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Carcinoma de Esôfago Revisão anatômica Introdução Divisões: Porção Cervical: 7 cm – de 16 até 23 cm da arcada dentária Situa-se entre a traqueia e coluna vertebral Região mais estreita do esôfago – EES Porção Torácica: 15 cm – de 23 cm até 38 cm da arcada dentária Passa por trás do brônquio esquerdo. Entra à E no mediastino superior, entre a traqueia e a coluna vertebral. Porção Abdominal: 2 cm – de 38 cm até 40 cm da arcada dentária Repousa sobre o diafragma e pressiona o fígado, formando nele a impressão esofágica. Atravessa o hiato esofágico Zonas de constrição: Esfíncter esofágico superior (EES): Localização: Junção faringoesofágica Origem: Parte cricofaríngea do músculo constritor inferior da laringe Características: Voluntário; Parte mais estreita do esôfago Arco aórtico: Localização: Posterior// ao brônquio E Constrição combinada: Arco da aorta e brônquio principal E Não há nenhuma relação com a carina Esfíncter esofágico inferior (EEI): Localização: 38 cm da arcada dentária, acima do hiato diafragmático Hipotonia: Refluxo – Hérnia de Hiato Hipertonia: Acalasia – Degeneração das céls ganglionares do plexo mioentérico parassimpático Outras estruturas: Hiato esofágico: Abertura do pilar D do diafragma, no nível de T10 Dá passagem aos troncos vagais ant e post, ramos esofágicos dos vasos gástricos E e alguns vasos linfáticos Junção esofagogástrica: Esquerda de T11, no mesmo nível que a extremidade do apêndice xifoide Linha Z: Linha zigue-zague em que há mudança abrupta da mucosa - Epitélio escamoso estratificado em epitélio colunar juncional Hiato aórtico: Posterior// ao ligamento arqueado mediano, no nível da margem inferior de T12 Não perfura o diafragma e dá passagem a aorta, ducto torácico e às veias ázigo e hemiázigo Inervação e Vascularização Irrigação Cervical: Aa tireóideas inferior e superior Tronco tireocervical → A subclávia D → Aa tireóidea inferior e superior Torácica: Aa brônquicas, Aa intercostais e ramos das Aa esofágicas – que são ramos diretos da aorta Abdominal: Artéria frênica Inferior ← Aorta abdominal Artéria gástrica Esquerda ← Tronco celíaco Drenagem venosa Cervical: Vv tireóideas inferiores → V subclávia E e V braqiocefálica D → Veia cava superior Torácica: Vv esofágicas → drenam para vv ázigo e hemoázigo Comunicação do sistema porta com a VCS ← anastomose entre as tributárias da veia gástrica esquerda e veias esofágicas. Abdominal: V gástrica E e vv frênicas D Drenagem linfática Drenagem das camadas submucosa e muscular Linfonodos paratraqueais e cervicais profundos Cervical → Linfonodos: Paratraqueais, Cervical profundo lateral e Jugular interno Torácica → Linfonodos: Paratraqueais, Paraesofágicos, Subcarinais, Mediastinais posteriores e Traqueobrônquicos Abdominal → Linfonodos paraesofagianos, diafragmáticos, gástricos e celíacos Metástase: Estruturas cervicais: linfonodo cervical profundo lateral e jugular interno Mediastino superior: Paratraqueais, Paraesofagianos, Subcarinais e Traqueobrônquicos N laríngeo recorrente, Artéria braquicefálica e Arco infra-aórtico Hilo pulmonar e Bifurcação traqueal Mediastino inferior: Paraesofagianos, diafragmáticos, gástricos e celíacos Coração, Tronco celíaco e AHC Pequena curvatura e artéria gástrica E Adenocarcinoma → Cavidade abdominal Carcinoma epidermoide → Intratoráx Nódulo de Virchow – linfonodos da fossa supraclavicular endurecidos e palpáveis Nódulo de Irish – linfonodos da região axilar endurecidos, imóveis e palpáveis Inervação Intrínseca: Plexo nervoso submucoso = Meissner – próxima do limite da camada submucosa (Aferência) Plexo nervoso mioentérico = Auerbach – entre o ML circular e longitudinal da camada muscular (Eferência - peristaltismo) Cervical: Somática, Sensitiva e Motora Fibras somáticas ← ramos dos nervos laríngeos recorrentes Fibras vasomotoras cervicais ← troncos cervicais profundos Inferior: Vagal – Parassimpática: Peristalse Ramos gástricos ant e post Núcleo ambíguo: MEE – corpo do neurônio: medula Núcleo dorsal motor: ML – corpo do neurônio: plexo auerbach Plexo esofágico – Simpática e Sensitiva Visceral Simpático: nn esplâncnicos torácicos Sensitiva visceral: Núcleo do trato solitário Histologia, Embriologia e Fisiologia Histologia Camada/Órgão Esôfago Estômago Mucosa EEPNQ com Lâmina própria; Camada muscular da mucosa; Glândulas túbulo-acinosas; TCF; Há pregas e dobras! ECS; Lâmina própria; TCF; Fossetas; Glândulas tubulares; Camada muscular da mucosa; Não há pregas, há dobras! Submucosa Glândulas túbulo-acinosas; TCD; Plexo nervoso submucoso; TCD; Plexo nervoso submucoso; Muscular MEE – terço superior; C. m. circular interna (ML); Plexo nervoso mioentérico; C. m. longitudinal externa (ML); Camada oblíqua interna; Camada circular média; Camada longitudinal externa; Plexo nervoso mioentérico; Adventícia TCF Entre as adventícias, tem tecido adiposo Serosa Não há TCF e mesotélio Camadas: Mucosa, Submucosa, Muscular, Adventícia e Serosa Mucosa e Submucosa formam pregas longitudinais quando esôfago não encontra-se distendido Mucosa: EEPNQ sobre uma lâmina própria com papilas de TCF Glândulas túbulo-acinosas restritas à lâmina própria 2 cm finais: Epitélio colunar simples Submucosa: Rede de fibras colágenas e elásticas e Vasos sanguíneos Plexo venoso submucoso Glândulas túbulo-acinosas: Localizadas abaixo da camada muscular da mucosa Organizadas em lóbulos drenados por um único ducto Muscular: 1/3 superior: Não organizada e formada por MEE 2/3 inferiores: Camadas musculares circular interna e longitudinal externa, entre elas há o plexo mioentérico 1/3 inferior: Ambas camadas formadas por ML Embriologia A partir da 3ª sem de gestação Origem: intestino anterior → Divertículo dorsal → Esôfago 6ª sem: Obliteração da luz no nível da carina e estreitamento na região da bifurcação traqueal 10ª sem: Diferenciação do endoderma em epitélio colunar estratificado ciliado 20 sem: substituição pelo epitélio escamoso estratificado Mesoderma: 1/3 superior: deriva dos arcos branquiais caudais (4º ao 6º arco faríngeo) e formam músculo estriado e é inervado pelo n vago 2/3 inferiores: derivam do mesoderma esplâncnico, formam músculo liso e são inervados pelo plexo esplâncnico Fisiologia Esfíncteres esofágicos permanecem contraídos sem estimulação da passagem do bolo alimentar Estímulo inicial: Ativação aferente sensorial do bolo alimentar na porção superior Refluxo de deglutição no esôfago inicia com o Relaxamento do EES Controle: Bulbo e porção inferior da ponte Nervos cranianos: musculatura faríngea e porção superior do esôfago Nervo vago: 2/3 inferiores do esôfago São geradas ondas peristálticas até que não se encontre mais alimento no esôfago Auxílio da gravidade Valores manométricos: EES: 60 mmHg → 2 mmHg EEI: 20 mmHg → 3 mmHg Megaesôfago chagásico e Acalasia Introdução Acalasia: Incoordenação de peristaltismo e Ausência de relaxamento do EEI, ocasionando em Sd disfágica crônica, sem estenose orgânica Causa: Destruição dos plexos nervosos intramurais do esôfago Consequências: Incoordenação motora e Estase de líquidos e de alimentos Evolução: Dilatação progressiva e ↓Capacidade de contração Sinônimos: Cardioespasmo/Frenoespasmo/Dolicoesôfago/Disfagia paradoxal Etiologia Megaesôfago idiopático (10%): Doenças auto-imune Doenças neurológicas Megaesôfago chagásico (90%): Agente etiológico: Trypanossoma cruzi (protozoário flagelado) Transmissão: Fezes contaminadas de vetores Vetores: Triatoma infestans, Rhodius prolixus e Panstrogylus megistus Epidemiologia Incidência: 30 a 50 anos Prevalência: 8/100 000 hab/ano Não há predomínio de sexo ou de raça Regiões endêmicas: Brasil, Argentina e Venezuela Fisiopatologia Destruição do plexo mioentérico (inibitório) Degeneração do n vago Relaxamento ausente/incompleto do EEI Perda de peristalse – ausência de contrações simultâneas ↑Lúmen e Hipertrofia da camadamuscular Sequência patológica Destruição neuronal (95%) → Ausência de peristalse → Perda de relaxamento do EEI → Estase esofágica → Hipertrofia mm → Exaustão, hipóxia e atrofia mm → Dilatação → Metaplasia epitelial → Ca epidermoide Fase aguda da doença de Chagas Quadro infeccioso inespecífico: Febre e Linfadenopatia Chagoma – processo inflamatório no local da picada Sinal de Romanã – edema bipalpebral unilateral Período de latência: até 20 anos Fase crônica da doença de Chagas Neuropatia inflamatória dos plexos nervosos mioentérico e submucoso Parasitismo direta do corpo da célula nervosa Neurotoxinas Mecanismo auto-imune – anticorpos anti-neurais ↓Linfócitos TCD4 e ↓céls T Infiltrado inflamatório mononuclear das camadas mucosa e submucosa Destruição de 95% das céls ganglionares do plexo mioentérico Destruição de 50% já inicia alterações na motilidade do esôfago Ondas peristálticas deixam de se propagar da faringe para o trajeto esofágico Não resposta do EEI Ausência de peristalse e Ausência de relaxamento do EEI Ausência de ondas peristálticas nos 2/3 inferiores do esôfago Não relaxamento do EEI impede correta passagem do alimento ao estômago Estímulo de contração torna-se mais forte diante da estase do bolo alimentar Contrações intensas que, progressiva//, perdem a força Hipertrofia da camada mm e ↑Lúmen A camada muscular inicial// espessa ↓Disponibilidade de O₂ às céls Fibras mm entram em hipóxia A camada mm vai se alongando, fibras mm são substituídas por TCF Agressão à camada e predisposição a alterações displásicas Estase do bolo alimentar agride mucosa → Esofagite, ulcerações e leucoplasias Facilita-se a proliferação bacteriana → Produção de nitritos e compostos carcinogênicos Dilatação, Metaplasia epitelial e Ca epidermoide Observações Megaesôfago idiopático: Destruição apenas do plexo mioentérico (auerbach) Não infiltrado inflamatório Apenas via inibitória é comprometida Megaesôfago chagásico: Destruição de ambos os plexos nervosos mioentérico e submucoso Comprometimento tanto na via inibitória quanto na excitatória Diagnóstico Quadro clínico Tríade clássica: Disfagia, Perda de peso e Regurgitação Disfagia: Início insidioso e evolução progressiva Geral// inicia para sólidos – paciente refere necessidade de ingerir líquidos para deglutir sólidos Evolui para uma disfagia paradoxal (p/ líquidos) Ou seja, a dificuldade se torna a deglutição de líquidos e não sólidos Ocorre devido ao ↑peso dos sólidos que ↑pressão do EEI p/ permitir a passagem do bolo alimentar Fator acompanhante: Dor retroesternal Geral// ocorre já na fase inicial Desencadeada pela estase do bolo alimentar Regurgitação (80%): Não precedida de vômitos Ocorre especial// em decúbito dorsal horizontal Complicação: inspiração Consequências: tosse noturna (20%), engasgamento, pneumonias, soluços Dispneia por compressão (sensação de sufocamento) Perda de peso (70%) Investigar causa: regurgitação, disfagia, sitofobia DD: Neoplasia de fundo gástrico infiltrado em esôfago Sialorreia Causa: Hipertrofia das parótidas e ↑Reflexo salivar Diagnóstico de doença de chagas Reação de Machado-Guerrero (sorologia) 90% de sensibilidade Pesquisa de anticorpos anti-Trypanossoma cruzi: Ensaio imunológico (ELISA) Imunofluorescência indireta (IFI) c/ conjugado anti-igG Hemaglutinação c/ antígenos T cruzi Pode diagnosticar no período de latência Se os 3 testes forem +, é dado diagnóstico definitivo e se forem -, o diagnóstico é excluído Exame radiológico contrastado Permite o diagnóstico de Acalasia Achados: Estase do contraste no trajeto esofágico “Rabo de rato” = “bico de pássaro” – afilamento gradual na região da transição esofagogástrica Ondas terciárias Ausência de bolha gástrica Restos alimentares Possibilita a classificação quanto ao grau de dilatação: Classificação Ferreira-Santos → Topográfica Grau I: < 4cm Esôfago funcional c/ boa tonicidade, porém c/ incoordenação Trânsito lento e sem dilatação Grau II: 4cm < diâmetro < 7 cm Dilatação presente, Retenção evidente da coluna baritada e contrações 3ª Grau III: > 7cm Grande dilatação, grande retenção de contraste, hipotonia/atonia Grau IV: >7cm + tortuosidade Dolicoesôgago – formato em “L” Classificação Rezende → Motilidade Grau I: Dificuldade de esvaziamento e leve hipotonia Surtos de ondas 3ª Sem dilatação Grau II: Contração da musculatura da cárdia (acalasia) Aumento moderado do calibre do esôfago Ondas 3ª frequentes Grau III: Evidente aumento do calibre do esôfago Porção distal com aspecto de “bico de pássaro” Geral// ocorre acinesia total do esôfago – violentas contrações da musculatura circular Grau IV: Grau III + Dilatação intensa do esôfago que apoia-se na hemicúpula diafragmática D → Dolicomegaesôfago Endoscopia digestiva alta Primeiro exame a ser feito na suspeita de megaesôfago Objetivo: Excluir causas orgânicas e Diagnosticar complicações Causas orgânicas: Neoplasia de fundo gástrico – oferece resistência, impossibilidade de visualização e retrovisão Achados: Discreta resistênciaProceder c/ Manometria e Radiografia contrastada Mucosa normal Líquidos/Restos alimentares em Estase – principal achado Dilatação Tortuosidade Manometria do esôfago Padrão-ouro de diagnóstico de Acalasia/Megaesôfago Avalia o relaxamento e a pressão do EEI – pré e pós-tratamento Também contribui p/ orientar o cateter da pHmetria Achado principais: Relaxamento ausente/incompleto do EEI Aperistalse do corpo esofágico – contrações simultâneas/ausentes Outros achados: ↑Tônus pressórico basal do EEI > 35 mmHg Pressão intra-esofagiana > Pressão intra-gástrica – sugere a presença de líquido no interior do esôfago Ou ainda: contrações com amplitude decrescente; ondas de contrações c/ múltiplos picos Acalasia idiopática: Maior pressão de repouso do EEI Tratamento, seguimento e prognóstico Complicações Bezoar (concreção que causa obstrução) Aspiração Divertículo em esôfago distal, Fístula esofagocardíaca, Pneumoperitônio, Pericardite supurativa Tratamento medicamentoso Nitratos: ↑[NO] nas céls MLMegaesôfago 1º Relaxamento do EEI Antagonistas de canais de Ca²⁺ - Difedipeno Toxina botulínica Inibidor de Ach – excita o tônus do EEI ↓Pressão do EEI e ↓Diâmetro do esôfago Indicação: idosos, alto risco cirúrgico, múltiplas dilatações e falha do tratamento cirúrgico Dilatação pneumática do cárdia → Megaesôfago II e III Tratamento conservador mais empregado Objetivo: romper as fibras do EEI, ↓Pressão do EEI e ↓Obstrução funcional do esôfago Função: Melhora o esvaziamento esofágico e a disfagia Complicação: Fibrose → Piora do quadro clínico Tratamento cirúrgico Megaesôfago não avançado: Cardiomiotomia de Heller-Pinotti Megaesôfago avançado: Esofagectomia subtotal, por via cervicoabdominal Indicações: Megaesôfago III e IV Megaesôfago II com sintomatologia importante Carcinoma de Esôfago Epidemiologia 6ª maior causa de morte por câncer no mundo: 286 mil óbitos/ano Sexo M (4:1) Regiões: Sul do Brasil, Irã, China e África do sul Tumores mais frequentes: Carcinoma espinocelular e Adenocarcinoma Carcinoma espinocelular é mais frequente Adenocarcinoma está aumentando especial// nos países desenvolvidos → ↑Esofagectomia Maioria se apresenta local// avançada, ou seja, em estágio T3 ou N1 Aumento na incidência na população mais jovem A extensão tumoral extraesofagiana está presente em 70% dos casos no momento do diagnóstico Sobrevida em 5 anos: CEC: 5 a 12% Metástases ganglionares: 3% Disseminação não ganglionar: 42% Quadro clínico Estágios iniciais: Assintomáticos/Mimetização de DRGE Pirose, Regurgitação e Indigestão Doença avançada: Sintomas Disfagia e Perda de peso: Obstrução > 2/3 da luz (24 a 12mm) Disfagia que evolui de sólidos para líquidos Fístula traqueoesofágica (FTE): Engasgos, Tosse e Aspiração Invasão direta do n laríngeo recorrente: Paralisia de prega vocal e Rouquidão Hematêmese, melena ou anemia – indica sangramento da lesão: mais frequenteem adenoCa Disseminação A falta de serosa do esôfago tende a favorecer a extensão local do tumor Infiltração: 2/3 superiores: Árvore traqueobrônquica Aorta N laríngeo recorrente E que circunda o arco aórtico 1/3 inferior: Diafragma Pericárdio Estômago Disseminação linfonodal: Acometimento de gânglios linfáticos, mediastino, fossa supra-clavicular e tronco celíaco Ocorre em 75% dos casos Principais órgãos afetados: Fígado e Pulmões Classificações Histologia: Classificação de Laurén (adenoCa) ou Grau de queratinização (CEC) Localização: Classificação de Siwert ( adenoCa) ou Divisões do esôfago superior (CEC) Profundidade: Tu malignos precoces: até a mucosa Tu malignos superficiais: até a submucosa Tu malignos avançados: da muscular até estruturas adjacentes ao esôfago Disseminação Carcinoma espinocelular (CEC) Origem: EEPÑQ Fator de risco: Álcool e Tabaco – mais ainda quando associados Epidemiologia Raro na juventude Faixa etária principal: 7ª e 8ª décadas Áreas endêmicas: 5ª e 6ª décadas Etnia negra Localização: 60% em 1/3 médio 30% em 1/3 distal Fatores predisponentes Álcool + Tabaco (x25) Hábito de longo prazo de ingestão de bebidas quentes Alimentos conservados em sal Sd de Plummer-Vinson – deficiências de vitaminas e ferro; acomete porção proximal Nitrosaminas nos alimentos defumados e enlatados Deficiência de minerais (Zn e Selênio) e vitaminas (A, C, E e B) Tilose palmo-plantar – hiperqueratose por doença autossômica dominante Megaesôfago – principal fator predisponente: 2,*% dos casos evoluem p/ CEC Necessária a realização de endoscopia com cromoscopia de lugol Fator causal: Estase esofágica Bactérias redutoras de nitrato na luz esofágica ↑[nitrito] Estenose caústica Ocorre principal// em pacientes submetidos ao tratamento prolongado por dilatação endoscópica Ingestão de agente corrosivo por longo período de tratamento Diagnóstico Cromoscopia de lugol – Megaesôfago Procedimento: Detecção de lesões com neoplasia intraepitelial de alto grau Delimita claramente as margens das lesões, facilitando a coleta de biópsias Apresentações macroscópicas na endoscopia: Polipoide: Crescimento de pólipo intra-luminar com superfície lisa com pedículo estreito Sobrevida em 5 anos de 70% Infiltrado: Crescimento intra-luminar denso e firme longitudinal e circular Ulcerado: Úlcera de base rasa com bordas leve// elevadas, hemorrágico e com enduração circunjacente Vegetante: Crescimento predominantemente intra-luminar com superfície ulcerada, extrema inabilidade e infiltração de estruturas mediastinais Classificação Histologia – grau de diferenciação celular (queratinização): Diferenciado (>75%), Moderadamente diferenciado (25 a 75%) e Indiferenciado (<25%) Indica o grau de agressividade do carcinoma Localização Superior: acima da bifurcação da traqueia Média: da carina até hiato esofágico Inferior: do ponto médio até junção gastroesofágica Adenocarcinoma (AdenoCa) Características gerais: Comportamento agressivo Esôfago distal Invasão transmural frequente em: Tecidos periesofágicos e Tronco celíaco Disseminação linfática: linfonodos do hilo esplénico Metástases para pulmões e fígado são menos frequentes Histologicamente, 3 locais possíveis: Glândulas submucosas do esôfago Ilhas heterotópicas do epitélio colunar Degeneração maligna do epitélio colunar metaplásico (Esôfago de Barrett) Epidemiologia 50% dos cânceres de esôfago em países desenvolvidos Aumento da incidência: ↑DRGE ↑Esôfago de Barret Dieta rica em gordura Raça: caucasiana/hispânica Fatores predisponentes Principal: Esôfago de Barret (x45 mais risco – 10% dos casos) Obesidade e dieta pobre em fibras e vegetais Não há fatores genéticos associados a esse câncer Tabagismo: Dificulta o controle da DRGE e está associado às suas formas mais complicadas Esôfago de Barret Definição: Metaplasia epitelial colunar substituindo a mucosa escamosa distal (EEPÑQ) atribuída à exposição prolongada ao refluxo gastroesofágico Risco para neoplasia é proporcional à extensão da displasia do epitélio colunar Fatores predisponentes próprios: Raça: caucasiana/hispânica Sexo M (7:1) Classe social baixa Idade > 50 anos IMC > 30 ↓Infecção por H pylori Prevenção contra adenocarcinoma: Tratamento precoce do esôfago de Barret Diagnóstico: Endoscopia e biópsia + Azul de metileno Tinge seletiva// céls caliciformes – áreas captantes com metaplasia intestinal Detecta lesões displásicas pela identificação de áreas hipocoradas e não coradas, direcionando a coleta de biópsia Normal: marrom (glicogênio) Alteração: amarelo/região clara Ausência de coloração → Displasia ou Metaplasia não-intestinal “Sinal da cor rosa”: mudança cor amarelada para rósea após 2 a 5min Baixos níveis de glicogênio células displásicas de alto grau ou carcinoma células escamosas de alta especificidade Classificações Histologia: Classificação de Laurén ou Grau de queratinização Localização – classificação de Siwert: Grau I: Esôfago distal – 38 cm da arcada dentária até junção gastroesofágica Grau II: Região cárdia – 2 cm acima e abaixo da transição esofagogástrica Grau III: Região subcárdia – > 2cm abaixo da transição esofagogástrica Diagnóstico Esofagograma com bário Indicação: Disfagia Diferencia: lesões intra-luminares das intra-murais; compressão intrínseca (massa em lúmen) da extrínseca (estrutura fora do esôfago) Achado clássico: Sinal da maçã mordida Leiomioma: Lesão de ângulo obtuso, ao inves de ângulo agudo Tumor benigno mais comum do esôfago Lesão à endoscopia: superfície lisa e recoberta por epitélio escamoso normal e íntegro Endoscopia digestiva alta A endoscopia com retirada de fragmento tecidual para biópsia é o melhor exame para o diagnóstico de câncer esofágico Caracterizar a lesão: Local (com relação a distância dos incisivos) Natureza: friável, firme, polipoide Extensão proximal e Extensão distal Relação entre a lesão do músculo cricofaríngeo, JGE e cárdia gástrica Distensibilidade do estômago Indica malignidade: Infiltração: Crescimento intra-luminar denso e firme longitudinal e circular Ulceração: Úlcera de base rasa com bordas leve// elevadas, hemorrágico e com enduração circunjacente Vegetante: Crescimento predominantemente intra-luminar com superfície ulcerada, extrema inabilidade e infiltração de estruturas mediastinais Rastreamento Cromoscopia com lugol + Biópsia Citologia esfoliativa Tomografia computadorizada Objetivo: Estadiamento Avalia a extensão do tumor, Espessura do esôfago e estômago, Avaliação de linfonodos (cervical, mediastinal e celíaco) e doença distante no fígado e pulmões Útil para determinar lesões T4, em que a lesão está invadindo estruturas circunjacentes Tc por emissão de pósitrons Avalia a massa primária, linfonodos regionais e doença distante Maior sensibilidade e especificidade Ultrassonografia endoscópica (USE) Capaz de predizer o estágio do tumor (prognóstico) e extensão da mestástase linfonodal Punção aspiração com agulha fina (PAAF): Detectar a invasão do linfonodo regional É necessário realizar a combinação Tc + USE para detectar mestástases distantes antes da PAAF USE+Tc: Determinar a extensão da disseminação tumoral intramural longitudinal Estruturas avaliadas: Linfonodos celíacos Fígado, Pulmões e Ossos Estruturas adjacentes: Aorta, Traqueia, Coluna torácica Estadiamento e Seguimento Estadiamento TNM “T” Tumor “N” Nódulos linfáticos “M” Metástase à distância Tx Sem acesso e avaliação Nx Sem acesso e avaliação Mx Sem acesso e avaliação T0 Sem evidência de tumor primário Tis Tumor “in situ” Displasia de alto grau N0 Não acometimento de linfonodos regionais M1a Esôfago torácico superior metastático para linfonodos cervicais T1 Invasão para lamina própria/muscular da mucosa/submucosa Não ultrapassa submucosa Esôfago torácico inferior metastatico para linfonodos do tronco celiaco T2 Invade, mas não ultrapassa camadamuscular própria N1a 1 a 3 linfonodos M1b Esôfago toracico superior metastático para outros linfonodos não regionais T3 Invade, mas não ultrapassa a camada adventícia N1b 4 a 7 linfonodos Esôfago medio metastático p/ linfonodos não regionais e outros sitios distantes T4 Invasão das estruturas adjacentes N1c > 7 linfonodos Esôfago toracico inferior metastatico p/ linfonodos não regionais e outros sitios distantes T4a: Ressecável, que invade a pleura, pericárdio, diafragma ou peritônio adjacente T4b: Irressecável, pode invadir aorta, corpo vertebral, traqueia Carcinoma espinocelular Estágios “T” “N” “M” Grau histológico Localização 0 Tis N0 M0 Bem diferenciado * Qualquer IA T1 Bem diferenciado* Qualquer IB T1 a T3 Moderada// diferenciado Bem diferenciado* Qualquer Baixa* IIA T1 a T3 Bem diferenciado* Moderada// diferenciado Alto/Médio Baixa* IIB T1 a T3 Moderada// diferenciado Qualquer Alto/Médio Qualquer IIIA T1 a T3 T4 N1 N0 Qualquer Qualquer IIIB T3 N1b IIIC T4 Qualquer N1 N1c IV Qualquer Qualquer M1 * ou sem possibilidade de avaliar Adenocarcinoma Estágios “T” “N” “M” Grau histológico 0 Tis N0 M0 Bem diferenciado * IA T1 Bem diferenciado* Moderada// diferenciado IB T1 a T2 Moderada// diferenciado Bem diferenciado* IIA T2 Pouco diferenciado IIB T3 Qualquer T1 e T2 N1 IIIA T4 T1 a T3 N0 N1 IIIB T3 N1b IIIC T4 Qualquer Qualquer IV Qualquer Qualquer M1 * ou sem possibilidade de avaliar Seguimento Condições clínicas do paciente <75 anos < 3 comorbidades Bom teste de função pulmonar e boa reserva cardíaca Perda de peso <10% Albumina <3,4g/dl Sem disfagia Tratamento Tratamento conservador: Esofagectomia + Interposição Gástrica Não realizar em casos de: Doença metastática Estômago extensa// comprometido pelo tumor Impossibilidade de margem livre de tumor Doença prévia Grande risco de comprometer o suprimento gástrico Tratamento paliativo Impossibilidade de realizar ressecção, invasão extensa das estruturas vitais, recidiva do tumor, metástase Objetivos: Aliviar disfagia e desconforto; Prover nutrição; Limitar a hospitalização Dilatação/Colocação de Prótese: Objetivo: Permitir a patência luminar para controle da saliva e para nutrição Permitir a avaliação por USE Risco de ruptura esofagiana/sangramento: 2% a 3% Não impede tratamento posterior com quimioterapia/radioterapia Procedimento: Anestesia local/geral → Dilatação da estonos a 42 ou 45 French → Identificação da lesão Prótese recoberta e expandida sob controle endoscópico e fluoroscópico Necessário a restrição de alguns alimentos após a colocação da prótese Sobrevida < 6m Adequada para fístula traqueoesofágica (FTE) Terapia fotodinâmica: É administrado endovenosa// um fotossensibilizador (éter de dihematoporfírina) – via endoscópio flexível Após 24 a 72 horas, o fotossensibilizador é retido pelo tumor em maior concentração que os tecidos normais, absorve a luz vermelha e produz radicais de oxigénio que destroem o tumor Depois de 3 dias, a esofagoscopia é repetida e o tecido necrótico é desbridado, mensal// Complicações: Desenvolvimento de fístulas Edema das mãos e face Fotossensibilidade Sobrevida = 9,5 meses Resposta completa em tumores de estádio I Pode ser utilizada em conjunto com quimioterapia e repetida indefinidamente Radioterapia: Objetivo: Destruir o tumor, suas extensões microscópicas e outros locais de metástases Necessário incluir margem de 5 cm circundando o tumor e cadeias ganglionares adjacentes Estruturas vulneráveis: pulmões, coração, medula espinal e medula óssea Pode ser usada em pré-operação para reduzir e controlar o volume tumoral e amplitude da invasão/disseminação Radioterapia externa (teleterapia) – radiação intracavitária Dosagem: 6000 a 6400 cGy Em frações diárias de 180 a 200 cGy 5 dias na semana, por 6 a 7 semanas O alívio da dor pode ser rapidamente obtido através de frações diárias crescentes Minimiza a exposição de estruturas adjacentes radiossensíveis, como pulmões e medula espinhal Paliação cirúrgica: Derivação com interposição de estômago/cólon Indicado para pacientes com disfagia grave ou FTE Sobrevida pós-operatória < 6m Mortalidade > 20% Telescafagem endoesofágica endotorácica Ressecção da camada mucosa esofágica e do tumor Utilização do tubo muscular do esôfago como uma capa proveniente do estômago Grande possibilidade de permitir deglutição normal e dieta habitual Mortalidade = 15% e Morbidade = 25% Complicações anastomóticas e respiratórias Tratamento curativo Esofagectomia < 50% dos pacientes são elegíveis para ressecção cirúrgica com intenção curativa no momento do diagnóstico Envolve drenagem linfática extensa – envolve os tecidos mediastinais circunjacentes 10% dos casos com margem cirúrgica do esôfago normal e remoção de 6 a 8 cm, ocorre recorrência tumoral na margem de ressecção Objetivo: Ressecção completa do tumor, macro e microscópica// Tipos: Transtorática: Laparotomia mediana para mobilização do estômago Toracotomia D para as lesões proximais, ou Toracotomia E para lesões distais Em bloco: Ressecção completa do esôfago Dissecção ganglionar através de laparotomia mediana de 2 campos (tórax e abdome) ou 3 campos (tórax, abdome e pescoço) Toracotomia D Incisão cervical para a anastomose proximal do tubo gástrico no esôfago cervical remanescente Transiatal: Incisão cervical para mobilizar o esôfago Anastomose proximal Laparotomia mediana para mobilizar esôfago e estômago Videoassistida: Videolaparoscopia Mobilizar o estômago e VATS para mobilizar o esôfago Incisão cervical para a anastomose do tubo gástrico no esôfago cervical remanescente Não envolve vantagem em relação a sobrevida relativa Quimioterapia Frequente// utilizada em pré-operatório Quando combinada com a radioterapia tem caráter paliativo Estratégia menos eficaz para tratamento do câncer Objetivo: Melhorar ressecção, diminuir volume tumoral e tratar as micrometástases Combinação de 2 ou mais drogas: cisplatina e 5-fluorouracil
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