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57 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista A PRAGMÁTICA DO STRESS: CONCEITOS E RELEITURAS NO AMBIENTE EMPRESARIAL MENDONÇA, Minéia Bignardi 1 SOLANO, Alexandre Francisco 2 RESUMO O presente artigo objetiva analisar o conceito de stress, observado nas diversas áreas da vida humana e nitidamente na relação do homem com o seu trabalho. Aliás, o stress é uma constante desde os tempos remotos. Embora hoje, temos a ciência de seus efeitos positivos e negativos aqui debatidos. Assim, o objetivo central do presente estudo é apontar os fatores relacionados com o estresse no ambiente empresarial e na prática administrativa. Através de um estudo bibliográfico, nota-se que os níveis de estresse, quando em patamares elevados, podem gerar perdas no desempenho profissional. Palavras-chave: Administração; Estresse; Efeitos positivos; Efeitos negativos; Estressores. ABSTRACT This article aims to analyze the concept of stress, observed in various areas of human life and clearly the relationship between man and his work. In fact, stress is a constant since ancient times. Although today we have the science of its positive and negative effects discussed here. Thus, the central aim of this study is to point out the factors related to stress in the business environment and administrative practice. Through a bibliographical study, we note that the stress levels, while at high levels, can cause losses in performance. Keywords: Administration; Stress; Positive effects, Negative effects; Stressors. 1 Graduanda em Administração pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora Aparecida – UNIESP Sertãozinho-SP. E-mail: mineiabignardi@gmail.com. 2 Mestre em História Social e graduado em Letras e História pela UFU. Professor do Curso de Letras, Administração e Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora Aparecida – UNIESP Sertãozinho-SP. E-mail: onalos2@ig.com.br. 58 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista INTRODUÇÃO: STRESS CAMINHOS E DESCAMINHOS Atualmente, o assunto stress é muito discutido, pois representa um dos fatores causadores das alterações do organismo do indivíduo, que pode levá-lo às doenças ou até, supostamente, à morte. Aliás, seus primeiros sintomas foram percebidos pelo homem na antiguidade, quando o mesmo lutava por sua sobrevivência. Entretanto, o primeiro termo, stress, foi utilizado por Hobert Hook, na área da física, tentando traduzir as sobrecargas, esforços ou pressões, em meados do século XVII (WESTFALL, 2008). Hoje, o conceito de stress é muito contestado por suas várias definições. Todavia, apesar de todas as discussões, os estudiosos ainda não chegaram a um acordo. Selye (1956), chamado “o pai da teoria stress”, atribuiu a definição partindo do aspecto biológico. Definiu esse estado como uma síndrome, ou seja, fruto de um alto nível de desgaste causado pela vida. Dessa forma, o pesquisador partiu do pressuposto de que esse não é uma tensão nervosa, nem possui relação com o desequilíbrio da homeostase. Lembrando que esse outro conceito – a homeostase – refere-se ao equilíbrio do organismo, entendemos que a sua interrupção ou o seu desequilíbrio gera o principal sintoma do stress. Lipp (1996), afirma que os fatores, causadores da instabilidade da homeostase interna, podem ser considerados estressores, ou seja, qualquer agente capaz de gerar características de stress. Contudo, independente do que aconteça no ambiente externo, é necessário manter o equilíbrio interno para o bem da saúde do indivíduo. Em seu livro “O stress está dentro de você” Lipp (1999, p.36), reitera sua ideia dizendo que “o stress é uma tensão, que por consequência propicia um desequilíbrio no organismo do sujeito”. Os estressores podem ser bons (positivos) ou ruins (negativos); tudo vai de acordo com a interpretação do indivíduo às reações que lhe são impostas, gerando, assim, sintomas tanto físicos como psicológicos. A consequência, disso é o stress, que pode ser interpretado de duas formas: • Eustress (positivo): aquele que a tensão é recompensada pelos resultados obtidos; • Distress (negativo): aquele em que o indivíduo acaba ficando doente devido a tantas pressões e sobrecargas submetidas. 59 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista Segundo os pesquisadores Lazarus e Launier (1978, p.187), o stress é definido como: Qualquer evento que demande do ambiente interno ou externo que taxe ou exceda as fontes de adaptação de um indivíduo ao sistema social ou tissular. Os avanços teóricos no conceito e abordagem do stress se baseiam principalmente nas considerações segundo as quais o indivíduo tem capacidade para controlar as repercussões fisiológicas decorrentes do efeito desencadeado pelos stressores. Esses estressores, de acordo com os mesmos autores, podem ser externos ou internos. Seguindo a mesma linha Lipp (2001), cita um pouco sobre quais seriam esses fatores. No caso dos externos, sua identificação é muito clara, pois está incorporada às mudanças que o indivíduo pode passar, como por exemplo, aquelas enfrentadas na “sociedade moderna”, que são notáveis, extasiadas, estimuladoras e, muitas vezes, aceleradas, exigindo certa adaptação, principalmente, no seu novo ritmo; ou até mesmo naquela disputa ou receio em relação à outra pessoa, pressões, ambição entre outros. Os estressores internos, não obstante, podem ser métodos errados de analisar o que acontece na vida, ao criarmos expectativas e sonhos que não poderão existir ou algum estado emotivo. Essas pesquisas afirmam que, ao longo de um período de proximidades constantes, com fatores que geram stress no trabalho, podem ser provocados também desgastes físicos além dos psicológicos, prejudicando sua qualidade de vida e dando, assim, início a um procedimento de stress. Logo, complementa-se com um segmento que define stress como: Uma relação particular entre uma pessoa, seu ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela pessoa como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias habilidades ou recursos e que põe em perigo o seu bem-estar (RODRIGUES, 1997, p.32). Voltando-se a essa definição de modo mais didático, ao denominar o stress como Síndrome Geral de Adaptação, abrangendo o tema e subdividindo-o em três fases, temos: - Primeira fase – Reação de alerta: Após o primeiro contato com o agente estressor, o corpo já começa a sofrer algumas mudanças peculiares, que vem juntamente com a diminuição da resistência, o que pode até acarretar a morte do indivíduo, se este agente for eficaz o suficiente para isso; 60 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista - Segunda fase – Fase de relutância: Ocorre se o contato com o agente estressor passar a ser relativo com a adaptação do sujeito. Este por sua vez, não apresentará vestígios específicos da reação de alerta e a defesa surgirá acima do esperado; - Terceira fase – Fase de cansaço: Posteriormente a um contato prolongado com o mesmo agente estressor, o qual o organismojá se acostumou, a disposição em adaptar-se consequentemente acaba. Os vestígios da reação de alerta voltam, ainda mais fortes, inconvertíveis e o sujeito vem a óbito. O stress já foi conceituado também como uma analogia específica entre a pessoa e o ambiente na qual essa é submetida. Todavia, alguns autores entendem que o stress está ligado ao estado emocional do indivíduo, quando se vê diante das mudanças da vida; porém se preocupando em não perder o caráter científico. Castiel (1994, p.34), concluiu que “a teoria stress se designa em explicações para discutir o procedimento entre doença e saúde”. De acordo com o autor, o termo stress pode ser compreendido como uma força efetuada a um corpo, que este mesmo se deturpa, tal como a sua proporção. Podemos considerar também como um nervosismo ou tensão física à exigência e, quiçá, à pressão que a fundamenta. Castiel (1994), também argumenta que podemos falar apenas da associação entre determinados tipos específicos de stress e doenças características, ou seja, não podemos debater a relação entre o stress e a doença em pontos abrangentes. Em síntese, compreende-se que o stress nada mais é que um desgaste total do organismo, unido a uma dificuldade de adaptação às mudanças. Já a etimologia da palavra stress deriva do latim, stringere, que significa apertar, pressionar (HOUAISS, 2001). Atualmente, a palavra tem o significado de pressão, por isso muitas pessoas quando estão se sentindo de alguma forma, pressionadas, seja por falta de tempo, dinheiro, sobrecarga, pressa, entre outros, estão numa situação de stress. O corpo não reage de forma adequada, com o equilíbrio do organismo, devido à total pressão exercida sobre o indivíduo. Este por sua vez, estando frágil ao stress, não se encontra hábil para lidar com os estressores causadores de tais sintomas. Não obstante, o stress ocupacional vem desempenhando uma função preocupante no meio social. Ele é distinguido como um dos perigos mais agravantes 61 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista para a saúde e segurança do ser humano. O stress referente ao trabalho é uma ameaça ao bem-estar dos indivíduos, que trabalham dentro da organização, sendo a maioria das enfermidades confrontada ao grau de agentes estressores. No emprego, esse sintoma baseia-se em uma perspicácia apontada por uma incerteza, desacordo e sobrepesos que concede de aspectos do funcionário e também da empresa (TETRICK, 1992). Ou seja, são vários os acontecimentos que colaboram para que o indivíduo passe por um experimento de stress. Atualmente, algumas pesquisas constataram que o local de trabalho, as condições da corporação e algumas relações entre o trabalho e o trabalhador auxiliam nas reações que a pessoa tem em relação ao stress. Assim sendo, a estrutura organizacional acaba sendo comprometida, com um funcionamento negativo, diminuição no seu padrão, aumento da “rotatividade”, ausências e funcionários mais agressivos no trabalho (QUICK et al., 1997, apud ROSSI et al., 2005). O stress no ambiente de trabalho vem como uma “resposta aos estressores causadores, que podem ser fisiológicos, psicológicos ou comportamentais” (ROSSI et al., 2005, p.105). Os funcionários acabam se prejudicando por não conseguirem resistir aos estressores no local de trabalho e, consequentemente, isso afeta a organização empresarial. Quando uma pessoa começa a sentir os primeiros sintomas do stress é porque isso deve ter decorrido de alguns fatores que podem dar o início a essa doença. Um dos mais acusados é o tempo, responsável pelas pressões no trabalho e no começo da maior parte dos problemas relacionados ao stress. “Prazos finais que se aproximam, tempo que se esgota, tanta coisa a fazer e não há tempo suficiente para tudo – o dia nunca parece suficientemente longo para tudo que precisa ser feito” (FRANÇA-LIMONGI, 2009, p. 62). O autor ressalta alguns ditos que são ouvidos no decorrer do dia a dia, dentro e fora do trabalho, para justificar a falta de tempo para resolver os seus problemas. Para muitos, um limite estabelecido para a entrega de algo representa o princípio de um grande problema, pois quanto mais perto chega esse tempo limite mais as tensões crescem. O excesso de trabalho também é um fator relevante, uma vez que a imposição na produção eficiente faz com que as pessoas trabalhem com mais empenho e sintam essa sobrecarga, desencadeando os primeiros sintomas do 62 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista stress. Consequentemente, a sobrecarga também vem a ser um fator, pois quando não há tempo para a realização de seus deveres estabelecidos, nem mecanismos para que um trabalho seja bem feito, acontece uma instabilidade ou conflito entre as imposições do trabalho e a competência do funcionário em deferir aquilo que lhe é imposto (ROSSI et al., 2005). Dando segmento, Wilson (2000), destaca também que um dos principais fatores é o controle, já que quanto menos esse for efetuado sobre sua atividade e sobre o universo que é vivido, maior a possibilidade de que a pessoa sofra algum nível de stress como ira, aflição, receio, entre outros. O maior elemento causador da falta de controle é o próprio indivíduo, pois existem alguns confrontos entre o que pensar, a sua própria característica, e o que realmente acreditar. A ausência de controle pode decorrer de vários elementos, sendo que, quando um funcionário não tem autorização para utilizar sua capacidade ou conhecimento para por em prática o seu parecer, se sentirá inseguro e dependente dentro do seu trabalho (ROSSI et al., 2005). Esse exemplo citado pode gerar uma insatisfação por parte do individuo, causando uma indignação, na qual este pode perder o controle dentro do seu local de trabalho. A insatisfação com o salário também é um ponto muito importante, isso decorre quando um funcionário acredita que não recebe o devido valor necessário pela sua atuação dentro da empresa. “É muito importante para as pessoas que alguém note o que elas fazem e que alguém se importe com a qualidade de seu trabalho” (ROSSI et al, 2005, p. 48). Devido a esses vários fatores citados, que são considerados os estressores organizacionais, o indivíduo pode se deprimir diante das situações, avistando-se em uma posição insuportável. Essa consequência faz com que o indivíduo desenvolva alguns danos, não somente para a sua saúde, mas também para a organização da empresa. O sujeito demonstra-se mais irritado, com menos disposição, baixo rendimento e falta de interesse pelo serviço. 63 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista 1. FATORES ATUANTES DO STRESS SOBRE O INDIVÍDUO EM DIVERSAS OCUPAÇÕES “A natureza do trabalho está mudando muito rapidamente. Talvez agora mais do que nunca o stress no emprego represente uma ameaça para a saúde dos trabalhadores e por sua vez, para a saúde da organização” (ROSSI et al, 2008, p. 189). É necessário, a partir do exposto, se atentar mais aos resultados que o stress vem causando no ambiente de trabalho. Um perfil desse stress, que é analisado e bastante estudado atualmente, é o burnout, provocando uma “reação prolongada” em relação aos estressores permanentes no ambiente ocupacional. Existem três aspectos que são principais com respeito ao burnout, “a exaustão, o ceticismo, e um sentimentode ineficácia profissional” (ROSSI, et al, 2008, p.3). Segundo o mesmo autor, há uma gradação respectiva entre tais elementos, sendo que um ocorre em decorrência do outro, dando um segmento às suas consequências. O burnout foi citado neste para explicar a sua associação às inúmeras maneiras de comportamento negativo dentro do ambiente ocupacional, como por exemplo, descontentamento, falta de comprometimento com a empresa, possibilidades de abandonar o emprego, ausência no trabalho, revezamento, entre outros. Não obstante, uma pessoa que está passando por esse tipo de problema, pode fomentar um embate negativo com seus companheiros de trabalho, ou até mesmo ocasionar conflitos, afetando tudo que esteja relacionado ao serviço. Esse perfil está automaticamente vinculado a tudo que for atribuído de ruim dentro do ambiente de trabalho, à proporção que os funcionários começam a realizar suas tarefas baseando-se apenas em fazer o básico e não a sua melhor dedicação. Esse tipo de síndrome é desencadeado por conflitos emocionais vinculados às condições e à organização do trabalho. “Destaque para os fatores psicossociais e organizacionais na gênese e no agravamento desses transtornos” (ROSSI, et al, 2008, p. 85). Outro fator que acontece em decorrência do stress é o sono. Esse pode sim ser considerado um problema eminente para as organizações. Rossi (2008, p.56), relata em seu livro, “Stress e Qualidade de Vida No Trabalho: O Positivo e o Negativo”, uma posição sobre o assunto: 64 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista Embora algumas pessoas acreditem que o sono e a sonolência estejam primordialmente sob controle de indivíduos, a pesquisa de 2008 da FNS conta uma história um tanto diferente. Os resultados sugerem que aspectos do trabalho e da própria vida organizacional (por exemplo, longas jornadas de trabalho) contribuem para criar os problemas de sono. Estimamos, assim, que o sono no ambiente de trabalho pode promover muitas ações negativas para as empresas. Krauss (2003), propôs que os estressores do trabalho poderiam ser prováveis premissas para que se origine o sono no ambiente ocupacional. Tal pesquisa, também, decorre de evidências, partindo de trabalhadores, que demonstram a dificuldade que muitos encontram durante suas horas de sono; transtornos da empresa promovem a dificuldade noturna à necessidades evidentes dos trabalhadores. O stress, assim, existente em diversas profissões, atribuições ou funções no trabalho, foi muito debatido em vários artigos publicados. Posto isto, distintas ocupações são relacionadas ao ponto que possuem graus de stress com nível superior esperado ao da média. CONCLUSÃO Há vários estressores ligados ao trabalho que podem ser correlacionados aos efeitos negativos do stress. Quando o grau desse stress eleva-se, é muito provável que isso tenha sido causado por alguns desses elementos como: a característica do seu trabalho (sua função) e a existência de estressores dentro do próprio ambiente empresarial. De outro modo, como esse sujeito é auxiliado ou amparado também no meio familiar, não só no trabalho, assim como os métodos de coping (estratégias que são utilizadas dentro da empresa para lidar com situações agravantes ou de risco) que são empregados para lidar com o stress. Em algumas funções, há uma grande possibilidade de um envolvimento emocional das pessoas por conta da sua finalidade no trabalho, isso favorece o sujeito a se tornar mais suscetível ao stress. Kahn (1993) apud Rossi et. al. (2008, p.67), recomenda que “os cuidadores (por exemplo, enfermeiros e assistentes sociais) estão mais propensos a sofrer de exaustão emocional porque têm que demonstrar emoções intensas em seu trabalho”. 65 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista Há também outros tipos de estressores que podem ser muito perceptíveis, como “a ameaça de violência (por exemplo, assistente social, policial), falta de controle em relação ao trabalho (por ex., call centers) ou sobrecarga de trabalho (por ex., magistério)” (KAHN, 2008, p. 67). Algumas pessoas quando passam por algum problema buscam alternativas mais drásticas, muito comuns, porém perigosas, totalmente inviáveis, o que é o caso de indivíduos que se tornam dependentes do consumo de bebidas alcoólicas, buscando ali a solução para seus problemas. Selligman-Silva (1995) apud Rossi et al. (2008), relata que isso, muitas vezes, pode ser responsabilizado pelas relações de conjuntura de trabalho, que correspondem aos elementos que podem ser tanto psicológicos como sociais, porém de perigo para o trabalhador, que são: nas funções menos favorecidas, como de coletor de lixo; nas funções de alto risco como garimpo, ou aqueles que trabalham na construção; nas profissões maçantes como a do vigilante. Rossi at al. (2008, p.85), relata que também existe algumas características apresentadas do indivíduo estressado, relacionadas à transtornos psicológicos. O sujeito se vê diante de uma situação sem qualquer saída, com problemas intermináveis e a frente de muitos obstáculos. Ele relaciona sua solução à sua fragilidade e as respostas são dadas por meio de várias formas de depressão, que são: Clinicamente caracterizados, segundo a CID-10, por humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando à fatigabilidade aumentada e à atividade diminuída; concentração e atenção reduzidas; autoestima e autoconfiança reduzidas; ideias de culpa; ideias ou atos autolesivos ou suicídio; sono perturbado; apetite diminuído; outros. Atendo-se ao ponto de vista do ambiente de trabalho, os transtornos depressivos, podem se apresentar por intermédio de modificações corporais aliados aos incidentes que podem ocorrer dentro desse ambiente ocupacional, ao consumo excessivo de bebida alcoólica e ausências frequentes no trabalho. Concluímos que, com o crescimento mundial financeiro e a integração entre países, obtivemos muitos resultados e um deles foi o crescimento de viagens internacionais à trabalho, prestando serviços para as organizações. Essa também é uma das profissões que se enquadram no stress, pois esse tipo de viagem é uma peça primordial de quem trabalha com isso e se qualifica por requisitar um grande 66 MENDONÇA, M. B.; SOLANO, A, F. 04, nº 1, p. 57-67, JAN-JUN, 2013. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista empenho e competência por parte do seu funcionário, passando, assim, a desenvolver um aspecto negativo, se convertendo em estressores. As viagens de negócios podem acabar elevando o grau de stress do indivíduo, acarretando problemas psicológicos e físicos, o que pode bloquear o sujeito nas suas funções, provocando uma diminuição no êxito da organização. Enfim, o estresse denota-se a partir de reações notórias, tanto por aspectos emotivos como comportamentais, chegando a ser nítido em ações físicas, agravando-se não só em viagens, como citado, mais em todo e qualquer ambiente que propicie situações problemáticas, que se tornam repetitivas. Por isso, a necessidade de observar na pragmática como conviver e sanar, em partes, os altos níveis de estresse no trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTIEL, L. D. O Buraco e o Avestruz: a singularidade do adoecer humano. Campinas: Papirus, 1994. FRANÇA-LIMONGI A. C. Qualidade de vida no trabalho – QVT: conceitos e práticas nas empresasda sociedade pós-industrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. HOUAISS. Diciionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 LAZARUS, R. S.; LAUNIER, S. Stress related transaction between person and environment. In: Dervin LA, Lewis M. Perspectives in international psychology. New York: Plenum; 1978. LIPP, M. E. N. Pesquisas sobre stress no Brasil: Saúde, ocupações e grupos de risco. Campinas: Papirus, 2001. LIPP, M. N.; MALAGRIS, L. N. Manejo do estresse. In: RANGÉ, Bernard. Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa, prática, aplicações e problemas. Campinas: PSY, 1999. RODRIGUES, A. I. 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