Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Março 2012 Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Curso de Nutrição Março 2012 Manual de dietas do Hospital Central de Nampula DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 2 Periodicidade Anual PREFÁCIO Manual de dietas do Hospital Central de Nampula N.° 1 – Março 2012 FICHA TÉCNICA Propriedade: Estudantes de Nutrição do IV ano (estagiários) da Faculdade de Ciências da Saúde – Universidade Lúrio Coordenadora: Dra. Carla Marques Ganhão Autores: Momade Lourenço Simões • Artur Fernando dos Santos • Cecília João Boaventura Colaboraram neste Manual de dietas do Hospital Central de Nampula Dra. Dulce Z. A. Viola Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução dos artigos publicados para fins não comerciais, desde que indicada a fonte e informada à Universidade Lúrio. Tiragem: 6 exemplares Periodicidade: Indefinida DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 3 PREFÁCIO Aos irmãos que, por livre espontânea vontade, resolveram seguir esta carreira de ciência que acaba de emergir, desejamos que nunca desistam e tenham espírito de inovação, investigação e criatividade para que possam contribuir de forma significativa na expansão dos conhecimentos da ciência de nutrição à população e comunidade em geral e se apartam de tentações corruptas e teorias sem fundamento. Este manual é um instrumento que surge com o intuito de ajudar a melhorar os cuidados de atendimento sobre a terapia nutricional aos doentes internados no Hospital Central de Nampula com perspectiva de melhorar o prognóstico dos pacientes daquela unidade sanitária de acordo com as patologias de base verificadas. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 4 ABREVIATURAS HC = Hidratos de carbono SAND = Serviço de Alimentação Nutrição, e Dietética a.a = aminoácido AVB = alto valor biológico cc = ml = mililitros Ca = cálcio Fe = ferro TGI = trato gastro intestinal GEB = gasto de energia basal GET = gasto de energia total VCT = valor calórico total DPOC = doença pulmonar obstrutiva crónica DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 5 INTRODUÇÃO anual de Dietas – é um instrumento de trabalho que reúne um conjunto de opções dietéticas (programadas, codificadas e tipificadas), resultante das necessidades nutricionais dos diferentes utentes internados numa instituição hospitalar. A alimentação fornecida é baseada na aplicação dos conceitos de uma alimentação saudável e/ou de prescrições dietéticas. É confeccionada segundo os preceitos da culinária saudável e o sabor deve ser suficientemente agradável e apetitoso de modo a proporcionar prazer e fidelizar os utentes, evitando os desperdícios e/ou a sua substituição por comida trazida do exterior pelos seus familiares. Cada tipo de dieta apresentada no manual deverá reunir informações relevantes à denominação genérica: características gerais; indicações; adequação nutricional; métodos de confecção permitidos; alimentos proibidos, composição nutricional média da dieta especificada. Por norma as dietas deverão satisfazer 6 refeições diárias: pequeno – almoço; meio da manhã; almoço; lanche; jantar; ceia. Deve ter identificação adequada, bem como nome do paciente, número do quarto, número do leito e dieta. Os pacientes devem ter suas preferências alimentares preservadas mediante operacionalização do serviço e prescrição dietética. M Alimentação saudável, Alimentação equilibrada. Padrão alimentar adequado às necessidades biológicas e sociais dos indivíduos e de acordo com as fases do curso da vida. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 6 DIETAS HOSPITALARES Pensando em técnicas de hospitalidade, são aplicados no dia-a-dia do paciente conceitos não comuns aos hospitais para que eles se sintam como hóspedes em relação a alimentação. A gastronomia hospitalar é baseada na arte de bem servir. Prima-se pelo aroma, sabor, apresentação de seus pratos, tendo o paciente atendimento individualizado, respeitando as preferências, aversões alimentares e hábitos regionais. DIETAS DE ROTINA Dietas modificadas quanto a consistência dos alimentos e preparações que as compõem, tendo como objectivo principal facilitar o processo de mastigação, deglutição, e digestão, sendo classificadas para as várias dietas as seguintes variantes: Dieta Líquida Completa Como o nome indica compõe-se exclusivamente por alimentos líquidos, embora possam incluir-se substâncias dissolvidas ou emulsionadas pouco concentradas. Constitui uma dieta de transição que se utiliza em períodos limitados ou em situações em que se suspende a alimentação oral por motivos cirúrgicos (após cirurgia), digestivos, neurológicos ou de qualquer natureza que obrigue a interromper o normal consumo de alimentos. Nalguns casos, pode ser durante um longo tempo. É um tipo de dieta que facilita o reinício da alimentação no caso de estados ou situações de muita debilidade, assim como na anorexia profunda, pois é de fácil digestão, não necessita de mastigação, a sua digestão é rápida, o seu aproveitamento é elevado e além disso tem pouco resíduo. Deve ser administrada em curtos intervalos de tempo, cada 2 a 4 horas e quando é mais espessa, em 5 porções ao dia com um volume total de 2 a 2,5 litros, quantidade suficiente para cobrir as necessidades hídricas. É importante ter em conta que esta dieta geralmente é hipocalórica, pouco equilibrada e incompleta do ponto de vista dos micronutrientes. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 7 Características Dieta completa modificada na textura e na consistência. Todos os alimentos são triturados e batidos de forma a serem transformados num líquido não muito espesso e sem grumos. Esta dieta poderá ou não ter uma ementa pré-estabelecida podendo ter ou não adição de sal. Indicações Destina-se a indivíduos debilitados ou incapacitados de ingerir alimentos sólidos ou cremosos. Também está indicada na transição entre a dieta líquida ligeira e a dieta mole ou ligeira. Adequação nutricional Não satisfaz as necessidades nutricionais e calóricas. Deve ser administrada o menos tempo possível (2 a 3 dias) para evitar emagrecimento e carências múltiplas, caso contrário deve ser suplementada com produtos comerciais. Alimentos não permitidos Leite gordo Composição nutricional média Valor calórico total: 1700 a 1900 Kcal Proteínas: 20% Lípidos: 20% HC: 60% Sugestões: Deve ser suplementada com produtos comerciais, principalmente,se for administrada por muito tempo. Observação Todas as preparações devem ser liquidificadas e posteriormente coadas por pelo menos duas vezes. Todas as preparações liquidas podem ser acrescidas de açúcar. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 8 Dieta Líquida Ligeira ou restrita Características Dieta incompleta e desequilibrada. Isenta de resíduos como fibras alimentares, leite e derivados, fonte oral de líquidos de rápida absorção e minimiza a estimulação do tracto gastrointestinal e deixa o mínimo de resíduos. Indicações Destina-se a indivíduos que necessitem de preparação cólica para cirurgia ou exame, ou como primeiro passo da introdução da dieta (no pós-operatório imediato ou como transição entre o jejum prolongado e a dieta líquida), cirurgia do trato gastrointestinal. Adequação nutricional É inadequada em energia e na maioria dos nutrientes. Não deve ser usada por mais de 1 a 3 dias, caso seja necessário, deve ser suplementada com produtos comerciais. Alimentos não permitidos Leite Composição nutricional média Valor calórico total: 600 Kcal Proteínas: 6% Gorduras: 5% HC: 89% Observações Todas as preparações devem ser liquidificadas e posteriormente coadas por pelo menos duas vezes. O fraccionamento deve ser de 6 a 8 refeições. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 9 Dieta Líquida Completa Diabética Características Dieta completa e modificada na textura e na consistência. Todos os alimentos são triturados e batidos de forma a serem transformados num líquido não muito espesso e sem grumos. Esta dieta é semelhante à dieta líquida, mas sem açúcar e outros produtos que o contenham, pode ou não ter uma ementa pré-estabelecida, podendo ter ou não adição de sal. Indicações Destina-se a indivíduos debilitados ou incapacitados de ingerir alimentos sólidos ou cremosos, com perturbações do metabolismo dos HC, ou como transição entre a dieta líquida e a dieta mole ou ligeira. Adequação nutricional Não satisfaz as necessidades nutricionais e calóricas. Deve ser administrada o menos tempo possível (2 a 3 dias) para evitar emagrecimento e carências múltiplas, caso contrário deve ser suplementada com produtos comerciais. Alimentos não permitidos Leite gordo Composição nutricional média Valor calórico total: 1700 a 1900 Kcal Proteínas: 20% Lípidos: 20% HC: 60% Sugestões: Deve ser suplementada com produtos comerciais principalmente, se for administrada durante muito tempo. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 10 Dieta mole/leve Características Dieta completa modificada na textura e na consistência. Predominantemente constituída por alimentos moles ou de consistência modificada devido a maior cocção e/ou fraccionamento dos alimentos. Esta dieta deverá possuir uma ementa pré-estabelecida, podendo ter ou não adição de sal. Indicações Destina-se a indivíduos com problemas de mastigação, deglutição e/ou digestão. Também pode ser indicada na transição para a dieta geral. Adequação nutricional Pode ser pobre em vitamina C e fibra. Métodos de confecção permitidos Métodos culinários simples tipo cozidos, grelhados, assados ao natural e estufados em cru. Alimentos proibidos Carne ou equivalentes duros e/ou fibrosos, pão ou equivalentes duros, produtos de salsicharia, charcutaria, natas e banha, vegetais crus ou muito fibrosos e saladas, fruta cristalizada, frutos secos e frutos crus com excepção de banana e de sumos Composição nutricional média Valor calórico total: 2200 a 2400 kcal ou 2000 a 2200 kcal Proteínas: 15 a 20% Lípidos: 20 a 25% HC: 55 a 60% Observações Os alimentos não precisam ser liquidificados, o valor calórico dessa dieta é bem diminuído, por isso é necessário a adição de suplementos, farináceos com o objectivo de aumentá-lo. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 11 Dieta mole diabética Características Dieta completa modificada na textura e na consistência. Predominantemente constituída por alimentos semilíquidos ou de consistência modificada devido a uma maior cocção e/ou fraccionamento. Esta dieta é semelhante à da dieta mole com redução da capitação dos farináceos, podendo ter ou não adição de sal Indicações Destina-se a indivíduos com comprometimento do metabolismo glicídico e com problemas de mastigação, deglutição e/ou digestão. Também indicada na transição para a dieta geral; Adequação nutricional Pode ser pobre em vitamina C e fibra. Métodos de confecção permitidos Métodos culinários simples tipo cozidos, grelhados, assados ao natural e estufados em cru; Alimentos proibidos Açúcar e produtos açucarados, carne ou equivalentes duros e/ou fibrosos, pão ou equivalentes duros, produtos de salsicharia e charcutaria, natas e banha, vegetais crus ou muito fibrosos e saladas, fruta cristalizada, frutos secos e frutos crus com excepção de banana e sumos. Composição nutricional média Valor calórico total: 1800 a 2000 Kcal Proteínas: 15 a 20% Lípidos: 20 a 25% HC: 55 a 60% DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 12 Dieta Pastosa Características Dieta completa modificada na textura e consistência. É constituída por alimentos de consistência modificada pelo facto de serem completamente triturados e envoltos em molho, de modo à consistência ser completamente pastosa. Esta dieta possui uma ementa pré-estabelecida, podendo ou não ter adição de sal. Indicações Destina-se a indivíduos com sérias dificuldades de mastigação, deglutição e/ou digestão. Adequação nutricional Pode ser pobre em vitamina C e fibra Métodos de confecção permitidos Métodos culinários simples tipo cozidos, grelhados, assados ao natural e estufados em cru Alimentos proibidos Carne ou equivalentes duros e/ou fibrosos, pão ou equivalentes duros, produtos de salsicharia e charcutaria, natas e banha, pegetais crus ou muito fibrosos e saladas, fruta cristalizada, frutos secos e frutos crus c/ excepção de banana e sumos. Composição nutricional média Valor calórico total: 2000 a 2200 Kcal Proteínas: 15 a 20% Lípidos: 20 a 25% HC: 55 a 60% Observações Todos os alimentos devem ser cozidos, os farináceos são uma alternativa para aumentar o valor calórico da dieta, não liquidificar todos os alimentos juntos transformando-o em sopa, modificar DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 13 a consistência para pastosa separadamente. Os biscoitos, pães de forma podem ser molhados no leite para formar papas e facilitar a mastigação e deglutição do paciente. Dieta Pastosa Diabética Composição nutricional média Valor calórico total: 1800 a 2000 Kcal Proteínas: 15 a 20% Lípidos: 20 a 25% HC: 55 a 60% NOTA: Prescrição idêntica à dieta pastosa, retirando o açúcar, as sobremesas doces e acrescentando 1 dose de vegetais B nas refeições principais. Dieta branda Característicasgerais Nessa dieta as fibras são abrandadas pela cocção e alimentos considerados fermentáveis devem ser restritos. Indicações Pacientes com relativa dificuldade de mastigação e deglutição, paciente com gastrite e úlcera. Observações Alimentos e temperos picantes, embutidos, enlatados, conservas, hortaliças cruas, leguminosas (somente utilizar o caldo), doces concentrados, café, álcool, mostarda, catchup, refrigerantes e sucos artificiais devem ser excluídos da dieta branda. Todos os alimentos devem ser cozidos; frutas com casca e não cozidos (salvo aquelas de consistência mole) devem ser proibidos. Os biscoitos, pães de forma podem ser molhados no leite para também facilitar a mastigação e deglutição do paciente. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 14 Dieta Geral Características Gerais Dieta completa e equilibrada segundo os princípios da alimentação saudável. Esta dieta por norma, apresenta uma ementa pré-estabelecida podendo ter ou não adição de sal; Variante Dieta Geral para grávidas e puérperas Indicações Destina-se a indivíduos que não requeiram modificações dietéticas específicas. Não existem reacções adversas nem contra-indicações; Adequação Nutricional Esta dieta é constituída de modo a satisfazer as necessidades nutricionais médias de um indivíduo adulto e os hábitos alimentares da população em geral; Confecções permitidas Todas as preparações são permitidas. Alimentos não permitidos Todos os alimentos são permitidos. Composição nutricional média Valor calórico total: 2200 a 2400 Kcal % de Proteínas: 15 a 20% % de lípidos: 25 a 30% % de HC: 55 a 60% Observações Frituras, condimentos em excesso devem ser evitadas. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 15 SUGESTÃO DE REFEIÇÕES/HORÁRIOS UTILIZADO NOS HOSPITAIS Refeições Observações Exemplo de alimento Horários Pequeno-almoço Primeira refeição servida no dia 1chávena almoçadeira de leite ½ gordo ou cevada ou chá, 1 pacote de açúcar ou adoçante, 1 pão, 1 pacote de manteiga (10g) ou de compota (20g). 7:00h Meio da Manha Pequena refeição servida entre o pequeno-almoço e almoço Fruta, suco, iogurte. 9:00h Almoço Grande refeição servida Sopa de vegetais da dieta geral (250 ml), prato – 160g de batatas ou equivalente em arroz ou massa ou leguminosas; 120g de carne ou peixe; 150g de legumes/hortaliça/salada 1 peça de fruta ou doce 12:00h Meio da tarde Pequena refeição servida entre almoço e jantar Leite, iogurte, pão, margarina, frutas e leite batido com fruta. 15:00h Jantar Grande refeição servida Salada, acompanhado do prato principal, sobremesa e bebida. 18:00h Ceia Pequena refeição servida após o jantar 1 chávena almoçadeira de leite ½ gordo (240 ml), 1 pacote de açúcar ou adoçante 1 pacote individual de bolachas de água e sal ou Maria. 21:00h Nota: Na dieta sem sal, o pão, a manteiga e as bolachas deverão ser sem sal. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 16 Dieta Ligeira Características: Dieta completa com restrição lipídica e de fibras alimentares. Esta dieta deverá possuir uma ementa pré-estabelecida podendo ter ou não adição de sal; Indicações Está indicada em doentes com patologia hepática, cardíaca, obesidade, alterações do perfil lipídico. Também pode ser utilizada em todas as situações em que seja necessário facilitar o processo digestivo, e/ou transição para a dieta geral; Adequação nutricional Esta dieta é constituída de modo a satisfazer as necessidades nutricionais médias de um indivíduo adulto e os hábitos alimentares da população em geral. A ingestão de vitaminas lipossolúveis e de vitamina C podem ser insuficientes; Métodos de confecção permitidos Métodos culinários simples tipo cozidos, grelhados, estufados em cru e assados ao natural, com restrição de gordura de adição; Alimentos proibidos Leite e derivados gordos e meio-gordos, produtos de salsicharia, charcutaria e vísceras, molhos preparados comercialmente e caldos de carne, conservas em óleo, gorduras de adição e natas, frutas e vegetais crus (brócolos, couve-flor, pepino, rabanete, pimento e alho francês), leguminosas secas (feijão, grão e favas). Composição nutricional média Valor calórico total: 2200 a 2400 kcal Proteínas: 15 a 20% Gorduras: 20 a 25% (máx. 60g) HC: 55 a 60% DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 17 Dieta ligeira diabética Características Dieta completa e equilibrada, com elevado teor de fibras, concebida segundo os princípios da alimentação saudável. Esta dieta não possui uma ementa pré-estabelecida (mas poderá possuir), sendo igual à da dieta ligeira mas com redução da capitação de farináceos, podendo ter ou não adição de sal. Indicações Destina-se a indivíduos com comprometimento do metabolismo glícidico, nomeadamente, com diabetes mellitus. Também está indicada em situações em que seja necessário restringir o aporte energético total (principalmente na obesidade e na hipertrigliceridemia) e/ou incremento de fibras (obstipação). Adequação nutricional Satisfaz as necessidades dietéticas individuais. É restrita em HC de absorção rápida. A ingestão de vitaminas lipossolúveis pode ser insuficiente. Métodos de confecção permitidos Métodos culinários simples tipo cozidos, grelhados, estufados em cru e assados ao natural, com restrição de gorduras de adição. Alimentos proibidos Açúcar e todos os produtos açucarados, leite e derivados gordos, produtos de salsicharia, charcutaria e vísceras, molhos preparados comercialmente, caldos de carne, conservas em óleo, gorduras de adição e natas, frutos desidratados, em calda ou cristalizados. Composição nutricional média Valor calórico total: 1600 a 1800 kcal Proteínas: 15 a 20% Lípidos: 25 a 30% HC: 55 a 60% DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 18 DIETAS MODIFICADAS Dietas modificadas quanto ao numero e volume das refeições, temperatura e composição dos nutrientes, sendo associadas as diferentes consistências de acordo com as necessidades do caso. MODIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO E VOLUME DAS REFEIÇÕES Todos hospitais possuem padronizações de dietas de rotina, planejadas em função do poder aquisitivo do hospital e estrutura do serviço de alimentação nutrição e dietética (SAND). O número de refeições servidas no hospital pode variar de 4 a 6 refeições por dia na dieta modificada. Dieta normal São oferecidas 4 a 6 refeições/dia de acordo com o padrão hospitalar, sendo: Refeição para uma dieta normal 4 Refeições 5 Refeições 6 Refeições Pequeno-almoço Pequeno-almoço Pequeno-almoço Almoço Almoço Meio da manha Meio da tarde Meio da tarde Almoço Jantar Jantar Maio da tarde Ceia Jantar Ceia MODIFICAÇÃO QUANTO A TEMPERATURA DOS ALIMENTOS E PREPARAÇÕES Podemos associar as dietas modificadas quanto a consistência, as temperaturas que sãodivididas em: quente, morna, ambiente, fria ou gelada de acordo com cada caso. Geralmente a modificação quanto a temperatura dos alimentos e preparações oferecidas é indicada aos pacientes com patologias ou situações que comprometem a cavidade oral. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 19 As dietas quentes são oferecidas aqueles pacientes que não possuem nenhuma alteração oral, Dietas mornas a ambiente são indicadas aos pacientes que apresentam infecções ou inflamação causadas por vírus, bactérias, fungos como herpes, blastomicose lingual ou candidiase, que provocam a presença de ulcerações na cavidade oral denominadas aftas. No caso das dietas frias a geladas são indicadas aos paciente que sofrem trauma de mandíbula e ou cirurgias bucomaxilares, quando há presença de sangramento, sendo diminuído com a dieta gelada devido a vasoconstrição. MODIFICAÇÃO QUANTO AO VALOR CALÓRICO Dieta hipercalórica Indicação Paciente que apresenta hipoalimentação, anorexia, desnutrição e estados hipercatabolicos como doenças infecciosas, neoplasias, hipertiroidismo, SIDA, queimaduras, etc. pois aumentam o metabolismo basal. Características Dieta em há aumento de calorias, quando o valor calórico total encontra-se acima das necessidades energéticas do paciente. Alimentos e preparações Aumenta-se o volume da dieta, oferecendo alimentos com maior valor calórico como: Pães, biscoitos, massas enriquecidas com recheios; leite e derivados integrais, frutas secas, açucares e doces, uso de suplementos calóricos. Dieta hipocalórica Indicações Pacientes obesos e/ou hipotiroidismo. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 20 Características Dieta com restrição de calorias. O valor calórico da dieta deve ser suficientemente baixo para que ocorra uma perda de peso perceptível, porem a necessidade energética do individuo deve ser determinado individualmente de acordo com o sexo, idade, estatura, e actividade física a fim de adequar a redução calórica entre os parâmetros de gasto de energia basal (GEB) e gasto de energia total (GET), em que o valor oferecido não deve ser inferior ao (GEB). As dietas são classificadas em: Hipocalórica 1000 kcal Hipocalórica 1200 kcal Hipocalórica 1500 kcal Hipocalórica 1800 kcal. Alimento e preparações Dieta fraccionada, em que são oferecidas alimentos de menor valor calórico como: Verduras, legumes, frutas, leites e derivados desnatados, substitui-se açúcar por edulcorante. MODIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE PROTEÍNA Dieta hiperprotéica Indicações Pacientes que apresentam hipoalimentação, anorexia, desnutrição, pré e pós-operatório e estados hipercatabolicos como doenças infecciosas, neoplasias, SIDA, queimaduras politraumas. Características Deita em que há acréscimo de proteínas, que normalmente estão acima da recomendação, ultrapassa 15% do valor calórico total (VCT). Alimentos e preparações São adicionados e aumenta-se as porções dos alimentos ricos em proteínas como: Carnes, aves, peixes, ovos, leite e derivados, uso de suplementos proteicos. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 21 Observações Enriquecer sopas e sucos com leite em pó, creme de leite, leite condensado. Utilizar a vontade no pequeno-almoço e ceia, evitando substitui-lo pelo chá ou sucos sem adicionais. Dieta Hipoprotéica Uma dieta denomina-se hipoprotéica quando dentro do valor calórico total, as proteínas representam 10%; Um exemplo de uma dieta hipoprotéica seria uma dieta que contém 9% de proteínas sobre um total de 1800 Kcal, ou seja 40g. O principal motivo que leva a uma restrição proteica é a acumulação dos resíduos do metabolismo intermediário destas substâncias no organismo pela dificuldade para a sua excreção renal. As dietas são classificadas em: Hipoproteica 20g/dia Hipoproteica 30g/dia Hipoproteica 40g/dia Hipoproteica 50g/dia Indicações Na insuficiência renal, nos diferentes graus e etiologias e também na insuficiência hepática. Também nos casos de acidose se recomenda esta dieta. Segundo as necessidades do caso em questão, esta restrição pode acompanhar-se de outras limitações dietéticas de acordo com a situação fisiopatológica que pode ser de líquidos, sódio ou de potássio. No decurso da restrição proteica é necessário ter em conta dois princípios: As necessidades energéticas devem ser correctamente cobertas por HC ou gorduras para evitar o catabolismo das proteínas tecidulares. Deve assegurar-se que o fornecimento proteico permitido seja maioritariamente constituído por alimentos com proteína de AVB, assegurando uma adequada ingestão em energia e a.a essenciais. A dieta ovolactovegetariana pode ser útil, em conjunto com um suplemento vitamínico (vitaminas do complexo B). DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 22 Alimentos e preparações São restritos e diminuem-se as porções dos alimentos ricos em proteínas como: Carnes, aves, peixes, ovos, leites e derivados. Observações Utilizar leite e derivados com moderação no pequeno-almoço, Maio da manha, meio da tarde e ceia, substituindo-os por chás ou sucos bem como preparações e sobremesas a base de leite e derivados por serem isentos do produto. Dieta sem glúten Características gerais Dieta completa e equilibrada segundo os princípios da alimentação saudável, esta dieta não possui uma ementa pré-estabelecida, é semelhante à dieta geral, com as devidas correcções em termos de alimentos fornecidos. Indicações Destina-se a doentes celíacos, em que há uma intolerância ao glúten. A doença celíaca também pode ser denominada de sprue não tropical. Caracteriza-se pela reacção à gliadina que se encontra em cereais como o trigo, o centeio, a cevada e a aveia. Adequação nutricional Fornece a energia e nutrientes em quantidades adequadas. Confecções permitidas Todas Alimentos não permitidos Todos os alimentos que tenham na sua constituição os cereais de trigo, centeio, cevada e aveia DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 23 Podem ser substituídos por Farinha de milho Amido de milho Farinha de batata Farinha de arroz Farinha de soja Farinha de fécula de trigo Leitura atenta dos rótulos Existem alimentos que na sua composição podem ter gliadina “camuflada”: Farinhas de trigo, cevada, aveia e centeio e todos os alimentos que as contenham (pão, massas, bolachas, etc…) Preparados de carne (salsichas, hamburgueres, croquetes, etc…) Bebidas como: whisky, cerveja, vodka e gin Existem alimentos que na sua composição podem ter gliadina “camuflada”: Molhos (whisky, cerveja, farinhas) Chás (alguns contêm extracto de cevada) Alguns chocolates para adicionar ao leite Composição nutricional média Valor calórico total: 2000 a 2200 Kcal Proteínas: 15 a 20% Lípidos: 25 a 30% HC: 55 a 60% Livres de gliadina DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da SaúdeMarço 2012 N ut riç ão 24 MODIFICAÇÕES QUANTO AO TEOR DE LÍPIDOS Dieta hiperlipídica Indicações Pacientes que apresentam doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) descompensada na epilepsia. A DPOC se caracteriza pela obstrução das vias áreas, com limitação do fluxo de ar para os pulmões e retenção de CO2. E a epilepsia é definida como uma desorganização do sistema nervoso devido a descarga eléctrica desordenada súbita e excessiva dos neurónios cerebrais. Essa descarga eléctrica causa convulsões, distúrbio de sensação, perda de consciência ou combinações desses efeitos. Características Dieta com acréscimo de lípidos que normalmente estão acima da recomendação ultrapassando 35% do valor calórico total. O metabolismo de nutrientes energéticos tem importante papel na DPOC devido a produção de CO2, pois é medido pelo coeficiente respiratório (QR), avaliado pela relação entre CO2 formado para cada O2 utilizado, ou seja, o QR do hidrato de carbono é igual a 1 (para cada O2 utilizado é formada 0,8 CO2) e o QR do lípido é igual a 0,7 (para cada O2 utilizado é formado 0,7 CO2), assim podemos verificar que quanto menor o QR menor é a produção de CO2. Os hidratos de carbono possuem função energética e devem atingir a recomendação de 50 a 70% do valor calórico total, porem quando consumimos esse nutriente em quantidades inferiores, o organismo supre essas necessidades através de energia fornecida pelos outros nutrientes como proteínas e lípidos. Assim entramos em um processo denominado gliconeogénese, caracterizado pela transformação da gordura armazenada como fonte de energia para o organismo. Durante esse processo produz-se uma substância chamada corpos cetónicos, que em portadores de epilepsia causa efeito benéfico devido a uma mudança no metabolismo neural, em que o corpo cetónicos comporta-se como um neurotransmissor inibidor, produzindo um efeito anticonvulsivante no organismo. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 25 Alimentos e preparações São restringidos os alimentos ricos em hidratos de carbono e adicionados alimentos ricos em gorduras, preferencialmente gorduras insaturadas como: Azeite, óleo de canola, girassol, milho, soja, margarina, abacate, nozes, amêndoa, avelã, leite e derivados integrais. Observações Deve se evitar o uso de hidratos de carbono simples, dando preferência aos complexos. Substituir açúcar por edulcorantes, dando preferência ao uso de produtos diet, acrescidos de gordura. Dieta hipolipídica Indicações Pacientes com comprometimento de digestão de gordura como alterações hepáticas, pancreáticas, e vesícula biliar. Características Dieta com restrição de gorduras de adição e presentes nos alimentos, oferecendo em torno de 15 a 20% do VCT, contendo quantidades diferenciadas de acordo com o estágio da doença e a presença de complicações (30, 50 e 70g/dia). As dietas classificam-se em: Hiperlipídica 30g/dia; Hiperlipídica 50g/dia; Hiperlipídica 70g/dia. Alimentos e preparações São restritos os alimentos ricos em gorduras como: Gorduras de adição (azeite, banha, creme de leite, gordura vegetal, margarina, manteiga, óleos). Carnes gordas, bem como aves com pele devem ser consumidas preferencialmente grelhadas, assadas ou cozidas, evitando frituras. Leite e derivados integrais, substituindo-os por desnatados Tortas e biscoitos preparados a base de gordura como folhados e amanteigados DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 26 Molhos e preparações ricos em gordura como: chantilly, maionese, molhos prontos, patês, etc. Frutas como: abacate, amêndoa, amendoim, castanha de caju, coco, nozes. MODIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE HIDRATOS DE CARBONO Dieta reduzida em triglicerídios Indicações Pacientes em hipertriglicemia, caracterizado por aumento dos níveis do triglicerídios sanguíneo. Os níveis normais ˂ 200mg/dl. O triglicerídio é uma gordura produzida no fígado a partir dos hidratos de carbono vindos da dieta e alimentação rica em gordura, transportados por lipoproteinas como a VLDL (lipoproteina de muito baixa intensidade) responsável pelo transporte dos triglicerídio exógeno. Níveis elevados podem levar a formação da placa de aterona, definida como depósito de placas de gordura nas artérias, tendo como consequência a formação de coágulos. Características Geralmente dieta normo a hipocalórica, dependendo do estado nutricional do individuo, hipolipídica isenta de hidratos de carbono simples, sendo semelhante a dieta do diabético. Alimentos e preparações Dieta com características da dieta hipolipídica, porem associadas a adequação de alguns alimentos como: Substituir açúcar por edulcorantes, bem como sobremesa comuns por diet; evitar consumo de pães, biscoitos, massas; rica em alimentos fontes de fibra como verdura, legumes (com excepção da batata, cenoura, mandioca, beterraba), frutas (três porções/dia) e leguminosas; substituir o leite e derivados por desnatados. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 27 Dieta para diabetes mellitus Indicações Pacientes portadores de diabetes mellitus definida como distúrbio metabólico que se caracteriza pela ausência parcial ou total de insulina devido a uma disfunção pancreática, ocasionando o acumulo de glicose na corrente sanguínea. Características A dieta deve ser individualizada com o intuito de definir o valor calórico de acordo com o sexo, idade, estatura, e actividade física com o objectivo de manutenção do índice glicémico através da distribuição dessas calorias em uma dieta fraccionada (seis a oito refeições/dia). É preciso manter o total de calorias e nutrientes constantes em cada refeição, sendo proteína 20% do VCT, lípidos até 30% do VCT, priorizando as gorduras polinsaturadas e evitando as saturadas e hidratos de carbono 50 a 60% do VCT com restrição dos hidratos de carbono simples. As dietas calcificam- se em: Dieta para diabetes mellitus 1000kcal; Dieta para diabetes mellitus 1200kcal; Dieta para diabetes mellitus 1500kcal; Dieta para diabetes mellitus 1800kcal; Dieta para diabetes mellitus 2000kacl. Alimentos e preparações Restringir os hidratos de carbono e seus derivados. Substituir açúcar por edulcorantes. Consumir alimentos dietéticos com moderação. Dar preferência aos alimentos ricos em fibras alimentares e/ou hidratos de carbono complexos como cereais integrais e seus derivados, leguminosas, hortaliças e frutas. Não há restrição quanto a qualidade de fruta mas sim a quantidade, sendo recomendado três a quatro porções/dia em refeições distintas, evitando o excesso. Consumir gordura com moderação, dando preferência as carnes magras, leite e derivados desnatados e preparar os alimentos assados, cozidos ou grelhados. Alimentos fontes de proteínas (leite, queijo, iogurtes, etc.) ingeridos ao deitar, auxiliam na prevenção de hipoglicemia (queda de açúcar no sangue) nocturna. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 28 Dieta isenta de lactose Indicações Pacientes intolerantes a lactose, caracterizada pela ausência parcial ou total da dissacaridase denominada lactase, enzima responsável pela hidrolise da lactose, componente presente noleite e seus derivados, que após hidrolise atinge sua forma simples na qual poderá ser absorvida pelo organismo, sendo dividida em dois monossacaridos classificados em glicose e galactose. Na ausência dessa enzima o que caracteriza a patologia, a lactose não será digerida e consequentemente não absorvida, acarretando fermentação, cólicas, distensão abdominal, diarreia, e consequentemente desnutrição. Características Dieta com exclusão parcial ou total da lactose de acordo com nível de tolerância do paciente. Alimentos e preparações Retirar parcialmente ou totalmente leite e derivados. Alguns derivados do leite como queijo e iogurtes possuem menor concentração de lactose, sendo melhor tolerados. Utilizar leite e derivados da soja. Utilizar leite de vaca com teor reduzido de lactose ou deslactosado, hoje há disponível no mercado, porem com maior custo em relação ao leite de vaca comum. MODIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE FIBRA ALIMENTAR Dieta laxativa ou com resíduo Indicação Paciente com obstipação intestinal, caracterizada pela frequência e quantidade de defecação reduzida. Características São acrescidos alimentos ricos em fibra alimentares e com poder laxativo. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 29 Alimentos e preparações Legumes, verduras e frutas com casca, líquidos, produtos e preparações enriquecidos com fibras como: pães, biscoitos; suco laxativo: composto por suco de laranja, papaia e ameixa preta seca. Dieta Obstipante ou Pobre em Resíduos Resíduo Refere-se aos materiais que permanecem no TGI após o processo digestivo e inclui, para além da fibra indeferível, resíduos bacterianos e células de descamação (minerais Fe, Ca, amidos indeferíveis e açúcar-lactose). Características Dieta completa com alimentos com capacidade adstringente. Esta dieta normalmente não possui uma ementa pré-estabelecida, é por norma semelhante à dieta ligeira, mas com restrição de fibras alimentares, podendo ter ou não adição de sal. Indicações Destina-se a indivíduos que apresentem uma rapidez anómala do trânsito intestinal, que beneficiem da reposição da flora bacteriana e/ou redução do volume fecal. Está indicada no período que antecede ou precede cirurgias intestinais e no tratamento da obstrução parcial da região inferior do intestino delgado e/ou grosso. Adequação nutricional É uma dieta pobre em cálcio, vitamina A e C. Quando utilizada por um longo período deve ser suplementada em vitaminas e sais minerais. Métodos de confecção permitidos Métodos culinários simples tipo cozidos, grelhados, estufados em cru e assados ao natural. Alimentos proibidos Leite e seus derivados (excepto iogurte, o leite sem lactose e o leite de digestão fácil), vegetais, fruta crua ou em calda, frutos secos ou cristalizados, bebidas com gás, produtos estimulantes (especiarias, café, chá), cereais e seus derivados integrais. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 30 Composição nutricional média Valor calórico total: 2200 a 2400 Kcal Proteínas: 15 a 20% Lípidos: 25 a 30% HC: 55 a 60% MODIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE SÓDIO Dieta hipossódica Indicações Paciente com edema, ascite ou hipertensão arterial sistémica, provocados por insuficiência renal, hepáticos ou cardíaca. Características Dieta pobre em sódio total, sendo reduzido no sódio intrínseco, ou seja, o sódio presente nos alimentos e reduzida de sódio extrínseco classificado como sódio de adição como sal de cozinha, fornecendo até 2500mg de sódio/dia. Alimentos e preparações Todos os alimentos devem ser preparados sem adição de sal, que deve ser acrescentado após o preparo, oferecendo ao paciente um sache contendo um grama de sal nas principais refeições almoço e jantar. As preparações acrescidas de sódio devem ser excluídas do cardápio como: Biscoitos agua e sal, substituindo por biscoito agua; margarina com sal, substituindo por margarina sem sal; enlatados e conservas (ervilha, milho, palmito, azeitona, picles, etc.); embutidos (salsichas, linguiça, presunto, mortadela, queijo, e salame.); molhos prontos (catchup, inglês, mostarda); carne seca bacalhau; adoçantes artificiais ou produtos diet ou ligth que contenham em sua composição sacarina de sódio e/ou ciclamato de sódio. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 31 MODIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE POTÁSSIO Dieta hipercalêmica Indicações Paciente com hipocalémia, caracterizada pela diminuição dos níveis sericos de potássio, ocasionando geralmente pelo uso prolongado de diuréticos, desnutrição, desidratação e câncer. Características Dista rica em potássio. Alimentos e preparações Deve-se acrescentar alimentos ricos em potássio como: Verduras, legumes, e frutas preferencialmente cruas; leguminosas, sucos de frutas naturais. Dieta hopocalêmica Indicações Paciente com hipercalémia, caracterizada pelo aumento dos níveis sericos de potássio, normalmente associado a pacientes com insuficiência renal. Características Dieta pobre em potássio, com restrição no consumo de verduras e frutas cruas. Alimentos e preparações Legumes, verduras e frutas devem ser cozidas três vezes em aguas diferentes para a retirada do potássio. Deve-se excluir as leguminosas e deve-se excluir o suco de fruta natural. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 32 Assistência nutricional intensiva ao doente hospitalizado A assistência nutricional intensiva, aplicada através de técnicas de alimentação enteral e parenteral constitui hoje o método mais apropriado para recuperar a curto prazo, o estado nutricional dos doentes severamente desnutridos; Nutrição entérica e parentérica Os sistemas de alimentação que contêm elementos sintetizados para a administração em situações peculiares e para patologias específicas são denominados sistemas de alimentação artificial que, podem realizar-se através de várias vias de acesso. Dependendo desta e dos nutrientes que a compõem, podemos falar em alimentação entérica e parentérica. Alimentação ou nutrição entérica ou dieta por sonda A nutrição entérica pretende basicamente alimentar o doente, por meio de sonda, sem alterar o aparelho digestivo, adaptando os nutrientes às necessidades do paciente, através de diversas técnicas. Indicações Doentes severamente desnutridos e/ou com certo grau de hipermetabolismo; Baixa ingestão nutricional (anorexia de diferentes etiologias), alterações da deglutição (patologias da cabeça e pescoço), obstruções altas, inflamações crónicas, fístulas intestinais baixas, queimaduras, politraumatismo, quimioterapia, radioterapia, cirurgia oral, doentes em estado de coma. Indicações Segundo as condições ou quadro clínico do doente, a sonda de entubação pode ser colocada nos diferentes segmentos do tubo digestivo, isto é, o esófago, estômago, duodeno ou jejuno: Sonda nasogástrica ou por gastrostomia Sonda nasoduodenal ou por duodenostomia Sonda gastrojejunal ou jejunostomia DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 33 Actualmente,as que produzem menos complicações de aspiração bronquial são as colocadas no duodeno e jejuno. Alimentos Os alimentos mais utilizados são os vegetais, frutas e carnes soba a forma de sopas e sumos. Para aumentar o valor nutritivo pode-se adicionar leite magro ou leite diluído, ovos, açúcar e óleo sob a forma de sopas ou sumos, utilizando um liquidificador para misturar bem. Administração Deve ser progressiva, dependendo da tolerância do doente. Geralmente inicia-se com um volume de 500 cc c/ baixas concentrações de nutrientes e aumenta-se até atingir 1500 cc e posteriormente a 2500 cc de maneira a que este volume venha a ser administrado diariamente. Administração O volume da primeira alimentação deverá ser restringido a 40 a 60 ml administrados numa hora. Se for bem aceite pelo paciente e não existirem problemas, a próxima administração pode ser de 50 a 100 ml. Por norma, administram-se 300 a 400 ml em 3 a 4 horas. Administração A maioria dos adultos estando desnutridos têm recomendações de 40 a 60 Kcal e de 1,5 a 3 g de proteína/kg peso/dia. Também devem receber suplementos adicionais de vitaminas e minerais por via entérica. Problemas e cuidados com a alimentação por sonda 1. Contaminação dos alimentos, podendo provocar uma infecção gastrointestinal; 2. Alimentos muito concentrados (hipertónicos) com proteína e sódio; 3. Diarreia e outros problemas por intolerância à lactose; Para prevenir a contaminação, a preparação deverá ser feita diariamente e em condições higiénicas adequadas e guardada em frigorífico em recipientes esterilizados; DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 34 Uma ingestão excessiva de proteínas e sódio poderá provocar desidratação e uma elevação nos níveis de ureia no sangue (especialmente em pessoas com problemas renais). Se ocorrer diarreia aquosa num paciente que esteja a ser alimentado por sonda, a mesma pode ser devida ao teor de HC (glicose) na dieta. Quantidades excessivas de leite e de lactose poderão provocar diarreia. Exemplos de preparações para dieta por sonda 1. Preparado com leite em pó desnatado Quantidades de alimentos para preparar: 2200 ml (24 horas) Leite em pó 225g, açúcar 150g, 2 ovos (100 a 110g), óleo 70 ml, água 1800 ml. Modo de preparação Medir num jarro a quantidade de água fervida quando estiver morna (1800 ml). Pôr numa tigela o leite em pó e o açúcar e misturar. Juntar esta mistura com metade da água (pouco a pouco), até formar um creme suave. Bater os ovos juntamente com o óleo noutra tigela e misturar ao leite. Misturar bem e aumentar o resto da água sempre mexendo. 2. Preparado com leite inteiro Quantidades de alimentos para preparar 2150 cc (24 horas) Valor calórico: 1840 kcal Proteínas: 82 g Lípidos: 88 g HC: 180 g Nota: Leite inteiro 1000 ml, ovos (4), 100 g de banana, 100 g de açúcar, 50 g de manteiga/margarina, 200 g de arroz cozido e cerca de 1250 ml de água. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 35 Dieta por Sonda Características Dieta completa, modificada na textura e na consistência. Todos os alimentos são triturados e batidos de forma a serem reduzidos a um líquido fino e perfeitamente homogéneo; Indicações Destina-se a indivíduos com sonda de alimentação Adequação nutricional Não satisfaz as necessidades nutricionais e calóricas. Deve ser administrada o menos tempo possível (2 a 3 dias) para evitar emagrecimento e carências múltiplas, caso contrário deve ser suplementada com produtos comerciais; Contra-indicações Indivíduos com intolerância à lactose podem apresentar diarreias, distensão abdominal, náuseas e vómitos. As temperaturas extremas não são bem toleradas; Alimentos permitidos Sopa com carne ou equivalentes muito bem passadas Todos os tipos de pão e cereais que se possam liquidificar, incluindo farinha láctea tipo “Cérelac” e farinha não láctea tipo “Nestum” Vegetais passados, frutas cruas ou cozidas sob a forma de sumos, bebidas que não contenham ovo cru. Composição nutricional média Valor calórico total: 1500 a 1700 Kcal Proteínas: 18 a 20% Lípidos: 20 a 25% HC: 55 a 60% DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 36 Sugestões Deve ser suplementada com produtos comerciais principalmente, se for administrada durante muito tempo. Dieta por Sonda Diabética Dieta idêntica à Sonda – ter atenção ao açúcar; O iogurte da merenda da manhã deverá ser sem açúcar. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 37 Conclusão Para o sucesso de tratamento de diversas enfermidades que se verificam ao nível do pais e no mundo em geral principalmente em unidades hospitalares e até em regimes ambulatórias deve-se associar o tratamento terapêuticos na base de fármacos e sobretudo sem deixar de lado a terapia nutricional que é um suporte indispensável nos indivíduos enfermos, sendo assim deve se ter em conta a patologia em causa e parâmetros como a idade, sexo, actividade física e a doença em causa para prevenir a desnutrição que acontece com muita frequência em unidades hospitalares por vários factores (negligencia dos profissionais de saúde; a não valorização da terapia nutricional, instituição de uma terapia inadequada para a patologia, a anorexia) no entanto este manual ajudara a unidade a se guiar na elaboração das dietas hospitalares. DIETAS HOSPITALARES Universidade Lúrio – Faculdade de Ciências da Saúde Março 2012 N ut riç ão 38 Bibliografia 1. LEI, D. L. M.; RAMOS, R. G.; Garcia S. CH. Dietas Hospitalares – secretaria de estado de saúde. São Paulo: Instituto de Saude, 1977. 22, 35, 36, 40, 41, 42 p. 2. PEMBERTON, E. M., CLIFFORD, F., GARTINEAU. Manual de Dietas ad Clinca Mayo. São Paulo: Roca. 49, 54, 119, 145, 151, 152, 153, 198 p.
Compartilhar