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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Autorizada pelo Decreto Federal N 77.498 de 27/04/76 Reconhecida pela Portaria Ministerial N 874/86 de 19/12/86 Departamento de Ciências Humanas e Filosofia PROJETO DE CURSO DE FILOSOFIA BACHARELADO E LICENCIATURA Comissão de Implantação do Curso de Graduação em Filosofia FEIRA DE SANTANA AGOSTO/2010 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Autorizada pelo Decreto Federal N 77.498 de 27/04/76 Reconhecida pela Portaria Ministerial N 874/86 de 19/12/86 Departamento de Ciências Humanas e Filosofia REITOR José Carlos Barreto de Santana VICE-REITOR Washington Almeida Moura PRÓ-REITOR DE ENSINO DE GRADUAÇÃO Rubens Edson Alves Pereira DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA Onildo Araújo da Silva 1 COMISSÃO DE IMPLANTAÇÃO Prof. Ângelo Márcio Macedo Gonçalves – Presidente Prof. Marcelo Santana dos Santos Prof. Eduardo Chagas Oliveira Prof. Eliab Barbosa Gomes Prof. Julio Celso Ribeiro Vasconcelos Prof. João Alves Campos SUPERVISÃO DE TEXTOS Prof. Ângelo Márcio Macedo Gonçalves – Presidente Prof. Marcelo Santana dos Santos 1 Sumário Apresentação 1 Histórico e Princípios Gerais orientadores do Curso 2 Contexto de Inserção da Universidade Estadual de Feira de Santana 7 Bases Instiucionais para criação do Curso de Filosofia da UEFS 13 Exigências Sociais para Implantação do Curso de Filosofia na UEFS 19 Perfil do Egresso 25 Objetivos 32 Organização Curricular 34 Concepção e Procedimentos de Avaliação 74 Políticas para Implantação do Curso 77 Recursos Materiais 85 Referências Bibliográficas 87 1 I. Apresentação A presente proposta de formulação do Projeto Pedagógico do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Filosofia para a UEFS busca criar e oferecer uma graduação que esteja de acordo com as Diretrizes Curriculares para o Curso de Filosofia e possa ao mesmo tempo atender às necessidades e exigências sociais da região de atuação da UEFS. Este projeto está vinculado ao Documento de Referência para Elaboração de Projetos Pedagógicos da Universidade Estadual de Feira de Santana. Tal adequação, além de seguir os pontos que servem de balizamentos para o projeto, destina-se precisamente a atender ao desafio de formar profissionais competentes, politicamente comprometidos com a sua escolha vocacional e, mais do que isso, pessoas capazes de interferir na sociedade enquanto cidadãos. Posto isso, o que segue é a defesa de um Projeto Pedagógico educacional inclusivo, com suporte de formação universitária ajustada a realidade em que vivemos, construídos em cima de valores humanísticos com horizontes éticos e políticos. 2 II Histórico e Princípios Gerais Orientadores do Curso Dentro do contexto filosófico de toda discussão que envolve o surgimento da Filosofia, é aceito por grande parte da comunidade acadêmica que ela, enquanto saber sistemático tem origem na Grécia. Durante um longo período da história da humanidade, o mito constituiu uma fonte de explicação para a existência do homem e de suas organizações no mundo. Em virtude dos contatos culturais e o crescente desenvolvimento do pensamento grego, cada vez mais a Filosofia foi transformada em um saber cuja linguagem se pretendeu universal e rigorosa, a fim de contribuir para o desenvolvimento da humanidade. Hoje em dia, a Filosofia continua exercendo um papel fundamental em nossa sociedade, constituindo-se como um saber sobre o mundo capaz de desenvolver no ser humano competências e habilidades críticas, levando-o a processos de transformações sociais que podem mudar a história, bem como o modo de ser de cada um. Definir a Filosofia, contudo, não é uma tarefa fácil. Todavia, podemos encontrar diversos pontos de vista sobre a questão: para Platão, por exemplo, é um saber verdadeiro que deve ser usado em benefício dos seres humanos; para Kant, é um conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade a felicidade humana; Merleau-Ponty escreveu que a Filosofia é um despertar para ver e mudar o nosso mundo. Com efeito, a idéia que norteia vários pensadores a respeito do que é mesmo a Filosofia acaba por se aproximar, antes de tudo, de uma prática educativa. Ensinar filosofia é arrancar o aluno á esfera do fato, á esfera das nossas crenças a respeito de que as coisas são e do que as coisas são, para fazer habitar o mundo da possibilidade desse fato, onde, pela suspensão da sua facticidade, como suspenso das nossas crenças na sua existência e nas suas significações, o fato venha a revelar o seu estatuto de acontecimento único entre uma totalidade de outros acontecimentos, igualmente possíveis, que ele exprime como suas significações reais. É dessa visibilidade do fato na sua possibilidade pura que depende a sua compreensão1. 1 Nabais, (2002:19). 3 Nesse afã, considerando o fato de que “Todo povo que atinge certo grau de conhecimento sente-se naturalmente inclinado à prática da educação”2, o projeto que segue tem por objetivo apresentar uma proposta de Curso de Filosofia cuja finalidade maior é a formação do ser humano cidadão, consciente de sua importância para os processos de transformações sociais, a partir de uma prática educativa baseada numa formação filosófica que tem na razão, na liberdade, na vida e nos direitos humanos como um todo seus maiores alicerces. Para tanto, este projeto procurou atender as Diretrizes Curriculares para a Formação do Filósofo-Educador, as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, levando em consideração, também, a Resolução CNE/CEB 3/98 de 7/7/2006, que estabelece a Filosofia como Componente Curricular obrigatório do Ensino Médio e, por último e não menos importante, a crescente procura pela Comunidade por uma formação filosófica. Nesse contexto, acreditamos que esse é o momento ideal para a Universidade Estadual de Feira de Santana viabilizar a implantação do Curso de Graduação em Filosofia, nas modalidades de Bacharelado e Licenciatura, promovendo, assim, mais uma forma de participação, contribuição e construção de saberes que visem o aprimoramento da nossa sociedade, posto que “Antes de tudo, a educação não é uma propriedade individual, mas pertence por essência à comunidade.” 3 Nesse sentido, acreditamos que a implantação do curso de Filosofia na UEFS, além de contribuir internamente para a instituição como um todo, contribuirá mais ainda para a sociedade da região de Feirade Santana: entendemos que uma Universidade deve fortalecer os seus saberes com a parceria da Filosofia; um Curso de Filosofia não é só a constatação de um ambiente profícuo de reflexão crítica da Academia, mas também aparece como mais uma comunidade preocupada na formação intelectual da comunidade em geral. Com efeito, a Comissão de Implantação entendeu que o curso deveria atender à comunidade com uma Licenciatura e um Bacharelado. Um curso sem a famosa dicotomia das especializações e sim aquele que gradua o estudante voltado para pesquisa, assim como o ensino sem fragmentações da docência e da investigação. O que mais cabia pensar cuidadosamente era a estrutura curricular e, sobretudo, no tempo necessário que um aluno precisaria para ficar na UEFS. Para tal empreendimento, optou-se em fornecer uma sólida e gradual formação de História da Filosofia a partir da leitura dos clássicos. Mas somente a leitura de filósofos não basta a um excelente estudante: o Projeto, por isso, indica um currículo comum de 2 Jaeger (1995:3). 3 Idem (1995:4). 4 conhecimentos indispensáveis e indissociáveis à formação filosófica do licenciado e do bacharel. Entre os posicionamentos específicos e concepções transformadoras que traz o projeto que aqui se apresenta, deve ser destacada a forte presença do que chamamos componentes com conteúdos específicos da formação em Filosofia, sem diferenciá-los em modalidades, que, queremos crer, é um das mais interessantes inovações que trará o curso de Filosofia da UEFS. Esses conteúdos serão comuns tanto ao futuro bacharel como ao futuro licenciado e evidência claramente o nosso entendimento de que ensino e pesquisa são indissociáveis desde os primeiros momentos da graduação e expressa a nossa conseqüente recusa da dicotomização bacharelado-licenciatura. Sinalizamos a recusa da dicotomização em questão, na medida em que procuramos afirmar que os cursos de bacharelado e de licenciatura em Filosofia “devem oferecer substancialmente a mesma formação, em termos de conteúdo e de qualidade”. E a Resolução CNE/CP 1, de 18/02/2002, que traz as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, exige, em seu Art. 20, que a organização curricular observe “o aprimoramento em práticas investigativas”, bem como requer, em seu Art. 30, que a formação de professores observe princípios norteadores que considerem “a pesquisa, como foco no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que ensinar requer, tanto dispor de conhecimentos e mobilizá-los para a ação, como compreender o processo de construção de conhecimento”. Nosso projeto avança em relação a essas indicações, pois, além de oferecer ao licenciando sólida formação específica em Filosofia – exatamente idêntica à do futuro bacharel – e exigir-lhe um compromisso constante com a pesquisa, demanda do bacharelando uma preocupação constante com a qualidade do ensino que quase certamente ministrará nos cursos superiores. Ademais o currículo permite obedecer à exigência de “400 horas de prática [de ensino], vivenciadas ao longo do curso” sem dividir as modalidades em cursos diferentes desde o primeiro semestre, estendendo aos futuros optantes pelo Curso de Filosofia as conquistas advindas das experiências de vinculação de ensino, pesquisa e extensão, de uma forma flexível (sem pacotes prontos) e com uma interdisciplinaridade efetiva. 5 Além disso, é preciso reconhecer que um elevado número de pessoas não tem acesso à educação superior nas universidades públicas devido à falta da regularidade do turno dos cursos. A predominância da indicação noturna procura atender a essa reivindicação social e às exigências das universidades públicas em ofertar sua infra- estrutura em toda sua plenitude. O que não impede de que se cursem componentes em outros horários e em outros Colegiados. A Comissão acredita que os recursos necessários para o pensamento filosófico florescer na UEFS são, a saber: concurso público para o corpo docente, um Colegiado estruturado com equipamentos e funcionários, compra de livros indicados, bolsas de iniciação à Pesquisa Científica, contratação esporádica de professores visitantes e investimentos em laboratório de informática, aumento da infra-estrutura do NEF e da Revista Ideação, afastamento para pós-graduação dos professores atuais, bem como incentivo aos docentes para participarem de eventos relacionados às suas pesquisas. Queremos, por fim, registrar nossa satisfação de apresentar à Universidade Estadual de Feira de Santana um projeto de curso de que nos orgulhamos e que traz a marca de colegas professores e professoras externos à área de Filosofia, cuja disposição de colaboração não pode ser superestimada, assim como não pode ser esgotado o reconhecimento da importância de suas contribuições. Destarte, coube aos esforços do Prof. Eliab Barbosa, que sonhou um curso de Filosofia na UEFS, os primeiros trabalhos visando a implantação de um curso de Graduação em Filosofia. Sua visão, que é reflexo de um desejo da comunidade, começou a se oficializar com a Portaria nº. 907/95, que criou a primeira Comissão para estudar a possibilidade de se implantar o curso na UEFS. Oportunamente, no mesmo mês, sai a Portaria 936/95, que deu origem a Comissão que estuda a instalação de um Curso de Graduação Lato Sensu. Ambas as portarias se encerram com a legítima condição: levar em consideração a necessidade social da região. O curso sofreu uma forte influência externa à área filosófica, principalmente setores da sociedade baiana que solicitavam da instalação de Filosofia. Vivíamos num retorno cada vez maior da democracia política e, no âmbito acadêmico, as universidades do país se reestruturavam em seus cursos de Filosofia para adequar seus cursos às novas exigências sociais. Este ano o MEC homologa a obrigatoriedade do ensino de filosofia no Ensino Médio. “Uma vitória da Luz; quem ganha com a decisão é o Brasil e os jovens que terão a oportunidade de serem sujeitos de sua própria história”, afirmou Callegari, relator do parecer, aprovado por unanimidade. Estamos reintroduzindo o ensino crítico e oferecendo aos jovens a possibilidade de 6 entender melhor o mundo em que vivem. O ensino de filosofia resgata uma reivindicação antiga dos educadores, em possibilitar a seqüência ao que já dispunha a LDB, permitindo aos jovens brasileiros ampliar os horizontes. Sem dúvida, a satisfação aumenta ao nos darmos conta de que estamos propondo aos nossos pares um curso que há muito a UEFS merecia, pois uma Universidade com a estatura como essa que a nossa já alcançou, certamente não se conforma em continuar tendo ausente de suas opções uma graduação em Filosofia, o mais antigo e o mais fundamental dos espaços universitários de investigação e ensino. Encerramos, assim, esperançosos de que as páginas a seguir tragam, para além de nosso entusiasmo e nossos desejos, um projeto de efetiva qualidade, digno do nome da UEFS. III. Contexto de Inserção da Universidade Estadual de Feira de Santana Embora a Universidade Estadual de Feira de Santana não tenha (ainda) entre seus cursos a Graduação em Filosofia, há muito ela reúne condições humanas e materiais para tal. A existência de pessoas que atuam na Área de Filosofia na UEFS remonta à sua fundação. Como se sabe, a Filosofia sempre fez parte das componentes curriculares dos vários cursos existentes nesta instituição, de modo que a implantação de uma Graduação de Filosofia servirá para fortalecer e melhorar a qualidade dos trabalhos desenvolvidos por esta área. Além,é claro, de poder criar mais um vínculo com a comunidade da região de Feira de Santana, interferindo diretamente no papel de outras tantas instituições de ensino, na definição de práticas dos diferentes atores e grupos sociais, nos pressupostos da justiça, na convivência social e na cidadania. Na UEFS, a dimensão acadêmica e cidadã, assim como o enfoque dado ao acolhimento à região do semi-árido, à escuta à comunidade, inspirada nos modelos de extensão do saber, de forma crítica, sistemática, ligadas diretamente ao ensino, à pesquisa e à extensão, nos variados ramos do conhecimento, se consagra à reflexão crítica, bem como o serviço qualificado do povo, na contribuição para o aumento da 7 cultura, na afirmação ética da solidariedade, na promoção da dignidade transcendente da pessoa humana, possibilitando uma tomada de posição filosófica. Muitos são os registros da atuação da Área de Filosofia na UEFS. Entre os quais o mais comum deles é, ao mesmo tempo, o mais nobre e fundamental: o ensino é local próprio para o debate e construção de saberes; a Filosofia surge, por exemplo, com uma relação dialógica, com o debate, com o diálogo. A prática da filosofia em sala de aula supõe ao menos dois elementos básicos: uma disposição igualitária e um texto. Uma disposição igualitária significa, em princípio, condições formais: todos os membros da aula têm iguais direitos, todos podem dizer o que pensam ... Com efeito, quando falamos de texto não é somente o texto escrito, mas tudo que possa levar a pensar, que permita uma reflexão compartilhada, comunicada, dialogada 4. A atuação da Área de Filosofia compartilha com essa idéia e vem atuando constantemente com a formação ética, cidadã e, sobretudo, humana em sala de aula. Para, além disso, a UEFS pode orgulhosamente dizer que a Área de Filosofia tem sido uma das que mais vêm contribuindo para a produção e divulgação do conhecimento científico-filosófico, ao mesmo tempo em que é externamente respeitado por outras universidades por conta de sua inserção na vida acadêmica, fato que pode ser provado nas produções de Revistas, Jornais, Livros, bem como pela atuação do seu Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Filosofia. Em 1992, a UEFS aprovou, no Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão, a criação do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Filosofia – NEF, vinculado ao Departamento de Ciências Humanas e Filosofia. Ao longo dos anos, juntaram-se ao NEF professores de outros Departamentos, assim como alguns que participaram de sua criação. O NEF, a partir do seu nascimento, concentrou suas atividades na divulgação e na oferta de cursos de/sobre Filosofia e áreas afins à comunidade acadêmica. Em outubro de 1996, sob a coordenação do professor Eliab Barbosa Gomes, o NEF publicou seu primeiro boletim informativo, chamado Ideação. Em setembro de 1997, foi editado, o primeiro número de sua revista. A revista aglutinou uma parte 4 Waksman (2002:33/4). 8 considerável da comunidade filosófica baiana, a ponto de modificar toda a estrutura da revista em seu segundo número. Tal foi o sucesso que conseguimos autorização para publicar um texto com mais de duzentos anos, contra o filósofo David Hume, inédito em língua portuguesa. Em 1998, Ideação foi catalogada pelo censo do Ministério da Cultura da Espanha como uma das quinhentas melhores revistas latino-americanas. Ideação ganhava, assim, o mercado internacional. Novos professores foram convidados para compor o Conselho Editorial. O Núcleo realizou intercâmbio cultural com outras entidades e, internamente, promoveu uma união com a Área de Filosofia da UEFS a ponto de não ocorrer diferenciação de quem era quem. Os professores começaram a se preocupar com uma pós-graduação própria e, sobretudo, a participar de eventos nacionais e internacionais de Filosofia. Com efeito, isso foi o início de um período que se tornou regular entre os membros do NEF e da Área. Essa revista, existente até hoje, apresenta ao público diálogos filosóficos e interdisciplinares, assim como espaços para novos debates. O Conselho Editorial, constituído por uma equipe singular, formado por uma série de intelectuais de várias partes do pais, além de apontar para o alcance social e seriedade da revista, incorpora em seu âmago dedicação, rigor e, conseqüentemente, um compromisso com a Filosofia, bem como com a própria UEFS, que por si só já caracteriza uma constante atividade filosófica a altura de nossa universidade. Por isso, é preciso dizer expressamente que suas visões críticas e metódicas têm revelado, no final de contas, a competência de um grupo que pensa seriamente a Filosofia além das fronteiras universitárias. Através deles, alimenta debates filosóficos que conquistou um espaço na história baiana que outras instituições não possuem: o que é mais um mérito para a UEFS e para o NEF, posto que a Revista Ideação, além de ser respeitada pela comunidade acadêmica, por conta de sua qualidade, é provavelmente o único material atrelado a um núcleo contínuo que se dedica à divulgação do conhecimento filosófico na Bahia. Mesmo outras instituições em nosso Estado, que possuem Graduação em Filosofia, carecem de um espaço como esse existente na UEFS. Vale dizer aqui que em 1997, a UEFS, junto ao NEF, abriu processo seletivo para o Curso de Especialização em Filosofia. O número de candidatos foi expressivo. Sabendo a importância da Filosofia em todas as séries de ensino, a especialização procurou estimular o desenvolvimento e o ato do filosofar no ensino, concentrando-se na reflexão crítica da Filosofia e no exercício da cidadania, sendo essa a perspectiva que consta como Projeto Pedagógico do Curso de Filosofia: aprofundar a reflexão do 9 saber filosófico, diante das grandes questões da existência, ensejando a compreensão profunda e crítica dos problemas humanos, da sociedade e da história, desenvolvendo uma cultura ética dos futuros pesquisadores e professores de Filosofia. Assim, para obter êxito em seus trabalhos, o NEF organizou uma semana para discussão Ética e, sobretudo, para colher informações sobre graduações em filosofia em Feira de Santana e região: na ocasião, o anfiteatro da UEFS foi insuficiente para o público que estava interessado em pensar Filosofia na UEFS. No mesmo ano, dezenas de colégios da região solicitaram ao NEF providências sobre um Programa de Atualização em Filosofia. Motivados pelo desejo da comunidade, os professores Eliab Barbosa, Nilo Henrique e Delmar Scheneider começaram a se reunir com o propósito de viabilizar tal intento. Ficara acordado que o novo curso se espelharia em todas as problemáticas relacionadas aos cursos de Filosofia vigentes na Bahia para daí retirar o exemplo de um curso revolucionário e essencialmente novo. Por opinião daqueles, tal curso, além de trazer um novo ementário, deveria nascer conjuntamente com um Departamento de Filosofia na UEFS. Hoje em 2006, a produção científica vem aumentando cada vez mais, após 15 revistas, uma Coletânea de Filosofia Contemporânea (Epistemologia, Teoria Social e Problemas de Hermenêutica) a Revista Recortes (para o Núcleo do Recôncavo) dois informativos, a saber, Ideação Magazine e Apelattus, o grupo de Filosofia mostra um profícuo e permanente diálogo e se torna um respeitável difusor de assuntos ligados à Filosofia no país. A perspectiva maior sempre foi, e continua sendo, a de prover artigos cautelosamente construídos sobre Filosofia, bem como facilitar a exposição pública da pesquisa filosófica. Como disse Leônidas Hegenberg, A confiança é a marcado respeito e da credibilidade entre o autor/editor/parecerista/editor/autor. Tal premissa, de ambas as partes, fornece o livre desenvolvimento de idéias e julgamento dos textos e dos pareceres. É evidente que não temos a primazia da verdade. E os colaboradores não devem presumir nada além de um expediente administrativo que acontece em sigilo cotidianamente – isto é, fora os editores, ninguém mais sabe a quem pertence à autoria, nem o parecer. 5 5 Hengenberg (2004:4). 10 Nesse contexto, a comunidade universitária e a sociedade em geral podem ter constantemente veículos de perquirição filosófica no Brasil, na Bahia, e de forma particular, na Região de Feira de Santana. A atuação da Área de Filosofia da UEFS trabalha com a mesma seriedade os temas filosóficos, estabelecendo discussões de caráter interdisciplinar, rigorosas e críticas. Assim, pretendemos ser instrumento de reflexão humanística e cidadã e, assim, contribuir para a composição dos desejos e valores da Universidade e da Sociedade. Integrando um conjunto referencial com a UEFS, como um instrumento de natureza conceitual, política e metodológica, visamos o delineamento das ações educacionais da Universidade, resgatando os marcos significativos da Região em um processo de construção da sua identidade para poder orientar as reflexões da comunidade em torno dos caminhos a percorrer. No sentido exposto acima, a UEFS reúne uma série de pressupostos que permitem que seja inserido no leque de cursos que possui a Graduação em Filosofia, posto que academicamente, além do quadro de docentes comprometidos com o fazer filosófico, o que demonstra condições humanas exemplares, do ponto de vista organizacional, a existência do Curso de Filosofia estará norteada pela prática que vem guiando a Área de Filosofia, atentando principalmente para as questões de ordem pedagógicas, tais como uma ambiência propicia aos trabalhos que serão desenvolvidos, envolvendo docentes e discentes, a fim de demonstrar que no fazer filosófico que estamos apresentando aqui, aprender não é outra coisa que repetir, imitar, traduzir, decompor, recompor; experimentar o prazer e a dor e comunicar reciprocamente, para compreender e ser compreendido pelos outros seres razoáveis. A comunicação razoável se funda sobre a igualdade entre a estima de si e a estima dos outros 6. Nessa relação os resultados esperados sinalizam para a formação de pessoas que estejam cada vez mais comprometidas com a construção da cidadania, baseadas no princípio de reciprocidade, estabelecidos segundo a razão, a liberdade, a vida e os direitos humanos como um todo, tal como fora colocado acima. Posto isso, pode-se afirmar tranqüilamente que a inserção social da UEFS, bem como suas condições Ranciere (1987:116). 11 internas, permitem a implantação de uma Graduação em Filosofia que se aproxima daquelas desejada por quaisquer outras universidades, constituindo-se como um espaço próprio para a existência de uma “Paidéia” – entendida aqui como no grego, aproxima-se das expressões modernas como civilização, cultura, tradição, literatura e educação, mas que é, na verdade, tudo isso.7 7 Cf. Jaeger (1995:1). Segundo consta, “Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global, e, para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez”. 12 IV. Bases Institucionais para criação do Curso de Filosofia A disciplina “Filosofia” já era ensinada quando a UEFS ainda era Fundação (FUFS); a partir de 1978, foi criada a área de Filosofia na UEFS com a ampliação de “Filosofia” nas disciplinas “Introdução à Filosofia I”, “Introdução à Filosofia II”, “Estudos Filosóficos” e “História das Doutrinas Morais”, oferecidas inicialmente ao curso de Estudos Sociais e logo em seguida para as licenciaturas em Letras, História, Geografia e Pedagogia. Mais adiante, as disciplinas filosóficas começaram a ser solicitadas, como disciplinas obrigatórias ou optativas, para outros cursos da UEFS, a exemplo de Administração, Enfermagem, Educação Física, Direito e Biologia. Na UEFS o Curso de Graduação em Filosofia que nestas páginas se está propondo, o NEF, mais do que nunca, esforçar-se-á para manter a qualidade e a regularidade dos princípios norteadores da Área de Filosofia. Mas também estabelecerá novas prioridades e, entre elas, providenciar-se-á parcerias com núcleos consolidados de outras instituições, assim como a participação dos seus membros em eventos importantes para o exercício da Filosofia. Nesse sentido, serão dois os objetivos do NEF: contribuir para atualizar e capacitar os professores de Filosofia do Ensino Médio da nossa região, informando e refletindo as concepções filosóficas e as práticas pedagógicas do próprio ensino; e, em segundo plano, estimular em nossa região uma legítima discussão interdisciplinar sobre a contemporaneidade. A Universidade Estadual de Feira de Santana tinha como objetivo principal, a formação de professores para os ensinos Fundamental e Médio. Com a Implantação da Universidade, houve uma crescente implantação de cursos de Licenciatura Plena. 13 A UEFS mantém atualmente 20 cursos de graduação, 59 cursos de pós- graduação lato sensu,sendo quatro cursos próprios de Mestrado, seis de Mestrado Interinstitucional, três cursos de Doutorado Interinstitucional e um curso próprio de Doutorado. Apresenta, ainda, 250 projetos de pesquisa em andamento, destacando as áreas de Ciências Biológicas e a de Ciências da Saúde com mais de 80 projetos, respectivamente. Desponta, também, na formação de parcerias com outras instituições baianas e até instituições fora do estado para o desenvolvimento de vários projetos. A Universidade também dispõe de um sistema integrado de bibliotecas abrangendo uma biblioteca central, totalmente informatizada, e seis setoriais com mais de 55.000 títulos de livros e cerca de 2.000 títulos de periódicos. A infra-estrutura em informática abrange cerca de 1.600 pontos na Internet com mais de 1.150 microcomputadores, 22 laboratórios de Informática Aplicada e 1 sala de teleconferência. A UEFS dispõe também de diversos equipamentos de multimídia 9 retroprojetores, projetor de slides, vídeo cassete, DVDs, que permitem aos usuários facilidades em suas pesquisas bibliográficas e metodologias de ensino. No entanto, além do que está acima exposto, precisaremos dos recursos materiais que estão discriminados no quesito ‘Recursos Materiais’. O Projeto de Implantação do Curso de Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana apresenta como justificativa primordial a necessidade de atender a grande demanda da região interessada na capacitação filosófica. Não obstante, a realidade atual, assume contornos mais extensos. O quadro docente da região foi ampliado e, por meio de concursos públicos realizados pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, viu-se o interesse crescer relevantemente, por uma formação em Filosofia. Ademais, o Parecer 38/2006 do Conselho Nacional de Educação (CNE) tornou obrigatória a inclusão da Filosofia no Ensino Médio de todas as Escolas Públicas e Privadas do País. Essa medida já tinha sido adotada nos estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Pernambuco,Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e do Distrito Federal, além da Paraíba e do Rio grande do Sul que adoraram em caráter opcional. Desta forma, a concessão de um Curso de Graduação em Filosofia na UEFS é de importância crucial no desenvolvimento intelectual dos egressos. 14 Preliminarmente, reitera-se a importância e o valor da Filosofia e da Sociologia para um processo educacional consistente e de qualidade na formação humanística de jovens que se deseja sejam cidadão éticos, críticos, sujeitos e protagonistas. Essa relevância é reconhecida não só pela argumentação dos proponentes, como por pesquisadores e educadores em geral, inclusive não filósofos ou não sociólogos... Outro ponto a considerar é a realidade, expressa na adoção crescente do ensino de Filosofia e de Sociologia pela maioria das redes de escolas públicas estaduais. Segundo informação do MEC em 17 estados da Federação, a Filosofia e a Sociologia foram incluídas no currículo, sendo optativas em 2 deles. Muitas escolas particulares, em todo o país, por seu lado, também, decidiram livremente a sua inclusão. 8 O mercado de trabalho cada vez mais competitivo tem favorecido a procura de uma boa qualificação por parte dos profissionais de diversas áreas, inclusive no Ensino Médio, em especial, na área de Filosofia. Desta forma, a criação do Curso de Filosofia se adequa com a proposta da Instituição que, é alem de outras metas, como o projeto de Qualificação Docente, a criação de outros cursos. Observando ainda, o desenvolvimento de atividades que melhore a qualidade de vida dos habitantes da região do semi-árido, norteando as ações e as iniciativas para possibilitar um perfil fortemente engajado com a sociedade. A partir daí, diversos fatores devem contribuir para dar maior consistência, credibilidade e amplitude do Curso de Graduação em Filosofia, caracterizado como de nível superior: 1) A ampliação do público de egressos da UEFS, passando a acolher as demandas de interesse filosófico para o ensino e para a pesquisa, assim como, as comunidades eclesiásticas, religiosos e religiosas de diversas Congregações da região do semi-árido; 2) Um criterioso aprimoramento da formação dos egressos, em uma estrutura curricular que vincule em um só panorama o Corpo docente, a Biblioteca e as 8 CNE 38(2006:2-3). 15 condições de ensino, visando adequar-se ás exigências da realidade emergente; 3) A inserção do corpo docente e discente na comunidade acadêmica, conferindo- lhes todos os direitos assegurados aos professores e alunos universitários; 4) A possibilidade de interação com os demais cursos da universidade, firmando parcerias para o desenvolvimento de atividades de ensino, de pesquisa e extensão. Neste caminho, o Curso de Filosofia estará interagindo constantemente com o Departamento de Ciências Humanas e Filosofia, com outros Colegiados e Departamentos, e os demais setores da universidade, a fim de adotar procedimentos que culminem no atual projeto da Universidade e no Projeto Pedagógico do Curso, cuja estrutura curricular encontra-se adequada tanto ás exigências do MEC quanto aos novos caminhos e desafios da Filosofia. O Projeto Pedagógico do Curso, é o resultado de um processo que leva em conta as experiências acumuladas dos nossos professores, e se propõe dinâmico, aberto a constante avaliação e reformulação, até porque a realidade filosófica, tomada como fonte para a sua construção, se manifesta focalizando sempre realidades emergentes e contextualizadas. Nessa perspectiva, entendemos que a UEFS confirma, conforme Coelho, que o projeto pedagógico do curso: (...) não se confunde com discursos vazios e inconseqüentes, com declarações de intenções, com metas e submetas. Diferentemente de uma realidade formal e burocrática, o projeto do curso envolve a definição do ponto onde professores e alunos pretendem chegar, bem como do sentido do seu caminhar, dos pressupostos e implicações de suas teorias e de suas práticas e, acima de tudo, se constitui ele próprio como um conjunto articulado de atividades que professores e estudantes constroem em seu fazer acadêmico de ensinar e aprender, ou seja, no exercício da razão. O projeto de curso supõe, assim, a superação do mero agrupamento de dados, idéias e práticas e, ao mesmo tempo, a constituição de tudo isso 16 como uma totalidade em contínuo processo de constituição e superação de si mesma 9 . Ademais, o Projeto Pedagógico é fruto de um contínuo processo de construção, sintonizado com as demandas internas da universidade e com as concepções que destacam a vida acadêmica na sua dimensão coletiva, tal como expressa o documento do ForGrad: O projeto pedagógico pode ser entendido como um instrumento de balizamento para o fazer universitário, concebido coletivamente no Âmbito da instituição, orientado para esta, como um todo, e para cada um dos seus cursos, em particular. Ao constituir-se, o projeto pedagógico deve ensejar a construção da intencionalidade para o desempenho do papel social da IES, centrando-se no ensino, mas vinculando-se estreitamente aos processos de pesquisa e extensão10. A Iniciação Científica do egresso do Curso de Filosofia acontecerá ao longo do Curso, através da pesquisa nos componentes curriculares como trabalho paralelo ao contexto da extensão e das bolsas para capacitação para a pesquisa científica que a UEFS, dispõe. Com essa participação, assinalamos o estímulo da realidade social e o compromisso com as necessidades da população (através de programas de extensão) configurando o ethos mobilizador das ações que operacionalizam a Política Institucional da UEFS. Em outras palavras, a cidadania como maior referência, evidenciada nas atividades e nos documentos produzidos, assegurando o compromisso desta Universidade com a formação do homem, ao tempo em que cria espaços para o exercício de uma prática participativa que estabelece uma relação pedagógica, na qual o educando é sujeito do seu desenvolvimento e portador de uma consciência crítica. 9 Coelho (1999: 21). 10 ForGrad (2002:90). 17 Nos programas mantidos pela UEFS, expandem-se como laboratórios de pesquisa para a pós-graduação e para a pesquisa de formação profissional na graduação, possibilitando a inserção de alunos e professores, inclusive de outras áreas afins, criando, também, espaços específicos de expressão da identidade da UEFS na relação com a comunidade externa. Portanto, buscando contribuir para assegurar a identidade da UEFS, o Projeto Pedagógico do Curso de Filosofia atuará em atividades que objetivem fortalecer a convivência na comunidade universitária, através da articulação e integração de todos os seguimentos da Universidade. 18 V. Exigências Sociais Para a Implantação do Curso de Filosofia na UEFS O compromisso com a construção da cidadania pede necessariamente uma prática educacional voltada pra a compreensão da realidade social e dos direitos e deveres que cada um possui. Cada vez mais, percebe-se que é imperioso pensar e re- agir sobre as preocupações da sociedade brasileira, a fim de refletirmos sobre os grandes temas da vida, comoliberdade, ética, direitos humanos e outros. A atitude reflexiva significa um movimento de volta ou retorno a si mesmo. Com efeito, é isso 19 que nos ensina a Filosofia. Do ponto de vista colocado aqui, por si só a Filosofia já seria necessária e sua existência enquanto curso na UEFS revela apenas uma tendência existente nos grandes centros de excelência, qual seja, uma atividade filosófica que vise a construção de uma sociedade livre, solidária e justa, a partir da formação de cidadãos críticos que estejam engajados numa prática transformadora que vise o bem comum. Todavia, embora possamos construir um discurso que possa internamente apontar para a necessidade de uma Graduação em Filosofia na UEFS, a relevância que o curso possui, no momento atual, dá-se exclusivamente em um contexto de justificação que está explicitamente articulada à existência de normas que apontam para a necessidade de atender uma demanda regional, papel que cabe a UEFS realizar com louvor. Nesse contexto, vele dizer que um conjunto de razões justifica a conveniência da implantação de um Curso de Filosofia na UEFS. A procura efetiva por estudos filosóficos em nossa região, principalmente em Feira de Santana (identificada pelo trabalho dos professores em sala de aula); a motivação e a intervenção desses professores, tanto no ensino médio como no ensino superior – promovendo programas diversos de atividades interdisciplinares e de reflexão epistemológica-; a preocupação com a formação de cidadãos críticos, aptos ao exercício profissional e comprometido com os problemas e os desafios da sociedade, privilegiando as dimensões éticas, sociais e humanas; a importância inelidível que a filosofia desenvolve, possibilitando a necessidade de estudos filosóficos para outras áreas de investigação, na medida em que desenvolve as questões relativas à aplicação e à produção do conhecimento com aquelas filosóficas, relativas à sua fundamentação teórica; e particularmente, e de importância deveras, a aprovação pelo Conselho Nacional de Educação, do Projeto de Resolução que altera o artigo 10 da Resolução CNE/CEB n. 3/98, que institui as diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio, aprovado em 7/7/2006, viabilizam urgência, não desmedida, de um Curso de Graduação em Filosofia. Sendo a UEFS um grande centro de Pesquisa, Ensino e Extensão e uma autêntica unidade de saberes, acreditamos, com o mais do que louvável sentido de cooperação, que esta Universidade favorecerá, por competência e estrutura, a implantação de um Curso de Filosofia. Afirma, pois, o texto do Projeto de Resolução: (...) os sistemas de ensino deverão, no prazo de um ano a contar da publicação desta Resolução, tomar as medidas necessárias 20 para a inclusão das disciplinas de Filosofia e Sociologia no currículo das escolas do Ensino Médio. 11 Ademais, a emergência de uma formação ética e cidadã, a preocupação com as mudanças ocorridas no seio da cultura em geral – não necessariamente filosóficas, muito embora – e a responsabilidade da Universidade Estadual de Feira de Santana, em atender a uma demanda de formação de professores na Região, com a disposição de formar uma massa crítica e consciente de seu papel, contribuindo para a formação dos futuros estudiosos em Filosofia, professores e bacharéis, isto é, sujeitos que, orientando-se por princípios éticos e humanísticos, construam uma compreensão sólida na investigação filosófica, promovendo a transmissão e reflexão da realidade emergente, é uma explosão constatada em todas as direções do mundo contemporâneo, e principalmente, pela própria concepção de Universidade. Como compreender o sentido de Universitas? Como entender uma Universidade sem a ‘Filosofia’? A Universidade é um lugar, talvez o único lugar de confrontação crítica entre as gerações, um lugar de experiências múltiplas, afetivas, políticas, artísticas, por completo insubstituíveis (...); lugar de concorrência entre os saberes, de seu colocar-se em questão, e, portanto, forma insubstituível de espírito crítico e cívico, de espírito cívico e crítico, lugar que viria a desaparecer atrofiando toda a reflexão geral, aquela capaz de ultrapassar os limites das especializações disciplinares e das competências economicamente funcionais. 12 O discernimento é, neste momento, uma exigência fundamental. E o preenchimento dessa lacuna na UEFS, com a implantação de um Curso de Graduação em Filosofia é imprescindível. Diante das novas técnicas, do novo cenário do mundo contemporâneo, com transformações e mudanças no meio-ambiente, nos contextos das mudanças da geografia, dos conflitos e da geopolítica em geral, no contexto brasileiro e principalmente no interior do Estado da Bahia, um curso de Graduação em Filosofia quer ser um subsídio, uma orientação e uma motivação para a formação de professores-pesquisadores, que reflitam para sobre as grandes questões da vida, abordando temas e assuntos que possibilitem uma visão apurada da 11 CNE/CEB 38 (2006: 6). 12 ARESER (1997:120-121) 21 realidade, constituindo centro de interesses na construção de relações de cumplicidades, desencadeando uma exaustiva promoção de profissionais com competências à produção de conhecimento, à demanda pelo ensino de Filosofia e o compromisso com a constituição de uma sociedade identificada com os ideais de justiça, valores éticos, conscientes de seus direitos e deveres. Foi nesse contexto que a UNESCO organizou em Paris (1995-1996), jornadas internacionais de estudo intituladas Filosofia e democracia no Mundo, que se encerraram com uma declaração, na qual se recomenda expressamente: “o ensino filosófico deve ser preservado ou estendido onde já existe e criado onde ainda não existe”. Isto, entre outras razões, porque a atividade filosófica, “que não subtrai nenhuma idéia à livre discussão, que se esforça por precisar as definições exatas das noções utilizadas, por verificar a validade dos raciocínios, por examinar com atenção os argumentos dos outros permite a cada um aprender a pensar por si mesmo”. Além disso, ao “formar espíritos livres e reflexivos”, a educação filosófica, “favorece a abertura de espírito, a responsabilidade cívica, a compreensão e a tolerância entre os indivíduos e os grupos”13. Com efeito, a UEFS já reconhece, com devida atenção, a relevância e a importância da presença de um Curso de Graduação em Filosofia. A implantação do Curso, que certamente se nos apresenta em seu tempo próprio, obrigar-nos-á a reconhecer a relevância extraordinária de tal intento. Uma Graduação em Filosofia é a continuação natural do entendimento de que é imprescindível para a UEFS, como uma das Universidades mais completas e importantes do país, a implantação do referido Curso. A implantação de um curso de Filosofia, aliás, é ambicionada há quase uma década, anseio que finalmente se institucionalizou no planejamento Estratégico 2000- 2004 de Nossa Universidade. Esta ambição é legítima, já que a UEFS aparece como um dos principais centros de pesquisa e reflexão do país. O entendimento de que uma universidade sem uma Graduação em Filosofia abre uma lacuna relevante se sustenta pela existência dos vários componentes curriculares de filosofia fazendo parte dos currículos de outros Cursos de Graduação. Diante disso, acreditamos na tamanha possibilidade e na precisa satisfação voluntária, além da não menor disposição estrutural, que a UEFS tem todas as condições para implantar o Curso de Filosofia. Esta Universidade é um centro de13 UNESCO (1996:3) 22 ensino, pesquisa e extensão, atento a promoção do debate e da reflexão filosófica. O diálogo entre a Filosofia e os outros cursos da UEFS, concretizar-se-á na colaboração intensa da responsabilidade que a Universidade tem com a Cidadania e a Comunidade: uma dimensão cidadã, acadêmica e, conseqüentemente, de modo refletido, sistemático e crítico, contribuindo para a cultura e a afirmação da ética, posto que é um espaço privilegiado para os debates e a construção da cidadania. Uma instituição qualquer, em sociedade, deve justificar seu direito à existência. Essa lição de Fichte. E, não sendo tal justificaria uma mera formalidade, expressa-se ela no modo por que a instituição se reproduz, em como se realiza. A Universidade, então, renova-se também como um certo luxo necessário da sociedade, pois não produz apenas profissionais para o mercado nem pode determinar-se por ele, mas antes constitui-se ela própria em privilegiado espaço de sociabilidade,no qual ela revive por seus próprios rituais, refaz- se em novos pesquisadores, performa-se de cidadãos.14 Sem dúvida a propensão existente na UEFS para a implantação de uma Graduação em Filosofia revela-se de várias maneiras. Uma delas está na articulação de um dos seus mestrados: também no campo da Educação Científica surge uma necessidade constante de capacitação de Professores de Filosofia – articulada com aquele entendimento de que também é do seio da Filosofia que se nutrem as revoluções científicas. Foi com esse intento que a UEFS, em parceria com a UFBA, criou o Mestrado em Ensino, Filosofia e História das Ciências. Esse Mestrado consolida na Bahia um forte centro nacional de produção acadêmica em muitas das sub-áreas da graduação que aqui se pleiteia. Assim, é oportuno assinalar que, caso a UEFS acolha o presente projeto, as comunidades de Feira e região que se constituírem em nossos futuros graduandos estudarão em cenário profícuo e incentivador e poderão, ao se formar, seja Licenciado ou Bacharel, contar com oportunidades de pós-graduação. Na consideração das razões que justificam este projeto, não se pode deixar de levar em consideração a demanda provinda de setores eclesiásticos que pedem à UEFS a urgência de implantação de um curso de Filosofia: isto porque Feira de Santana tornou-se sede de nova e importante Arquidiocese Brasileira, que deve 14 Silva (2006:213). 23 formar, de modo completo seus sacerdotes. Esta demanda deve ser considerada não porque proveniente de um setor específico, mas por expressar a crescente importância de nossa cidade e da região que abrange, bem como a exigência cada vez maior de nossos cidadãos, leigos ou religiosos, de terem a oportunidade de participar como sujeitos pensantes, autônomos, do mundo em que vivemos: “aprendendo a conhecer, a fazer, a ser e a conviver; dada a especificidade do curso, capaz de viver juntos e de viver com os outros”15 Esse respeito aos interesses e necessidades de nossos cidadãos que moveu a Área de Conhecimento em Filosofia do DCHF-UEFS no sentido de preparar uma proposta de curso que seja oferecido, predominantemente, em turno noturno. Entendeu a área que a implantação de um curso neste período propiciará oportunidade de estudo da Filosofia de um segmento significativamente maior da população de Feira de Santana. Internamente, neste turno, o curso de Filosofia intensificará mais ainda as atividades da UEFS, ajudando cada vez mais a consolidar a atividade acadêmica para além do período diurno, fortalecendo a Universidade, na medida em que ajuda a ocupar e a ativar os seus espaços. Assim, do ponto de vista administrativo, o Curso de Filosofia, além de não exigir novas instalações, trará aos que hoje já atuam na UEFS mais orgulho e mais satisfação profissional, porque se verão contribuindo de modo muito mais reconhecível e efetivo para o engrandecimento de nossa Universidade no país. Sabe-se que a Lei que institui o ensino obrigatório de Filosofia no Ensino Médio já constitui motivo relevante para a implantação de um curso como este na UEFS, principalmente se levarmos em consideração a região em que atua. Todavia, para além de uma questão formal (e obrigatória) a implantação de uma Graduação em Filosofia justifica-se por si só na medida em que permite a formação de pessoas, de seres humanos, conscientes de seu papel na história, portanto, formação de competências críticas – de cidadãos atuantes e fundamentais para a constituição de uma sociedade transparente e ética: cujo maior compromisso é a educação. Nesse sentido, tal como diz Marilena Chauí, 15 Libânio (2001). 24 Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer os sentidos das criações humanas nas artes, nas ciências, na política for útil; se dar a cada um de nós e a nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil; então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes que os saberes humanos são capazes.16 VI. Perfil do Egresso De maneira geral, o profissional em Filosofia, seja Bacharel ou Licenciado, deverá demonstrar uma postura ética, com ênfase em sua responsabilidade social. Nesse sentido, o diplomado em filosofia deve ser/estar consciente do seu papel de ensinar Filosofia e também de despertar vocações filosóficas. Para tanto, o mesmo deverá ter domínio do conhecimento filosófico que contemple não só aspectos educacionais estritamente, mas também a necessária correlação com os aspectos sócio-históricos inerentes às mais diversas esferas humanas, como a linguagem, a política, a ciência, a lógica, entre outros. Nessa perspectiva, pensa-se o profissional de filosofia voltado para o desenvolvimento das quatro aprendizagens fundamentais definidas pelo Relatório Jacques Delors para a educação do século XXI: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.17 Esses preceitos levam a implicar ainda para o diplomado. 6.1. Egresso de Licenciatura A proposta do curso de graduação em Filosofia segue a proposta veiculada nas Diretrizes Curriculares para o Curso de Formação de Licenciados, com vistas, sobretudo ao ensino no nível médio. Do licenciado espera-se uma vocação pedagógica que o habilite para enfrentar os desafios contidos na formação dos jovens 16 Chauí (2003:24) 17 Cf. UFBA (2003) 25 no ensino fundamental, médio e superior, possibilitando um despertar para a reflexão filosófica, pelo pensamento inovador, crítico e independente. Neste sentido, a partir do primeiro semestre, o licenciado deverá se apropriar de uma transposição de conteúdos, sempre aberta e em construção, para os diversos momentos do ensino da filosofia. A partir dos estágios e das práticas de ensino, o egresso deverá construir competências necessárias que o habilitem para o ensino da Filosofia, tendo a compreensão que não será apenas uma inclusão de componentes no currículo. Em atendimento às exigências legais e buscando situar os licenciados do curso de Filosofia da UEFS no cenário atual, o Estágio Supervisionado é concebido como espaço de pesquisa e investigação: como a Filosofia no ensino médio pode contribuir para qualificar a formaçãointelectual e ética, atendendo as novas concepções educacionais? Essa é a questão que estará como eixo básico na formação do Licenciado em Filosofia. Portanto, a Universidade Estadual de Feira de Santana deverá formar licenciados que tenha conhecimentos das diversas correntes filosóficas e tenha uma prática de pesquisa que seja capaz de reinventar os conteúdos em diferentes ambientes educativos; que seja capaz de dialogar com a sociedade emergente e exercite seus alunos à reflexão crítica; que seja capaz de despertar no ambiente educacional compromissos com a ética e a cidadania; e esteja atualizado com as novas tecnologias. 6.1.1. Competências e Habilidades do Licenciado Capacitação na formação de um sentido crítico na consciência dos estudantes do ensino médio, mediante o ensino da Filosofia e que possa possibilitar a constituição de suas personalidades no processo sócio-cultural e educativo; Capacidade para formular e projetar filosoficamente soluções e problemas nos diversos campos do saber; Desenvolvimento de uma consciência crítica sobre o saber e a realidade emergente; Interpretar com rigor científico o fenômeno educacional em que está inserido; 26 Acompanhar processos de educação filosófica na comunidade universitária, nos movimentos sociais e, principalmente, na comunidade; Habilidade para análise, interpretação e comentário de textos teóricos; Capacidade de relacionar o exercício da crítica filosófica com a promoção integral da cidadania e com o respeito à pessoa, dentro dos direitos humanos. Com efeito, o nosso guia nessa formulação, além do já apontado acima, pode também ser visto nos PCN’s e nas Orientações curriculares estaduais para o ensino médio – Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias18. Contudo, segundo este último, em se considerando a Filosofia, “A possibilidade de composição de uma relação de competências e habilidades, por mais exaustiva que fosse, jamais poderia pretender ser completa e definitiva.”19 Sem dúvida, um dos pontos salientados liga-se diretamente a nossa proposta de curso como um todo, qual seja, a formação do professor: Todo ensino de Filosofia privilegia sempre uma determinada perspectiva filosófica, que é, de todo modo, uma livre escolha do professor, mesmo considerando-se todas as condições que dizem respeito ao educando e ao modo pelo qual ele enxerga a sua realidade. Para que essa escolha tenha uma efetiva validade para o processo de aprendizagem, o professor deverá estar bem alicerçado em suas convicções, caso contrário, incorrerá no equívoco de transmitir um pensamento ideológico, no lugar de discutir seriamente pontos de vista filosóficos. A liberdade do professor em tematizar e analisar algum assunto por um determinado viés filosófico pressupõe uma responsabilidade teórica e prática fundadas em um certo rigor conceitual, que, é claro, oscila “de acordo com o grau de formação cultural de cada um.” (ADORNO, apud. BRASIL, 1999, v. 4, p.9620) 18 Orientações curriculares estaduais para o ensino médio – Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias Bahia – Secretaria de Educação. Salvador, A Secretaria, 2005. 19 (Idem:153) E acrescenta em uma nota que “Poder-se-ia pensar um programa de Filosofia definido por outras competências e habilidades específicas articuladas às demais áreas, assim como poder-se-ia também conceber outras tantas competências que fossem exclusivas da Filosofia.” p. 153. 20 Adorno (1999:96). 27 Além da questão da formação do professor, as competências e habilidades que apresentamos estão na linha das Orientações curriculares estaduais para o ensino médio – Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, que de forma sucinta podem ser apresentadas nos seguintes tópicos: 1) Quanto à representação e à comunicação: a) Ler textos filosóficos de modo significativo b) Ler, de modo filosófico, textos de diferentes estruturas e registros. c) Elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo d) Debater, tomando uma posição, defendendo-a argumentativamente e mudando de posição em face de argumentações mais consistentes. 2) Quanto à investigação e à compreensão: a) Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos e modos discursivos nas Ciências Naturais e Humanas, nas Artes e outras produções culturais. 3) Quanto à contextualização sociocultural: a) Contextualizar conhecimentos filosóficos, tanto no plano de sua origem específica, quanto em outros planos: o pessoal-biográfico; o encontro sóciopolítico, histórico e cultural; o horizonte da sociedade científico-tecnológica.21 É com o intuito de oferecer à sociedade um profissional competente que buscamos apresentar aqui alguns indicativos do perfil do egresso de licenciatura. Salientamos, sobretudo, que a nossa proposta fundamental está pautada na formação de um educador-cidadão, capaz de “criar” cidadãos. 21 Cf. Orientações curriculares estaduais para o ensino médio – Área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Secretaria de Educação. Salvador, A Secretaria, 2005. p. 153-159. 28 6.1.2. Campos de atuação do Licenciado em Filosofia: Basicamente o exercício da docência nos ensinos fundamental e médio; porém, caso a opção seja pela carreira acadêmica, o licenciado, tal como o bacharel em Filosofia, poderá fazer sua pós-graduação na área, habilitando-se para lecionar em diversos cursos superiores que possuam componentes curriculares de seu curso, uma das razões pelas quais as duas modalidades devem ser, como recomendam as Diretrizes Curriculares, sem dicotomias de formação. Em virtude dessas possibilidades o nosso curso permite ao próprio aluno, ter a liberdade de montar seu desenho curricular individual, de acordo com seus interesses e com o direcionamento que deseja dar à sua formação e dentro da estrutura flexível que o curso oferece. 6.2. Egresso de Bacharelado O egresso do Curso de bacharelado em Filosofia deverá possuir uma formação científica abrangente dos conteúdos estudados no currículo do Curso, capaz de emitir juízo abalizado em questões de Filosofia especulativa e prática, de oferecer parecer sobre produção filosófica e saberes afins, assim como atuar em prática efetivas dos estudos de Filosofia. O perfil do bacharel em Filosofia concebido por este projeto pedagógico é o de uma pessoa que se oriente por princípios éticos e humanísticos e se constitua dentro de uma estruturada formação nos principais problemas filosóficos e que compreenda e transmita os principais temas dos sistemas filosóficos, assim como possa analisar e refletir criticamente a realidade no qual está inserido. O Bacharel em Filosofia deverá perceber a razão humana como elemento fundamental na conexão entre os saberes, e seja capaz de compreender a natureza humana distribuída pelas diversas manifestações culturais e sociais. Desta forma, espera-se que o egresso tenha condições de perceber as dicotomias da cultura contemporânea, buscando então, respostas com propriedade e reflexão precisa. 29 Espera-se que o Bacharel em Filosofia dialogue com o pensamento tradicional e seja capaz de penetrar nos vários horizontes que perfazem o modelo do mundo contemporâneo e exerça o diálogo entre o fazer e o ensinar filosofia. Queremos preparar o bacharel para enfrentar os desafios éticos e políticos do Século XXI, confirmando a análise com a competente ligação com os conteúdos filosóficos distribuídos por todo o curso. 6.2.1. Competências e Habilidadesdo Bacharel Perceber a integração necessária entre a filosofia e a produção científica e/ou artística, assim como o agir individual e coletivo; Relacionar a Filosofia com as várias Ciências Humanas, mostrando a especificidade do campo Filosófico; Acompanhar o processo de educação filosófica em pessoas, grupos e comunidades; Oferecer assessoramento filosófico a pessoas, empresas, grupos e igrejas; Interpretar com rigor científico o sentido e as práticas da sociedade contemporânea; Efetuar seleção e análise de conteúdos filosóficos, mostrando sua contribuição para a vida humana; Desenvolver projetos de pesquisa nas várias áreas da Filosofia, através de artigos, ensaios filosóficos, livros e outros. 6.2.2. Campos de atuação do Bacharel em Filosofia: As habilidades relacionadas à leitura, interpretação e produção de textos abrem possibilidades profissionais no mercado editorial, sobretudo no campo de tradução e crítica de obras clássicas. Outro campo que vem se ampliando é a atuação em empresas do terceiro setor, principalmente as de perfil humanitários, e ainda diversos tipos de órgãos governamentais. Por lidar freqüentemente com questões ligadas à Ética, esses órgãos valorizam cada vez mais profissionais com formação em Filosofia. Em virtude disso, é 30 comum verificar a atuação de profissionais graduados em Filosofia atuando na coordenação executiva de atividades que envolvem o gerenciamento de ações administrativas, técnica, política e financeira de ONG's, estabelecendo estratégias de planejamento, monitoramento e avaliação das atividades, as quais contam com a participação de um corpo de voluntários, convocados para este fim. Numa perspectiva mais tradicional, o Curso de Bacharelado em Filosofia visa preparar o aluno para a pesquisa e o magistério superior, capacitando o indivíduo para o ingresso em Cursos de pós-graduação (Mestrado e Doutorado) que contemplam a produção de trabalhos científicos a partir de estudos aprofundados em Filosofia. 31 VII. Objetivos Geral Formar profissionais cidadãos capazes de atuar competentemente na educação básica, no campo de ensino e da pesquisa em Filosofia, englobando qualificações direcionadas a outras áreas de trabalho tais como ações de gerenciamento ético-político, planejamentos administrativos, monitoramento e análises estratégicas educacionais, como consultorias e coordenações. Específicos Desenvolver competências que propiciem o domínio da Filosofia; Refletir critica e analiticamente sobre a Filosofia como um fenômeno educacional, social, histórico, cultural, político e ideológico. Desenvolver uma visão crítica das perspectivas teóricas adotadas nas investigações filosóficas, que fundamentem a formação do profissional em Filosofia, licenciado e bacharel. Promover o desenvolvimento de competências que dominem conteúdos essenciais que são objetos dos processos de ensino e aprendizagem no ensino fundamental e médio. 32 Levar ao domínio da práxis pedagógica que viabilizem a transposição do conhecimento filosófico para as diferentes esferas de ensino-aprendizagem. Impulsionar compromissos sociais e ético-políticos, visando o desenvolvimento da formação cidadã e profissional de modo permanente. Atender às pessoas que desejam uma qualificação filosófica para melhor responder aos desafios da cultura contemporânea nas comunidades e na sociedade. Responder às exigências da formação de professores/pesquisadores para atendimento das necessidades sociais da região de Feira de Santana. Colaborar com o aperfeiçoamento de docentes que atuem no ensino de Filosofia. Fazer repercutir o trabalho da Filosofia, envolvendo a comunidade universitária e a sociedade, refletindo sobre os acontecimentos e fatos que abranja a dimensão filosófico-cultural. Promover uma formação que favoreça o diálogo com as outras áreas do saber. Apresentar a Filosofia como modo de saber e sua importância para o diálogo do homem com o mundo. Demonstrar a relevância social da Filosofia para questões e respostas aos desafios da realidade emergente com uma linguagem crítico-construtiva e dialógica. Fomentar a pesquisa e a formação docente, fundamentada em critérios científicos, propiciando a integração entre ensino, pesquisa e extensão, no que diz respeito às exigências sociais do século XXI. Atender à necessidade da região de Feira de Santana no que toca à questão de profissionais competentes e capacitados para trabalhar com Filosofia no ensino Fundamental e Médio. Formar licenciados e bacharéis socialmente conscientes e atentos, considerando o saber como uma construção social. Formar profissionais que tenha o ser humano como princípio e fim do processo de formação com comprometimento ético. Garantir a flexibilidade de pensamento e a liberdade de expressão. 33 VIII. Organização Curricular 8.1 Referências Legais do Curso A duração para uma modalidade proposta por este projeto levou em conta as considerações do Parecer CNE/CES 108/2003 de 07/05/2003– que tratou da duração dos cursos presenciais de Bacharelado – obedeceu aos parâmetros fixados pelo Ministério da Educação no Parecer CNE/CES 492/2001 de 03/04/2001 – que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Filosofia – bem como se alinhou com as recomendações da Comissão de Especialistas de Ensino de Filosofia (CEE-FILO) que embasaram aquele Parecer. Para o caso específico da licenciatura, o documento-guia foi a Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002, que instituiu a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, complementado pelo Parecer CNE/CP 28/2001, de 02 de outubro de 2001, que a citada Resolução declara, em seu preâmbulo, ter sido um de seus fundamentos. Parecer CNE 1363/2001; parecer CNE 4/1998, 2002; CNE Resolução 1/2002; CNE/Resolução 2/2002; CNE/Parecer 67/2003. Também serviram como base legal para a presente proposta a Resolução CNE/CES 12, de 13 de março de 2002 que estabelece as Diretrizes Curriculares para os cursos de Filosofia e o parecer 329/2004 sobre a Carga horária mínima dos cursos de graduação na modalidade presencial. E por fim, com tamanha relevância, levamos em consideração o Parecer 38/2006 do Conselho Superior de Educação, que torna obrigatório o ensino de filosofia e sociologia no ensino médio de todas as escolas públicas e privadas do país. 34 8.2 Estruturação do Curso Dispusemos nosso currículo com três grandes eixos de conteúdos específicos de formação básica em Filosofia. Um Eixo Comum de conteúdo de formação específica em Filosofia (teoria e prática), inclusive a monografia final de curso; outro Eixo de Conteúdos Teórico/Práticos exclusivos da Licenciatura, incluindo aí o Estágio; e um Eixo de Pesquisa Integradora exclusivo do Bacharelado. Com isso, pretendemos uma formação com conteúdos básicos específicos idênticos, inclusive os componentes monográficos, tanto para o bacharel quanto para o licenciado em Filosofia. Estas habilitações devem cumprir uma função formadora caracterizando o rigor da pesquisa e a vinculação com o ensino. O Eixo Comum é dividido em: 1. História da Filosofia 2. Fundamentos de Filosofia 3. Sistemática Filosófica 4. Optativas Eletivas 5. Optativas de Aprofundamento em Filosofia 6. Monografia I e Monografia II – TCC Os alunos deverão cursar ao menos dois componentes de Optativas deAprofundamento em Filosofia e ao menos duas Optativas Eletivas, conforme sua 35 orientação, o que permite uma flexibilização que o mesmo constrói. Sendo que no total, o aluno deverá ter cursado seis optativas respeitando o mínimo exigido para complementação da carga horária e integralização do curso. As únicas distinções específicas do curso são: os componentes do Eixo de Pesquisa Integradora, exclusiva do Bacharelado; os componentes do Eixo de Conteúdos Teórico/Práticos, exclusivos da Licenciatura. A escolha da modalidade deverá ser feita a partir do quarto semestre, posto que, nesse momento, o aluno já estudou os temas fundamentais da formação básica que possibilitará uma visão de conjunto dos princípios formadores de Filosofia. Esses 03 eixos temáticos, como se pode perceber dá conta das já citadas exigências legais e, além disso, oferecem uma resposta inovadora para a demanda emergente de profissionais de filosofia. Mesmo que essas exigências não existissem, os eixos, a nosso ver, oferecem oportunidade de buscar respostas aos problemas e desafios da nossa época, investigando, por exemplo, os feitos e conseqüências do saber científico, as práticas humanas na direção da ética e da cidadania. Os eixos também possibilitam o cumprimento da exigência de um mínimo de 2800 horas para as licenciaturas, bem como respeitam a necessidade de um mínimo de 2400 horas para o bacharelado. Nossa proposta de curso, como já se sabe, pouco supera esses mínimos (bacharelado: 2425 horas; licenciatura: 2870 horas), sendo essas pequenas diferenças em relação aos mínimos legais uma das conseqüências de um esforço, dos autores do presente projeto, no sentido de acompanhar as sugestões da CEE-FILO e da Resolução CNE/CP 2 (esta, em seu art. 20), que sugerem estruturas curriculares que possibilitem a conclusão do Bacharelado ou da Licenciatura em quatro anos. Assim, buscando percorrer os temas e as discussões em sua totalidade, distribuímos os conteúdos curriculares de modo a obter uma progressão cronológica e uma complementaridade entre os conteúdos curriculares. Vejamos um exemplo dessa complementaridade: as disciplinas de “Filosofia Antiga” e as de “Lógica” foram alocadas nos dois primeiros semestres a fim de que os professores das primeiras não precisassem se deter em abordagens relativas à Lógica que Aristóteles fundou, podendo, assim, concentrar-se em outros temas clássicos. Um outro exemplo pode ser retirado do quarto semestre, em que coabitam a “História da Filosofia Contemporânea”, a “Filosofia da Ciência”, que começa a se constituir como disciplina filosófica no momento inicial do mesmo período. 36 Ainda quanto à distribuição dos conteúdos disciplinares, vale a pena destacar a classificação dos componentes práticos que farão parte das duas modalidades. Daí se segue que as atividades de investigação e prática filosófica reforçam o entendimento de que a pesquisa e a docência são indissociáveis e de que bacharelado e licenciatura não se constituem em modalidades dicotômicas. De fato, com exceção dos Componentes pedagógicos e Estágio e as Pesquisas Integradoras, os conteúdos curriculares dos troncos são comuns para bacharelandos e licenciandos, sendo as atividades de ensino e pesquisa igualmente contempladas em cada uma delas; é somente a partir do quarto semestre, quando a opção formal do discente por uma ou outra modalidade far-se-á necessária, que os conteúdos curriculares sofrem pequenas distinções, privilegiando a pesquisa acadêmica, em uma maior quantidade de componentes de aprofundamento e os integradores para o bacharelado, e as habilidades mais específicas necessárias para o magistério, para a licenciatura. Vejamos inicialmente do eixo comum, que será cursado nos primeiros semestres tanto pelos futuros bacharéis quanto pelos futuros licenciados, uma vez que ainda não se terá exigido, nesses semestres, opção por uma ou outra dessas modalidades. 8.3 Os Componentes Na distribuição dos componentes buscou-se a interação conteúdo-realidade, de sorte que o processo de aprendizagem vivenciado pelo aluno ocorra num contexto de respeito às diferenças individuais. Os componentes, portanto, são apresentados de forma que contribua com a aquisição, por parte do aluno, de conhecimentos prévios para os novos desafios cognitivos inerentes à sua formação. Divididos em eixos temáticos gerais, os componentes se classificam efetivamente dentro de uma visão integradora, entre os clássicos, com o suporte para o entendimento das questões contemporâneas e emergentes. 37 8.3.1. Eixo Comum – específico da formação básica em Filosofia (Licenciatura e Bacharelado) 8.3.1.1. Conteúdos de História da Filosofia: História da Filosofia Antiga, História da Filosofia Medieval, História da Filosofia Moderna e História da Filosofia Contemporânea. 8.3.1.2. Conteúdos de Sistemática Filosófica: Introdução à Filosofia, Estudo do Texto Filosófico, Lógica I e Lógica II. 8.3.1.3 Conteúdos de Fundamentos: Ontologia, Filosofia da Ciência, Teoria do Conhecimento, Filosofia da Linguagem, Filosofia Política, Ética, Estética, Antropologia Filosófica. 8.3.1.4. Optativas de Aprofundamento em Filosofia: Filosofia da Religião, Filosofia Clínica, Filosofia Oriental, Filosofia da História, Filosofia Social, Filosofia do Direito, Filosofia e Ensino, Mitologia Grega, Bioética, Filosofia da América Latina, Filosofia Brasileira, Filosofia Oriental. Filosofia da Mente, Hermenêutica Filosófica, Pensamento Africano, Oficinas de Filosofia, Seminários Temáticos em Filosofia. Filosofia da História. 8.3.1.5. Optativas Eletivas: LET 502 – História Geral da Arte, EDU 617 – Mídia e Educação, CHF 902 – Psicologia Social, CHF 400 – Ciência Política. História da Educação. Fundamentos de didática. Avaliação educacional. 8.3.2. Eixo de Conteúdos Teórico/Práticos – Componentes Exclusivos da Licenciatura: Filosofia da Educação, Escola, Docência e Cotidiano Escolar, 38 Psicologia e Educação, Metodologia e Didática do Ensino de Filosofia, Relações Étnico-raciais na Escola, Novas Tecnologias da Comunicação e da Informação em Educação, Educação Especial e Políticas Educacionais Inclusivas, Política e Gestão Educacional, Libras: Noções Básicas, Estágio I, Estágio II, Estágio III e Estágio IV. 8.3.3. Eixo de Pesquisa Integradora – Componentes Exclusivos do Bacharelado: Metodologia da Pesquisa em Filosofia, Seminário de Pesquisa I, Seminário de Pesquisa II, Tópicos em Filosofia I, Tópicos em Filosofia II, Monografia I e Monografia II -TCC 8.4 Coerência do Currículo com os Objetivos do Curso O eixo em volta do qual se constrói o currículo do Curso de Filosofia, modalidades Bacharelado e Licenciatura da Universidade Estadual de Feira de Santana deve preconizar a formação de profissionais capazes de analisar e intervir no cenário cultural utilizando conhecimentos teóricos e práticos consolidados durante a graduação, visando à articulação do ambiente acadêmico e social dentro de uma formação crítica e ética. Diante disso, propomos um currículo com uma flexibilidade curricular que enseja a liberdade, como condição precípua da investigação filosófica e a articulação do conteúdo com a finalidade de assegurar, ao futuro profissional e pesquisador, uma formação filosófica que seja academicamente relevante e, por isso, idêntica nos seus delineamentos fundamentais. Em vista disso a construção da democracia e a conseqüente cidadania não podem ser indiferentes ao estudo de filosofia. A centralidade da pessoa humana define o projeto filosófico do curso, e tanto a Licenciatura