Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ANTIDEPRESSIVOS Profa. Dra. Ciela Gimenes 2 DEPRESSÃO X TRISTEZA NORMAL DEPRESSÃO Mais intensa Mais duradoura Não reage aos estímulos positivos Prejuízo funcional Piora com o tempo Sem fator causal necessariamente Lentificação psicomotora TRISTEZA NORMAL Menos intensa Menos duradoura Reage a estímulos positivos Prejuízo funcional limitado Melhora com o tempo Tem fator causal Sem lentificação psicomotora 3 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS • 5% das pessoas têm depressão • Afeta 340 milhões de pessoas em todo o mundo. • Início em qualquer idade, mas o período de maior incidência é dos 25 aos 30 anos e de prevalência dos 30 aos 44 anos. • 0,4 a 2,5% das crianças e adolescentes. • 10 a 20% vão sofrer de depressão - mulheres/ homens = 2:1 (diferença tem início na adolescência). - 25% das mulheres e 10% dos homens - 40 a 60% dos suicídios têm causa depressiva. - Homens depressivos se suicidam 4 vezes mais que as mulheres. 4 2004 2030 Infecções respiratórias baixas 1 Depressão Diarréias 2 Doença cardíaca isquêmica Depressão 3 Acidentes de trânsito Doença cardíaca isquêmica 4 Doenças cerebrovasculares HIV/AIDS 5 DPOC Doenças cerebrovasculares 6 Infecções respiratórias baixas Prematuridade e baixo peso ao nascer 7 Perda auditiva iniciada no adulto Asfixia e trauma ao nascer 8 Erros de refração Acidentes de trânsito 9 HIV/AIDS Infecções neonatais e outras 10 Diabetes mellitus PREJUÍZO SAÚDE PUBLICA 5 IMPACTO ECONÔMICO • No Reino Unido o custo direto com a depressão é maior que o custo com diabetes e hipertensão juntos. • Os custos indiretos são ainda maiores e correspondem a 62% dos custos totais (estes incluem perda da produtividade no trabalho, absenteísmo e desemprego). 6 EVOLUÇÃO DE TRATAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS 1950s 1960s 1970s 1980s 1990s Maprotilina Amoxapina Imipramina (1957) Agentes de amplo espectro (ações múltiplas) 2000+ Agentes mais seletivos (ação única) Novos agentes afetando múltiplos sistemas monoaminérgicos Nefazodona Mirtazapina Venlafaxina Fluoxetina Sertralina Paroxetina Fluvoxamina Citalopram Bupropion Fenelzina Isocarboxazida Tranilcipramina Desipramina Clomipramina Amitriptilina Nortriptyiina Escitalopram Duloxetina Desvenlafaxina 7 FÁRMACOS MAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO NOME COMERCIAL NOME QUÍMICO TRYPTANOL, AMITRYL AMITRIPTILINA ZYBAN, WELLBUTRIN, ZETRON BUPROPIONA CIPRAMIL, PROCIMAX, DENIL CITALOPRAM ANAFRANIL CLOMIPRAMINA CYMBALTA DULOXETINA LEXAPRO ESCITALOPRAM PROZAC, VEROTINA, EUFOR, DEPRAX, PSIQUIAL, FLUXENE, DAFORIN FLUOXETINA LUVOX FLUVOXAMINA TOFRANIL IMIPRAMINA LUDIOMIL MAPROTILINA TOLVON MIANSERINA IXEL (SAIU DE MERCADO) MILNACIPRANO REMERON SOLTABS MIRTAZAPINA AURORIX MOCLOBEMIDA SERZONE (SAIU DE MERCADO) NEFAZODONE PAMELOR NORTRIPTILINA AROPAX, PONDERA, CEBRILIN PAROXETINA PROLIFT (SAIU DE MERCADO) REBOXETINA ZOLOFT, TOLREST SERTRALINA EQUILID SULPIRIDE STABLON (SAIU DE MERCADO) TIANEPTINA PARNATE TRANILCIPROMINA EFEXOR, VENLIFT VENLAFAXINA 8 SINTOMAS DA DEPRESSÃO TÍPICOS • Humor deprimido • Perda de interesse ou prazer • Energia reduzida • Fadiga constante ATÍPICOS • Retardo/agitação psicomotora • Irritação • Insônia ou sono exagerado • Pensamentos recorrentes sobre a morte • Dificuldade de concentração • Alterações de apetite • Sentimentos de culpa, desvalia, desamparo • Uso de álcool e/ou drogas. 9 GRAVIDADE DA DEPRESSÃO Duração mínima de duas semanas. LEVE: pelo menos 2 sintomas típicos mais pelo menos dois outros sintomas comuns. Não causa disfunção psicossocial importante. MODERADO: pelo menos 2 sintomas típicos, mais pelo menos três outros sintomas comuns. Prejuízo claro no funcionamento psicossocial. GRAVE: todos os 3 sintomas típicos, mais pelo menos 4 outros sintomas comuns. Em geral tem incapacidade psicosocial e ideação suicida. 10 CLASSIFICAÇÃO CID-10 TRANSTORNOS DO HUMOR • F30 Episódio Maníaco • F31 Transtorno Afetivo Bipolar • F 32 Episódio Depressivo • F 33 Transtorno Depressivo Recorrente • F34 Transtornos Persistentes do Humor • F38.0 Outros Transtornos do Humor 11 FISIOPATOLOGIA DA DEPRESSÃO • Neurotransmissores relacionado as emoções: serotonina, noradrenalina e dopamina • Níveis deles diminuem, mudando nossas emoções desequilíbrio neuroquímico • Causa não definida • Desencadeadores eventos estressantes e perdas doenças físicas uso de certos medicamentos níveis hormonais drogas e álcool • Predisposição familiar 12 AVALIAÇÃO INICIAL DEPRESSÃO PRIMÁRIA Sem causa orgânica ou sem ligação direta com fator estressante SECUNDÁRIA OU TRANSTORNO DE AJUSTAMENTO - Diretamente ligado a fator estressante - Doença física - Medicamentos DEPRESSÃO UNIPOLAR BIPOLAR 13 DEPRESSÃO SECUNDÁRIA • Depressões podem ser secundárias a doenças clínicas ou medicamentos: – Hipotireoidismo – Câncer de pâncreas – Doença de Parkinson – Doenças infecciosas como a hepatite C, HIV/AIDS – Lúpus eritematoso, artrite reumatóide – Corticóides – Anti-hipertensivos (propranolol, alfa-metil dopa). – Anticoncepcionais – Cimetidina 14 DEPRESSÃO Fobia simples 24% Pânico 10% Fobia Social 27% COMORBIDADES Dependência de drogas 13% Dependência de álcool 24% Abuso de drogas (sem dependência) 7% 15 NEUROANATOMIA DA VIA MONOAMINÉRGICA 16 TRANSTORNO BIPOLAR • PRESENÇA DE MANIA OU HIPOMANIA – Humor eufórico, otimimismo exagerado, expansividade, bem estar – Aumento da energia acentuado – Aceleração do pensamento – Grandiosidade – Distraibilidade – Insônia – Aumento acentuado das atividades – Aumento do discurso – Ações impulsivas 17 18 VIAS SEROTONINÉRGICAS CENTRAIS • As projeções dos neurônios serotoninérgicos se dirigem para quase todas as estruturas do cérebro. • Alguns núcleos projetam-se para o cerebelo e outros para a medula. 19 SÍNTESE SEROTONINÉRGICA • A síntese da serotonina se inicia pela captação ativa do aminoácido triptofano. Ao sofrer ação da enzima triptofano hidroxilase, é transformada em 5-hidroxitriptofano e, quase imediatamente, transformada em 5-HT pela ação de uma descarboxilase de aminoácidos. 20 • Pós sinapticamente, pode atuar em vários tipos de receptores. • Existem também receptores pré-sinápticos inibitórios, os de tipo 5-HT1D. • O principal mecanismo de retirada da 5-HT da fenda sináptica é a recaptação pelo terminal nervoso. • A degradação intracelular ocorre pela enzima monoaminoxidase (MAO), sendo um de seus principais metabólitos o ácido 5- hidroxiindolacético. MECANISMO DE AÇÃO DA SEROTONINA 21 VIAS DOPAMINÉRGICAS CENTRAIS • Projeções dos neurônios dopaminérgicos para o corpo estriado e área pré-frontal ventral. 22 SÍNTESE DOPAMINÉRGICA E NORADRENÉRGICA • A síntese da noradrenalina se inicia com a captação livre do aminoácido tirosina, que é transformada pela tirosina hidroxilase em L-DOPA e,posteriormente, pela ação da L-DOPA descarboxilase em dopamina. • A dopamina é captada pelas vesículas sinápticas e, sob a ação da dopamina beta-hidroxilase, transformada em noradrenalina. 23 • Pós-sinapticamente, pode atuar em receptores chamados de alfa- 1, alfa-2 e beta. • Existem também receptores pré-sinápticos noradrenérgicos inibitórios, de tipo alfa-2. • O principal mecanismo da retirada da noradrenalina da fenda sináptica é o da recaptação pelo terminal nervoso. • A degradação intraneural ocorre pela enzima monoaminoxidase (MAO), sendo um de seus principais metabólitos o 3-metaxi-4-hidroxifeniletileno glicol (MHPG). MECANISMO DE AÇÃO DA NE 24 25 26 TEORIA MONOAMINÉRGICA CLÁSSICA DA DEPRESSÃO 27 • Com base em observações, Schildkraut e Kety propuseram, na década de 1960, que a depressão era causada por diminuição da noradrenalina cerebral, e que tratamentos antidepressivos eram eficazes por normalizar essa neurotransmissão. • Pouco depois, Lapin e Oxenkrug propuseram algo semelhante em relação à serotonina. Estas duas propostas compõem o que pode ser denominada de TEORIA CLÁSSICA DA DEPRESSÃO. 28 • Mais recentemente, outras evidências têm corroborado a proposta de envolvimento da serotonina e/ou noradrenalina na fisiopatologia dos distúrbios afetivos. • Estudos neuroendrócrinos, por exemplo, mostram que o aumento do hormônio hipofisário prolactina, induzido pelo aminoácido precursor da serotonina, o triptofano, encontra-se atenuado em pacientes com depressão. 29 • Soma-se a isso o fato de que a privação aguda de 1-triptofano induz recidiva do quadro depressivo em 80% dos pacientes tratados com sucesso com drogas que bloqueiam seletivamente a recaptação de serotonina. • Também há recidiva em pacientes que são tratados com um bloqueador de recaptação de noradrenalina, sugerindo também um papel importante desse neurotransmissor. 30 HIPÓTESE MONOAMINÉRGICA • Baseava-se no mecanismo de ação das drogas. - Acredita-se que o efeito antidepressivo se dê às custas de um aumento da disponibilidade de neurotransmissores no SNC, notadamente da serotonina (5-HT), da noradrenalina ou norepinefrina (NE) e da dopamina (DA). - Ao bloquearem receptores 5-HT2 os antidepressivos também funcionam como antienxaqueca. LIMITAÇÕES – Apesar da ação dos ADs nos receptores pós- sinápticos ser imediata, a resposta clínica só ocorre de 2 a 3 semanas depois. – Medidas de metabólitos de NE e 5-HT não mostravam padrão constante – Não é possível predizer com certeza a resposta ao tratamento 31 São usados no tratamento de Depressão, Síndrome do Pânico, TOC, Anorexia, Bulimia, Distúrbio Afetivo Bipolar, Enxaquecas, Tensão Pré - Menstrual (TPM), Tricotilomania, Dores Crônicas, Dores Reumáticas, Câncer, Enurese, Paralisia do Sono, etc. Antidepressivos são drogas que aumentam o tônus psíquico melhorando o humor e, conseqüentemente, melhoram a psicomotricidade de maneira global. São vários os fatores que contribuem para a etiologia da depressão emocional e, dentre estes, destaca-se a bioquímica cerebral. ANTIDEPRESSIVOS 32 CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS EMPREGADOS NO TRATAMENTO DE DISTÚRBIOS AFETIVOS 33 • OS ANTIDEPRESSIVOS SÃO CLASSIFICADOS EM 3 GRUPOS: - Antidepressivos Tricíclicos (ADT) - Inibidores da Monoaminaoxidase (IMAO) - Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) - Antidepressivos Atípicos AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE UM E OUTROS ANTIDEPRESSIVOS SÃO OS POSSÍVEIS EFEITOS COLATERAIS. 34 • Aumentam a disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica, inibindo a recaptação destas aminas pelos receptores pré- sinápticos. • Parece haver também, com o uso prolongado dos ADT, uma diminuição do número de receptores pré-sinápticos do tipo Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback inibiria a liberação de NE. Desta forma, quanto menor o número destes receptores, menor seria sua estimulação e, conseqüentemente, mais NE seria liberada na fenda. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS CLOMIPRAMINA – ANAFRANIL® IMIPRAMINA – IMIPRA®, TOFRANIL®, AMITRIPTILINA – AMYTRIL® , TRYPTANOL®, MAPROTILINA – Ludiomil® NORTRIPTILINA – Pamelor® 35 36 37 • Os tricíclicos são capazes de bloquear a recaptação neuronal de noradrenalina e/ou serotonina. A potência em exercer esses bloqueios é bastante variável. • Além do bloqueio de recaptação de monoaminas, muitos compostos antidepressivos possuem afinidade por diversos receptores, dos quais se destacam os muscarínicos, alfa-adrenérgicos, colinérgicos e histamínicos. O bloqueio competitivo desses receptores é responsável por alguns dos efeitos colaterias destas drogas. 38 • Os ADT atualmente estão sendo substituídos por outros fármacos devido a seus efeitos colaterais, resultantes principalmente de sua influência sobre a acetilcolina, um neurotransmissor não monoamina — boca seca, visão nublada, vertigem, sonolência, ganho de peso corporal, constipação e dificuldade para urinar. • São potentes anticolinérgicos e por esta característica seus efeitos colaterais são explicados. Enquanto os efeitos terapêuticos exigem um período de latência, o mesmo não acontece com os efeitos colaterais. Estes aparecem imediatamente após a ingestão da droga e são responsáveis pelo grande número de pacientes que abandonam o tratamento antes dos resultados desejados. Daí a importância na orientação ao paciente. • Apresentam também o risco de suicídio, já que uma quantidade suficiente para duas semanas de tratamento pode ser fatal se tomada de uma vez só. A retirada do medicamento deve ser gradativa a fim de evitar náuseas e insônia de rebote." 39 FARMACOCINÉTICA DOS ADT • Os ADT sofrem metabolização hepática por oxidação e hidroxilação numa via metabólica, noutra via sofrem dimetilação originando metabólitos também ativos. Eles têm uma forte tendência em ligar-se às proteínas plasmáticas, embora a fração livre tenha também uma grande importância na ação terapêutica. Apenas 5% da dose ingerida é excretada em sua forma original. • Como os metabólitos dos ADT são ativos terapeuticamente, as diferenças individuais de metabolização fazem com que as doses equivalentes prescritas resultem, com freqüência, em níveis plasmáticos discrepantes de uma pessoa para outra. 40 EFEITOS COLATERAIS OFTALMOLÓGICOS • Freqüente dificuldade de acomodação visual dependendo da dose do ADT - não chega a ser importante para obrigar a interrupção do tratamento. • Midríase também é uma ocorrência que pode ser observada. GASTRINTESTINAIS • Secura na boca ocorre em quase 100% dos pacientes. Em casos mais - gengivite e glossite. • Constipação intestinal também acontece em quase 100% - Minimiza com a mudança do hábito alimentar ou com a utilização de laxantes. 41 CARDIOVASCULARES • Aumento na freqüência cardíaca mas as taquicardias importantes são de ocorrência rara. • aumento do intervalo PR, do complexo QRS ou do intervalo QT no ECG. • Devem ser observados, com maior preocupação os pacientes portadores do bloqueio AV anterior ao tratamento com ADT. • O potencial disrítmico dos ADT podem ter uma atuação até antiarrítmica, com efeitos semelhantes aos quinidínicos. • Hipotensão postural, suportável, não exige mudança na posologia. 42 ENDÓCRINOS • Aumento nosníveis de prolactina e, paradoxalmente, outros autores demonstram diminuição e outros ainda, níveis inalterados. A mesma disparidade encontramos em relação aos trabalhos sobre alterações dos hormônios tireoideanos. • Aumento no nível do hormônio do crescimento com o uso de desipramina, um metabólito da imipramina. 43 GENITURINÁRIO • A retenção urinária pode ser observada, principalmente, em pacientes homens e portadores de adenoma de próstata. Embora deva ser dado mais atenção à estes pacientes, tal ocorrência não é contra-indicação absoluta ao uso dos ADT. Com muita freqüência encontramos disúria em ambos os sexos. • Na esfera sexual podemos ter uma diminuição da libido, retardamento do orgasmo e mais raramente, anorgasmia (em ambos sexos). Como freqüentemente na depressão a libido já se encontra diminuída ou até abolida, com a melhora do quadro afetivo pelos ADT o paciente notar comumente uma melhora desta função, ao contrário do que poderíamos esperar se considerarmos apenas os efeitos colaterais. 44 SISTEMA NERVOSO CENTRAL • A sedação inicial e sonolência são encontradas no início do tratamento, diminuindo sensivelmente após os 6 primeiros dias. Em doses terapêuticas a insônia, agitação e aumento da ansiedade não são comuns de se observar. • Em pacientes mais idosos podemos encontrar a chamada "síndrome anticolinérgica central" com agitação, confusão mental, delírios e alucinações. Daí considerar-se a utilização de doses menores em tais pacientes. Em pessoas predispostas, podem ocorrer convulsões do tipo generalizadas devido ao fato dos ADT diminuírem o limiar convulsígeno. 45 INTOXICAÇÃO • Sinais de intoxicação começam a aparecer quando a ingestão de ADT ultrapassa 500 mg/dia • A dose letal e maior que isso: varia entre 1.800 e 2.500 mg(10). • Na intoxicação por ADT podemos encontrar agitação ou sedação, midríase, taquicardia, convulsões generalizadas, perda da consciência, depressão respiratória, arritmia cardíaca, parada cardíaca e morte. • Tendo em vista a grande afinidade protêica dos ADT, sua eliminação por diálise ou diurese é muito difícil. Nos casos de intoxicação está indicado o uso de anticolenesterásicos (Prostigmina IM ou EV) e medidas de sustentação geral. 46 INTERAÇÕES • Os pacientes que necessitam de um inibidor da monoaminooxidase deverão suspender o tratamento com clomipramina 15 dias antes de iniciar a dose de IMAO. Pode reduzir ou anular o efeito anti- hipertensivo de clonidina, guanetidina, betanidina, reserpina e metildopa. Pode reforçar o efeito cardiovascular dos simpaticomiméticos (epinefrina, norepinefrina e anfetamina), dando origem a arritmias, taquicardia ou hipertensão. • Administrado em associação com anticolinérgicos ou neurolépticos com efeito anticolinérgico, podem ocorrer estados de hiperexcitação ou delírio, como ataques de glaucoma. Também não deverá ser empregado em combinação com antiarrítmicos do tipo da quinidina. 47 • Se administrada junto com estrogênios, a dose de clomipramina deverá ser diminuída, pois que os hormônios esteróides inibem o metabolismo destas substâncias, dando origem a toxicidade, mascarando os efeitos terapêuticos e piorando a depressão. • Ao diminuir o limiar das crises convulsivas com doses elevadas, diminui o efeito da medicação anticonvulsiva, requerendo, portanto, um ajuste da dose para o controle destas crises.O uso simultâneo com cimetidina inibe o metabolismo da clomipramina e aumenta a concentração plasmática, dando origem à toxicidade, podendo ser necessária uma diminuição da dose do antidepressivo tricíclico. 48 INIBIDORES DA MAO (IMAO) • A MAO é uma enzima que transforma a serotonina e as catecolaminas (adrenalina, NE e dopamina). Localiza-se principalmente na membrana externa das mitocôndrias. Pela sua localização, a MAO atua preferencialmente sobre o neurotransmissor que está ―livre‖ no citoplasma, isto é, aquele que foi recaptado pelo terminal e que ainda não foi captado pelas vesículas, ou aquele que foi liberado pelas vesículas antes de passar pela membrana axônica. • Estas drogas são inibidores irreversíveis. PROBLEMA 49 • Os IMAO produzem aumento da concentração dos neurotransmissores nas vesículas sinápticas de todo SNC e SNS. • Um dos grandes problemas destas drogas é a interação com aminas simpatomiméticas, particularmente a TIRAMINA. • Essa substância atua indiretamente, liberando a noradrenalina de seus terminais. Ela está presente em grandes quantidades em determinados alimentos, como queijos fortes, certas carnes, vinho tinto e outros. Normalmente, a tiramina ingerida é degradada pela MAO, presente de forma abundante nas paredes intestinais e no fígado. 50 • No entanto, a inibição da MAO impede a degradação da tiramina que em grande quantidade atinge a circulação sistêmica, podendo causar ativação exagerada do sistema simpático, com o aparecimento de crises hipertensivas. • Como a tiramina é degradada preferencialmente pela MAO-A, o DEPRENIL foi introduzido na esperança de evitar o aparecimento de crises hipertensivas por interação com tiramina. 51 • Acredita-se que a ação antidepressiva dos IMAOs se correlacione também, e principalmente, com alterações nas características dos neuroreceptores, alterações essas no número e na sensibilidade desses receptores, mais até do que com o bloqueio da recaptação sináptica dos neurotransmissores, propriamente dita. Isso explicaria o atraso de 2 a 4 semanas na resposta terapêutica. TRANILCIPROMINA – Parnate®, Stelepar® MOCLOBEMIDA – Aurorix® SELEGILINA – Elepril®, Jumexil® 52 INIBIDORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA (ISRS) • Quando o antidepressivo aumenta os níveis de NE, pode ocorrer superestimulação do SNC, com taquicardia, disfunção sexual, hipertensão arterial, etc. Vem daí a preferência de alguns autores pelos antidepressivos que aumentam predominantemente, o nível da serotonina e não da noradrenalina. • Também o aumento da DA pode ser problemático, pode agravar sintomas psicóticos, sendo verdadeiro o contrário, ou seja, diminuindo-se os níves da dopamina reduz-se sintomas psicóticos. 53 • Os antidepressivos chamados de Inibidores Específicos da Recaptação da Serotonina (ISRS) são aqueles que não interferem ou interferem pouco nos demais neurotransmissores além da serotonina (5HT). CITALOPRAM – Cipramil®, Parmil® , Proximax® FLUOXETINA – Daforim® , Deprax® , Eufor® , Fluxene® , Nortex® , Prozac® , Verotina® NEFAZODONA – Serzone® PAROXETINA – Aropax®, Pondera® , Cebrilin® 54 SISTEMA SEROTONINÉRGICO • Tratamentos prolongados com antidepressivos facilitam a neurotransmissão serotoninérgica. • Os neurônios serotoninérgicos apresentam atividade espontânea que limita sua atividade. O aumento da atividade neuronal leva a aumento local de liberação de serotonina por dendritos ou axônios colaterais, a qual, atuando em auto-receptores, inibiria os neurônios serotoninérgicos. 55 • Os auto-receptores inibitórios localizados nos corpos celulares parecem ser, na maior parte, de tipo 5-HT1D. Drogas antidepressivas, por bloquearem a recaptação de serotonina, potencializariam o efeito da serotonina nesses receptores, o que limitaria aumentos expressi- vos da neurotransmissão serotoninérgica no início do tratamento. A dessensibilização dos auto-receptores 5-HT1D, pelo uso prolongado dessas drogas, permitiria então um real aumento da neurotransmissão serotoninérgica. • Alguns antidepressivos causam diminuição de auto-receptores 5-HT1AD.56 ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS • O termo "Atípico“ é completamente inadequado, da mesma forma que é inadequado o termo "de 2ª. Geração". • Outros e novos produtos estão surgindo em velocidade agradavelmente espantosa, portanto, dentro em breve teríamos de 3ª., 4ª., 5ª. geração, tornando o aprendizado complicado e de utilidade duvidosa. • "Atípico", da mesma forma, não expressa a verdade científica, já que, à medida que esses produtos vão sendo preferenciais e mais utilizados, criamos uma situação extravagante; o típico é usar atípico. 57 • Até que apareça um termo melhor, são atípicos os antidepressivos que não se caracterizam como Tricíclicos (ADT), como Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) e nem como Inibidores da MonoAminaOxidase (IMAOs). • Alguns desses ADTs Atípicos aumentam a transmissão noradrenérgica, através do antagonismo de receptores a2 (pré-sinápticos) no sistema nervoso central, ao mesmo tempo em que modulam a função central da serotonina por interação com os receptores 5-HT2 e 5-HT3, como é o caso da MIRTAZAPINA. • A atividade antagonista nos receptores histaminérgicos H1 da Mirtazapina é a responsável por seus efeitos sedativos, embora esteja praticamente desprovida de atividade anticolinérgica. 58 • Outros atípicos, são inibidores da recaptação de Serotonina e Norepinefrina e alguns inibem, também, a recaptação de dopamina, como é o caso da VENLAFAXINA e da Mirtazapina ou da RIBOXETINA em relação a Noradrenalina. • O efeito clínico inicial mais rápido pode ser alcançado pelas drogas que reduzem a sensibilidade dos receptores beta- adrenérgicos. • Alguns atípicos, como é o caso da TIANEPTINA, embora sejam serotoninérgicos, não inibem a recaptação da Serotonina no neurônio pré-sináptico mas, induzem sua recaptação pelos neurônios da córtex, do hipocampo e do sistema límbico. • A AMINEPTINA, outro atípico, é uma molécula derivada dos tricíclicos mas seu mecanismo de ação é essencialmente dopaminérgico, enquanto que os outros antidepressivos tricíclicos são essencialmente noradrenérgicos e serotoninérgicos. 59 • As melhoras sintomáticas com a utilização dos antidepressivos atípicos poderão ser observadas a partir do 3º ao 5º dias e sobre o sono REM a partir do 20º dia de tratamento em posologia suficiente. Os antidepressivos atípicos comercializados no Brasil são os seguintes: AMINEPTINA – SURVECTOR® FLUVOXAMINA – LUVOX® MIRTAZAPINA – REMERON® REBOXETINA – PROLIFT® TIANEPTINA – STABLON® VENLAFAXINA – EFEXOR® TRAZODONA – DONAREM® MIANSERINA – TOLVON® MILACIPRANO – IXEL® 60 • A AMINEPTINA, normalizando a sensibilidade dos receptores pós-sinápticos beta-adrenérgicos, tem um resultado particular no tratamento das distimias subafetivas pela ação original de um mecanismo de que passa preferencialmente por um aumento da transmissão dopaminérgica (SISTEMA LÍMBICO REGULAÇÃO HUMOR E DA VIGILÂNCIA). • Este efeito, diferencia claramente a amineptina dos antidepressivos clássicos (tricíclicos) que inibem principalmente a recaptação da noradrenalina e por vezes a serotonina. A mesma orientação para os antidepressivos, em geral, valem também para os atípicos, ou seja, não são drogas milagrosas, apesar de eficientes para o tratamento dos estados depressivos, demoram vários dias para fazer efeito e devem ser tomadas por longo período. 61 OS EFEITOS DOPAMINÉRGICOS DEVEM-SE, ESSENCIALMENTE, A UMA INIBIÇÃO DA FENDA SINÁPTICA. O EFEITO DIRETO SOBRE O A LIBERAÇÃO DE DOPAMINA É MAIS MODESTO (15 A 20%); E ISTO DISTINGUE FUNDAMENTALMENTE A AMINEPTINA DAS SUBSTÂNCIAS DO TIPO ANFETAMINA, QUE ALÉM DE UM EFEITO NORADRENÉRGICO TEM UM DOPAMINÉRGICO POR LIBERAÇÃO DIRETA A PARTIR DAS VESÍCULS SINÁPTICAS COM ESGOTAMENTO DAS RESERVAS. 62 CONTRA-INDICAÇÕES • Não deve ser administrada junto com inibidores da monoaminooxidase, bem como no estado agudo de infarto do miocárdio. • A relação risco-benefício deverá ser avaliada nos seguintes quadros clínicos: asma, doença maníaco- depressiva, alterações cardiovasculares, principalmente em crianças ou idosos, disfunção hepática ou renal, esquizofrenia, crise convulsiva, retenção urinária. 63 EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO CRÔNICA DE ANTIDEPRESSIVOS 64 • Antidepressivos necessitam de administração continuada por pelo menos 4 a 6 semanas antes de se tornarem evidentes. Os mecanismos responsáveis por essa latência têm sido intensamente pesquisados, na esperança de permitir o desenvolvimento de novos fármacos com efeito antidepressivo mais rápido. • Os estudos realizados nestas últimas décadas mostraram que o uso crônico de antidepressivos leva a modificações em diversos sistemas cerebrais (NORADRENÉRGICO, SEROTONINÉRGICO E DE OUTROS NEUROTRANSMISSORES). 65 SISTEMA NORADRENÉRGICO • Um efeito bastante comum é uma diminuição de adrenoceptores de tipo alfa-2. • Esses receptores funcionam como auto- receptores inibitórios. • Com o uso prolongado da droga, ocorre diminuição dos receptores alfa-2 e o aparecimento de tolerância à inibição da atividade neuronal noradrenérgica. Nessa situação, o bloqueio da recaptação neuronal de noradrenalina levaria a um aumento maior dessa neurotransmissão. 66 ANTIDEPRESSIVOS – DOSE E EFEITOS COLATERAIS 67 ANTIDEPRESSIVOS - EFICÁCIA • Entre 30 e 50% dos pacientes depressivos têm uma resposta inadequada ao primeiro antidepressivo utilizado • Razões para falta de eficácia: – Dosagem muito baixa – Duração muito curta – Falta de aderência – Efeitos colaterais intoleráveis 68 Falta de resposta ou resposta parcial ao tratamento após 2 a 4 semanas com um antidepressivo em dose adequada Considere otimização do tratamento Estratégia de potenciação 1° escolha: lítio Outras: T3 ou T4, buspirona, antipsicótico atípico Combinar dois antidepre- ssivos de classes diferentes Trocar para um novo antidepressivo de uma classe diferente ou mesma classe Psicoterapia pode ser adicionada em qualquer fase do tratamento Considere ECT nos casos graves sem resposta ao tratamento E SE NÃO HOUVER RESPOSTA AO AD?
Compartilhar