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18/03/2018 1 Disciplina: Gestão tributária Aula: 4 Profa. Dra. Aline Fagundes dos Santos Teófilo Otoni/MG, 16 de Março de 2018. aline.fagundes@ufvjm.edu.br PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA No Brasil, sua aparição ocorreu na Constituição Federal de 1934, no art. 124; Na Constituição Federal de 1988, temos sua vigência no art. 145, III, não se fazendo limites, nem mesmo ao custo ou à valorização do imóvel: “Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas”. II- ESPÉCIES DE TRIBUTOS 18/03/2018 2 Assim, como as taxas a contribuição de melhoria é um tributo vinculado; A contribuição de melhoria é exigida em virtude da valorização de imóvel decorrente de obras públicas; Se não houver a valorização imobiliária não pode haver a contribuição de melhoria; A existência da contribuição de melhoria tem fundamento ético- jurídico no princípio do enriquecimento sem causa; Conforme o STF, a valorização imobiliária é requisito inafastável, desta forma o fato gerador do tributo não é realizar uma obra pública, mas sim a valorização imobiliária do imóvel em razão da obra pública; O CTN, em relação a contribuição de melhoria estabelece: “Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; 18/03/2018 3 c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo”. Ricardo Lobo Torres, menciona também:“a contribuição de melhoria é tributo afinado com ideia de justiça fiscal, subordinando-se ao principio do custo/benefício, embora não lhe seja estranho o princípio da capacidade contributiva”. CONCLUSÃO: Evitando o enriquecimento ilícito do particular, a contribuição de melhoria respalda-se no fundamento moral de que se deve indenizar o Estado por essa vantagem econômica especial, ainda que não a tenha requerido. OBRA PÚBLICA (global) + VALORIZAÇÃO DO IMÓVEL (individual) = CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA INSTITUÍDA POR LEI 18/03/2018 4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO A Constituição Federal de 1988, disciplina o empréstimo compulsório: “Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição”. Natureza jurídica do empréstimo compulsório: contrato ou tributo Ao longo da história tivemos duas teorias que tentavam explicar a natureza jurídica do empréstimo compulsório: a primeira sustentava que o empréstimo compulsório não era tributo, mas um "empréstimo público"; a segunda, congregando a maioria dos estudiosos da matéria, defendia que o empréstimo compulsório não era empréstimo público, mas, verdadeiramente, um tributo. Atualmente a doutrina dominante de Direito Tributário entende que o empréstimo compulsório apresenta-se como um verdadeiro tributo! Assim, os empréstimos compulsórios são empréstimos forçados, coativos, porém restituíveis, ou seja, na ocorrência do fato gerador, surge a obrigação de “emprestar” dinheiro ao Estado; 18/03/2018 5 A competência para a criação de empréstimos compulsórios é exclusiva da União. Esta é uma regra sem exceção; A instituição dos ECs só é possível mediante lei complementar; Os pressupostos fáticos de incidência do empréstimo compulsório foram devidamente previstos pelo legislador na CF/88, art. 148, I e II: a) despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência; (não há necessidade de respeito ao principio da anterioridade tributária e da noventena – em razão da extrema urgência) b) investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional; A aplicação dos recursos provenientes dos ECs será vinculada a despesa que fundamentou a sua instituição; CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS As contribuições estão previstas na CF/88: “Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo”. Desta forma temos as seguintes possibilidades de instituição de contribuições: a) As contribuições sociais; b) As contribuições de intervenção no domínio econômico/CIDE; e c) As contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas. 18/03/2018 6 A competência para a criação das contribuições do art. 149 é destinada exclusivamente a União. Entretanto, o § 1º do mesmo artigo traz uma exceção importante: § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) No art. 149-A da CF/88, tem-se também uma nova categoria: Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na faturade consumo de energia elétrica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) Atualmente, tem-se o seguinte quadro em relação as contribuições especiais: I - Contribuições sociais a) Seguridade social; b) Outras contribuições sociais; e c) Contribuições sociais gerais. II - Contribuição de intervenção no domínio econômico/CIDE III - Contribuições corporativas IV - Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública 18/03/2018 7 Passamos agora a análise de cada bloco, iniciando pelas contribuições sociais, que comportam a seguinte divisão: a) Seguridade social: No tocante a esta espécie, citada no art. 149, da CF/88, o art. 195, do mesmo diploma dispõem sobre quais bases econômicas podem incidir tais contribuições (fontes de financiamento). Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) A cobrança das contribuições de seguridade social está submetida a um prazo de noventa dias (princípio da noventena), contados da data em que for publicada a lei que as houver instituído ou aumentado. 18/03/2018 8 IMPORTANTE! As contribuições de seguridade social obedecem a anterioridade nonagesimal, mas podem ser cobradas no mesmo exercício em que instituídas e majoradas, uma vez que o art. 195, § 6º, da CF/88, expressamente exclui tais contribuições da anterioridade. b) Outras contribuições sociais: Esta é uma contribuição prevista no art. 195, § 4º, da CF/88: 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. c) Contribuições sociais gerais: São contribuições sociais gerais aquelas destinadas a outras atuações da União na área social, como o salário educação e as contribuições para os serviços sociais autônomos (CF, art. 212, § 5º), e que não estejam vinculadas a seguridade social; Contribuições de intervenção no domínio econômico/CIDE A competência é exclusiva da União, e seu exercício, por não estar sujeito a reserva de lei complementar, pode se dar na via de lei ordinária ou da medida provisória; IMPORTANTE! As CIDEs são tributos extrafiscais. Os tributos extrafiscais são aqueles cuja finalidade precípua não é arrecadar, carrear recursos para os cofres públicos, mas sim intervir numa situação social ou econômica. Já nas CIDE, a intervenção ocorre pela destinação do produto da arrecadação a uma determinada atividade, que, justamente por conta desse “reforço orçamentário”, tem-se por incentivada. A previsão legal para a cobrança da CIDE, tem amparo na CF/88, no seu art. 177: 18/03/2018 9 Art. 177. Constituem monopólio da União: § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) a) diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) II - os recursos arrecadados serão destinados: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Contribuições corporativas São contribuições corporativas aquelas criadas pela União com o objetivo parafiscal, ou seja, de obter recursos destinados a financiar atividades de interesses de instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais ou econômicas; 18/03/2018 10 A CF prevê a criação de duas contribuições sindicais: a) A contribuição fixada pela assembleia geral para o custeio do sistema confederativo do respectivo sindicato; e (voluntária) b) Contribuição fixada em lei, cobrada de todos os trabalhadores. (natureza tributária até a Reforma Trabalhista), tendo em vista a alteração da CLT: Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) Obs: Esta situação ainda está indefinida, tendo em vista ações judiciais questionando a constitucionalidade do dispositivo; Contribuições corporativas para o custeio das entidades de fiscalização do exercício de profissões regulamentadas: Contribuições típicas de utilização do tributo com finalidade parafiscal, uma vez que se está diante de um caso em que o Estado cria o tributo por lei e atribui o produto de sua arrecadação a uma terceira pessoa que realiza atividade de interesse público. Ex.: CREA, CRM, OAB, etc. Contribuição de iluminação pública/COSIP É aquela contribuição de competência dos Municípios e do DF, prevista no art. art. 149-A, da CF/88, instituída para custear o serviço de iluminação pública, que não atende aos requisitos de especificidade e divisibilidade, necessáriospara serem financiados mediante a instituição de taxa;