivisível (e não um conflito entre interesses opostos). 
 
- A conflituosidade é gerada pela heterogeneidade dos titulares de um mesmo interesse indivisível. Esse 
fenômeno é chamado pela doutrina costuma de “m|xima conflituosidade interna dos interesses difusos”. 
 
- Exemplo: conflito difuso entre o direito ao desenvolvimento econômico e o direito à proteção ambiental pode 
se manifestar mesmo no caso concreto, como um conflito entre o direito (individual) de liberdade no uso da 
propriedade e o interesse (metaindividual) ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
- As ações coletivas são terreno fértil para o surgimento de conflitos de interesses dentro do grupo. Exemplo 
muito comum que acontece é a situação dos sindicatos representativos de determinada categoria que ajuízam 
ações relativas ao direito de greve para declarar a legalidade de movimentos por ela comandados. Embora tais 
entidades dirijam os movimentos grevistas, o fato é que a greve constitui direito exercitado pelas categorias que 
representam. 
 
- Contradições internas dentro de um grupo: é comum que no processo coletivo surjam dissidências entre os 
interesses dos integrantes do grupo ou entre os interesses de parte destes integrantes e o ente que os 
representa em juízo. 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
André de Carvalho Ramos define direitos humanos como um conjunto de direitos considerado indispensável para 
uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade. Os direitos humanos são, em suma, todos os 
direitos essenciais e indispensáveis à vida digna, não havendo um rol predefinido. 
 
Quanto aos fundamentos dos Direitos Humanos, prevalece a Teoria JUSNATURALISTA  Os direitos humanos 
se fundamentam em uma ordem superior, universal, imutável e inderrogável; 
 
#POSIÇÃODEPROVA: O entendimento majoritário é o de que os direitos humanos não encontram seu 
fundamento na positivação de suas normas. 
 
1 Por Liana Schuler. 
 
 
 
3 
 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
No que diz respeito à classificação dos Direitos Humanos: 
 
- Classificação tradicional: A doutrina divide os direitos humanos em gerações. 
PRIMEIRA GERAÇÃO: Direitos civis e políticos, ou direitos de liberdade. Afirma-se a partir de ideais iluministas e 
liberais em voga nos séculos XVIII e XIX e dos movimentos político-sociais da descolonização da América Latina. 
Tais direitos são oponíveis contra o Estado. 
 
SEGUNDA GERAÇÃO: Refere-se aos direitos econômicos, sociais e culturais. São também conhecidos como 
“direitos de igualdade”. Relaciona-se com as consequências negativas da Revolução Industrial e do liberalismo 
sobre significativos contingentes humanos. Exigem do Estado prestações positivas. 
 
TERCEIRA GERAÇÃO: S~o os “direitos de fraternidade”, de car|ter difuso, que n~o se distinguem 
especificamente a um indivíduo ou a um grupo social, mas ao próprio gênero humano como um todo. Ex.: direito 
ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade. 
 
QUARTA GERAÇÃO (?) PAULO BONAVIDES defende a existência de uma quarta geração dos direitos humanos, 
adequada ao período da globalização na área política e à formação de um mundo marcado por fronteiras 
nacionais mais permeáveis, incluindo o direito à informação, à democracia e ao pluralismo. 
 
QUINTA GERAÇÃO (?) PAULO BONAVIDES defende ainda a existência de uma quinta geração de direitos 
humanos, preocupada com a PAZ MUNDIAL, entendida como fundamento da ‘alforria espiritual, moral e social 
dos povos, das civilizações e das culturas’ da forma de governar a sociedade ‘de modo a punir terrorista, julgar 
criminoso de guerra, encarcerar o torturador, manter invioláveis as bases do pacto social, estabelecer e 
conservar por intangíveis as regras, princípios e cl|usulas da comunh~o política.’ 
 
#APROFUNDAMENTO: Para alguns autores, a caracterização dos direitos humanos em gerações fere a 
indivisibilidade e a interdependência desses direitos, gerando uma visão fragmentária e hierarquizada. Afinal, o 
surgimento desses direitos não necessariamente se deu em caráter sucessivo, mas de forma concomitante, 
quando não em ordem diversa, como cita Mazzuoli ao recordar a criação da OIT em 1919, quando muitos direitos 
sociais se consolidaram no campo internacional antes dos direitos políticos. 
 
- Classificação conforme o Direito Internacional dos Direitos Humanos: as dimensões dos direitos humanos: 
A doutrina passou a classificar os direitos humanos em civis e políticos de um lado, e econômicos, sociais e 
culturais de outro, formando as ‘dimensões’ dos direitos humanos a partir da celebraç~o, em 1966, do Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e políticos e do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
 
1ª DIMENSÃO  DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS, ‘a expans~o da personalidade sem interferência do Estado’ e 
‘proteç~o dos atributos que caracterizam a personalidade moral e física do indivíduo.’ Os direitos políticos seriam 
 
 
 
4 
 
aqueles exercidos frente ao Estado ou no Estado, consistindo em ‘poderes da pessoa de tomar parte na vida 
política e na direç~o dos assuntos políticos de seu país.’ 
 
2ª DIMENSÃO  DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS. José Afonso da Silva afirma que têm uma 
dimensão institucional, baseada no poder estatal de regular o mercado, em vista do interesse público. Os direitos 
sociais teriam a ver com ‘prestações positivas proporcionadas pelo Estado.’ Os direitos culturais s~o os que se 
relacionam aos elementos portadores de referência à identidade, à ação, à memória de uma sociedade, sendo 
composto por bens físicos e espirituais. 
 
3ª DIMENSÃO (?)  Carlos Weis trata ainda da dimensão adicional dos direitos humanos, os “direitos globais”, 
que corresponderiam aos direitos de terceira geração. 
 
O termo “dimens~o” é mais adequado para compor uma classificaç~o dos direitos humanos, visto que a 
express~o “geraç~o” pode induzir a erro, dando a entender que tais direitos se substituem ao longo da história, 
o que não é o caso. Assim, o termo dimensões reflete melhor a complementariedade e a interdependência dos 
direitos humanos. 
 
#ATENÇÃO: Em qualquer caso, o mero fato de os direitos serem classificados em gerações ou dimensões não 
tem qualquer relação com sua eficácia. 
#EXEMPLOS: 
 Direitos civis: autonomia do indivíduo contra interferências do Estado ou de terceiros; 
 Direitos políticos: De participação, ativa ou passiva, na elaboração das decisões políticas e na gestão da 
coisa pública); 
 Direitos econômicos: Organização da vida econômica, na ótica produtor-consumidor; 
 Direitos sociais: Asseguram uma vida material digna, exigindo prestações positivas do Estado); 
 Direitos culturais: Participação do indivíduo na vida cultural de uma comunidade, bem como a manutençãodo patrimônio histórico-cultural, que concretiza sua identidade e a memória. 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
 
GERAÇÕES CLASSIFICAÇÃO CONFORME O DIREITO 
INTERNACIONAL - DIMENSÕES 
1ª geração: direito de liberdade Direitos civis e políticos 
2ª geração: direito de igualdade Direitos econômicos, sociais e culturais 
3ª geração: direito de fraternidade, vinculados à 
cooperação internacional e à promoção da igualdade 
entre os povos (paz, desenvolvimento, meio 
ambiente, etc) 
Direitos globais. 
 
 
 
5 
 
 
4ª geração: globalização dos direitos humanos 
5ª geração: paz 
#OLHAOGANCHO: IDC 
- O Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) do art. 109, §5º, da CF é considerado um instrumento 
jurídico decorrente do dever internacional do Estado Brasileiro de estabelecer recursos internos eficazes e de 
duração razoável para a proteção dos direitos humanos. 
- Neste IDC, debatem-se: (i) O direito violado no caso concreto; (ii) A violação da obrigação internacional 
assumida pelo Estado brasileiro de prestar adequadamente justiça em prazo razoável. 
 
Os requisitos do IDC são: 
1) Legitimidade exclusiva de propositura do Procurador-Geral da República. 
2) Competência privativa do Superior Tribunal de Justiça, para conhecer e decidir, com recurso ao STF (recurso 
extraordinário). 
3) Abrangência cível ou criminal dos feitos deslocados, bem como de qualquer espécie de direitos humanos 
(abarcando todas as gerações de direitos) desde que se refiram a casos de “graves violações” de tais direitos. 
4) Permite o deslocamento na fase pré - processual (ex., inquérito policial ou inquérito civil público) ou já na 
fase processual. 
5) Relaciona-se ao cumprimento de obrigações decorrentes de tratados de direitos humanos celebrados pelo 
Brasil. 
6) Fixa a competência da Justiça Federal e do Ministério Público Federal para atuar no feito deslocado. 
 
#CONSTITUCIONALIDADE DO IDC: Prevalece na doutrina que a reforma constitucional não ofende o federalismo. 
Pelo contrário, permite o equilíbrio, por meio de um instrumento processual, cuja deliberação está nas mãos de 
tribunal de superposição, o STJ, e ainda assegura que o Estado Federal possua mecanismos para o correto 
cumprimento das obrigações internacionais contraídas. 
 
AÇÕES AFIRMATIVAS 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
- Ações afirmativas: consistem em políticas públicas ou programas privados, em geral de caráter temporário, 
desenvolvidos para reduzir desigualdades decorrentes de discriminações ou de hipossuficiência, por meio da 
concessão de algum tipo de vantagem compensatória dessas condições. Exemplo: política de cotas nas 
universidades. 
- Discriminação direta: há um ato volitivo de discriminar, de retirar direitos ou colocar um grupo em 
desvantagem. Discriminação indireta: quando um ato aparentemente neutro, inofensivo e igualitário tem o 
 
 
 
6 
 
efeito de colocar indivíduos ou grupos de desvantagem ou em perda de direitos, trazendo consequências 
negativas. 
- Nesse contexto, surgem as chamadas ações afirmativas, que consistem em medidas públicas ou privadas, de 
caráter coercitivos ou não, adotadas com o fim de beneficiar grupos em situação de desvantagem ou exclusão 
em virtude de uma condição que de algum modo cause, sob o ponto de vista social, aquela situação de 
desvantagem ou exclusão (a chamada discriminação positiva), buscando a realização de igualdade 
fática/real/substancial entre grupos a partir de medidas formalmente desiguais 
 
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
- Considera-se população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a 
pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional 
ou regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e sustento, de 
forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporária ou como 
moraria provisória (art. 1º, parágrafo único, do Decreto nº 7.053/2009). 
- A “situação de rua primária” é aquela das pessoas que ainda possuem algum abrigo ou lugar habitável 
eventual, ou seja, pessoas que vivem na rua, mas ainda possuem, p. ex., uma casa de familiar ou mesmo abrigo 
público para um apoio eventual. J| “situação de rua secundária” é aquela das pessoas que n~o têm um lugar de 
residência habitual, estando direta e permanente vivendo sem moradia física ou abrigo mesmo que eventual. 
- Pessoas em situação de rua e direito à saúde mental: Objetiva assegurar os direitos sociais da população em 
situação de rua, criando condições para promover a garantia dos seus direitos fundamentais, da sua autonomia, 
integração e participação efetiva na sociedade. 
 
- São princípios da Política Nacional para a População em Situação de Rua: respeito à dignidade da pessoa 
humana; direito à convivência familiar e comunitária; valorização e respeito à vida e à cidadania; atendimento 
humanizado e universalizado; e respeito às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, 
gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial às pessoas com deficiência. 
 
- Cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por intermédio da Secretaria Nacional de 
Assistência Social, fomentar e promover a reestruturação e a ampliação da rede de acolhimento a partir da 
transferência de recursos aos Municípios, Estados e Distrito Federal. 
 
- No âmbito federal, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República instituirá o Centro 
Nacional de Defesa dos Direitos Humanos para a População em Situação de Rua, destinado a promover e 
defender os respectivos direitos. 
 
LGBTI 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
 
 
 
7 
 
- Segundo a Resolução 12/2015 do Conselho Nacional, deve ser garantido pelas instituições de ensino o 
reconhecimento e a adoção do nome social àquele cuja identificação civil não reflita adequadamente sua 
identidade de gênero, mediante solicitação do próprio interessado. Deve ser garantido, também o tratamento 
oral exclusivamente pelo nome social. 
- Recomenda-se a utilização do nome civil para a emissão de documentos oficiais, garantindo 
concomitantemente, com igual ou maior destaque a referência ao nome social. 
- Quatro princípios devem orientar direitos sexuais e reprodutivos: (a) universalidade (b) indivisibilidade (c) 
diversidade e (d) democrático. 
- Transexual: a retificação de registro de nascimento quanto ao nome e sexo de transgênero foi analisada pelo 
STJ: A Turma, no REsp 737.993-MG, entendeu que, no caso, o transexual operado, conforme laudo médico 
anexado aos autos, convicto de pertencer ao sexo feminino, portando-se e vestindo-se como tal, fica exposto a 
situações vexatórias ao ser chamado em público pelo nome masculino, visto que a intervenção cirúrgica, por si 
só, não é capaz de evitar constrangimentos. Assim, acentuou que a interpretação conjugada dos arts. 55 e 58 da 
Lei de Registros Públicos confere amparo legal para que o recorrente obtenha autorização judicial a fim de 
alterar seu prenome, substituindo-o pelo apelido público e notório pelo qual é conhecido no meio em que vive, 
ou seja, o pretendido nome feminino. [...]. Nesse contexto, [...], decidiu-se autorizar a mudança de sexo de 
masculino para feminino, que consta do registro de nascimento, adequando-se documentos, logo facilitando a 
inserção social e profissional. Destacou-se que os documentos públicos devem ser fiéis aos fatos da vida, além 
do que deve haver segurança nos registros públicos. [...] Todavia, tal averbação deve constar apenas do livro deregistros, não devendo constar, nas certidões do registro público competente, nenhuma referência de que a 
aludida alteração é oriunda de decisão judicial, tampouco de que ocorreu por motivo de cirurgia de mudança 
de sexo, evitando, assim, a exposição do recorrente a situações constrangedoras e discriminatórias. (STJ, REsp 
737.993-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/11/2009 (Info n. 411)). 
- ENUNCIADO N. 42 do CNJ: quando comprovado o desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto, 
resultando numa incongruência entre a identidade determinada pela anatomia de nascimento e a identidade 
sentida, a cirurgia de transgenitalização é dispensável para a retificação de nome no registro civil. 
- ENUNCIADO N. 43 do CNJ - É possível a retificação do sexo jurídico sem a realização da cirurgia de 
transgenitalização. 
Princípios de Yogyakarta: tratam-se de normas de direitos humanos e de sua aplicação a questões de orientação 
sexual e identidade de gênero. O art. 3° dispõe: Toda pessoa tem o direito de ser reconhecida, em qualquer lugar, 
como pessoa perante a lei. As pessoas de orientações sexuais e identidades de gênero diversas devem gozar de 
capacidade jurídica em todos os aspectos da vida. A orientaç~o sexual e identidade de gênero autodefinida por 
cada pessoa constituem parte essencial de sua personalidade e um dos aspectos mais básicos de sua 
autodeterminação, dignidade e liberdade. Nenhuma pessoa deverá ser forçada a se submeter a procedimentos 
médicos, inclusive cirurgia de mudança de sexo, esterilização ou terapia hormonal, como requisito para o 
reconhecimento legal de sua identidade de gênero. Nenhum status, como casamento ou status parental, pode 
ser invocado para evitar o reconhecimento legal da identidade de gênero de uma pessoa. Nenhuma pessoa deve 
ser submetida a pressões para esconder, reprimir ou negar sua orientação sexual ou identidade de gênero. 
 
 
 
 
8 
 
- Crianças em condição de intersexo: O intersexo é uma condição de nascença em que os órgãos sexuais e/ou 
reprodutivos não correspondem ao que a sociedade espera para o sexo masculino ou feminino. Esta situação 
pode se expressar na dúvida sobre o sexo da criança ou, em adolescentes criadas como meninas, na ausência de 
útero, ovário ou presença de testículo na região do abdome. 
 
- Diferentemente da situação de intersexo, na transexualidade não há dúvida sobre o sexo da criança ao 
nascimento. Para as pessoas transexuais, seu corpo não expressa a forma como se sentem e como percebem seu 
gênero. 
 
- No processo de definição do sexo do bebê a família é de extrema importância. A equipe multidisciplinar deve 
dar suporte à família, sendo que o eixo orientador das decisões deve ser: a dignidade, o bem-estar e a saúde 
integral da criança. 
 
 
MULHERES 
 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
- A violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause 
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no âmbito da unidade 
doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, 
inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada 
por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade 
expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação e de orientação sexual. 
 
- Finalidades da Lei Maria da Penha: 
a) coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher; 
b) criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher (competência cível e criminal); 
c) Estabelece medidas de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar; 
d) Estabelece medidas de proteção à mulher em situação de violência doméstica e familiar. 
 
- A mulher vítima de violência doméstica e familiar terá uma tríplice assistência: 
a) assistência social 
b) assistência à saúde(SUS) 
c) assistência à segurança(art. 11 e art. 12). 
 
- Segundo o STF, a LMP é constitucional, tendo predicados de ação afirmativa, fornecendo instrumentos para 
garantir a igualdade a um destinatário. Trabalha a igualdade de fato. 
 
 
 
9 
 
- Violência de gênero: é a violência preconceito, tendo como motivação a opressão à mulher, fundamento de 
aplicação da LMP. Trata-se da violência que se vale da hipossuficiência da vítima mulher, discriminação quanto ao 
sexo feminino. 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão 
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem 
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram 
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
 
- São formas de violência: I - a violência física; II - a violência psicológica; III - a violência sexual; IV - a violência 
patrimonial; V - a violência moral. 
 
- Medidas protetivas de urgência à ofendida: encaminhamento da ofendida e seus dependentes a programa 
oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; determinar a recondução da ofendida e a de seus 
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; determinar o afastamento da ofendida do 
lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; determinar a separação de corpos. 
 
- Para fins de proteção patrimonial, asseguram-se: a restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor 
à ofendida; proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de 
propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; suspensão das procurações conferidas pela 
ofendida ao agressor; prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. 
- Vale lembrar que a violência obstétrica pode ocorrer durante a gestação, parto e abortamento. 
- Os hospitais devem oferecer às vítimas de violência sexual atendimento emergencial, integral e 
multidisciplinar, visando ao controle e ao tratamento dos agravos físicos e psíquicos decorrentes de violência 
sexual, e encaminhamento, se for o caso, aos serviços de assistência social. 
- Os serviços são prestados de forma gratuita a quem necessitar, compreendendo: I - diagnóstico e tratamento 
das lesões físicas no aparelho genital e nas demais áreas afetadas; II - amparo médico, psicológico e social 
imediatos; III - facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento ao órgão de medicina legal e às delegacias 
especializadas com informações que possam ser úteis à identificação do agressor e à comprovação da violência 
sexual; IV - profilaxia da gravidez; V - profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST; VI - coleta de 
material para realização do exame de HIV para posterior acompanhamento e terapia; VII - fornecimento de 
informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis. 
 
- Lei12.845/2013: 
 
 
 
10 
 
Art. 3o O atendimento imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS, compreende os 
seguintes serviços: 
I - diagnóstico e tratamento das lesões físicas no aparelho genital e nas demais áreas afetadas; 
II - amparo médico, psicológico e social imediatos; 
III - facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento ao órgão de medicina legal e às delegacias especializadas 
com informações que possam ser úteis à identificação do agressor e à comprovação da violência sexual; 
IV - profilaxia da gravidez; 
V - profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST; 
VI - coleta de material para realização do exame de HIV para posterior acompanhamento e terapia; 
VII - fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis. 
 
- Descumprimento de medidas protetivas de urgência da Lei 11.340/06 (INFO 538, STJ) 
- Pode ser fixado multa 
- Pode ser decretada prisão preventiva 
 - Não configura crime de desobediência 
 Regra: Lei prevê sanção civil, administrativa ou processual penal (prisão cautelar) para a desobediência de 
ordem específica 
- N~o configura o crime do art. 330, salvo se a própria lei fizer a ressalva expressa (“sem prejuízo da sanção 
penal”) 
 
- Aplicação da Lei Maria da Penha nas ações civis (INFO 535, STJ): Medidas protetivas de urgência não tem 
natureza penal – podem ser aplicadas em ação cautelar civil de natureza satisfativa, independentemente da 
existência de Inquérito Policial ou Ação Penal 
- Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos 
sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. (INFO 564, STJ) 
- Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a 
mulher é pública incondicionada. (INFO 567, STJ) 
 
 
COMUNIDADES TRADICIONAIS E QUILOMBOLAS 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
- O Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, estabelecer a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável 
dos Povos e Comunidades Tradicionais. Os moradores das comunidades de remanescentes de quilombos serão 
beneficiários de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condições 
ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e nutricional e na atenção integral à saúde. 
- Cabe à própria comunidade quilombola decidir quem é ou não quilombola: escolheu-se o critério da 
autoafirmação. 
Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a 
propriedade (coletiva) definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. 
 
 
 
11 
 
- A competência para demarcação da terra dos quilombolas é do INCRA, assistido pela Fundação Cultural 
Palmares. 
- Garífunas – grupo formado pela miscigenação de indígenas e quilombolas – espalhados por vários países. Eles 
encerram essa questão de divisão étnica entre índios e quilombolas, mas sofrem violações por terem que fazer a 
escolha por um ramo de proteção. 
 
#ATENÇÃO: A Lei 13.043/2014 conferiu isenção de ITR aos imóveis oficialmente reconhecidos como quilombos, 
ocupados e explorados pelos membros da comunidade. 
 
Cabe tecer algumas diferenciações entre a propriedade quilombola e a posse indígena: 
 
Posse Quilombola Posse Indígena 
Propriedade (art. 68, ADCT) Posse/usufruto (art. 231, § 2º, CF) 
Propriedade coletiva-privada (mas inalienável, 
impenhorável e imprescritível) 
Propriedade da União (art. 20, XI) 
Isenção do ITR (Lei n. 13.043/14) Imunidade tributária recíproca (art. 150, IV, a) 
Advento da CF/88 (ou abolição da escravatura) não 
constitui marco para seu reconhecimento. 
Advento da CF/88 constitui marco para 
reconhecimento de suas áreas (ocupação). 
 
 
RACISMO 
 
 
Racismo Institucional: O racismo deve ser reconhecido também como um sistema, uma vez que se organiza e se 
desenvolve através de estruturas, políticas, práticas e normas capazes de definir oportunidades e valores para 
pessoas e populações a partir de sua aparência, atuando em diferentes níveis: pessoal, interpessoal e 
institucional, excluindo seletivamente grupos racialmente subordinados - negros, indígenas, ciganos, para citar a 
realidade latino-americana e brasileira da diáspora africana. 
 
Caso Paradigma do Racismo 
Institucional 
(SIMONE ANDRÉ DINIZ x Brasil) 
de 21 de outubro de 2006 
 
 
 
 
 
 
 
Decisão: Primeira vez que um país membro da OEA é responsabilizado na 
Comissão Interamericana por racismo, tendo o caso se tornado paradigma 
do denominado “racismo institucional”. A Comiss~o recomendou ao Brasil: 
reparar material e moralmente a vítima pela violação de DH (art. 24 e art. 
1.1 da CADH); reconhecer publicamente a responsabilidade internacional; 
conceder apoio financeiro à vítima para iniciar e concluir curso superior; 
realizar modificações legislativas e administrativas para que a legislação 
antirracismo seja efetiva; realizar investigação completa, imparcial e efetiva 
dos fatos; adotar e instrumentalizar medidas de educação dos funcionais 
de justiça e da polícia; promover um encontro com organismos 
representados da imprensa brasileira para elaborar compromisso para 
 
 
 
12 
 
 evitar a publicidade de denúncias de cunho racista; organizar seminários 
estaduais com representantes do PJ, MP e Secretárias de Segurança 
Pública locais; solicitar aos governos estaduais a criação de delegacias 
especializadas na investigação de crimes raciais; solicitar aos MPEs e 
criação de Promotorias especializadas; promover campanhas publicitárias 
contra a discriminação racial e o racismo. 
 
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE2 
 
- A teoria da proteção integral sustenta um modelo de tratamento da infância e juventude dotado de direitos 
próprios e especiais, considerando a condição peculiar de pessoas em desenvolvimento. A proteção proposta 
deve ser diferenciada, especializada e integral. A Constituição Federal, no art. 227, estabelece direitos 
fundamentais de todas as crianças e adolescentes, vedando quaisquer tipos de discriminações, prevendo, assim, 
a proteção integral. Tal proteção integral engloba um conjunto amplo de mecanismos jurídicos voltados à tutela 
da criança e do adolescente, não se limitando a tratar de medidas repressivas contra seus atos infracionais. 
- Nesse sentido, Luciano Rossato aduz que o “metaprincípio da proteç~o integral orienta a prescriç~o de direitos 
às pessoas em desenvolvimento, e impõe deveres à sociedade, de modo a consubstanciar um status jurídico 
especial às crianças e adolescentes. Mesmo sendo pessoa em desenvolvimento, tem a criança e o adolescente o 
direito de manifestarem oposição e exercerem seus direitos em face de qualquer pessoa, inclusive seus pais. A 
proteção integral revela, pois, que crianças e adolescentes são titulares de interesses subordinantes frente à 
família, { sociedade e ao Estado”. 
- A teoria da proteção integral surgiu para substituir e se contrapor à antiga teoria da situação irregular 
consubstanciada no Código de Menores de 1979. 
- Houve uma mudança de paradigma a partir da Constituição Federal no que tange à tutela infanto-juvenil. A 
Constituição Cidadã, amparada em textos internacionais de proteção aos direitos da criança, representados pela 
Doutrina das Nações Unidas de Direitos da Criança, rompeu com o sistema anterior da ultrapassada doutrina da 
situação irregular. Verificou-se uma superação da concepção de incapacidade para o estado de reconhecimento 
dascrianças e adolescentes como sujeitos em condição peculiar de desenvolvimento. 
- Uma das distinções entre essas doutrinas se refere ao fato de que a doutrina da situação irregular considerava a 
existência de duas infâncias, isto é, uma relativa aos menores, pessoas em situação irregular, e outra relativa a 
crianças e adolescentes, a quem os direitos eram assegurados. Enquanto isso a doutrina da proteção integral 
apenas considerou uma única infância, em que todas as crianças e adolescentes são qualificadas como sujeitos de 
direito, pessoas em peculiar condição de desenvolvimento. 
- Conforme já mencionado anteriormente, a teoria da proteção integral enxerga a criança e como sujeito de 
direitos, ao passo que a teoria da situação irregular apenas o considera como um objeto a ser protegido. 
- Outra distinç~o relevante diz respeito { conotaç~o empregada ao termo “menor”, isso porque na teoria da 
situação irregular vigente no Código de Menores de 1979, o menor era a pessoa em situação de abandono ou 
 
2 Por Liana Schuler e Daniel Dutra. 
 
 
 
13 
 
aquele que praticou uma infração, não se confundindo, portanto, com a atual concepção extraída do termo 
“criança”, que alcança os que est~o envolvidos, ou n~o, numa situaç~o de risco. 
- Na teoria da situação irregular a privação da liberdade era a regra, enquanto que na teoria da proteção integral, 
exceção. 
- A convenção internacional não distingue criança e adolescente como fez o ECA. Para os fins da Convenção, a 
criança e todo indivíduo menor de 18 anos, salvo se, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade 
seja alcançada antes. Nesse sentido, portanto, a Convenção não distingue criança de adolescente, o que não 
implica, entretanto, eu suas normas não protejam todo menor de dezoito anos. 
 
Tratados de Criminalidade Juvenil 
Os principais textos internacionais que tratam da matéria são: Regras Mínimas das Nações Unidas para a 
Administraç~o da Justiça da Inf}ncia e da Juventude (“Regras de Beijing”, 1985), as Diretrizes para as Nações 
Unidas para a Prevenç~o da Delinquência Juvenil (“Diretrizes de Riad”, 1990) e as Regras Mínimas das Nações 
Unidas para a Proteç~o dos Jovens Privados de Liberdade (“Regras de Tóquio”, 1990). 
Esses textos seguem uma lógica de escalada, acompanhando a questão da infância, desde a prevenção até a 
repressão. As Diretrizes de Riad têm o foco na prevenção, ou seja, na atuação anterior ao ato infracional. As 
Regras de Beijing trazem a resposta do Estado e da Sociedade para a proteção dos direitos humanos, no caso de 
cometimento de ato infracional. Por fim as Regras de Tóquio tratam da medida privativa de liberdade. 
Curiosidade! A convenção da criança e adolescente é a que possui o mais elevado número de ratificações, já que 
contava, em 2012, com 193 partes. 
 
- A CF/88, na toada da legislação internacional, consagrou a criança e o adolescente como sujeitos de direitos. 
Assim, consagram-se três personagens do Direito da Criança e do Adolescente em âmbito constitucional: (i) 
família; (ii) sociedade; e (iii) Estado. Isto porque a desorganização familiar tem reflexos imediatos no 
desenvolvimento da criança e do adolescente. Além disso, concebeu-se que a sociedade participe desta questão 
(a principal forma é o Conselho Tutelar). O Estado também acumula responsabilidades, no âmbito dos três 
poderes. Estes sujeitos garantem direitos e proteção à criança e ao adolescente, conforme previsão no art. 227, 
com absoluta prioridade (também a este respeito: art. 203, II, CF). 
- A CF prevê garantias processuais em prol do adolescente (art. 227, § 3º, IV): (i) pleno e formal conhecimento da 
atribuição de ato infracional; (ii) igualdade na relação processual e, (iii) de defesa técnica por profissional 
habilitado (conforme legislação específica). 
- Além disso, os consagrados princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar da 
condição de pessoa em desenvolvimento são previstos para a aplicação de qualquer medida privativa de 
liberdade (art. 227, § 3º, V). 
- Como pré-condição para o enquadramento em ato infracional, o art. 228 estabelece que são inimputáveis os 
menores de 18 anos. Sobre este tema, surge a acalorada discussão acerca da redução da maioridade penal. 
 
Os que são favoráveis à reforma sustentam que: Os que são contrários defendem que: 
 
i. O art. 228 não seria cláusula pétrea, pois está fora i. O próprio STF já decidiu que o rol de direitos e 
 
 
 
14 
 
das disposições do art. 5º, podendo ser alterado; 
ii. A mera internação pelo prazo de 3 anos, ao 
máximo, não seria suficiente a coibir a infração; 
iii. Os maiores de 16 já podem, inclusive, votar, 
devendo ser responsáveis penalmente; 
iv. A proposta é embasada no princípio da 
proporcionalidade, impondo rigor penal para casos 
de maior gravidade. 
 
garantias fundamentais não se limita ao art. 5º, 
podendo o art. 228 ser classificado como cláusula 
pétrea (art. 60, § 4º, IV); 
ii. Há vedação do retrocesso social nesta questão; 
iii. O Brasil é signatário de diversos tratados 
internacionais que confirmam os 18 anos como o 
marco da idade penal (vide Regras de Beijing, 
Diretrizes de Riad e art. 5º, § 3º, CF); 
iv. Os adolescentes já são responsabilizados no ato 
infracional, a partir dos 12 anos, respondendo com 
medidas socioeducativas. A tese da irresponsabilidade 
penal e da impunidade ou suavidade da legislação 
específica é um mito. A medida restritiva de liberdade 
de internação tem prazo máximo de três anos, o que é 
bastante, considerando que se trata de pessoa em 
desenvolvimento e este lapso na formação psicológica 
do adolescente tem intensos reflexos. Além disso, três 
anos em medida restritiva de liberdade pode ser muito 
mais do que receberia um adulto, com a 
individualização da pena, medidas despenalizadoras e 
cumprimento progressivo; 
v. não há qualquer prova de que a redução da 
maioridade reduza a violência. A redução da 
maioridade não afeta a causa, seria simplesmente 
tentar retirar estes sujeitos da órbita obrigacional do 
Estado, em termos de direitos fundamentais, como 
educação, saúde, moradia etc. 
 
 
- É fundamental a compreensão do caráter principiológico adotado pelo ECA. A Lei tem o objetivo de tutelar a 
criança e o adolescente de forma ampla, não se limitando a tratar apenas de medidas repressivas contra seus 
atos infracionais. Pelo contrário, o Estatuto dispõe sobre direitos infanto-juvenis, formas de auxiliar sua família, 
tipificação de crimes praticados contra crianças e adolescentes, infrações administrativas, tutela coletiva etc. 
Enfim, por proteção integral deve-se compreender um conjunto amplo de mecanismos jurídicos voltados à tutela 
da criança e do adolescente. 
- Guarda ligação com a doutrina da proteção integral o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente. 
Este postulado traduz a ideia de que, na análise do caso concreto, o aplicador do direito – leia-se advogado, 
defensor público, promotor de justiça e juiz – deve buscar a solução que proporcione o maior benefício possível 
para a criança ou adolescente, que dê maior concretude aos seus direitos fundamentais. No estudo da colocação 
 
 
 
15 
 
da criança ou do adolescente em família substituta, o princípio do melhor interesse se faz presente de forma 
marcante. 
- O Estatuto define quem é criança e quem é adolescente em seu art. 2º: a) criança: pessoa até 12 anos de idade 
incompletos; b) adolescente pessoa entre 12 e 18 anos. Essa distinção possui relevância prática tanto no queconcerne às medidas socioeducativas quanto à colocação em família substituta: é que a criança infratora não 
pode sofrer medida socioeducativa, apenas medida de proteção (art. 101), enquanto o adolescente infrator se 
submete a medida socioeducativa (art. 112). Da mesma forma, para fins de adoção, o adolescente deve 
necessariamente ser ouvido (art. 45, §2º). 
- É possível a aplicação do ECA para as pessoas entre 18 e 21 anos de idade, desde que concorram dois requisitos: 
a) medida excepcional e b) casos expressos em lei. Assim, estabelece o parágrafo único do art. 2º que é possível a 
aplicação do Estatuto para os que se encontrem entre 18 e 21 anos de idade, desde que essa aplicação seja 
excepcional e prevista em lei. 
- Hipóteses de aplicação excepcional do ECA a pessoas de idade superior a 18 anos: a) adoção: art. 40 (as 
disposições relativas à adoção estabelecidas pelo Código Civil de 2002 não revogaram – salvo no que diz respeito 
à idade mínima para adoção, que passou de 21 para 18 anos – o contido no ECA, reclamando uma interpretação 
integrativa das normas, nos moldes do previsto no art.2º, §2º, da Lei de Introdução do Código Civil); b) aplicação e 
execução de medidas socioeducativas: art. 121, §5º. 
- O ECA não define quem é o jovem. Para a ONU Jovem é toda pessoa entre 15 e 24 anos. No Brasil, nos termos do 
Estatuto da Juventude (Lei 12.852 de 2013), são consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 
(vinte e nove) anos de idade. 
- A garantia de prioridade absoluta compreende: 
a) Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b) Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 
c) Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 
d) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. 
- Família Natural: entende-se por família natural a comunidaade formada pelos pais e seus descendentes ou por 
um dos pais e seus descendentes. (art. 25). Ex.: família monoparental. 
- Família Extensa ou ampliada: é a comunidade que se estende para além da unidade pais e filhos ou do casal, 
alcançando parentes próximos com os quais a criança ou adolescente conviva e mantenha vínculos de afinidade 
e afetividade. 
- Família substituta: possui caráter subsidiário, é a família resultante de guarda, tutela e adoção, sempre visando 
ao melhor interesse da criança e do adolescente. 
- O MP tem legitimidade para propor ação de investigação de paternidade como legitimado extraordinário por 
substituição processual (Lei n. 8.560, art. 2º, parágrafo 4º). Possui, também, legitimidade ativa para ajuizar ação 
de alimentos em proveito de criança ou adolescente, independentemente do exercício do poder familiar dos 
pais, ou de o infante se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do ECA, ou de quaisquer outros 
questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca. STJ. 2a Seção. REsp 
1.265.821-BA e REsp 1.327.471-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgados em 14/5/2014 (recurso repetitivo) (Info 
541). 
 
 
 
16 
 
- Sempre que possível, a criança será ouvida e terá sua opinião levada em consideração. Obrigatoriamente, o 
maior de 12 (doze) anos deverá consentir, em audiência, com a sua colocação em família substituta. 
- Guarda é a forma revogável de colocação em família substituta que obriga seus detentores à prestação 
material, moral e educacional à criança ou adolescente, podendo aqueles se oporem aos pais destes e a terceiros. 
- A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos 
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. Excepcionalmente, deferir-se-á a 
guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais 
ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados. 
- Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a 
medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros 
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão 
objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público. A guarda poderá ser 
revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. 
 
Ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao benefício da pensão por morte mesmo se o falecimento 
se deu após a modificação legislativa promovida pela Lei nº 9.528/97 na Lei nº 8.213/91. 
O art. 33, § 3º do ECA deve prevalecer sobre a modificação legislativa promovida na lei geral da Previdência 
Social, em homenagem ao princípio da proteção integral e preferência da criança e do adolescente (art. 227 da 
CF/88). 
STJ. Corte Especial. EREsp 1141788/RS, Min. Rel. João Otávio de Noronha, julgado em 07/12/2016. 
 
- Tutela é uma forma revogável de colocação da criança ou adolescente em família substituta com o objetivo de 
possibilitar a assistência ou representação destes. Diferentemente da guarda, a tutela pressupõe a perda ou 
suspensão do poder família, pois, se a criança ou adolescente está sob poder familiar, ela está devidamente 
representada ou assistida. A tutela é deferida nos termos do CC. O tutor pode ser nomeado por testamento 
sempre se analisando o princípio do melhor interesse do menor. 
- A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de 
manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa. É vedada a adoção por procuração. O 
adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela 
dos adotantes, segundo o ECA. 
- A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, 
desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. Não podem adotar 
os ascendentes e os irmãos do adotando. 
- Segundo o ECA, para adoção conjunta, em regra, é necessário que os adotantes sejam casados civilmente ou 
mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. Tal casamento ou união estável pode ser entre 
pessoas de sexos diferentes ou iguais, segundo precedentes do STJ. 
 
- Atenção: O STJ, no REsp 1.217.415 (Info 500), permitiu a adoção conjunta por um casal de irmãos com base no 
melhor interesse da criança, na socioafetividade etc. Formou-se uma família anaparental (aquela em que não há a 
figura de um ascendente). 
 
 
 
17 
 
 
- Os divorciados, separados judicialmente e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, desde que 
(requisitos concomitantes): I) o estágio de convivência tenha se iniciado na constância do período de 
convivência; II) comprovada existência de vínculos de afinidade e afetividade com o não detentor da guarda; III) 
acordo sobre guarda e visitas. 
- Adoção unilateral é aquela feita pelo cônjuge ou companheiro com relação ao filho de seu par, está prevista 
expressamente no ECA em seu art. 41, parágrafo 1º. 
- Art. 42, 6º: A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a 
falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. Apesar de o ECA condicionar tal adoção ao 
falecimento durante o procedimento de adoção, ela é possível ainda que o falecimento tenha ocorrido antes de 
iniciado o procedimento, desde de que haja prova inequívoca da intenção de adotar pelo falecido. JurisprudênciaSTJ. 
- O que se entende por adoção intuitu personae ou adoção consentida? Ela é admitida no Brasil? 
É a modalidade de adoção em que os pais biológicos escolhem a quem desejam entregar o filho, não seguindo a 
ordem cadastral. Sua vantagem é proporcionar um maior contato entre o filho adotivo e seus pais biológicos, por 
outro lado, a desvantagem é a possibilidade de ser desvirtuada e utilizada como "barriga de aluguel", afrontando 
as disposições criadas pelo Conselho Federal de Medicina. 
Admite-se esta modalidade, inclusive com jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (AgRg na MC 15.097-MG 
março de 2009), pela aplicação do princípio do melhor interesse da criança (art. 1º e 100, IV, ambos do ECA, art. 
226, caput da CF), que norteia a teoria da proteção integral, bem como pela aplicação do parágrafo 13º do art. 50 
do ECA. Ademais, a obediência da ordem cadastral não é norma absoluta nem princípio no ECA. 
 
- No caso de adotantes residentes ou domiciliados no Brasil, o ECA não fixa prazo mínimo para o estágio de 
convivência, deixando a cargo do juiz, no caso concreto, a fixação do prazo de convivência. Por outro lado, no 
caso da adoção postulada por adotantes residentes ou domiciliados fora do Brasil, o ECA fixa o prazo de estágio 
de convivência por, no mínimo, 30 dias, podendo o juiz, no caso concreto, fixar prazo superior. 
- No caso dos adotantes residentes ou domiciliados no Brasil, o estágio de convivência pode ser dispensado se o 
adotando já estiver sob a tutela ou a guarda legal dos adotantes durante tempo suficiente para que seja possível 
avaliar a conveniência da constituição do vínculo (art. 46, parágrafo 1ª). 
- O art. 50 do ECA prevê que o indivíduo interessado em adotar deverá procurar a Vara (ou Juizado) da Infância e 
Juventude e passar por um período de preparação psicossocial e jurídica. Após isso, será ouvido o Ministério 
Público e, caso o interessado satisfaça os requisitos legais e não haja nenhum impedimento, ele será habilitado e 
incluído no cadastro de adotantes. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um 
cadastro com as pessoas interessadas na adoção. Vale ressaltar que a alimentação do cadastro e a convocação 
criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público (custo legis). 
- O § 13 do art. 50 do ECA traz três hipóteses nas quais poderá ser deferida a adoção mesmo sem que o 
interessado esteja incluído no cadastro de adotantes: 
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente 
nos termos desta Lei quando: 
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; 
 
 
 
18 
 
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; 
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde 
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a 
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. 
- E se o caso concreto envolver uma situação não abarcada pelo § 13 do art. 50 do ECA? O que acontece, por 
exemplo, se um casal ingressa com o pedido de adoção de uma criança por eles criada desde o nascimento, mas 
este casal, que não é parente do menor, não se encontra inscrito no cadastro de adotantes? A adoção deverá ser 
negada por esse motivo? Essa criança dever| ser adotada pelo primeiro casal da “fila” do cadastro? 
- Mesmo não se enquadrando nas hipóteses do § 13 do art. 50 acima transcrito, o STJ, com extremo acerto e 
sensibilidade, já decidiu que a observância de tal cadastro, ou seja, a preferência das pessoas cronologicamente 
cadastradas para adotar determinada criança, não é absoluta. Assim, no exemplo dado, a regra legal deve ser 
excepcionada em prol do princípio do melhor interesse da criança, base de todo o sistema de proteção ao menor. 
No caso em estudo, restou configurado o vínculo afetivo entre a criança e o casal pretendente à adoção, o que 
justifica seja excepcionada a exigência da ordem do cadastro. 
 
(...) A observância do cadastro de adotantes, ou seja, a preferência das pessoas cronologicamente cadastradas 
para adotar determinada criança, não é absoluta. A regra comporta exceções determinadas pelo princípio do 
melhor interesse da criança, base de todo o sistema de proteção. Tal hipótese configura-se, por exemplo, quando 
já formado forte vínculo afetivo entre a criança e o pretendente à adoção, ainda que no decorrer do processo 
judicial. Precedente. (...) 
A inobservância da preferência estabelecida no cadastro de adoção competente, portanto, não constitui 
obstáculo ao deferimento da adoção quando isso refletir no melhor interesse da criança. (...) 
(REsp 1347228/SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 06/11/2012, DJe 20/11/2012) 
 
- Segundo o art. 51, caput considera-se adoção internacional aquela postulada por pessoas residentes ou 
domiciliadas fora do Brasil, conforme o Estatuto de Haia. Ou seja, o brasileiro, domiciliado ou apenas residente no 
exterior, se desejar adotar criança ou adolescente brasileiro, irá se enquadrar nas disposições da adoção 
internacional. A adoção internacional tem caráter subsidiário e os brasileiros residentes ou domiciliados no 
exterior terão preferência em relação aos estrangeiros. 
- Em se tratando de crianças, a viagem para fora da Comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou 
responsável, como regra, depende de autorização judicial. Será, contudo, dispensada a autorização quando, no 
território nacional, (i) se tratar de Comarca contígua à da residência da criança se na mesma unidade da 
Federação ou incluída na mesma região metropolitana ou, ainda, (ii) se a criança estiver acompanhada de 
ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco, ou de pessoa 
maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. 
- Já se a viagem da criança e do adolescente for ao exterior, a autorização judicial será exigida, exceto (i) se 
estiver acompanhado de ambos ou pais ou responsável ou (ii) se viajar na companhia de um dos pais, autorizado 
expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida. 
- Finalmente, vale anotar, sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido 
em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior. 
 
 
 
19 
 
- Medidas protetivas previstas no ECA são aplicadas levando em conta não o ato infracional, mas sim a situação 
de risco que se encontra a criança, dependendo da situação, escolhe-se uma medida protetiva, que pode ser 
aplicada pelo Conselho Tutelar e outras que podem ser aplicadas apenas pelo juiz, por meio de um procedimento 
próprio, que estão no art. 101 do ECA inciso VII em diante, ex.: acolhimento institucional que tem como espécie o 
abrigamento, nesse caso o juiz vai aplicar a medida protetiva por conta da situação de risco que encontra a 
criança, ex.: a criança está precisando ser abrigada, está sem pai, sem mãe, precisa ser abrigado no acolhimento 
institucional, vejam que nessa hipótese, o juiz não está averiguando o ato infracional em si, mas a necessidade 
daquela criança. 
 
- Quais são as medidas protetivas previstas no ECA? 
Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; orientação, apoio e 
acompanhamento temporários; matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino 
fundamental; inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e 
do adolescente; requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou 
ambulatorial; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e 
toxicômanos; acolhimento institucional; inclusão em programa de acolhimento familiar; colocação em família 
substituta. 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
- Em que pese a sua localização no capítulo referente à aplicação das medidas de proteção, os princípios 
estabelecidos pelo parágrafo único do art. 100 do ECA são princípios norteadores de todo o sistema de direitos e 
garantias previstos pelo Estatuto. São eles: 
i. Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos; 
ii. Proteção integral e prioritária – também previsto no art. 227 da CF e nos arts. 1º e 3º do ECA; 
iii. Responsabilidade primária e solidária do poder público, das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da 
municipalização do atendimento e da possibilidade de execução de programas por entidades não 
governamentais; 
iv. Interesse superior da criança e do adolescente; 
v. Privacidade, garantido o respeito à intimidade, direito à imagem e reserva de sua vida privada; 
vi. Intervenção precoce – a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições 
cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente; 
vii. Intervenção mínima – a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições 
cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos diretos e à proteção da criança e do adolescente; 
viii. Proporcionalidade e atualidade; 
ix. Responsabilidade parental – a intervenção deve ser realizada de modo que os pais assumam os seus 
deveres para com a criança e o adolescente; 
x. Prevalência da família – na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada 
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se isso não for 
possível, que promovam a sua integração em família substituta; 
 
 
 
20 
 
xi. Obrigatoriedade da informação; 
xii. Oitiva obrigatória e participação – direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida 
de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária 
competente – ressalvado o disposto no art. 28, §§ 1º e 2º: a oitiva do adolescente é obrigatória, enquanto a oitiva 
da criança será ouvida sempre que possível. 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
As medidas de proteção são aplicáveis tanto a crianças quanto a adolescentes, sempre que os seus direitos 
forem ameaçados ou violados: (i) por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; (ii) por falta, omissão ou 
abuso dos pais ou responsáveis; (iii) em razão da sua própria conduta. 
O rol das medidas previstas é: 
i. Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; 
ii. Orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
iii. Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; 
iv. Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; 
v. Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; 
vi. Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e alcoólatras e toxicômanos; 
vii. Acolhimento institucional; 
viii. Inclusão em programa de acolhimento familiar; 
ix. Colocação em família substituta. 
Tais medidas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo. 
Na aplicação das medidas, deve-se observar as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao 
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. 
Considerando que uma das hipóteses de cabimento das medidas é em razão da própria conduta da criança ou do 
adolescente, elas podem sim ser aplicadas em caso de prática de ato infracional por adolescente (art. 112, VII), 
com exceção das medidas de: (i) acolhimento institucional; (ii) inclusão em programa de acolhimento familiar; 
(iii) colocação em família substituta. 
 
- O acolhimento familiar e o acolhimento institucional são medidas provisórias e excepcionais, utilizadas como 
forma de transição para a reintegração familiar. Não sendo esta possível, caberá a colocação em família 
substituta. Mas, em nenhuma hipótese, a medida contará com privação de liberdade (art. 101, § 1º), mesmo em 
caso de prática de ato infracional. 
- O principal objetivo do plano individual de atendimento – PIA (art. 103, §§ 4º e 5º) é a reintegração da criança e 
do adolescente ao seu convívio familiar, por isso, ele tem um caráter multidisciplinar. 
- O PIA será imediatamente elaborado pela entidade responsável pelo programa assim que a criança ou o 
adolescente forem acolhidos, levando em conta a opinião da criança e do adolescente, bem como a oitiva dos 
pais ou do responsável. 
- O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável 
e, como parte do processo de reintegração familiar, a família de origem será incluída em programas oficiais de 
orientação, de apoio e de promoção social (art. 101, § 7º). 
 
 
 
21 
 
- A autoridade judiciária manterá em cada comarca ou foro regional um cadastro atualizado com as informações 
de crianças ou adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional (art. 101, § 11º). Tal cadastro poderá 
ser acessado pelo: (i) MP; (ii) Conselho Tutelar; (iii) órgão gestor da Assistência Social; (iv) os Conselhos 
Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente; e (v) Conselho da Assistência Social. 
- O PIA deverá conter: (i) os resultados da avaliação interdisciplinar; (ii) os compromissos assumidos pelos pais ou 
responsáveis; (iii) a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido 
e seus pais ou responsável, com vista à reintegração familiar ou, caso esta seja vedada pela autoridade judicial, as 
providências a serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade 
judiciária. 
- Princípio relacionados: (i) dignidade da pessoa humana (relacionado ao direito da criança e do adolescente em 
ser criado no por sua família natural); (ii) proteção integral. 
- Direitos relacionados: (i) direito à convivência familiar e comunitária, à educação, cultura, esporte, lazer; (ii) 
em relação à família, acesso a serviços públicos de orientação e acompanhamento das famílias, respeitando-se o 
matriciamento familiar, com a utilização do PAIF ou PAEFI. 
- Para o ECA (art. 103), considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. Deduz-
se que criança ou adolescente não pratica delito, mas sim ato infracional análogo (ou equiparado a crime ou 
contravenção). A respeito do tempo em que é praticado, o ECA e o CP adotam o princípio da atividade – 
considera-se praticado no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o resultado (art. 104). 
- Destaca-se que criança também pratica ato infracional, mas a ela não são aplicáveis medidas socioeducativas, 
apenas medidas de proteção (art. 101). 
- A medida de proteção é aplicável à criança ou adolescente sempre que verificada a hipótese de lesão ou ameaça 
de lesão a seus direitos, tem previsão em rol exemplificativo do art. 101. A medida socioeducativa, por sua vez, é 
aplicável ao adolescente que pratica ato infracional e suas modalidades estão no art. 112, em rol taxativo. 
- Obs.: De acordo com a Resolução 113 do CONANDA,art. 12, somente o Conselho Tutelar tem competência para 
apurar atos infracionais praticados por criança, aplicando medidas específicas de proteção, previstas em lei. 
- Os dispositivos que tratam dos direitos individuais do adolescente que comete ato infracional trouxeram 
garantias ao adolescente que já estavam previstas na CF, para os presos. Este rol não está limitado ao capítulo 
em que aparece. Além disso, outros foram acrescidos pelo art. 49, L. 12594/12 – SINASE. 
- Obs.: Nomenclatura – para o adolescente não se fala em flagrante delito, mas sim em flagrante de ato 
infracional, não é preso e sim apreendido, não se imputa crime a ele, mas atribui-se ato infracional, não cumpre 
pena, é imposta medida socioeducativa. 
- De acordo com o art. 106, só haverá duas hipóteses legítimas de privação de liberdade: (i) flagrante e (ii) ordem 
judiciária escrita e fundamentada por autoridade competente. O adolescente em flagrante de ato infracional 
deve ser encaminhado à autoridade policial com atribuição de lavrar a ocorrência. Já a ordem judiciária deve ser 
fundamentada, conforme previsão do art. 5º, LXI. Para que seja determinada a apreensão provisória do 
adolescente, a decisão deve ser fundar nos requisitos do art. 108. E o adolescente tem direito à identificação dos 
responsáveis pela sua apreensão e deve ser informado acerca de seus direitos. 
- A apreensão e o local onde se encontre devem ser comunicados incontinenti à autoridade judicial e à família ou 
à pessoa indicada. Também deve ser examinada a possibilidade de liberação imediata (art. 107, p. único) – será 
liberado se a apreensão tiver sido ilegal ou, quando apreendido em flagrante, puder ser reintegrado à família (art. 
 
 
 
22 
 
174) e não está submetido ao pagamento de fiança. Ademais, é regulamentada a internação provisória e sua 
improrrogabilidade. 
- O prazo máximo da internação provisória é de 45 dias (art. 108 e art. 183). Sua não liberação, findo este prazo, 
acarreta constrangimento ilegal e cabe HC. O prazo curto é condizente com os princípios da brevidade, 
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento (art. 121). 
- Tanto o STJ quanto o STF, já se manifestaram pela improrrogabilidade deste prazo e pelo afastamento da S. 
52/STJ, dadas as peculiaridades do Estatuto. 
- São requisitos para a internação: (i) indícios suficientes de autoria; (ii) materialidade e (iii) imperiosa necessidade 
da medida. 
- O art. 110 assegura o devido processo legal. Segundo a doutrina, os demais princípios processuais decorrem do 
princípio do devido processo legal, sendo também garantidos o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LV). O art. 
111 também traz um rol exemplificativo de garantias, entre elas, defesa técnica por advogado, assistência 
judiciária gratuita e integral, direito de solicitar a presença de seus pais, entre outros. 
- A S. 265 regulamenta a garantia processual de que não haja a regressão da medida (art. 122. III), sem oitiva 
pessoal do adolescente. Hoje, a questão está consolidada no art. 122, § 1º, com alteração da L. 12594/12. 
- De outro lado, a S. 342/STJ veda a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente. Compete 
ao MP comprovar devidamente a autoria e a materialidade do ato infracional, o que não se consegue apenas 
através da confissão. 
 
a) O rol do art. 112 do ECA é taxativo, não pode ser ampliado a critério da autoridade judiciária. O Estatuto prevê 
como critérios de aplicação: a capacidade de cumprir a medida, as circunstâncias e a gravidade da infração (art. 
112, § 1º). Os adolescentes com doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em 
local adequado às suas condições. 
As MSE exigem provas suficientes de autoria e da materialidade da infração (art. 114), ressalvados os casos de 
remissão. A advertência é a única media que se contenta com provas da materialidade e indícios suficientes de 
autoria. 
b) Os objetivos da MSE estão previstos na Lei do SINASE (art. 1º, § 2º): (i) responsabilização do adolescente, 
incentivando a reparação, (ii) integração social e garantia de seus direitos, cumprindo o PIA e (iii) desaprovação 
da conduta infracional. 
c) A S. 338 do STJ estipula que a prescrição penal é aplicável às MSE. O fundamento é que, além do escopo 
pedagógico, tais medidas são repressivas, punitivas. Para o cálculo da prescrição, o STJ não se utiliza dos prazos 
aplicados como pena máxima ou penal ideal para crime. O Tribunal se vale da tabela de contagem dos prazos na 
parte geral do CP, com o tempo de cumprimento de MSE prevista no Estatuto. Além disso, o art. 115 estabelece 
que são reduzidos de metade o prazo de prescrição quando o agente era ao tempo do fato menor de 21 anos. 
Portanto, na MSE, os prazos prescricionais serão sempre reduzidos à metade. Ex.: nas medidas de semiliberdade 
e internação, o prazo máximo é de 3 anos (art. 121, § 3º), o prazo prescricional seria de 8 anos (art. 109, IV), 
reduzido à metade = 4 anos. 
d) Tanto a advertência, quanto a prestação de serviços se esgotam com o próprio cumprimento. Já a prestação 
de serviços à comunidade tem prazo máximo de 6 meses (art. 117) e a liberdade assistida, mínimo de 6 meses 
(art. 118, § 2º). Para o STJ, na falta de previsão de prazo máximo de cumprimento de liberdade assistida, aplica-se 
 
 
 
23 
 
a regra da internação, isto é, 3 anos (art. 121, § 3º). A semiliberdade não comporta prazo determinado, aplicando-
se, no que couber, as disposições relativas à internação. A internação também não tem prazo determinado, 
sendo fixado limite máximo de 3 anos. 
 
#DEOLHONOEDITAL: 
 
MEDIDAS DE SEMILIBERDADE INTERNAÇÃO 
Ambas importam cerceamento da liberdade e as duas são fixadas sem prazo determinado. 
Na semiliberdade, a realização de atividades 
externas independe de autorização judicial. 
Na medida de internação, a participação em atividades 
externas depende de autorização da equipe técnica da 
entidade e pode ser totalmente proibida pela 
autoridade judicial. 
O adolescente tem obrigação de buscar sua 
formação estudantil e profissional durante o dia. 
Enquanto na internação, escolarização e 
profissionalização são prestadas dentro da entidade, 
sendo obrigatória a participação nas atividades 
pedagógicas. 
A semiliberdade pode ser imposta desde o início ou 
como forma de transição para o meio aberto. 
Já a internação é aplicada desde o início ou diante do 
descumprimento reiterado e injustificável de medida 
anterior. 
 
- Obs.: Para o STF, a vedação de realização de atividades externas e de visitação à família depende de 
fundamentação expressa e razoável do juízo. 
- Para o STJ, a imposição da semiliberdade deve ser devidamente fundamentada, não está pautada pelos 
requisitos da medida extrema de internação. 
- Internação: Esta medida privativa de liberdade está sujeita aos princípios da brevidade, excepcionalidade e 
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 
 Brevidade: a medida dever ser aplicada por período curto e pelo prazo estritamente necessário. Tão logo 
se verifique o avanço em sua formação pessoal, a medida deve ser substituída por outra menos gravosa ou 
encerrado seu cumprimento (averiguação pela autoridade judiciária a cada 6 meses (art. 121, § 2º). Além disso seu 
prazo máximo é de três anos, independente do ato infracional. 
 Excepcionalidade: a medida deve ser aplicada com extrema cautela, em situações peculiares 
especificamente previstas em lei. Somente será aplicada quando outra medida não se mostrar adequada (art. 122, 
§ 2º). 
 Condição peculiar da pessoa em desenvolvimento: guarda relação com o postuladoda proteção integral. 
O objetivo da internação é ressocializar o adolescente, o ECA traz um rol de direitos para tanto (art. 124), como 
atividades esportivas (XII), escolarização e profissionalização (XI). 
- As atividades externas são autorizadas pela equipe técnica, podendo ser vedadas expressamente pela 
autoridade judiciária, esta decisão pode ser revista a qualquer momento (art. 121, § 7º). 
 
 
 
24 
 
- A medida deve ser reavaliada em, no máximo, 6 meses (art. 121, § 2º). Para o STJ, o magistrado não se vincula aos 
pareceres da equipe interdisciplinar. Não se pode dizer que o prazo mínimo de cumprimento é de 6 meses, a 
medida pode ser reavaliada antes disso (art. 121). 
- Quanto aos prazos máximos, há dois marcos: (i) tempo de cumprimento de 3 anos (art. 121, § 3º) ou 3 meses, de 
pelo descumprimento reiterado de outra MSE; (ii) idade máxima de 21 anos, quando deve ser colocado em 
liberdade. 
- Segundo o STJ, a liberação compulsória também de aplica aos casos de distúrbio psiquiátrico. O critério é 
objetivo não se podendo impor requisitos de ordem subjetiva. 
- A MSE de internação somente pode ser aplicada em três hipóteses: (i) ato infracional cometido mediante 
violência ou grave ameaça à pessoa, (ii) reiteração no cometimento de outras infrações graves, (iii) 
descumprimento reiterado de medida anteriormente imposta. 
(i) ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa: ainda que não haja antecedentes, já é 
possível a aplicação de internação. Porém, a mera gravidade do ato não suficiente para fundamentar a internação 
– deve haver estes dois requisitos da violência e grave ameaça. 
Obs.: para o STJ, é pacífico que não é possível a internação no caso de tráfico de drogas (S. 492/STJ), pois estes 
pressupostos não se fazem presentes. Sendo o adolescente primário, a internação não é possível. A mera 
gravidade abstrata do delito aos olhos do julgador não é suficiente para tanto (S. 718/STF). O raciocínio é válido 
para o porte ilegal de arma de fogo. 
(ii) reiteração no cometimento de outras infrações graves: neste caso, ainda que o ato seja sem violência ou grave 
ameaça, cabe internação. Inicialmente, o STJ previa que só há reiteração quando praticadas, pelo menos, três 
infrações graves (ou então, seria apenas reincidência). Houve mudança de entendimento para analisar as 
peculiaridades do caso concreto. 
(iii) descumprimento reiterado de medida anteriormente imposta: aplica-se a S. 264 e tem prazo máximo de 3 
meses (ou seja, o juiz pode determinar prazo menor). 
- Para o STJ, a internação deve ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, não se admitindo o 
cumprimento da medida em estabelecimento penal, ainda que segregado dos maiores de idade (art. 123). O art. 
124 elenca os direitos do adolescente privado de liberdade, podendo haver suspensão temporária de visitas, 
inclusive dos pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses 
do adolescente. 
- Obs.: Conforme as Cortes Superiores, o princípio da insignificância é aplicado ao ECA, sendo afastado para casos 
de violência ou grave ameaça. 
- A remissão é medida prevista no ECA como perdão dado ao adolescente, não tem efeito de antecedente e não 
implica reconhecimento ou comprovação de responsabilidade. Poderá ser concedida pelo MP, antes de começar 
o processo, como forma de sua exclusão, atendendo às circunstâncias e consequências fato, o contexto social e 
personalidade do adolescente, maior/menor participação no ato infracional. 
- Também existe a modalidade de remisso judicial, que importa em suspensão ou extinção do processo (art. 126, 
p. único). Pode ser concedida em qualquer fase do processo anterior à sentença (art. 188). 
- O recurso cabível da concessão de remissão é apelação. Poderá ser cumulada com MSE, exceto semiliberdade e 
internação (art. 127 e S. 108/STJ). Para o STJ, a aplicação cumulativa de remissão e MSE pode ser proposta pelo 
 
 
 
25 
 
MP (art. 201, I), mas deve haver adesão e concordância do adolescente e seu defensor. Se o juiz discorda da 
concessão da medida concedida pelo MP, remete os autos ao PGJ (art. 181, § 2º). 
#DEOLHONOEDITAL: 
 
No âmbito do Direito da Criança e do Adolescente, o instituto da remissão consiste em causa de exclusão do 
processo, quando concedida pelo membro do Ministério Público antes do procedimento judicial de apuração do 
ato infracional, ou causa de extinção ou suspensão do processo, quando autorizada pelo magistrado no decurso 
do procedimento judicial. 
Nos termos do art. 127 do ECA, a aplicação de remissão não implica necessariamente o reconhecimento de 
culpa por parte do adolescente. Ademais, o mesmo dispositivo prevê que a remissão pode ser cumulada com 
medida socioeducativa, exceto aquelas que restringem a liberdade do adolescente, quais sejam, semiliberdade e 
internação. 
No RESP 457.684/SP, o STJ decidiu que, ao homologar a remissão concedida pelo órgão ministerial, o juiz 
pode impor outra medida socioeducativa prevista na Lei nº 8.069/90, excetuadas aquelas que impliquem 
semiliberdade ou internação do menor. 
- O Conselho Tutelar é órgão integrante do Poder Executivo municipal – sem natureza jurisdicional (art. 131), não 
obstante seu trabalho traga consequências que serão discutidas no Judiciário. Suas características são: 
permanente, autônomo e não jurisdicional. Destaca-se que as despesas de funcionamento do Conselho Tutelar 
devem ser suportadas pelo erário municipal ou distrital, ou seja, não podem ser utilizados os recursos do fundo 
municipal de direitos da criança e do adolescente. 
- As atribuições do Conselho estão no art. 136, ECA. Podem-se citar, em especial, dentre outras: 
 Atender crianças e adolescentes em situação de risco com possibilidade de aplicação de medidas de 
proteção, exceto colocação em família substituta (não pode aplicar medidas socioeducativas) e acolhimento 
familiar; 
 Atender e aconselhar pais e responsável com possibilidade de aplicação de medidas a eles pertinentes (art. 
129, ECA); 
 Noticiar ao MP a prática de infração administrativa ou penal contra criança ou adolescente e representar 
para ações de perda ou suspensão do poder familiar. 
- O Estatuto da Criança e do Adolescente, de acordo com a doutrina e o entendimento do STJ, adotou o princípio 
do juiz imediato, segundo o qual o foro competente para apreciar e julgar as medidas, as ações e procedimentos 
que tutelam interesses, direitos e garantias positivadas no ECA, é determinado pelo lugar onde a criança ou o 
adolescente exerce, com regularidade, seu direito à convivência familiar e comunitária, quer seja no domicílio dos 
pais do responsável ou da entidade de acolhimento institucional. 
- O STJ editou súmula dispondo que a competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de 
criança ou adolescente é em princípio o foro do detentor de sua guarda. Em caso de conflito, é prevalecente a 
competência: a) do juízo do domicílio de quem já exerce a guarda, b) do juízo em que ficarem mais bem 
atendidos os interesses da criança e do adolescente. 
 
 
 
26 
 
- É competência da autoridade judiciária disciplinar a entrada e permanência de criança ou adolescente em 
determinados locais, desacompanhados de seus pais ou responsável, bem como sua participação em espetáculos 
públicos e concursos de beleza. Mediante portaria o juízo disciplina as situações previstas e através de alvará a 
empresa interessada obtém autorização para realizar o evento. O objetivo dessa regulação é, como sempre, a 
proteção integral da criança e do adolescente, pois se busca evitar

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