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Catálogo Artéria 40 Anos

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2
apresenta
2ª edição
sumário
vida longa à artéria!
bruna callegari e rafael buosi
apresentação: o fenômeno artéria
omar khouri e paulo miranda
nomuque edições: à margem do sistema editorial brasileiro
omar khouri e paulo miranda
linha do tempo: artérias, 1975-2011 
poesia no muque
julio mendonça
mínimo divisor comum: artéria 
lúcio agra
augusto de campos _sobre artéria
entrevista com o poeta
coletânea de poemas publicados
colaboradores
sobre os editores 
english version
7
9
15
16
42
44
47
52
136
137
138
7
A CAIXA é uma empresa pública brasileira que 
prima pelo respeito à diversidade, e mantém comitês 
internos atuantes para promover entre os seus empre-
gados campanhas, programas e ações voltados para 
disseminar idéias, conhecimentos e atitudes de respei-
to e tolerância à diversidade de gênero, raça, orientação 
sexual e todas as demais diferenças que caracterizam a 
sociedade.
A CAIXA também é uma das principais patrocina-
doras da cultura brasileira. Somente em 2015, investi-
mos R$ 76 milhões em 539 projetos em todo o Brasil, 
visitados por 931 mil brasileiros. Em 2016 serão mais 
R$ 75 milhões para patrocínio a projetos culturais em 
espaços próprios e espaços de parceiros, com mais ên-
fase para exposições de artes visuais, peças de teatro, 
espetáculos de dança, shows musicais, festivais de tea-
tro e dança em todo o território nacional, e artesanato 
brasileiro.
Os projetos patrocinados são selecionados via edi-
tal público, uma opção da CAIXA para tornar mais de-
mocrátiva e acessível a participação de produtores e ar-
tistas de todas as unidades da federação, e mais trans-
parente para a sociedade o investimento dos recursos 
da empresa em patrocínio.
Patrocinar a exposição Artéria 40 anos é investir 
na pluralidade das linguagens artísticas contemporâne-
as, sobretudo na divulgação da poesia visual brasileira. 
Desta maneira, a CAIXA contribui para promover e di-
fundir a cultura nacional e retribui à sociedade brasilei-
ra a confiança e o apoio recebidos ao longo de sua se-
cular atuação e de efetiva parceira no desenvolvimento 
das nossas cidades. 
Para a CAIXA, a vida pede mais que um banco. Pede 
investimento e participação efetiva no presente, com-
promisso com o futuro do país, e criatividade para con-
quistar os melhores resultados para o povo brasileiro.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
 
Travamos o primeiro contato com a revista 
Artéria há cerca de 5 anos, por intermédio do poeta 
Walter Silveira, de quem estávamos realizando uma 
exposição individual. Em sua casa, ele nos mostrou a 
Zero à Esquerda, uma caixa de papelão de onde salta-
ram poemas em serigrafia. Era coisa linda! 
No processo de preparação daquela expo-
sição, pudemos conhecer ainda a Quadradão e a 
Fantasminha, outras edições de Artéria e, o melhor, 
os seus idealizadores, Paulo Miranda e Omar Khouri, 
poetas incríveis, realizadores incansáveis e pesso-
as muito generosas. Assim nasceu o desejo de de-
senvolver um projeto que resgatasse a história da 
revista e divulgasse para um público maior aquele 
feito tamanho.
Sempre independente e ainda em atividade, 
Artéria veiculou o melhor da poesia experimental (ou 
intersemiótica) brasileira dos anos 1970 até hoje. Ao 
longo de seus 40 anos, lançou 10 edições numeradas 
e outras duas que escaparam à numeração (Balalaica, 
1979, e Zero à Esquerda, 1981), assumindo os mais di-
versos formatos, meios e técnicas de produção: de ca-
derno offset à revista virtual interativa, de fita cassete 
à caixa de poemas soltos. 
Publicou trabalhos preciosos, reunindo mais de 
100 artistas, que transitaram entre diversos códigos e 
linguagens, sempre preocupados com a visualidade de 
suas obras. Alguns nomes que passaram pela Artéria: 
Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Décio 
Pignatari, Ronaldo Azeredo, José Lino Grünewald, 
Julio Plaza, Regina Silveira, Arnaldo Antunes, Tadeu 
Jungle, Walter Silveira, Lenora de Barros e outros. 
Apresentando mais de 80 trabalhos de cerca 60 
artistas, a exposição busca refletir a experiência da 
Artéria, explorando variados suportes, formatos e téc-
nicas: adesivos, objetos, serigrafias, áudios e vídeos. 
Todas as edições da Artéria foram digitalizas e 
organizadas em um banco de dados com informações 
sobre autor, data e técnica de cada trabalho publica-
do. O público pode conferir os 40 anos de publicação 
da revista, em sua totalidade, em uma plataforma in-
terativa sensível ao toque (touch screen), podendo rea-
lizar buscas e manipular os poemas conforme desejar. 
Uma das preciosidades da exposição é o vídeo de 
making of de Zero à Esquerda, praticamente inédito, 
realizado por Tadeu Jungle e Walter Silveira e exibido 
uma única vez durante o lançamento da revista em 
1981, na extinta discoteca Pauliceia Desvairada, em 
São Paulo. O vídeo demonstra como era produzida 
a revista, literalmente no muque, e apresenta seus 
poetas e poemas. 
Tendo já realizado a exposição no Rio de Janeiro, 
é com maior alegria que agora a trazemos para São 
Paulo, reduto de seus criadores e colaboradores. O ca-
tálogo, em nova edição ampliada, traz textos de Lúcio 
Agra e Julio Mendonça, além da entrevista inédita que 
realizamos com Augusto de Campos, um dos maiores 
poetas-inventores de todos os tempos, e que colabo-
rou em todas as edições de Artéria. 
Como se não bastasse, a exposição também co-
memora o lançamento da tão aguardada ARTÉR11A, 
da qual tivemos o orgulho de participar. Agradecemos 
a todos os artistas e poetas que integram a exposição 
e, sobretudo, aos curadores Paulo e Omar por sua con-
fiança, amizade e generosidade.
Vida longa à Artéria!
vida longa à Artéria!
Julio Plaza
Arte = Verba, anos 70 1970’s
Etiqueta com carimbo
Label and stamp 6x 4,5 cm
Publicado em Published in Artéria 2, 1976
Bruna Callegari e Rafael Buosi
Espaço Líquido | Projeto e realização
9
A revista Artéria começou a ser pensada por 
Omar Khouri e Paulo Miranda no ano de 1974, em 
Pirajuí, interior do Estado de São Paulo, aos quais se 
juntaram os irmãos Figueiredo, da vizinha cidade de 
Presidente Alves: Luiz Antônio, Carlos e José Luiz. A 
de número 1 saiu em meados de 1975, já congregan-
do um conjunto significativo de poetas, incluindo os 
concretistas históricos do Grupo Noigandres em sua 
formação inicial: Haroldo de Campos, Augusto de 
Campos e Décio Pignatari.
Artéria já nasceu com as vocações intersemió-
tica (interdisciplinar) e mutante (proteica) e assim 
foi abrigando poesia com forte visualidade e trans-
formando-se ao longo desses 40 anos: mudança de 
formato, de processos de impressão, de mídia, e até 
de nome (Balalaica, Zero à Esquerda integram o con-
junto) e congregando, cada vez mais, um número 
ampliado de colaboradores: poetas, artistas plásti-
cos, artistas gráficos, músicos, fotógrafos. 
Dentre as revistas experimentais que proliferaram 
nos anos 1970, Artéria foi a que mais se metamorfor-
seou: foi caderno, sacola, fita cassete, caixa-de-poe-
mas-exposição-portátil, website e até caixa de fósforos! 
Artéria nasceu sob o impacto de Código, Polem 
e Navilouca, revistas que vieram retomar a linha 
experimental da Poesia em periódicos no Brasil 
(muito embora nenhuma, dentre as que ultrapas-
saram o primeiro número, tenha tido periodicidade 
regular) e dadas certas facilidades apresentadas, 
à época, com relação aos meios de reprodução, no 
âmbito gráfico. As revistas proliferaram nos anos 
1970, mas poucas tiveram longa vida como Artéria. 
De Pirajuí, Artéria transferiu-se para São Paulo, 
com quem já estabelecia uma espécie de simbiose e 
seu quadro de editores/organizadores foi-se modi-
ficando, saindo uns e entrando outros, como Walter 
Silveira, Sonia Fontanezi, Tadeu Jungle, porém, man-
tendo o núcleo inicial com O. Khouri e P. Miranda.
Nessas 4décadas, foram impressos apenas 10 
números + 2. Porém, há planos para próximas edi-
ções. A alegria de fazer e de vir a público com um 
time numeroso de criadores garantiu a continuidade 
da revista, sempre independente e livre de patrocí-
nios, que não é propriamente uma revista, mas que 
é uma Revista. Mutante, com alguma permanência, 
Artéria comemora os seus 40 anos. Auguri!
Omar Khouri e Paulo Miranda 
São Paulo, março de 2015
apresentação
Zero à Esquerda, 1981
Revista em serigrafia, offset, tipografia e carimbo
Magazine – Screen printing, offset typography and stamp
51,6 x 28,2 cm / 500 exemplares copies
Coleção Omar Khouri Collection
11
Muito já se falou sobre a importância das revis-
tas para a divulgação de trabalhos poéticos, artísticos 
e teóricos, no Brasil e no mundo, desde antes, mas 
principalmente a partir da eclosão dos Modernismos, 
inícios do século XX, até à atualidade, e das dificul-
dades de se editarem essas publicações, mesmo em 
época mais recente em que, dados os progressos de 
ordem técnica, verificou-se um barateamento de cus-
tos, o que fez com que houvesse uma proliferação de 
“jornaizinhos”, periódicos (sem propriamente periodi-
cidade regular), poemas em edições autônomas, fan-
zines etc. Isto, considerando apenas o suporte papel, 
sem que adentremos o terreno das novas tecnologias 
com suportes não-materiais e as facilidades de se ter 
um blog, por exemplo, que pode, na maior parte das 
vezes, abrigar materiais de um único indivíduo. 
Revista ou suposta revista - porque aqui, em sua 
maior parte as revistas não conseguiram manter algo 
fundamental, que é a periocidade regular e muitas de-
las, quando saíam do nº 1, mal chegavam ao 3 – é sinô-
nimo de publicação coletiva e é aí que a denominação 
se fixa. Raros são os exemplos das que conseguiram 
chegar ao 10º número e até ultrapassá-lo, como foi 
o caso de Código-Bahia e de Artéria. Uma das coisas 
que Julio Plaza sempre dizia, chamava, mesmo, a 
atenção, era para a questão das facilidades que pas-
saram a existir a partir de um certo momento e que 
propiciaram, de fato, a multiplicação de publicações 
à margem do sistema editorial brasileiro, em nosso 
caso. E, do início dos anos 1970 até os 90, assistiu-se 
a toda uma série de inovações de cunho tecnológico, a 
que especificamente Artéria não ficou indiferente, ao 
mesmo tempo em que antigas tecnologias, no campo 
das Artes Gráficas, continuaram a existir e a prestar 
serviços, com bastante eficiência.
Uma revista existe (dessas que não recebem sub-
venções e que primam pela ousadia e experimenta-
ção) enquanto existe um certo entusiasmo por parte 
dos que com ela se envolvem verdadeiramente, como 
já escreveu Mário da Silva Brito abordando o caso 
Klaxon. Portanto, as revistas que resistem e insistem, 
mesmo depois de décadas de seu 1º número, é porque 
os que se envolvem intimamente com a sua feitura 
ainda acreditam em trabalhos coletivos. Artéria é um 
caso especial, pois, até hoje teve apenas 10 números 
+ 2 com outros nomes e se foi metamorfoseando, e 
houve números em que teve nomes duplo e triplo (as 
de nº 5 e 6) e houve as que receberam, na ânsia de 
transformação, outros nomes, como a fita Balalaica 
e a caixa-de-poemas Zero à Esquerda, o que nos faz 
considerar ter chegado Artéria, já, ao nº 12. 
Mesmo considerando a vontade de mudança, a 
não-repetição possível, Artéria conservou um núcleo 
de colaboradores, como poucas revistas, congregan-
do experimentadores experientes e jovens poetas. 
Artéria pertence àquela leva de revistas que brota-
ram a partir da 1ª metade dos anos 1970, em parte 
herdeiras de Noigandres e Invenção dos concretistas, 
em parte abertas para outras pesquisas, numa época 
que se convencionou chamar Pós-Modernidade e que 
Haroldo de Campos ponderou pelo Pós-Utópico. E, 
dessas revistas, convém mencionar Navilouca, Polem, 
Código, Invenção Bahia, Artéria, Poesia em Greve, 
Qorpo Estranho, Muda, Viva Há Poesia, Atlas e algumas 
outras poucas. Vivia-se ainda, naquele começo, a épo-
ca da Ditadura Militar, o que implicava censura, que se 
abateu quase-nada sobre essas revistas experimen-
tais, mas mais sobre publicações de uma vanguarda 
política. De qualquer modo, o medo pairava sobre to-
dos, nós de Artéria, inclusive.
Artéria, assim como outras publicações da mes-
ma estirpe, seria “revista” ou “antologia”? Esta é a 
primeira questão que surge quando examinada, em 
seu conjunto – do 1º número (1975) ao 10º + Balalaica 
(1979) e Zero à Esquerda (1981) - já que não hou-
ve uma periodicidade regular, tampouco uma forma 
o fenômeno artéria
fixa, um formato regular, uma única mídia utilizada, 
um nome único. A questão de classificar a publicação 
nunca nos deixou preocupados, muito embora mais 
adequado fosse chamá-la “antologia”, como lembrou 
várias vezes Augusto de Campos. Artéria e tantas ou-
tras publicações similares, que circularam a partir da 
1ª metade dos anos 1970, sempre foram chamadas 
“revistas” por seus idealizadores e colaboradores, po-
rém, escapam à noção tradicional de revista. No caso 
específico de Artéria, mais ainda, pois o ser mutante 
foi uma de suas principais características: configurou-
-se caderno com encarte, sacola, caixa, fita cassete, 
site na REDE, de novo caderno, e até chegou a trocar 
de nome no percurso.
Para falar sobre Artéria, temos de vinculá-la à 
Nomuque Edições, editora fundada por nós, há 41 
anos (1974), em Pirajuí, e que sempre funcionou à 
margem do sistema editorial brasileiro, carecendo de 
registro como empresa editorial, o que a fez correr o 
risco de perder legalmente o nome. Nomuque = no 
muque (no braço, na força muscular) existe à medida 
que existam trabalhos que ela venha a editar e gra-
ças aos recursos provindos dos próprios editores-co-
laboradores (a editora nunca contou com patrocínios 
de fora – antes, por princípio, depois, por força do há-
bito). Essa atividade editorial ocorria mais ou menos 
esporadicamente, bem porque, não visando a lucros e 
não dispondo de infraestrutura empresarial, só pode-
ria mesmo funcionar assim, às vezes acontecendo de 
uma publicação ser lançada dez anos após o início de 
sua impressão que, por sinal, em algumas ocasiões, 
foi feita por seus editores que, além de poetas, eram 
(são) técnicos em serigrafia, programadores visuais 
etc. (os poucos que se dispuseram e se dispõem a este 
tipo de trabalho artesanal). Se bem que, atualmente, o 
trabalho artesanal tem sido deixado de lado, cedendo 
espaço ao offset que, de qualquer modo, esteve pre-
sente desde o primeiro número de Artéria. Portanto, 
mais que editora, a Nomuque é gráfica e, além da se-
rigrafia, utilizou, ao longo de seus mais de 40 anos de 
existência, outros processos artesanais de impressão 
e, também, processos industriais. 
A Nomuque Edições (“nomuque, edições”, na ori-
gem) nasceu em Pirajuí, interior de São Paulo, trans-
ferindo-se, a seguir, para a capital, onde ainda opera. 
Há vantagens e desvantagens nessa estrutura de fun-
cionamento da editora: por um lado tem-se liberdade 
plena para tudo e não há o perigo de ficar insolvente 
ou mesmo o de ir à falência, já que, legalmente, não 
existe. Por outro, os custos acabam por onerar os 
poucos que se dispõem a reservar parte de seu salá-
rio para os gastos da editora e, o mais grave: o crôni-
co problema da distribuição do pouco material que é 
editado e que, fatalmente, fica em parte encalhado na 
casa de alguém, que se dispõe a guardá-lo.
Artéria começou a ser pensada em 1974, a partir 
do momento em que sentimos a necessidade de uma 
publicação coletiva (até hoje, temos muito mais pra-
zer em veicular nossos trabalhos em publicações co-
letivas, que em separado: poemas reunidos em livro 
ou veiculados autonomamente). O nome: um achado 
(pronto), pois, além de tudo o que traz de positivo a 
palavra Artéria, contém Arte! Tendo,naquele ano, visto 
Polem e Código (Navilouca, pouco depois), percebemos 
que o projeto de uma revista de poesia seria viável. 
Daí, conversando e travando contato com os irmãos 
Figueiredo (Luiz Antônio, Carlos e Zéluiz), configurou-
-se a possibilidade, e, o número 1, já com colaboração 
dos poetas concretos (que prontamente se dispuseram 
a nos enviar trabalhos inéditos) – Augusto de Campos, 
Décio Pignatari e Haroldo de Campos - saiu em 1975 
(lançamento em 15/07, em São Paulo, numa peque-
na reunião no Krystal Chopps, no Bairro das Perdizes, 
com as nossas presenças, mais as de Luiz Antônio de 
Figueiredo, Carlos Valero, Hermelindo Fiaminghi, Décio 
Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos). 
1313
Artéria 2 já viveu uma crise entre os organizado-
res, posto que uns queriam algo arrojado em termos 
de mídia e outros ponderavam pelo que seria possí-
vel, em termos de viabilidade econômica, e a revista 
foi feita, com alguma modificação do projeto inicial, 
mas mantendo o arrojo. Saiu em 1977, mas consta a 
data de 76, ano em que praticamente ficou pronta, 
só faltando alguns detalhes (o invólucro, uma sacola, 
causou alguns transtornos até ficar pronto, já que o 
trabalho de Julio Plaza – Alechinsky-Lichtenstein – foi 
visto como perigoso por gráficos-impressores e sua 
publicação teve de ser adiada e a capa do envelope 
ser refeita): a revista mostrou, nesse número, seu ca-
ráter mutante (já indiciado na de número 1, em que 
aparecia um encarte: o poema “Reviravolta”, de Paulo 
Miranda). Tendo um formato diferente, não podendo 
simplesmente ser colocada numa estante, chegou a 
ser recusada por algumas livrarias, que costumavam 
receber as nossas revistas em consignação, exceção 
feita à Duas Cidades, que chegou a distribuí-la nacio-
nalmente no ano de 1977, assim como Artéria 1 e ou-
tras publicações da mesma estirpe. 
Os irmãos Figueiredo – Luiz Antônio e Carlos – 
eram, dos envolvidos no processo Artéria, os que mais 
insistiam para que a forma da revista não se repetisse. 
O número 3 não existiu - uma caixa de fósforos tra-
zia o nome Artéria 3: ART3RIA – produção de Carlos 
Valero (de Figueiredo). O número 4 foi feito pela 
Nomuque Edições mais o Estúdio OM, projeto e execu-
ção de Carlos Valero, e era constituído por um estojo 
que continha um caderno com especificações técnicas 
para a audição de uma fita cassete C60 – o tal caderno 
poderia ter existência autônoma como revista, tão pri-
moroso graficamente era (muito embora a reprodução 
– eram apenas 100 exemplares – fosse reprográfica: 
xerox) e tudo ia dentro de um estojo azul, com impres-
são serigráfica em branco. Convém lembrar, aqui, que 
Artéria IV foi precedida por BALALAICA (também pro-
jetada e executada por Carlos Valero e ambas as fitas 
se encontram, hoje, na REDE: nomuque.net), outra fita 
cassete C60, sendo as datas de lançamento 1979-80 e, 
diga-se, isto tudo ocorreu antes da febre da dita “poe-
sia sonora”, no Brasil. A novidade nas fitas não estava 
no fato de se gravarem poemas, coisa que acontecia 
há décadas, mas de ser um trabalho de poesia sonora/
sonorizada coletivo: uma revista sonora, contendo até 
o que se poderia chamar de ‘radionovela’. 
Nesta altura, já faziam parte da equipe de pro-
dução, também, Walter Silveira, Sonia Fontanezi, 
Tadeu Jungle, Júlio Mendonça e, mais tarde, 
Arnaldo Antunes (que se ocupou de outras publica-
ções e atuava, também, em outro campo: o da mú-
sica popular, como se sabe). Em 6 de maio de 1981 
foi lançada uma grande caixa, com poemas soltos 
e utilizando vários processos de impressão: Zero à 
Esquerda, num espetáculo multimídia, na discoteca 
Pauliceia Desvairada. Esta revista da Nomuque não 
levou o nome Artéria.
Alguns outros projetos foram sendo feitos pela 
Nomuque que, ao mesmo tempo, tentava viabilizar 
Artéria 5 (Fantasma), enfim, lançada no MASP, em 
seu mezanino, em 1991, com uma grande exposição 
“comemorativa” dos 17 anos da editora, e Artéria 6 
(Quadradão) 31 x 31, que só foi lançada em 1993, na 
Livraria Augôsto Augusta-MIS. Artéria 6 foi a revista de 
mais longa gestação na história da cultura brasileira: 
pensada desde 1981, começou a ser impressa (toda em 
serigrafia, como a de número 5) em 1983 e, daí, passa-
ram-se dez anos até o seu lançamento. Nesse tempo 
todo, várias revistas foram pensadas e até projetadas, 
porém, os custos as inviabilizaram (a maior revista do 
Brasil, em formato A2, e outra composta de grandes 
cartazes 66 x 96 cm, contendo os poemas). 
A seguir, fizemos Arteriaset (AR7ERIA – Artéria 7) 
– mais uma longuíssima gestação - em offset, obvia-
mente, que teve algo singular: ficou pronta em 2004, 
depois de Artéria8, que está na REDE desde o 2º se-
mestre de 2003 (em 2001, colocamos no ar, com Fábio 
Oliveira Nunes, que também fez o desenho de Artéria 8, 
Sígnica, reunindo principalmente poemas de alunos 
da Universidade – IA-UNESP, FACOM-FAAP e PUC-SP). 
Na REDE não é preciso fazer números 1, 2, 3 etc., pois a 
publicação é, por natureza, crescente e mutante. 
A questão da visualidade sempre apareceu em 
Artéria (que tem mantido um núcleo de editores, com 
evasões e adesões, ao longo do tempo) e com o passar 
dos anos, foi-se acentuando, até culminar com as re-
vistas de números 5 e 6. Fizemos a de nº 9 mantendo 
o formato aproximado da de nº 7 e preparamos a de nº 
10, que foi lançada no ano de 2011. E não descartamos 
a feitura dos números 11 e 12 de Artéria.
Artéria se insere na tradição de revistas que pri-
maram por veicular uma produção poética mais ex-
perimental, mais construtivo-formalista (e aí não vai 
teor depreciativo), tais como, entre nós, Noigandres, 
Invenção, Navilouca, Polem, Código (editada em 
Salvador-Bahia por Erthos Albino de Souza, e que 
durou 12 números: um verdadeiro prodígio!), Poesia 
em Greve, Qorpo Estranho, Kataloki, Zero à Esquerda, 
Atlas etc. Dessas, algumas tiveram apenas um núme-
ro. Artéria prossegue e penso ser a única revista atu-
almente no Brasil a se preocupar com a questão da 
visualidade e da experimentação em Poesia.
O que faz com que, apesar de tudo, uma publi-
cação (que não vem a ser propriamente uma revista, 
como a definem os dicionários) sobreviva por déca-
das? Diríamos que o amor pela poesia e a crença de 
que tal trabalho seja necessário e, talvez, o que vem 
a ser o mais importante, a alegria que existe em pôr 
à luz mais uma publicação coletiva, já que há aqueles 
que preferem publicar coletivamente do que reunir 
periodicamente seus próprios trabalhos, mesmo que 
o avanço em anos seja notório. Artéria chega aos 40 
anos e com indícios de que vai continuar. XAIPE! 
Omar Khouri e Paulo Miranda
São Paulo, março de 2015
Regina Vater
Abaixo do Equador, 1978 - 2002
Série de fotografias, 132 x 30 cm
Publicado em Published in Artéria 9, 2007
Coleção Paulo Miranda Collection
Paulo Miranda
Che move il sole
Objeto luminoso, Luminous object, 80 x 15 cm
Publicado em Published in Zero à Esquerda, 1981 
Coleção Paulo Miranda Collection
15
A Nomuque Edições, editora fundada por Omar 
Khouri e Paulo Miranda, em 1974, funcionou à mar-
gem do sistema editorial brasileiro e está intima-
mente ligada à revista Artéria, que editou a partir 
de 1975. 
Nomuque = no muque (no braço) existe à me-
dida que existam trabalhos que ela venha a editar e 
com os recursos provindos dos próprios editores e 
colaboradores, já que nunca contou com nenhuma 
forma de patrocínio.
Essa atividade editorial ocorre esporadicamen-
te, bem porque, não visando a lucros e não dispon-
do de infraestrutura empresarial, só poderia mesmo 
funcionar assim: às vezes – acontecendo de uma 
publicação ser lançada dez anos após o início de sua 
impressão, que também tem sido quase sempre fei-
ta por seus próprios editores. Estes, além de poetas, 
são técnicos em serigrafia, programadores visuais, 
etc (os poucos que se dispuserame se dispõem a 
este tipo de trabalho artesanal). Portanto, além de 
uma editora, a Nomuque é, também, gráfica e, além 
à margem do sistema editorial brasileiro
Sessão de impressão serigráfica da revista Zero à Esquerda,
realizada na escola ASTER, em 1980;
da serigrafia, tem utilizado outros processos artesa-
nais de impressão, bem como os industriais.
A Nomuque Edições nasceu em Pirajuí, interior 
de São Paulo, transferindo-se para a capital, onde 
ainda opera. Do núcleo inicial de editores-colabo-
radores, composto por Omar Khouri, Paulo Miranda, 
Luiz Antônio de Figueiredo, Carlos Valero e Zéluiz 
Valero, hoje permanecem os dois primeiros. Outros, 
porém, se foram juntando, com maior ou menor atu-
ação: Walter Silveira, Tadeu Jungle, Sonia Fontanezi, 
Julio Mendonça, Arnaldo Antunes, Fábio Oliveira 
Nunes. Da repografia e mimeografia, enveredando 
pelo offset e a serigrafia, passou para a fita mag-
nética (em associação com o estúdio ON, de Carlos 
Valero) e para a REDE (web). Sem preconceitos. Sem 
limites: formas sem fôrmas, Artéria, antologias, edi-
ções autônomas de poemas, livros. De edições míni-
mas a 1500 exemplares e à investida no Planeta, com 
Artéria 8 na Internet.
Nomuque Edições: enquanto houver entusiasmo 
por parte de seus editores.
Texto originalmente publicado no catálogo 
Edições Nomuque: 30 anos, Senac São Paulo, 2004.
nomuque edições
Confecção da antologia Não muito mas muito da poesia segundo o século XX
linha do tempo
1975 1976 1977 1979 1980 1981 1991 1992 2004 2003 2007 2011 
1918
artéria 1
(Pirajuí: Nomuque Edições, 1975)
_1232 exemplares. 
_16 x 23 cm. Offset. Sulfite – Gráfica Souza Reis-Bauru, 
Capa plastificada.
_Planejamento gráfico: Omar Khouri
_Capa + 4ª capa: Omar Khouri
William Carlos Williams POEM original 2ª capa
Iumna Maria Simon e Luiz Antônio de Figueiredo: 
Tradução POEMA (WCW) 3ª capa
_Lançamento no Krystal Chopps – São Paulo, na noi-
te de 15 de julho de 1975. Presentes: Augusto de 
Campos, Carlos Valero, Décio Pignatari, Haroldo de 
Campos, Hermelindo Fiaminghi, Luiz Antônio de 
Figueiredo, Omar Khouri e Paulo Miranda.
_Distribuição: de mão em mão, consignação em al-
gumas livrarias e em feiras de publicações marginais, 
até hoje. Distribuição também gratuita e doações a bi-
bliotecas e museus. Em 1977, a Livraria e Editora Duas 
Cidades se dispôs a fazer uma distribuição nacional de 
algumas publicações que estavam à margem do siste-
ma editorial brasileiro e distribuiu ARTÉRIA 1.
_Pagou-se, com as vendas, a médio prazo.
_Cessão de direitos autorais pelos próprios autores, 
ou os responsáveis.
* O encarte reviravolta, de Paulo Miranda teve uma 
1ª tiragem em plast plate, feita numa tipografia de 
Bauru; considerada insatisfatória pelos editores, mas 
foi utilizada para o lançamento, donde alguns dos 
primeiros exemplares a portarem. Logo em seguida 
foi feita a tiragem na gráfica Souza Reis-Bauru, em 
offset. O: Ai!cai, de Décio Pignatari, não foi assumido 
por ele em sua obra completa. Tendo saído o um dos 
textos de Galáxias em CÓDIGO 2, Haroldo de Campos 
enviou para ARTÉRIA 1, outro e a Nomuque publicou 
os dois. A página de Waldeyr de Oliveira deveria es-
tar em negativo, mas, por engano, a seguinte, com 
poema de Haroldo de Campos é que acabou ficando. 
O texto de Décio Pignatari ditado a Luiz Antônio de 
Figueiredo, pelo autor, por telefone: o título deveria 
ser Franquisténs II.
AUTORES/COLABORADORES:
_Paulo Miranda: reviravolta (encarte) 
_Décio Pignatari: Ai!cai 
_Zéluiz Vtalero: Pollocklee + seven _ Fotomontagem
_Haroldo de Campos: 2 fragmentos: tudo isto tem que ver… 
e passatempos e matatempos…
_Luiz Antônio de Figueiredo: Textocidade para o poeta 
e tradução de poema de Catulo Carmen XXXII, com 
a colaboração de Ênio Aloísio Fonda
_Carlos Alberto de Figueiredo: Arte e sociedade: manifesto
_Décio Pignatari: Incipit
_Arnaldo Caiche D’Oliveira: pássaro
_Augusto de Campos: traduções: Canção – Guillaume de 
Poitiers e da Conferência sobre nada – John Cage
_Omar Khouri: releitura de Amor Humor, 
de Oswald de Andrade
_Gabriel Emídio Silva: Amor/Humor: o máximo do mínimo
_Waldeyr de Oliveira: Videre et non videre
_Haroldo de Campos: texto (sic) ruínas
_Zéluiz Valero: Cabeça mecânica de Hausmann + Dito + Dito 
Chorão_ Fotomontagem
_Décio Pignatari: Franquisteins II
_Luiz Antônio de Figueiredo: PS
_Omar Khouri: logotipo da Nomuque Edições
_Zéluiz Valero: foto NOB
Paulo Miranda
Reviravolta, 1974
Objeto em metal serigrafado, 18 x 18 x 20 cm
Silkscreened metal object
Publicado em Published in Artéria 1, 1975
Artéria 1, 1975
Revista em offset
Offset magazine 
23 x 16 cm / 1232 exemplares copies
Coleção Omar Khouri Collection
2120
(Pirajuí: Nomuque Edições, 1976)
_1000 exemplares.
_24 X 34 cm (envelope + sacola de plástico transparente)
_Caderno: 15,5 X 21,5 cm. Offset - Gráfica Souza Reis - Bauru.
_Planejamento gráfico: vários. 
_Capa (envelope - serigrafia): Omar Khouri
_Capa (caderno - offset): Julio Plaza
_Trabalhos acondicionados no envelope, em diversos 
formatos: serigrafia, tipografia e offset + etiqueta 
colocada externamente (carimbo).
_Trabalhos serigráficos: Edson - Bauru
_Tipografia: Pirajuí
_Lançamento: não houve, propriamente, a não ser uma 
tentativa em Avaré, com público escasso, e em que ne-
nhum exemplar chegou a ser vendido.
_Distribuição: de mão em mão, a partir do 1º semestre 
de 1977, consignação em algumas livrarias e em feiras 
de publicações marginais, até hoje. Num certo momen-
to (1977), a Livraria Duas Cidades chegou a fazer dis-
tribuição nacional de ARTÉRIA 2 (incluindo a de nº 1), 
assim como de outras publicações da mesma estirpe. 
Distribuição também gratuita, doação a instituições 
culturais (bibliotecas, museus, coleções particulares).
_Provavelmente não se pagou.
_Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou 
os responsáveis.
*Dados erros gráficos de responsabilidade dos execu-
tores da Souza Reis, os 1000 exemplares do caderno 
tiveram de ser refeitos e a edição refugada foi destruí-
da. A capa – frente do envelope – não encontrou gráfica 
que imprimisse o trabalho “Alechinsky-Lichtenstein”, 
de Julio Plaza, por achar que poderia ter problema 
com a censura, pois havia, ali, uma conotação erótica 
ou mesmo pornográfica, alegou-se. O referido trabalho 
acabou sendo publicado em ZERO À ESQUERDA.
AUTORES/COLABORADORES:
ETIQUETA ATADA À SACOLA PLáSTICA: 
Julio Plaza: ARTE = VERBA
CADERNO:
_Julio Plaza: Arte: técnica quirúrgica, continua à página 3
_Haroldo de Campos: anamorfose
_Luiz Antônio de Figueiredo: chamar-te vulva…
_Décio Pignatari: Pessoinhas
_Décio Pignatari + Fernando Lemos: Logotipo rejeitado.
_Augusto de Campos: Tradução de poema de 
E. E. Cummings: minha especialidade é viver…
_Regina Silveira: São Paulo turístico. Museu de Arte
_Luiz Antônio de Figueiredo: mínimas
_Zéluiz Valero: Fotografia
_Régis Bonvicino: poema
ENVELOPE:
_Zéluiz Valero: Em caso de qualquer irregularidade…
_Carlos Valero de Figueiredo: Hitler X Satie
_Cláudio Cortez: mpb 1. Arte-final: Zéluiz Valero
_Pedro Osmar: VIDA
_José Augusto Nepomuceno: Observo…
_Paulo José Ramos de Miranda: E. E. Cummings. 
não-tradução
_Omar Khouri: KITSCHICK!
_Walter Franco: o ab surdo não h ouve. Projeto gráfico: 
Omar Khouri
_Pedro Tavares de Lima e Régis Rodrigues Bonvicino: d
_Edgard Braga: linotipoema
_Omar Khouri: sem título (E DI)
_Paulo José Ramos de Miranda: Soneto
artéria 2
Artéria 2, 1976
Revista em offset, serigrafia, tipografia e carimbo
Magazine – offset, silk-screen, typography and stamp
34 x 24 cm / 1000 exemplares copies
Coleção Omar Khouri Collection
2322
(São Paulo: Editor Carlos Valero, 1977)
_Trata-se de uma caixa (maço) de fósforos,que saiu nas 
cores vermelho e branco, com impressão ART3RIA em 
dourado. Iniciativa de Carlos Valero, frente ao impasse 
da dúvida, depois de ARTÉRIA de nº 2: a revista ainda 
sairia? Como seria?
_38 x 48 x 5 x 2 mm. Foi distribuída aos amigos e conta-
tos vários no ano de 1977. 
_Tiragem: ? talvez 100 exemplares, sendo que alguns 
ainda se conservam.
*A ideia de Carlos Valero surgiu frente a um certo impas-
se que se observou com relação à continuidade ou não 
de ARTÉRIA, cujo nome será retomado com ARTÉRIA 4, 
uma fita cassete C60, pela Nomuque Edições e Estúdio 
OM, totalmente editada por Carlos Valero, que reuniu 
colaboradores contumazes e novos. Um ano antes: 
BALALAICA. Tinha havido um mal-estar com relação a 
ARTÉRIA 2 e as adaptações que teve de sofrer para po-
der ser viabilizada.
artéria 3
Artéria 3, 1977
Carteira de fósforos
Matchbook
4.5 x 5.5 cm / 100 exemplares copies
Coleção Omar Khouri Collection
2524
balalaica
[O SOM DA POESIA]
(São Paulo: Nomuque Edições-Estúdio OM, 1979).
_Tiragem: ? (hoje, na internet, em nomuque.net)
_Fita cassete C60. Estojo próprio da fita. Capa: 
BALALAICA: Carlos Valero + folha-índice.
_Produção e trabalhos técnicos: Carlos Valero.
_Distribuída de mão em mão a partir de 1979.
_Lançamento na Livraria Muro, 
Rio de Janeiro, em 08 de maio de 1980.
_Pagou-se, se não se considera o fator trabalho. 
_Cessão de direitos autorais pelos pró-
prios autores ou os responsáveis.
*Carlos Valero montou um estúdio caseiro, tendo assis-
tido a gravação da maior parte dos trabalhos. Balalaica 
já é uma espécie de ARTÉRIA sonora. De qualquer 
modo, mostrou que uma revista sonora era viável.
AUTORES/COLABORADORES:
_Villari Herrmann: Sombras / vozes: Paulo Miranda 
e Omar Khouri
_Augusto de Campos: O quasar / Augusto de Campos
_Walter Franco: Mamãe d’Água / Walter Franco
_Augusto de Camos: Cidade / Augusto de Campos
_Omar Khouri: Facturas / Carlos Valero
_Augusto de Campos: dias dias dias / Caetano Veloso.
_Luiz Antônio de Figueiredo: O dedo de Leda / 
Radionovela – vários
_Décio Pignatari e Gilberto Mendes: beba coca cola – 
motet em ré menor / Ars Viva
_V. Khliébnikov (tradução Augusto de Campos): 
hoje de novo / Carlos Valero
_John Cage (trad. A. de Campos): da Conferência 
sobre nada / Carlos Valero
_Margareth Young (trad. Décio Pignatari): 
A morte pela raridade / Vários
_Omar Khouri: Marta e Romeu: uma estória de 
morrer / Marlene Avelar e Stela Avelar
_Décio Pignatari + Willy Corrêa de Oliveira: 
Um movimento / Ars Viva
_Lewis Carroll (trad. De A. de Campos): Jaguadarte / 
Paulo Miranda
_William Blake (trad. de A. de Campos): 
A rosa doente / Roberto Ghiotto
_Fernando Pessoa: A casa branca nau preta / 
Carlos Valero
_Stéphane Mallarmé (trad. Haroldo de Campos): 
Um lance de dados / Vários
_Oswald de Andrade (versão inglesa: Paulo Miranda): 
The masses… / Paulo Miranda
_Oswald de Andrade: Balada do Esplanada e Erro de por-
tuguês / Oswald de Andrade
_Marcial: Mammas… / Omar Khouri
_Pedro Kilkerry: É o silêncio / Neoclair Coelho
_Bernart de Ventadorn + Augusto de Campos: 
Intradução / Augusto de Campos
_V. Maiakóvski (trad. Augusto de Campos): Balalaica / 
Stela Avelar
Balalaica, 1979
Fita cassete C60 5 x 3,5 cm
C60 cassette tape
Produção e trabalhos técnicos: Carlos Valero
Production and technical work: Carlos Valero
Disponível em available at www.nomuque.net
Coleção Omar Khouri Collection
2726
(São Paulo: Nomuque Edições-Estúdio OM, 1980)
_Tiragem: 100 exemplares.
_Estojo em papel Carmen 180 g azul ultramar. 13,7 x 
21,5 x 1,1 cm, contendo fita cassete C60 e caderno-ín-
dice 21 x 6,8 cm.
_Capa: Carlos Valero. Texto interno: Luiz Antônio de 
Figueiredo. Impressão serigráfica de Paulo Miranda.
_Caderno: sulfite 72 g, em reprografia (xerox).
_Produção sonora e gráfica: Carlos Valero.
_Lançamento na casa de chá Nastassika, em 22 de no-
vembro de 1980.
_Distribuição: à época do lançamento, esteve à venda, 
mesmo para os colaboradores que poderiam comprar 
1 e levar duas. A edição original deve ter-se esgotado 
e outras cópias foram feitas, porém, sem a sofisticação 
do estojo + caderno-índice, como na primeira tiragem. 
Em época recente, remasterizada, entrou para o site da 
Nomuque Edições.
_Pagou-se, se não se considera o fator trabalho.
_Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou 
os responsáveis.
*ARTÉRIA 4, assim como BALALAICA, trouxe uma espé-
cie de radionovela tétrico-erótica. 
AUTORES/COLABORADORES:
_Oscar Wilde? Poeta / voz de Paulo Miranda
_Carlos Valero. Radionovela A vingança do vampiro / vários
_Augusto de Campos: Roer… / Carlos Valero
_Beatles + Caetano Veloso: Colagem? Beatles + 
Caetano Veloso
_Augusto dos Anjos: Budismo moderno e Mistérios 
de um fósforo / Beto Xavier + Neoclair Coelho
_Sonia Fontanezi: Alice / Paulo Miranda
_Anônimo: Circular o desejo proibido / Carlos Valero
_Luiz Antônio de Figueiredo: no cúlmen do teu ponto 
culminante / LAF
_Haroldo de Campos: de Galáxias (frag. Inicial) /HC
_Stéphane Mallarmé: Soneto em yx / Neoclair Coelho
_Walter Franco / Walter Franco
_Omar Khouri: Autorretrato em baixo astral / 
Carlos Valero
_E. E. Cummings Quase Cummings / Vinicius Dantas
_Carlos Valero + M. McLuhan: Rodapé McLuhan?
_Maurizio Prati Trepa dorme / MP
_Augusto de Campos: Memos / Júlio Mendonça
_Lívio Tragtenberg: Mariceli / piano: LT
_Walter Silveira: O dodói da dendeca / WS
_Neoclair Coelho e L. A. de Figueiredo: um campo 
amplo/ Maíza M. Figueiredo
_Edgard Braga: Uivoo / Walter Silveira
_Carlos Valero: Stalin / Carlos Valero
_Paulo Leminski: Você com quem falo / Walter Silveira
_Tadeu Junges: Você eu / TJ
_V. Maiakóvski (trad. A de Campos) Fragmento… / 
Maiakóvski + A. de Campos
_Carlos Valero: Maristela / Carlos Valero
_Paulo Miranda: Poema de valor / vários
_V. Maiakóvski (trad. A de Campos) / Carlos Valero
_José Lino Grünewald: Onão o putodor / Omar Khouri
artéria 4
Artéria 4, 1980
Fita cassete e encarte em serigrafia e xerox
Produção e trabalhos técnicos: Carlos Valero
Cassette tape and silk-screen and Xerox insert 
Production and technical work: Carlos Valero
5 x 3,5 cm / 21 x 13,8 cm / 100 exemplares copies
Disponível em available at www.nomuque.net
Coleção Omar Khouri Collection
2928
(São Paulo: Nomuque Edições, 1981)
_ Tiragem: 500 exemplares.
_51,6 x 28,3 x 1,2 cm. Invólucro: caixa de papelão. 
_Trabalhos soltos em diversos formatos, papéis e téc-
nicas de impressão (serigrafia, offset, tipografia, carim-
bo).
_Impressão: Nomuque (serigrafia: ASTER) e outras.
_Idealizadores: Omar Khouri e Paulo Miranda.
_Produtores e impressores dos trabalhos serigrá-
ficos: Carlos Valero, Júlio Mendonça, Omar Khouri, 
Paulo Miranda, Sonia Fontanezi, Tadeu Junges, Walter 
Silveira, Zéluiz.
_Capa: Walter Silveira, Paulo Miranda e Sonia Fontanezi.
_Lançamento em 06 de maio de 1981, na Discoteca 
Pauliceia Desvairada, com um evento multimídia.
_Distribuição: aos colaboradores, vendas no lançamen-
to e algumas consignações, doações, vendas em feiras 
de publicações especiais, até hoje.
_Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou 
os responsáveis.
*ZERO À ESQUERDA foi quase toda impressa no Aster, 
um centro de estudos de Arte, nas Perdizes-SP, nos 
anos de 1980 e 81 (parte do 1º semestre). Houve traba-
lhos em offset feitos fora. O de Villari Herrmann (∞) foi 
o último a chegar: produzido pelo autor, não coube na 
caixa-invólucro, que já estava pronta – como a margem 
em branco excedia, foi aparada e, daí, tudo deu certo. A 
montagem da revista se deu em casa de Paulo Miranda.
AUTORES/COLABORADORES:
_Aldo Fortes: (Sem título) /9º cigarro
_Augusto de Campos: Limite
_Carlos Valero: Maristela
_Carlos Valero: Poesia
_Décio Pignatari: Poeminha poemeto poemeu 
poesseu poessua da flor
_Edgard Braga: Sem título
_Elcio Carriço: O q está embaixo é como o q está no alto
_Haroldo deCampos: Ode (explícita) em defesa da poesia
_Haroldo de Campos: Li Tai Poema
_Júlio Mendonça: Eclipse
_Julio Plaza: Alechinsky-Lichtenstein
_Lenora de Barros: Poema
_Luiz Antônio de Figueiredo: Exercício cubista
_Luiz Antônio de Figueiredo: Soneto (No cúlmen 
do teu ponto culminante)
_Luiz Antônio de Figueiredo e 
Neoclair João Vito Coelho: P/ os q pensam
_Lygia de Azeredo Campos: Adormeço
_Lygia de Azeredo Campos: Amortecemeamor
_Neoclair João Vito Coelho: Hellás
_Omar Khouri: Eu nos amo
_Paulo Miranda: Che move il sole
_Paulo Miranda: La vie en
_Paulo Miranda (e Carlos Valero): A POE M
_Regina Silveira: Anamorfa
_Renato Ghiotto: Sem título (50135)
_Samira Chalhub: Sem título (As praias, as preias, 
as peias)
_Sonia Fontanezi: Atravessa
_Tadeu Junges: Justu nu meu!
_Tadeu Junges: Passe a mão
_Villari Herrmann (e Carlos Valero): Sem título (∞)
_Walt B. Blackberry: Cardiografia: coração partido
_Zéluiz: Sem título (.)
zero à esquerda
Zero à Esquerda, 1981
Revista em serigrafia, offset, tipografia e carimbo
Magazine – Screen printing, offset typography and stamp
51,6 x 28,2 cm / 500 exemplares copies
Coleção Omar Khouri Collection
3130
[FANTASMINHA]
(São Paulo: Nomuque Edições, 1991)
_Tiragem: 160 exemplares.
_34 X 25 X 1 cm (caixa-invólucro). Capa: duplex, 
com impressão em branco sobre branco (FANTASMA) 
e sobrecapa em Kraft com impressão serigráfica 
em vermelho (ARTÉRIA 5).
_Idealização: Omar Khouri e Paulo Miranda. 
_Projeto da capa: Omar Khouri, Paulo Miranda e 
Arnaldo Antunes.
_Equipe de realização: Arnaldo Antunes, 
Júlio Mendonça, Omar Khouri, Paulo Miranda, 
Sonia Fontanezi e Walter Silveira.
_Gráfica: Nomuque Edições – oficina de serigrafia.
_Lançamento: Mezanino do MASP, com a Exposição 
Nomuque Edições 17 anos, em 10 de abril de 1991.
_Difícil saber se se pagou, pelo menos em 50%, pois 
foram feitos apenas 160 exemplares, distribuídos a 
colaboradores (1 para cada) e o restante, vendido e 
doado. Pelo fato de ter sido totalmente impresso pela 
Nomuque Edições, em serigrafia, não se computou o 
fator trabalho, emprestado pela equipe de realização.
_Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou 
os responsáveis.
*ARTÉRIA 5 / FANTASMA foi pensada em função de 
ARTÉRIA 6, sendo que o que não entrasse nesta (as 
colaborações), entraria na outra. E assim foi, com um 
longo período de gestação.
AUTORES/COLABORADORES:
_Adriana Freire: All ways
_Aldo Fortes: Sem título (Cage)
_André Vallias: Égloga
_Arnaldo Antunes: Tudo ou tudo
_Arnaldo Antunes: ?
_Arnaldo Antunes: !
_Augusto de Campos: ly
_Celso Marques: “OM”: variações
_Décio Pignatari: Logochicomendes
_Décio Pignatari: Bashô: Velha lagoa
_Edgard Braga: Ocaos
_Erthos Albino de Souza: Ready-made para Caetano
_Gastão Debreix: O Sol se mostra ao meio
_Gastão Debreix: Varal
_Gilberto José Jorge: Exercício nº 1 – Dédalo
_Go: ã
_Haroldo de Campos: Como ela é
_Ivan Cardoso: Sem título
_Júlio Mendonça: ADN
_Julio Plaza: Sempre há algo na realidade que 
você não vê
_Lenora de Barros: Há vida
_Lygia de Azeredo Campos: Ave útero memória.
_Omar Khouri: Factura da série oidípous ópsimos
_Omar Khouri: Sin palabras
_Omar Khouri: !
_Oswald de Andrade: Amor
_Paulo Miranda: Il fabbro
_Regina Silveira: da série: Corredores para abutres
_Regina Vater: Projeto para Performance de sombras
_Salvador Martins: Palavra
_Samira Chalhub: Amor en carte
_Sonia Fontanezi: Azul era o céu de quando eu tinha 
minha mãe
_Sonia Fontanezi: Era briluz (poema-objeto extra-caixa)
_Tadeu Jungle: Zoológico
_Walt B. Blackberry: Singer
_Walt B. Blackberry: Sem título
_Zaba Moreau: Sem título
artéria 5
Artéria 5, 1991
Revista em serigrafia Silk-screen magazine
34 x 24 cm / 160 exemplares copies
Coleção Omar Khouri Collection
3332
[QUADRADÃO | 31 x 31]
(São Paulo: Nomuque Edições, 1992)
_Tiragem: 180 exemplares.
_31 X 31 cm. Sulfite 180 (miolo) e cartão (capa). 
Impressão serigráfica.
_Idealização: Omar Khouri e Paulo Miranda. 
_Projeto gráfico/equipe de realização: 
Arnaldo Antunes, Júlio Mendonça, Omar Khouri, 
Paulo Miranda, Sonia Fontanezi e Zéluiz Valero.
_Gráfica: Nomuque Edições.
_Capa: Paulo Miranda, Arnaldo Antunes e Omar Khouri. 
_Lançamento: Livraria Augôsto Augusta MIS-SP, em 15 
de abril de 1993.
_Distribuição: distribuição a colaboradores e vendas, 
no dia do lançamento e após, pela livraria onde foi lan-
çada, de mão em mão, a partir do 1º semestre de 1993, 
consignação em algumas livrarias e em feiras de publi-
cações marginais, até hoje (vendas esporádicas).
_Difícil saber se se pagou, pelo menos em 50% (prova-
velmente não), pois foram feitos apenas 180 exempla-
res, distribuídos a colaboradores (1 para cada) e o res-
tante, vendido e doado. Pelo fato de ter sido totalmen-
te impresso pela Nomuque Edições em serigrafia (em 
cerca de 10 anos), não se computou o fator trabalho, 
por parte da equipe de realização. 
_Cessão de direitos autorais pelos próprios autores ou 
os responsáveis.
*ARTÉRIA 6, em verdade, começou a ser pensada em 
1981 e foi lançada em 1993. Pode ser considerada a 
revista de mais longa gestação na história da cultura 
brasileira. Assim como outras publicações artesanais 
da Nomuque, ARTÉRIA 6 tem sido muito procurada nos 
últimos anos.
AUTORES/COLABORADORES:
_Aldo Fortes: Cummings: não-tradução 2
_Paulo Leminski e João Virmond Suplicy: haiku da 
cigarra [de Winterverno]
_Omar Guedes: Sem título
_Betty Leirner: Les êtres lettres
_Go: o que digo
_Erthos Albino de Souza: Louvação para Pagu
_Ivan Cardoso: Cinema
_Júlio Bressane: Rio
_Ronaldo Azeredo: noite noite noite
_Gastão Debreix: Poesia
_Lenora de Barros: Eu não disse nada
_Samira Chalhub: Destra: ção
_Walt B. Blackberry: Banheiro publyko: stylografico punk
_Júlio Mendonça: Zero à esquerda
_Glauco Mattoso: Dactylogramma sos
_Décio Pignatari: solviete para o verão de Maiakóvski
_Lúcio Kume: Alvo
_Augusto de Campos: Intradução: amorse
_Sonia Fontanezi: Pós-imagem para Júlia Fontanezi
_Carlos Valero: Albers + Gertrude Stein
_Josely Vianna Baptista e Guilherme Zamoner: Noites
_Julio Plaza: Pré-dado
_Arnaldo Antunes: Sem título
_Raider: Soneto para Volpi
_Luciano Figueiredo: Bye bye baby… (roda de stills 
favoritos)
_Regina Silveira: Para Lizárraga
_Edgar Braga: Cartoonpoem (poema da infância)
_Omar Khouri: O que estarão essas crianças fazendo?
_Gilberto José Jorge: Logovampiro
_Marco Antônio Amaral Rezende: Tela e pele de Isabella Cabral
_Paulo Miranda: Correção: Rauschenberg (para Erthos 
Albino de Souza)
_André Vallias: Nous n’avons pas compris Descartes
_Tadeu Jungle: O lance do gago
_Safo e Haroldo de Campos: Em torno a Selene esplêndida
_Maurizio Prati: Sem título
artéria 6
Artéria 6, 1992
Revista em serigrafia Silk-screen magazine 
31 x 31 cm / 180 exemplares copies
Coleção Omar Khouri Collection
3534
(São Paulo: Nomuque Edições, 2004)
_Tiragem: 1.000 exemplares.
_19 x 28 cm. Papel sulfite, impressão offset.
_Capa: Paulo Miranda e Vanderlei Lopes.
_Projeto Gráfico: Vanderlei Lopes.
_Gráfica: Impressograf
_Lançamento no Restaurante SPOT, 
São Paulo, em 18 de janeiro de 2005.
_Distribuição: aos colaboradores, doações, alguma 
consignação, feiras de edições especiais.
_Não se pagou e a editora ainda conserva mais 
da metade da edição.
_Cessão de direitos autorais pelos próprios autores 
ou os responsáveis.
*A gestação de ARTÉRIA 7 foi, também, 
longa: quase 1 década.
AUTORES/COLABORADORES:
_Editorial (Omar Khouri e Paulo Miranda)
_Paulo Miranda: Already-made
_Antonio Risério: (Frasis)
_Aldo Fortes: Heráclito revisitado
_Zéluiz Valero: Pollocklee
_Samira Chalhub: Aperto: para Ed
_Carlos Rennó: When 2 are in love
_Sebastião Nunes: Arte poética
_José Augusto Nepomuceno: Sem título
_Tadeu Jungle: Autorretratos publicitários car-de-cu
_Alice Ruiz: Medo
_Erthos Albino de Souza: Homenagem a Glauber Rocha
_Raider: Grafito70
_Go: Sem título
_Peter de Brito: Desgaste
_J. Medeiros: Life para Signatari
_Diniz Gonçalves: Itinerário
_Júlio Mendonça: Buraco negro da linguagem
_Thiago Rodrigues: Rime
_Avelino de Araújo: Soneto cotidianso
_João Bandeira: Sem título
_Vanderlei Lopes: Ephemeras
_Décio Pignatari: Guarda-roupa
_Walter Silveira e Fernando Laszlo: Objeto dado
_Gastão Debreix: Diálogo
_Fernanda Brenner: Sem título
_Lenora de Barros: Em forma de família
_Edson Pfützenreuter: Luznoite
_Fábio Oliveira Nunes: Volátil
_Regina Silveira: Latin American puzzle
_Tiago Lafer: Dead or alive
_Sonia Fontanezi: Teia digital para Edgard Braga
_Inês Raphaelian: Roseta byte
_André Vallias: Seixo
_Haroldo de Campos: D’Amor
_Felipe Martins-Paros: Como dizer tudo em grego
_Waly Salomão: Tal qual Paul Valéry
_Augusto de Campos: Ronda
_Giberto José Jorge: Beijo
_Walt B. Blackberry: Mamãe consolação
_Lívio Tragtenberg: Continuidades
_Edgard Braga: Olhos submersos e Retrato de velho
_Omar Khouri e Zéluiz Valero: Sem título
_Denilson Souza: Sem título
_Daniele Gomes de Oliveira: Desafiamos
_Arnaldo Antunes: Ver
_Gerty Saruê: Sem título
_Lúcio Agra: Imantagma: 5 X Signo
_Julio Plaza: Sem título
_Regina Vater: Antes e depois ou Ontem e hoje
_Glauco Mattoso: O jogo da velha (ria) 
ou A história em quadrinhos
_Omar Khouri: readymadenemtanto
_Paulo Miranda: Logo Artéria 7 (3ª capa)
_Elson Fróes: Sem título (4ª capa)
artéria 7
Artéria 7, 2004
Revista em offset Offset magazine 
19 x 28 cm / 1000 exemplares copies
Coleção Omar Khouri Collection
3736
[∞] 
(São Paulo: Nomuque Edições, 2003…) 
www.nomuque.net/arteria8 
(Revista digital: Crescente e mutante).
_Organização: Omar Khouri e Fábio Oliveira Nunes.
_Web designer: Fábio Oliveira Nunes.
_No ar desde 2003.
_Cessão de direitos autorais pelos próprios autores 
ou os responsáveis.
*Entrou no ar antes que fosse concluída 
e lançada ARTÉRIA 7.
AUTORES/COLABORADORES:
Editorial: Proteica: uma metamorfose arterial
_Alckmar Luiz dos Santos e Gilberto 
Prado: Memória (Hai-Kai)
_Alexandre Azeredo: O seu nu meu
_André Vallias: De verso
_Arnaldo Antunes: Cresce
_Augusto de Campos: Pérolas para Cummings
_Avelino de Araújo: (Em breve…?)
_Brócolis (Leandro Vieira e Mariana Meloni): Hello
_Célia Mello: Eusencontroseusencontros
_Daniele Gomes de Oliveira: Êxito
_Décio Pignatari: Cri$to é a solução
_Diniz Gonçalves: Santos
_Edgard Braga: Cartoonpoem (poema da infância)
_Elson Fróes: Chaves de ouro
_Erthos Albino de Souza: Volat irrevocabile tempus
_Fábio Oliveira Nunes: Dúvida à Cuchot
_Felipe Paros: Língua universal
_Fernanda Brenner: Falsas memórias
_Glauco Mattoso: Sonetos plásticos e plasmados
_Gregório Graziosi: Masturbação
_Haroldo de Campos e Safo: Em torno a Selene esplêndida
_Inês Raphaelian: Oroboros
_Jorge Luiz Antônio e Regina Célia Pinto: Logo Logos
_José Lino Grünewald: Forma
_Josiel Vieira: Instável 2060
_Júlio Mendonça: Zoomanosluz
_Julio Plaza: TV
_Lenora de Barros: See me
_Letícia Tonon: Arteriografia
_Lúcio Agra: Eu não precisava…
_Omar Guedes: Sem título (Folha)
_Omar Khouri: Góngora. 1582 a(h)ora. 1990
_Paulo Miranda: La vie en
_Pedro Xisto: Epitalâmio II
_Peter de Brito: Impressões oftálmicas
_Priscilla Davanzo: Kiss: a kiss… un baiser… un bacio
_R2 (Thiago R. E Guilherme Ranoya): Nada x nada
_Regina Silveira: Descendo a escada
_Roland Campos: Cineró(p)tico
_Ronaldo Azeredo: Céu Mar
_Sílvia Laurentiz: Móbile 3
_Sonia Fontanezi: Edgardigitalbraga
_Tadeu Jungle: Tudo pode
_Tiago Lafer: Jogo de amarelinha
_Vanderlei Lopes: Powderhead
_Villari Herrmann: somBRas
_Walter Silveira: (Em breve…?)
_Zéluiz Valero: Sem título (.)
artéria 8
Artéria 8, 2003
Revista eletrônica Electronic magazine 
Programação Programming: Fábio Oliveira Nunes
Disponível em available at www.arteria8.net
3938
(São Paulo: Nomuque Edições, 2007)
_Tiragem: 1000 exemplares.
_19 x 28 cm. Sulfite (miolo) e cartão 
(capa) impressão em offset.
_Projeto gráfico e diagramação: Vanderlei Lopes
_Capa e 4ª capa: Trabalho de Inês Raphaelian.
_Gráfica: Pancrom.
_Lançamento na Casa das Rosas, São 
Paulo, em 15 de dezembro de 2007.
_Distribuição: aos colaboradores, doações, alguma 
consignação, feiras de edições especiais.
_Não se pagou e a editora ainda conserva 
mais da metade da edição.
_Cessão de direitos autorais pelos próprios 
autores ou os responsáveis.
*O excesso de cuidado, por parte dos 
editores, para evitar transparência tornou 
a revista difícil de ser manuseada.
AUTORES/COLABORADORES:
_Inês Raphaelian: The Art (capa e 4ª capa)
_Luz del Olmo: 4 Haikus (2ª capa)
_Editorial (Omar Khouri e Paulo Miranda)
_Ronaldo Azeredo: Velocidade (com comentário 
de Omar Khouri)
_André Vallias: Tradução mais
_Roland de Azeredo Campos: Ah Carnot
_Décio Pignatari: 2 poemas para uma nova terra
_Fábio Oliveira Nunes: Nov(e)
_Gerty Saruê: Muro
_Fernando Laszlo: Sem título
_Eric Rieser: Sem título
_Felipe Paros: Alfa blonde e o ômega da minha cabeça
_Priscilla Davanzo: Stupid enough
_Regina Silveira: Brasil [Brazil]
_Fernanda Brenner: Sem título
_Marcial, Dr. Ângelo Monaqueu e Prof. Omar Khouri: 
Mentula tam magna
_Anna Barros: Nonamenameno
_Tadeu Jungle: Mulher de areia [Ralph Lauren style]
_Antonio Lizárraga: A mulher de meia idade
_Diniz Gonçalves: Margens de Vênus
_Gil Jorge: Sem título
_Júlio Mendonça: Para Julio Plaza
_Dumas: Sem título
_Célia Mello: EUSENCONTROSEUSENCONTROS
_Daniele Gomes de Oliveira: Duchampignon
_Edgard Braga: Olho objeto
_Felipe Paros: Jamais chorar, jamais rir
_Erthos Albino de Souza: D’après Baudelaire
_Elson Fróes: Sem título
_Ivana Vollaro: Portuñol/portunhol
_Gustavo Arruda: Fora
_Ivan Cardoso: Sem título
_K. Kaváfis e Haroldo de Campos: Juliano e os 
antioquenses [tradução]
_Dulce Horta: New York
_Julio Plaza: Braquebra
_Lúcio Agra: Inscrição rupestre da memória ou 
Delvaux gráfico
_Aldo Fortes: Sem título
_Sérgio Monteiro de Almeida: Sem título
_Tiago Lafer: Épico
_Zéluiz Valero: Eppur si muove
_Vinicius de Oliveira: Duchamp
_Arnaldo Antunes: Handmade
_Jorge Luiz Antonio: A past paper I at final pass
_Lenora de Barros: Não me mostre
_Thiago Rodrigues: Noite
_Ernane Guimarães Neto: Forma
_Go: A mínima noite que de cada objeto parte…
_Marcos Rogério Ferraz: São tantas as certezas | 
São tantas as verdades
_Augusto de Campos: O datilógrafo [ready made]
_Júlio Mendonça: O lugar fora das ideias
_Paulo Miranda: Quer ir de táxi?
_Carlos Rennó: Fiel a você à minha moda
_Glauco Mattoso: Soneto musical
_Peter de Brito: Autorretrato
_Alice Ruiz: Efêmero
_João Bandeira: Suor
_Vanderlei Lopes: Árvore
_Sonia Fontanezi: Bilhete
_Fabiana de Barros: Culture Kiosk, NY
_Betty Leirner e Francisco Magaldi + equipe: [do filme] 
O reino menos o rei
_Alexandre Azeredo: Poema a Descartes
_Walter Silveira: Lição das férias
_Regina Vater: Abaixo do Equador
_Letícia Maria Tonon: Carimbo sobre pele
_Marcelo Mota: Interrogação
_Fernando Angulo: Tríptico objetos urbanos
_Gustavo Vinagre: 2 poemas
_Gabriel Marzinotto: 8 frames de construção [para Xenakis]
_Gastão Debreix: 1,5 m de poesia (3ª capa)
artéria 9
v
4140
(São Paulo: Nomuque Edições, 2011)
_Tiragem: 500 exemplares.
_Caderno em sulfite, impressão offset 
PB e capa, com 8 faces e impressão 
quadricrômica. 17,5 x 25 cm. 64 páginas.
_Projeto gráfico e diagramação: Fernando 
Angulo e Cassiano Tosta.
_Gráfica Águia.
_Lançamento na Galeria Vermelho/Livraria 
Tijuana, São Paulo, em 21 de maio de 2011.
_Distribuição: aos colaboradores, vendas 
durante o lançamento, doações, alguma 
consignação, feiras de edições especiais.
_Não se pagou e a editora ainda 
conserva parte da edição.
*Cessão de direitos autorais pelos próprios 
autores ou os responsáveis.
*Quadricromias em offset: capa com 8 faces.
AUTORES/COLABORADORES:
NA CAPA:
_Regina Silveira: Azzurro
_Gastão Debreix: Enigma
_Erthos Albino deSouza: Poema da série Musa Speculatrix
_Marcela Tiboni: em De La Tour
_André Vallias: F. Nietzsche: Sobre a Minha Porta – 
tradução e design
_Peter de Brito: Mimese
_Tadeu Jungle: Angústia
_Sonia Fontanezi: Estudos para Logotipo
CORPO DA REVISTA:
_Fabiana de Barros: Santa Milla (encarte-santinho)
_Editorial (Omar Khouri e Paulo Miranda)
_Fernando Laszlo: Luz Preta
_Dumas: Kurt Schwitters interpretiert die Ursonate
_Dr. Ângelo Monaqueu e Omar Khouri: A beleza não é tudo
_Gerty Saruê: Ângulos com A
_Regina Vater: Time
_Ezra Pound: Em uma estação de metrô. Tradução de Lara Werner
_Demósthenes Agrafiotis: Definições. Tradução de 
Haroldo de Campos
_Soraya Braz: Fruição / Micção
_Fábio Oliveira Nunes: Poemaparte
_Alberto Oliveira: Sem título (da série Hagar).
_Júlio Mendonça: Sem título
_Anna Barros: Nanopaisagem
_Walter Silveira: Vocemia
_Célia Mello: Sem título (Hotel Borges)
_Anderson Gomes: Sem título
_Rafael Trabasso: Tradução Interlingual
_Aldo Fortes: Sem título
_Décio Pignatari: Logograma
_João Bandeira: UR
_Daniel Scandurra: Vão
_Inês Raphaelian: Amazing Amazon
_Elson Fróes: XXX
_Gil Jorge: Entrodução
_Gustavo Vinagre: receita de sour cream
_Diniz Gonçalves: Metálica
_Lenora de Barros: Já vi tudo
_Frederico Barbosa: O anoitecer das ninfas
_Arnaldo Antunes: Inversión
_Alexandre Azeredo: Poema à espera de uma música
_Edgard Braga: Asas da Noite
_Vanderlei Lopes: Sopro
_Carlos Rennó: Tendeu?
_Paulo Miranda: Falso cognato
_Daniele Gomes de Oliveira: Termo de Compromisso
_Ivana Vollaro: Sem título
_Lúcio Agra: Olho por olho de Haroldo de Campos
_Cláudio Daniel: Portão Sete (fragmentos)
_Fernando Angulo: Sem título
_Lygia de Azeredo Campos: os corpos se juntam
_Antonio Lizárraga: de noite
_Priscilla Davanzo: Garota do verão
_Vinícius Alcadipani: Canto das formigas
_Ricardo Coelho: Davi e Narciso
_Felipe Paros: Variações ladinas
_Augusto de Campos: Profilogramallarmé
_Clemente Padín: Canción de protesta nahuatl
_Paulo de Toledo: DI(C)(V)E
_Glauco Mattoso: Molecada malcriada I, II e III
_Pipol: Chapelaria Garcia
_Gustavo Arruda: Oriki de Ifá
_Alice Ruiz: Baú de guardados
_Marie Ange Bordas: (da série) Sem remendo
_Jorge Luiz Antonio: Logo logos
_Julio Plaza: Sem título
_Zéluiz Valero: Walter Franco
artéria 10
Artéria 10, 2011
Revista em offset Offset magazine
18 x 14 cm / 500 exemplares copies
Coleção Omar Khouri Collection
4342
john cage mostrou que para manter um compromisso precisamos admitir a 
descontinuidade
nexo: banheiro publyko
a poesia de artéria não é poesia concreta não é poesia visual não chama o 
nome disso mas as onze edições da revista estão atravessadas por esse 
compromisso compreensivo com a interdependência nossa com tudo que nos 
toca que há 60 anos recebeu o nome verbivocovisual
paraporquê viver? ninguém fará isso por nós a gente compreende o 
passado enquanto faz, agora, o que precisa ser feito
re
vira
volta
re
existe alguma pessoa ou instituição habilitada a afirmar qual o tipo de poesia 
que deve ser feita agora? ou se trata de afirmar com qual passado a poesia de 
agora deve estar comprometida? ou podemos entender que certas formas de 
fazer poesia foram/são mais capazes de descontinuar os compromissos com o 
que estava/está à sua volta
sabem ler (,) os contemporâneos? 
os poetas de artéria não são conduzidos a passos cautelosos pelo 
compromisso com a página em branco com o livro com o desejo 
de publicar um livro a cada dois anos com a necessidade de construir 
uma identidade por meio de uma coerência interna perceptível na ocorrência 
recorrente de determinados temas e formas expressivas com a 
OBRA
os diversos formatos e mídias que as diferentes edições da revista têm adotado 
são uma manifestação ao mesmo tempo hiperbólica e natural do seu 
compromisso com a descontinuidade
signo dos signos,
não fico – passo 
a consciência de não possuir nada: poesia
omar khouri e paulo miranda sempre chamam as obras dos participantes da 
revista de trabalhos regina silveira (que é chamada de artista plástica), 
tadeu jungle (que é chamado de videomaker e poeta), andré vallias (que é 
chamado de poeta e designer), entre tantos outros, enviaram trabalhos 
não são poemas? é difícil predizer o futuro disto
se linguagem e mundo não podem coincidir fisicamente no mesmo lugar, 
diferentes formas de linguagem podem entremear-se e interpenetrar-se
não são as mesmas respostas porque novas perguntas estão sendo feitas 
cada edição de artéria é uma antologia de respostas im/possíveis
poesia no muque
4544
A expressão de um certo modo singular de cria-
ção em poesia que ao mesmo tempo que flerta com 
todas as dimensões do perigo, do heroísmo under-
ground, dos sentidos reversores da contracultura, 
mesmo sendo a afirmação do que possa haver de me-
lhor no do it yourself, é uma atitude de recusa termi-
nante a tudo que ele possa ter de pior. Essa é, a meu 
ver, a sofisticada e difícil via da revista Artéria.
 Nesta perspectiva é uma corajosa incursão na 
contracultura pela perspectiva da invenção, cujos tra-
ços de um discurso “maldito” não se forjam pela se-
mântica, por um anti-conformismo meramente com-
portamental.
As noites infinitas de suor sobre as pranchas de 
serigrafia e o árduo trabalho que resultou em objetos 
tão singulares e extraordinários que, em si mesmos, 
sustentam-se como obras, cada um deles, uma dobra-
dura, um volume, um recorte inusitado, são o exercí-
cio das artes marciais na poesia. Com uma disciplina 
monástica, Omar Khouri e Paulo Miranda forjaram, no 
tempo, edifícios raros.
Non multa sed multum. Ou, na frase proposta pelo 
próprio duo Nomuque: “não muito mas muito”. A fór-
mula latina dita a procura por “essências e medulas” 
ao invés da obra proliferante. Sob o signo de uma eco-
nomia estética rigorosa, a prática de criação e produ-
ção de Artéria é descendende direta de uma das ver-
tentes que a Poesia Concreta legou, sobretudo a partir 
de sua auto-transformação nos anos 60, quando aban-
dona a ortodoxia do movimento vanguardista e passa 
a abrir-se como um olhar de referência para a poesia 
no Brasil e no mundo. Outras vertentes que puxaram a 
presença do corpo, a pop art, o barroco e muitos outros 
desdobramentos da arte contemporânea se espraia-
ram ao longo das décadas seguintes. Artéria seguiu na 
proximidade daquela posição chamada, às vezes, com 
certa ingenuidade, de minimalista. 
Com o passar dos anos, os valores de uma so-
ciedade acelerada e intensamente competitiva dei-
xariam no esquecimento gente que, a exemplo de 
Marcel Duchamp ou Ronaldo Azeredo, produziam um 
trabalho a cada muitos anos. 
Trata-se não tanto de ter muito a dizer do que 
dizer com muito pouco. Cada elaboração de um vo-
lume de Artéria levava anos a fio. Os intervalos entre 
os números são surpreendentes1. Seria possível dizer, 
durante cada época, que aquele seria o último, mas 
outro logo assomava.
A relativa aceleração perceptível a partir do sécu-
lo 21 é, em grande parte, devida à “editoração eletrô-
nica”, às facilidades trazidas pelo mundo digital. Esse 
último permanece como área de processo e não de re-
sultados, exceto pelo singular número 8, saído em or-
dem trocada (antes dia 7), e lançado na web em nome 
da noção de infinito. Uma jóia única, autorada admira-
velmente por Fabio Fon, a Arteria 8, com seu desenho 
de pérolas em círculo sobre um fundo vermelho, fez 
saltar para a rede mundial de computadores poemas 
que talvez devessem desde sempre ter sido pensados 
para o meio digital. Me lembro do caso específico de 
Koito, de Vilari Hermann que publicamos em 2003 na 
Córtex, outra dessas revistas de número único que 
gravitaram em torno da Artéria. Eu, Thiago Soares e 
Guilherme Ranoya buscamos,de certo modo, tecer 
uma homenagem ao que outras como Qorpo Estranho, 
Código, Muda, Polem, Navilouca, Bahia Invenção fize-
ram Brasil a fora, às vezes com um único evento edi-
torial – como foram os casos de Zero à Esquerda (den-
tro da própria Nomuque edições), ou Atlas, ou ainda 
Kataloki. 
Houve um tempo em que essa atitude de eco-
nomia e desprezo ao desperdício era de rigueur. 
Completamente diferente do que se vê hoje no am-
biente da poesia, cada vez mais “literário” até mesmo 
no sentido da quantidade apresentada como qualida-
de. Nenhum poeta aspirante soltava seu primeiro livro 
antes de muito meditar e mais ainda burilar. Os radi-
ciais, como alguns da Artéria, jamais fizeram “livros” 
mas sim poemas-coisa que circularam em revistas 
não convencionais ou pequenas edições. Na Artéria 
– como acontece em Código – não se evita o poema 
com palavras mas é nítido o influxo de uma poesia vi-
sual e sônica (vide Balalaica). Há claro interesse por 
uma proposta de leiaute, uma atenção a cada detalhe 
do formato. São lendárias as histórias de perdas de 
exemplares inteiros por conta de pequenos erros nos 
números serigrafados (como o Quadradão, Artéria 6, 
relíquia que guardo cuidadosamente no meu acervo 
mínimo divisor comum: artéria
e a cujo lançamento no MIS, nos anos 90, compareci 
quando ainda nem era amigo de Omar e Paulo)2. 
Artéria também revela, além de seus editores, 
Omar Khouri e Paulo Miranda, toda uma geração de so-
fisticados poetas não verbais, ainda hoje muito pouco 
“lidos”: Vilari Hermann, Gastão Debreix, Aldo Fortes, 
Julio Mendonça, Sonia Fontanezi, Zéluiz Valero, André 
Vallias. Tem a ver com o “pulsar quase mudo” de 
Ronaldo Azeredo e, além dos irmãos Campos, Décio 
Pignatari, Arnaldo Antunes, ou seja, nomes conhe-
cidos que comparecem em outras inúmeras publica-
ções, ainda fez cruzar, em seus caminhos Lenora de 
Barros, Julio Plaza, Edgar Braga, Erthos A. de Souza, 
ou seja, gerações diversas que se constelam, com os 
mais jovens, em torno desse núcleo de singularidades, 
tendo à frente os incansáveis Walter Silveira e Tadeu 
Jungle, colaboradores desde sempre.
No Quadradão (1992) está um fotograma de Ivan 
Cardoso, um poema visual perfeito, a síntese de boa 
parte de seu trabalho. Um cinema em si mesma, a revis-
ta-álbum ainda carrega um Rio de Julio Bressane, jus-
to na época em que lançava o seu Tabu, filme-ícone do 
seu homônimo alemão e da figura de Lamartine Babo, 
tudo interconectado pela vertigem das analogias.
Do Soneto Fita Métrica à Artéria “inferno portátil”, 
uma caixa de fósforos ou uma fita, uma pasta-portfó-
lio, uma etiqueta (como a de Julio Plaza Arte=Verba, 
Artéria 2), atravessam-se anos de absoluta pertinácia, 
de obstinação permanente. Artéria é um diamante 
sem jaça, polido ao longo de décadas, arestas cuida-
dosamente alinhadas.
Para concluir lembro os grafitos de Walt B. 
Blackberry, presentes em vários números, em meio 
a rigorosos exercícios de ortogonalidade, sugerindo 
uma síntese, aquela mesma que já estava em vários 
escritos de Haroldo de Campos: “concentração mo-
nádica e caos proliferante”. Ou ainda: adesão total 
à independência de produção e recusa total ao des-
mantelo, ao desleixo, à frouxidão autocomplacente. 
Medula e osso, sem dúvida.
1. Os números 1, 2 e 3 sucedem-se anualmente: 1975, 76 e 77, respectivamente. Balalaica e Artéria4 (ARTERIV) são de 1979 e 80. Zero 
à esquerda é de 1981. Segue-se um longo intervalo e, em 1991 aparece o número 5 (Fantasma) e o número 6 (Quadradão) no ano 
seguinte, 1992. Mais outro longo intervalo vai ver surgir o número 8 em 2003, o número 7 em 2004, o 9 em 2007 e o 10 em 2011. Os 
editores já anunciaram que prosseguirão nessa irregularidade.
2. 
Texto originalmente publicado na revista Circuladô, 
4a ed., Poiesis/Casa das Rosas, abril de 2016.
Devo a Omar Khouri uma correção sobre esse lançamento. Tendo visto a versão anterior desse texto, publicada no dossiê da revista 
Circuladô (número 4, março 2016 http://casadasrosas.org.br/centro-de-referencia-haroldo-de-campos/revista-circulado) dedicado 
à revista Artéria, Omar me advertiu de que o lançamento no MASP foi de Artéria5, e não a 6, conforme eu escrevera então. Esta foi 
lançada no MIS, quando ainda existia ali a filial da Livraria aogosto augusta.
4746
augusto de campos
A revista Artéria, se não me engano, surgiu em 
1975. Eu já tinha tido contato com o Omar Khouri um 
ano antes, e depois também com o Paulinho Miranda, 
que são os dois criadores dessa publicação. Eles se 
aproximaram de mim, de Haroldo de Campos e de Décio 
Pignatari, por conta de uma afinidade de projeto, uma 
vez que todos nós tínhamos em comum o interesse em 
torno da poesia de novos media¹, chamada intersemió-
tica naquela época, e que se expressava, principalmen-
te por conta dos meios de que dispúnhamos, ainda no 
papel ou através do livro, mas apontando já para novas 
possibilidades de veículos para a poesia. 
Nós havíamos lançado a Poesia Concreta, 
Haroldo, Décio, eu e outros participantes, em 1956 
no Museu de Arte Moderna de São Paulo, e vínhamos 
publicando, desde 1952, algo que se parecia com 
uma publicação do tipo revista, a Noigandres. Na 
verdade, não era bem uma revista, era uma revista-
-livro, ou mais propriamente um compêndio da nos-
sa produção poética. Os primeiros livros de Haroldo 
e de Décio foram publicados em 1950 pelo Clube de 
Poesia, foram O Auto do Possesso e Carrossel. No ano 
seguinte, nós já estávamos desligados do Clube, pois 
não concordávamos com a orientação do grupo da 
Geração de 45. O meu primeiro livro O rei menos o rei-
no (1951), por exemplo, já saiu às nossas custas. 
A Noigandres surgiu justamente dessa necessida-
de de publicarmos juntos as nossas produções poé-
ticas. Então, a primeira saiu em 1952, a segunda em 
1955, a terceira em 1956 já com o subtítulo de Poesia 
Concreta, e os outros dois números em 1958 e 1962. 
Criou-se, então, um histórico de uma revista pouco co-
mum que, pela sua continuidade ao longo desse perío-
do, trazendo os nossos poemas, marcou época. 
Já em 1962, surgiu uma outra revista, essa com 
o sentido mais comum do termo, a Invenção, que 
saiu concomitantemente com o último número de 
Noigandres. Nessa revista, já havia uma colaboração 
mais diferenciada, pois nós resolvemos abrir para 
outras tentativas ou projetos paralelos não neces-
sariamente ligados à Poesia Concreta. Daí, penso eu, 
que se construiu, aos olhos daqueles jovens que nos 
procuraram, o desejo de também publicarem os seus 
trabalhos nessa mesma linha de revista dedicada es-
pecialmente às poéticas experimentais. 
revistas na pororoca
O Omar Khouri tem uma tese que chegou a ser 
publicada parcialmente em forma de livro, Revistas na 
era pós-verso (Ateliê Editorial, 2003), em que ele es-
tuda abrangentemente esse período em que surgiram 
várias revistas com essa mesma perspectiva experi-
mental. Ele cita, se bem me lembro, no pórtico, uma 
frase do Paulo Leminski em que ele diz que a melhor 
poesia da época é a que havia sido produzida nessas 
revistas de cunho experimental². 
A primeira que surgiu nessa fase dos anos 1970 
foi a revista Código, na Bahia, em fevereiro de 1974, 
dirigida pelo Erthos Albino de Souza, precursor da po-
esia digital no Brasil, e pelo Antonio Risério, jovem po-
eta que tinha 20 anos naquela época. Em seguida, saí-
ram as revistas Polem, do Rio de Janeiro, dirigida pelo 
Duda Machado, que também era ligado, de alguma 
forma, ao grupo da Bahia, e finalmente a Navilouca, 
que teve um único número e que foi lançada em de-
zembro de 1974, criada pelo Torquato Neto e Waly 
Salomão. Então, houve aí uma confluência de poetas 
que provinham também do contato com o grupo poé-
tico e musical da Tropicália.
O contato que fiz com aquele grupo que trazia 
uma nova linguagem para a música popular, Caetano, 
Gil, Torquato eoutros, acho que contribuiu para que 
houvesse uma confluência muito especial de interes-
se artístico e de propostas de vanguarda entre os que 
faziam a poesia de ponta nos anos 1950 e 60 e aque-
les que emergiam em grande parte da área da música 
popular, mas também com outras referências. 
O Paulo Leminski, em uma carta que dirigiu ao 
Antonio Risério em 1974, fala desse encontro que 
Ronaldo Azeredo 
(colaboração: M. A. Amaral Rezende)
Noite noite noite, 1989
Objeto Object
28 x 28 x 28 cm
Publicado em Published in Artéria 6, 1992 
Coleção Omar Khouri Collection
sobre Artéria
1. Teorizado por Marshall McLuhan, o conceito dos novos media preconizava a ampliação do suporte do livro sob o influxo do mosaico 
de novas tecnologias como a televisiva, eletroacústica e a da computação gráfica. 
2. “As revistas são a obra prima da poesia brasileira”. Paulo Leminski, 1982. 
4948
desviou o projeto das poéticas brasileiras do eixo Rio 
- São Paulo e subitamente convergiu para São Paulo - 
Salvador, e que ele chamou de pororoca. 
Nós conhecemos o Leminski quando ele tinha 18 
para 19 anos. Ele tinha seguido para um congresso, 
a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, em Belo 
Horizonte, sem ter sido convidado; ele foi porque que-
ria se encontrar com os poetas. E quando eu voltei des-
se simpósio, dessa reunião de poetas, ele ficou na minha 
casa. Passou a noite sem dormir lendo Os Cantos (1915-
1962), do Ezra Pound. E daí, começou o contato entre o 
Leminski e o grupo dos concretos, especialmente comigo, 
com quem ele tinha uma relação mais próxima. Leminski 
se considerava praticamente um discípulo dos concretos. 
De repente, surgiram no mundo das artes Caetano 
e Gil, da mesma geração que o Leminski, e tomaram 
muito da nossa atenção. Nós saíamos a campo para 
defendê-los quando eram atacados por todo mundo. E 
o Leminski, então, escreve essa carta ao Risério e, em 
certa altura, ele diz assim: “quando Augusto virou-se 
para a Bahia, tive uma crise de compreensão, depois 
entendi e começou então a pororoca”. Quer dizer, hou-
ve um desvio que ele achou produtivo e interessante, 
que era esse encontro inédito, subitamente um inter-
curso literário poético, que não vinha mais do fla-flu 
São Paulo – Rio de Janeiro, mas que estabelecia uma 
conexão inesperada com a Bahia.
O Décio diria no final da vida: “movimentos movi-
mentam”. Eu acredito que foi justamente no bojo dessa 
movimentação dos anos 1970, que se criou, também 
aqui em São Paulo, uma resposta brilhante para tudo 
isso: a revista Artéria.
difícil circulação da poesia
A poesia nunca foi muito popular. Os jovens poe-
tas sempre encontram dificuldade para publicar o seu 
trabalho e acabam, eles mesmos, financiando suas 
edições. Isto é um denominador comum. Agora, no 
nosso caso, havia um agravante: a Poesia Concreta en-
controu uma grande resistência nos meios intelectuais 
brasileiros, nas universidades e nos próprios jornais, 
porque era uma poesia muito nova, que abolia ou pelo 
menos relativizava o uso da sintaxe normal, discursi-
va, preferindo uma linguagem mais visual. Poemas que 
eram organizados visualmente através de um projeto 
tipográfico, por exemplo, eram realmente até difíceis 
de serem publicados em jornal. Então, a resistência do 
meio cultural universitário ou convencional foi muito 
grande. Esse tipo de poesia que fazíamos teve realmen-
te que encontrar um caminho à margem para circular. 
O meu primeiro livro publicado por uma editora 
comercial foi o Viva Vaia, em 1979. Eu tinha 48 anos. 
Até então, só havia publicado particularmente em edi-
ções de autor, inclusive Poemóbiles (1974) e Caixa pre-
ta (1975), com Julio Plaza. O primeiro de nós ligados à 
Poesia Concreta a publicar um livro foi o Haroldo, Xadrez 
de Estrelas, que saiu em 1976. Nos anos ‘70, eu frequen-
tava muito a livraria Duas Cidades, que ficava no centro 
de São Paulo. Inclusive levava sempre os livros de auto-
res e as revistas que fazíamos para serem vendidos lá. 
Era uma forma de distribuição, quando não eram distri-
buídas de mão em mão. A verdade é que essas revistas, 
em grande parte, eram dadas e não vendidas. 
Eu frequentava muito a livraria, até que um dia, o 
dono, vendo que havia certo interesse por parte da clien-
tela, me propôs reeditar a Teoria da Poesia Concreta, que 
tinha saído apenas como edição de autor também. Eu 
me lembro que, preocupado com essa inviabilidade de 
divulgação dos nossos poemas, propus a ele que edi-
tasse primeiro o livro do Décio. O Décio era quatro anos 
mais velho do que eu, eu também não tinha livro edita-
do, mas achei que o do Décio deveria ser primeiro, já que 
o Haroldo tinha conseguido a edição com a Perspectiva 
em 1976. Então, eu propus uma troca: editamos a Teoria 
da Poesia Concreta, se editarem o livro do Décio. E as-
sim foi: Poesia Pois é Poesia saiu em 1977 e, em segui-
da, o meu Viva Vaia. Veja: se eu tinha 48 anos na época, 
o Décio tinha mais do que 50. Imagine, para ter o seu 
primeiro livro de poesia lançado por editora comercial! 
Então, só por esses exemplos, já se percebe a dificuldade 
que era fazer circular essa poesia. 
E mais, as edições de autor que fazíamos eram pe-
quenas. Por exemplo: o número 1 de Noigandres teve 
apenas 300 exemplares. O número 2, por causa dos 
poemas reproduzidos em até 6 cores, teve apenas 100 
exemplares, dos quais meia dúzia se estragou, pois era 
composição manual e problemas de registro inviabiliza-
ram alguns exemplares. Então, pouca gente teve acesso. 
Somente a número 5, Antologia, é que teve 1000 exem-
plares, já em 1962.
Foram essas revistas como a Artéria que nos acolhe-
ram. Poderiam não ter acolhido, poderiam ter publicado 
só a obra dos jovens. Mas havia uma afinidade de pro-
jeto literário muito grande entre nós. Fomos acolhidos 
por essas revistas e nossa produção toda fluiu através 
delas. Foi muito importante para nós e para os nossos 
trabalhos também. Nós não tínhamos espaço nos jor-
nais, alguma coisa passava pelo suplemento literário do 
Estado de São Paulo, e tivemos, por um certo período, no 
ano de 1960 (de 17 de janeiro de 1960 a 26 de feverei-
ro de 1961), uma página semanal no Correio Paulistano 
mas, em geral, era muito difícil o escoamento da nossa 
produção. Ela realmente fluiu, em grande parte, através 
de revistas como Artéria. 
era da internet
A linguagem digital e o instrumental fornecido pe-
los computadores veio colocar à mão dos poetas tudo 
aquilo que a gente imaginava nos anos 1950. Eu tenho 
uma introdução ao Poetamenos (1953), conjunto de 
poemas em cores, que comecei a publicar produzindo 
numa máquina de escrever com carbonos coloridos etc. 
Na época, eu pensava: “quando teremos o instrumental 
que têm os filmes de cinema, os luminosos...?”, e ima-
ginava os poemas em grandes letras na cidade etc. Mas 
não tínhamos nada disso à mão. Então, tentávamos 
projetar no futuro. Imagine, nem a televisão era em co-
res. Havia só o cinema e por ali nós sonhávamos. Não 
se suspeitava, àquela altura, da revolução que seria a 
informática. Artéria se adaptou a essa nova realidade 
e procurou tirar partido disso, tendo feito um número 
também na linguagem da informática (Artéria 8, 2003). 
Tudo isso é importante, mas eu acho que hoje 
ainda se investe muito pouco em criatividade nessa 
área digital. Na literatura, existe toda uma dialética 
que é difícil de acompanhar, ainda mais para os con-
temporâneos. É difícil fazer uma avaliação precisa ou 
justa, mas acho que houve um retrocesso em relação 
ao que produziram essas revistas experimentais. Em 
duas décadas houve um refluxo, uma linguagem mais 
moderada, mais normativa e isto muito por conta do 
que se chamou de pós-moderno, que é uma expressão 
literariamente pouco precisa e que muitas vezes mes-
mo abriga uma espécie de retrô-moderno, ao invés de 
pós-moderno. Parece ter havido uma fuga

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