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Parte 15 Dermatoses em estados fisiológicos

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INTRODUÇÃO 
O período neonatal se estende desde o nascimento 
até o 30º dia de vida. 
Neste período, a pele do recém-nascido (RN) sofre 
várias modificações visando adaptar-se da vida intra-
uterina para a vida no meio exterior. 
fu alterações cutâneas verificadas neste período 
compreendem desde processos temporários causados 
por mecanismos fisiológicos até quadros permanentes 
decorrentes de enfermidades graves. 
A PELE DO RECÉM - NASCIDO 
A pele do RN exerce importante papel fisiológico 
na regulação da temperatura, bem como barreira pro-
tetora contra as infecções. 
Em relação à pele do adulto, poucas diferenças são 
observadas do ponto de vista estrutural, sendo mais 
marcantes as diferenças funcionais. 
fusiin, a absorção percutânea no RN é maior, 
principalmente nas regiões axilares, inguinais, retro-
auriculares e bolsa escrotal. Os prematuros (idade ges-
tacional inferior a 37 semanas) têm maior permeabili-
dade cutânea que os RN a termo (idade gestacional de 
37 a 41 semanas). Após 3 semanas de vida, esta dife-
rença não é mais observada. A relação superfície/peso 
corporal em relação ao adulto é 3 vezes maior no RN 
DERMATOSES DO 
NEO-NATO 
a termo e 7 vezes maior no prematuro. Desse modo, 
é necessário precaução com a utilização de substân-
cias tópicas em áreas extensas da pele da criança, 
principalmente nos prematuros. Em recém-nascidos, 
o cuidado é especial pois a absorção está aumentada 
em toda a superfície corporal. Também há limitação 
da atividade enzimática epidérmica nos prematuros, 
o que aumenta ainda mais a chance de toxicidade às 
substâncias aplicadas na pele. 
A resposta sudoral apresenta-se, de início, incom-
pleta no RN, tendendo à normalização a partir do 6° 
dia, nas crianças a termo. Nos prematuros, esta res-
posta torna-se adequada somente a partir do 30º dia. 
O tecido adiposo marrom, ausente no adulto, 
pode ser encontrado em algumas regiões do RN como 
interescapular, cervical e abdominal. Este tecido tem 
função no controle da temperatura ap'ós o nascimen-
to, através da oxidação dos ácidos graxos. 
Nos cuidados diários do RN, deve-se evitar ades-
truição do manto ácido que o reveste, já que esta subs-
tância é provida de propriedades bactericidas. &sim, 
os banhos com sabonetes alcalinos devem ser evitados, 
dando-se preferência aos banhos rápidos com água 
morna. Não é recomendado usar cremes ou loções 
que podem alterar o manto ácido protetor e, conse-
qüentemente, aumentar a absorção percutânea. 
1302 
DERMAT OLOGIA 
Diversas substâncias têm sido relacionadas como 
causa de toxicidade por absorção percucânea nos RN, 
principalmente nos prematuros. Dentre elas, salienta-
mos: fenol, ácido bórico, ácido salicílico, epinefrina, 
corcicosteróides, estrógenos, hexadorofeno, gama ben-
zeno hexacloreto (lindano), sabões iodados, corantes 
com anilina, álcool benzílico e dorexidine. Portanto, 
estas substâncias devem ser evitadas no RN. 
ALTERAÇÕES CUTÂNEAS 
TRANSITÓRIAS 
É freqüente, neste primeiro mês de vida, o sur-
gimento de fenômenos transitórios na pele do RN, 
que geralmente desaparecem espontaneamente, sem 
necessidade de tratamento. 
VERNIZ CASEOSO 
Ao nascer, a pele da criança está recoberta por 
substância graxenta, denominada verniz caseoso, com-
posta por células epidérmicas descamadas e secreções 
sebáceas. Sua finalidade está relacionada com a lubri-
ficação, facilitando a passagem pelo canal do parto. 
Atribuem-se, também, propriedades bactericidas, por 
este motivo, recomenda-se não removê-lo, deixando 
que seu desaparecimento ocorra espontaneamente em 
alguns dias. É mais espesso no RN a termo que no pós-
termo, que nasce com a superfície da pele bem lisa. 
LANUGEM 
A pele do RN pode ser recoberta por pêlos finos, 
não pigmentados e com pouco potencial para cres-
cimento, que são denominados lanugem. São mais 
abundantes nos RN pré-termo. Estão localizados, 
mais freqüentemente, na região dorsal, ombros e face. 
A lanugem desaparece nas primeiras semanas de vida, 
sendo substituída por pêlos velas durante os primeiros 
meses de vida. 
Uma alteração autossômica dominante rara que 
deve ser diferenciada é a hipertricose lanuginosa con-
gênita em que coda a pele glabra é recoberta por la-
nugem levemente pigmentada e mais longa. 
ALOPECIA FISIOLÓGICA 
Cabelos terminais estão presentes no couro cabeludo 
da maioria dos neonatos, em quantidade variável. Estes 
se convertem em pêlos velas hiperpigmentados duran-
te o primeiro ano de vida. Cabelos terminais maduros 
crescem geralmente após um ano e meio de vida. 
Alopecia occipital pode ocorrer nos primeiros 
meses de vida por trauma da fricção dos cabelos no 
travesseiro ou mesmo por eflúvio telógeno. 
DESCAMAÇÃO FISIOLÓGICA 
É a alteração mais comum do RN. Durante as 
primeira semanas de vida, pode ocorrer descamação 
fisiológica caracterizada por escamas finas e não ade-
rentes, principalmente nos tornozelos, mãos e pés. 
Nas crianças pós-termo, esta descamação costuma ser 
mais mtensa. 
ICTERÍCIA FISIOLÓGICA 
É outro achado comum nos RN, que, geralmente, 
se inicia em torno do 2º dia de vida. Ocorre em 60% 
dos RN a termo e em 80% dos prematuros. É devida 
ao acúmulo de bilirrubina indireta na pele e involui 
espontaneamente em poucos dias. 
PUBERDADE EM MINIATURA 
Em função da passagem de hormônios placentá-
rios e maternos, o RN pode desenvolver quadro clí-
nico semelhante ao induzido por hormônios durante 
a puberdade e gestação. A hiperpigmentação da linha 
alba, da bolsa escrotal e da genitália externa são as al-
terações mais observadas, principalmente nas crianças 
melanodérmicas. Pode ocorrer aumento do tamanho 
dos genitais e hipertrofia mamária. Regride em dias 
ou semanas. 
ALTERAÇÃO DA COLORAÇÃO 
EM ARLEQUI M 
Esta alteração não deve ser confundida com o feto 
ou ictiose arlequim, que é uma forma grave de ictio-
se. Na alteração da coloração em arlequim, observa-se 
que, com a criança em decúbito lateral, o hemicorpo 
em contato com o leito fica eritematoso, enquanto 
o lado oposto torna-se pálido. O quadro evolui em 
surtos, de poucos segundos a alguns minutos, e é mais 
freqüente nos primeiros dias de vida. Este fenômeno 
ocorre provavelmente em função da imaturidade do 
centro hipotalâmico que controla o tônus dos vasos 
sanguíneos periféricos. 
Geralmente remice em algumas semanas de vida. 
CÚTIS MARMORAT A FISIOLÓGICA 
São manchas produzidas pela dilatação de capila-
res e vênulas, conferindo um aspecto reticulado de 
coloração marmórea ou azulada ao quadro. Estas le-
sões são freqüentes nos membros inferiores do RN, 
principalmente quando expostos ao frio. O quadro é 
fis iológico e transitório e deverá ser diferenciado da 
cútis marmorata telangiectásica congênita, que persis-
te geralmente até o segundo ano de vida e não me-
lhora com o aquecimento da pele. 
HIPERPLASIA SEBÁCEA 
São pápulas pequena.$ e esbranquiçadas localizadas 
na abertura do folículo pilossebáceo, no dorso nasal, 
lábio superior, fronte e região malar (Figura 84.1). 
Representa hiperatividade sebácea por estímulo an-
drogênico, não sendo necessário tratamento, já que 
desaparece após algumas semanas. É acompanhada 
por milia em 50% dos casos. 
MILIA 
Representam ciscos de inclusão epidérmicos punti-
formes que se originam do aparelho pilossebáceo dos 
pelos velos. São achados freqüentes e se apresentam 
como rnicropápulas esbranquiçadas de 1 a 2 mm, prin-
cipalmente no nariz, fronte e regiões malares. Ocorre em 
40% dos RN a termo. Regridem espontaneamente. 
MANCHAS AO NASCIMENTO 
Denominadas popularmente de "marcas de nas-
cençà', podem ser observadas desde o nascimento ou 
nos primeiros dias ou semanas de vida. 
F 1G. 84. 1. Hiperplasia sebácea do RN. Lesões papulosas no dorso nasal. 
DERMATOSES DO NEO- NATO 
MANCHAS VASCULA R E S 
Sãogeralmente detectadas ao nascimento e nem 
sempre involuem. A mais comum é a mancha salmão 
que ocorre em mais de 50% dos RN. São lesões de 
coloração rosada ou avermelhada que se localizam na 
nuca, glabela, região naso-labial ou pálpebras. Acen-
tuam-se quando a criança chora. A maioria desaparece 
na infância, porém as da nuca freqüentemente persis-
tem até a idade adulta. 
As manchas vinho do porto também são planas, de 
coloração vinhosa, geralmente unilaterais, que ocorrem 
principalmente na face. Como são malformações vascu-
lares, não apresentam qualquer sinal de regressão duran-
te a vida. O diagnóstico diferencial principal é com os 
hemangiomas, que no RN podem se manifestar como 
máculas angiomatosas ou anêmicas, com telangiectasias, 
que aumentam de tamanho a partir da 3ª ou 5ª sema-
nas de vida, tornando-se elevadas. Os hemangiomas, na 
maioria das veu:.s, involuem até os 5 a 7 anos de idade. 
MANCHAS HI PERPIGMENTADAS 
Estão presentes em 4% dos RN. Existem vários 
tipos, que serão abordados em outros capítulos e as 
principais são: 
• 
• 
• 
• 
• 
Manchas café-com-leite: Máculas acastanhadas, de 
diferentes tamanhos, geralmente no tronco ou ex-
tremidades. Podem estar presentes ao nascimento, 
mas vão aumentando em número com o cresci-
mento da criança. Muitas vezes são um achado iso-
lado mas também estão associadas a outras doenças 
como à neurofibromatose que se suspeita, quando 
presentes em número maior que 5. 
Nevos congênitos: Pequenos, médios ou gigantes. 
Nevos de Ota, !to, spilus. 
Hipermelanose nev6ide: Mácula hipercrômica, 
seguindo as linhas de Blaschko, aumentam até o 
segundo ano de vida e não têm associação com 
outras doenças. 
Mancha mong6lica: É a mais comum de todas as 
manchas do RN, principalmente em nosso meio, 
e com predomínio nas raças amarela e negra. 
É composta por células pigmentadas presentes na 
derme profunda, que, histologicamente se asseme-
lham ao nevo azul e nevos de Ota e lto. 
Clinicamente caracterizada por mancha hipercrô-
mica, cuja tonalidade varia desde o azul até o cinza, 
e com dimensões variando de poucos centímetros até 
1303 
1304 
DERMATOLOG IA 
o comprometimento de grandes áreas. A localização 
principal é a região lombossacra e a glútea, mas pode 
acometer outras áreas como os membros. Geralmente 
poupa a face, superfícies .flexoras, as palmas das mãos 
e plantas dos pés. Evolutivamente, tende a aumentar 
de tamanh o e tonalidade até o primeiro ou segundo 
ano de vida, regredindo espontaneamente durante a 
infância na maioria dos casos. 
M ANC H AS H 1 P OPIGM ENTADAS 
São menos comuns que as hiperpigmentadas. Se-
rão abordadas em outros capítulos, porém as mais 
freqüentes são: 
• Nevus despigmentoso ou hipocrômico: É mácula 
hipocrômica geralmente unilateral e solitária, de 
tamanhos variados. 
• Mancha em folha: Presentes ao nascimemo, não 
têm alteração de tamanho ou forma com o de-
senvolvimento da criança. Encontradas no tronco 
ou extremidades, são um alerta quando houver 
mais de uma lesão, para a pesquisa de esclerose 
tuberosa. 
• Hipomelanose de !to ou incontinência pigmen-
tar acromiante: Segue as linhas de Blaschko no 
tronco e extremidades. Pode se associar a altera-
ções do sistema nervoso central. 
• Nevos anêmicos: São mais comuns no tronco. 
A L TERAÇÕES DO 
DESENVOLVIMENTO 
INTRA- UTERINO 
APLASJA CUTIS 
É dermatose rara, geralmente esporádica, caracteri-
zada por lesões solitárias ou em pequeno número, bem 
definidas, arredondadas ou ovaladas, mais freqüente-
mente localizadas na linha média do crânio. Podem 
ocorrer também nos membros, face e nádegas. Geral-
mente são ulceradas ao nascimento ou já se apresentam 
atróficas e cicatriciais, levando à alopecia. A regressão é 
espontânea, deixando cicatriz (ver Capítulo 71). 
FÍSTULAS ou CJSTOS 
Ocorrem por alteração no desenvolvimento intra-
uterino. Os ciscos branquiais ocorrem na área pré-au-
ricular, por alteração no desenvolvimento do sistema 
branquial embrionário. Os ciscos tiroglossos, na parte 
anterior do pescoço, decorrem de falha na obliteração do 
ducw embriônico tiroglosso. O s ciscos broncogênicos, 
no mediascino ou tórax, são raros (ver Capítulo 71). 
SÍNDROME DAS 
BANDAS AMNIÓTICAS 
É um conjunto de anomalias devidas à conscricção 
provocadas por bandas amnióticas. São mais comuns 
nos membros, em que podem ocorrer desde peque-
nas constricções até verdadeiras amputações de dedos, 
mão, pé e de partes dos membros. O segundo local de 
maior acometimento é a região craniofacial, em que 
pode haver desde pequenas deformidades até anen-
cefalia. 
ALTERAÇÕES CUTÂNEAS 
DEVI DAS A T RAUMAS 
PRÉ OU PÓS-PARTO 
Logo após o nascimento, é comum observarem-se 
lesões eritematosas, erosões e lacerações ou equimoses 
em conseqüência a traumatismos sofridos pelo RN 
durante o parto, principalmente quando teve auxílio 
do fórceps. 
Algumas situações, no entanto, são diretamente 
relacionadas com a passagem pelo canal do parto ou 
à cesariana. A maioria destas alterações evoluem satis-
fatoriamente, sem deixar seqüelas. 
BOSSA SERO-SANGUÍNEA 
(CAPUT SUCCEDANEUM) 
É a manifestação traumática mais com um. É ca-
racterizada pela deformidade da cabeça, que aparece 
logo após o parto às custas de edema ou hemorragia 
do tecido subcutâneo, produzido pela pressão exer-
cida pelo útero e parede vaginal sobre o crânio do 
RN. Apresenta-se como tumefação difusa que pode 
se estender além dos limites das suturas cranianas. 
Não é necessário tratamento, já que o edema regride 
em poucos dias e a deformidade craniana, um pouco 
mais tarde. 
CÉFALO-HEMATOMA 
Representa uma complicação freqüente (1,5% dos 
partos). É caracterizado por hemorragia subperióstea 
e está limitado, freqüentemente, à superfície de um 
osso craniano, geralmente os parietais, mas pode ser 
observado nos ossos occipital ou frontal. D iferente-
mente do caput succedaneum, este aumento de volume 
não ultrapassa a linha média pois não transpõe as su-
turas ou fontanela. Clinicamente, observam-se massas 
tumorais sem alteração da cor da pele, localizadas nas 
regiões acima descritas. N ão estão presentes ao nas-
cimento mas, como o sangramento periósteo ocorre 
lentamente, a tumefação começa a ser notada nas pri-
meiras horas e vai aumentando nos primeiros dias de 
vida. Na maioria das vezes, há regressão espontânea 
após 2 semanas a 3 meses, não sendo necessário tra-
tamento. 
LESÕES CAUSADAS POR 
IATROGENIA 
Lesões cicatriciais na pele do RN podem decorrer 
de procedimentos médicos para diagnóstico pré-natal, 
como amniocentese, biopsia de vilosidades coriônicas 
ou biopsia fetal. São caracterizadas por pequenas de-
pressões, geralmente múltiplas e localizadas preferen-
cialmente no tronco e extremidades. Em certos casos 
há laceração ou hemorragias cutâneas. Podem ocorrer 
malformações mais graves quando há sangramento 
incra-amniótico após a amniocentese, que interfere 
no desenvolvimento do feto. Com o uso da ecografia 
para acompanhar estes procedimentos, as complica-
ções têm diminuído nos últimos anos, girando em 
torno de 1%. 
Lesões na pele podem ser ocasionadas pelos cuida-
dos em unidade neonatal, como lacerações ou erosões 
por adesivos (esparadrapos) e eletrodos e edema ou 
equimoses devido à utilização de soros. 
BOLHAS POR SUCÇÃO 
O quadro, geralmente, está localizado no ante-
braço, dedos ou lábio superior. É caracterizado por 
uma ou duas bolhas não inflamatórias, de conteúdo 
seroso, que se transformam em erosões. Presentes ao 
nascimento, são provocadas por sucção pelo feto in-
tra-útero. A resolução é espontânea sem seqüelas em 
alguns dias. 
DERMATOSES INFLAMATÓRIAS 
Durante os 30 dias iniciais de vida, o RN pode de-
senvolver quadros inflamatórios, sendo que a maioria 
desaparece em semanas ou meses. 
DERMATOSES DONEO-NATO 
MILIÁRJA 
Quadro muito freqüente no RN, devido a uma 
parcial obstrução dos duros sudoríparos em função de 
sua imaturidade, e também pela exposição do RN a 
fatores que aumentem a transpiração, como roupas e 
ambientes com baixa ventilação. É mais comum nos 
prematuros, em climas mais quentes ou quando os 
RN ficam em incubadoras. Não está presente ao nas-
cimento, sendo mais freqüente na primeira ou segun-
da semana de vida. 
São descriros três tipos de miliária: cristalina, ru-
bra e profunda. 
A miliária cristalina é caracterizada por pequenas 
vesículas de conteúdo claro e que rompem facilmen-
te, deixando uma descamação furfurácea. O quadro 
é acompanhado de prurido. A obstrução do duto su-
doríparo ocorre mais superficialmente e a vesícula é 
subcórnea. 
Já na miliária rubra, que é a forma mais freqüente, 
a obstrução é mais profunda, na porção intra-epidérmi-
ca do duto sudoríparo. O corre extravasamento de suor 
na derme, o que leva ao processo inflamatório. Cli-
nicamente, a miliária rubra manifesta-se como pápu-
las eritematosas, pruriginosas e agrupadas em áreas de 
maior transpiração, como as regiões cervical, axilar e o 
couro cabeludo. Com a evolução da miliária rubra, mi-
cro púsrulas podem surgir na parte central do eritema, 
sendo então denominada de miliária pustulosa. 
A miliária profunda, q ue afeta as estruturas mais 
profundas do duto sudoríparo, muito raramente é ob-
servada no RN. 
A conduta terapêutica na miliária é baseada prin-
cipalmente na orientação precisa aos pais, no sentido 
de núnimizar, ao máximo, os fatores que aumentem 
a transpiração, como as roupas e os ambientes com 
baixa ventilação. Topicamente, deve-se evitar o uso 
de pomadas, dando preferência ao amido de m ilho 
aplicado várias vezes ao dia. 
ERITEMA TÓXICO 
É uma alteração transitória da pele do RN, ca-
racterizada pela presença de pápulas amareladas sobre 
base eritematosa, muito semelhante à picada de pulga 
ou à miliária rubra. Pode também haver pústulas. Está 
localizado preferencialmente no tronco e face (Figura 
84.2). Sua etiologia permanece desconhecida. O diag-
nóstico é clínico mas, se houver necessidade, pode ser 
confirmado pelo exame microscópico do conteúdo da 
1305 
1306 
D ER M A TOLOGIA 
pústula que é rico em eosinófilos. O quadro se inicia 
geralmente do primeiro ao 15° dia de vida e não há 
necessidad e de tratamento, já que desaparece espon-
taneamente em poucos dias. 
MELANOSE PUSTULOSA 
TRANSITÓR IA 
É uma doença freqüenre, ocorrendo em acé 4% 
dos neonatos da raça negra e em menos de 1 o/o dos 
da raça branca. A etiologia é desconhecida e o quadro 
clínico é caracterizado pela presença de lesões vésico-
pustulosas que se rompem em 1 a 3 dias, forman-
do escamas delicadas e esbranquiçadas e p or mácu-
las hiperpigmentadas que persistem por semanas ou 
meses. Este quadro escá localizado preferencialmente 
nas regiões frontal, retro-auriculares, cervical, tron-
co inferior, pré-tibial e palmo-plantares. Está sempre 
presente ao nascimento como pústulas ou já como 
manchas. Não há sintomatologia sistêmica e a etiolo-
gia é desconhecida. O diagnóstico diferencial deverá 
ser feito com o eritema tóxico, impecigo esrafilocóci-
co, candidíase congênita, miliária e acropusculose. O 
tratamento não é necessário, já que o quadro regride 
espontaneamente em semanas. 
NECROSE GORDUROSA 
SUBCUTÂNEA DO RN 
(NGSRN) 
É uma hipodermite benigna e autolimicada e 
apresenta etiologia desconhecida. O quadro inicia-se 
entre as 1 ª e 6ª semanas de vida, em bebês geralmen-
te saudáveis, com a presença de eritema e edema e 
posterior evolução para placas e nódulos de consis-
tência endurecida bem delimitados e não aderente 
aos planos profundos (Figura 84.3). Estas lesões 
estão localizadas preferencialmente na região dorsal, 
ombros, pernas e região glútea. O diagnóstico é con-
firmado pelo exame histológico, que mostra áreas de 
necrose do tecido celular subcutâneo com presença 
de células inflamatórias e giganrócicos de corpo es-
tranho. O tratamento deve ser expectante, já que, na 
maioria das vezes, há regressão esponrânea em sema-
nas ou poucos meses. As lesões em que há flutuação 
devem ser aspiradas para evitar infecção secundária. 
O cálcio sérico deve ser monitorado pelo potencial 
desenvolvimento de hipercalcemia nas primeiras 6 
semanas de vida. 
F 1G. 84.2. Eritema tóxico. Lesões eritêmato-papulosas na face. 
F1G. 84.3. Necrose gordurosa subcutânea. Placa infiltrada na região 
dorsal. 
ACNE NEONATAL 
Geralmente está presente desde o nascimento ou 
nas primeira semanas de vida. Clinicamente, o quadro 
é polimorfo, caracterizado pela presença de comedões, 
pápulas eritematosas e púsculas, raramente com cis-
cos, localizados nas regiões zigomáticas, mentonianas 
e dorso nasal. É mais freqüente no sexo masculino 
por provável estimulação da glândula sebácea pelos 
hormônios tanto do neonato como da mãe. Ocorre 
involução espontânea em poucas semanas, não sendo 
necessário tratamento. 
LÚPUS NEONATAL (LN) 
É uma rara condição do neonato, caracterizada 
pela presença de lesões cutâneas associadas ao blo-
queio cardíaco congênito. 
A grande maioria das mães dos pacientes com LN 
apresenta anticorpo Anti-Ro (SS-A) positivo e menos 
freqüentemente anti-La (SSB) ou anti-UI RNP. No 
momento do nascimento, elas podem ou não apresen-
tar doença ativa. Em 60% dos casos, as mães apresen-
tam achados clínicos de síndrome de Sjogren ou lúpus 
eritematoso sistêmico. 
As manifestações extracutâneas do LN, além do 
bloqueio cardíaco, incluem hepatopatia transitória e 
rrombocitopenia. 
Do ponto de vista dermatológico, as alterações 
surgem nos primeiros dias de vida, caracterizadas 
por placas eritematosas bem definidas, localizadas em 
qualquer parte do corpo, mas, preferencialmente, em 
áreas expostas. Estas les,ões, algumas vezes, assumem 
aspecto anular, policíclico, muito semelhante às ob-
servadas no lúpus cutâneo subagudo (Figura 84.4). 
F1G. 84.4. Lúpus neonatal. Lesões eriternatosas na região frontal e 
dorso nas<1I. · 
DERMATOSES DO NEO-NATO 
Na face podem se dispor ao redor dos olhos e nariz, 
configurando o aspecto "em máscara''. Ao involuírem, 
estas lesões, geralmente, não deixam cicatrizes, mas, 
algumas vezes, deixam cicatrizes atróficas semelhantes 
às do lúpus eritematoso discóide (Figura 84.S). 
O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado 
pelos antecedentes maternos, pela sorologia (Anti-
Ro SS-A) e, eventualmente, pelo exame histopato-
lógico da lesão. 
As lesões cutâneas involuem em torno de 6 meses. 
Durante esse período, deverá se evitar a exposição so-
lar. Recomenda-se hidrocortisona tópica por período 
curto se o quadro for muito intenso por curto pe-
ríodo. É de importância que estes pacientes com LN 
sejam acompanhados, pois apresentam predisposição 
a desenvolver lúpus sistêmico na adolescência ou na 
vida adulta. 
F1G. 84.5. Lúpus neonatal. Lesões atróficas e cicatriciais da região 
frontal. 
1307 
1308 
DERMATOLOGI A 
DOENÇAS INFECCIOSAS DO RN 
TOXOPLASMOSE 
A toxoplasmose é causada pelo Toxoplasma gondii, 
protozoário intracelular obrigatório, sendo os felinos 
os hospedeiros definitivos. 
A gestance infectada transmite a doença ao feto em 
40% dos casos. A taxa de transmissão é maior quanto 
mais tardia for a infecção na gravidez. Em 80% dos 
casos, a toxoplasmose congênita é assintomática. Em 
20%, a infecção durante a gestação pode levar o feto 
ao óbito ou causar graves alterações, como coriorreti-
nite bilateral, microcefalia, hidrocefalia, alterações do 
SNC, retardo m ental, pneumonia intersticial, hepa-
toesplenomegalia, linfadenopatia e manifestações gas-
trintestinais. 
As alterações cutâneas ocorrem em 25% dos ca-
sos e são caracterizadas por erupção máculo-papulo-
sa, petéquias e equimoses.Podem estar presentes ao 
nascimento ou somente iniciar nas primeiras semanas 
de vida. O quadro dura aproximadamente 3 sem anas. 
Quando a infecção é adquirida recentemente, o RN 
apre~enta lesões que se assemelham a roséola, urticária 
ou eritema polimorfo. 
O diagnóstico é fei to através de reações sorológi-
cas para detecção de anticorpos IgG, lgA e IgM e 
isolamento do parasita no sangue, líquido cefalorra-
quidiano, placenta ou líquido amniótico. A reação em 
cadeia da polimerase também permite fazer o diag-
nóstico da doença. 
O tratamento é feito com associação de sulfadiazina 
(100 mg/kg/dia) e pirimetamina (1 mg/kg/dia). O utras 
drogas utilizadas são a clindamina e a espiramicina. 
RUBÉOLA 
A rubéola con gênita é transmitida através da pla-
centa ao concepto. Durante a viremia materna, ocorre 
a disseminação do agente virai para a placenta, por 
via hematogênica, com comprometimento variável do 
trofoblasto. Após transpor a placenta, o vírus mul-
tiplica-se em diferentes tecidos do feto, causando os 
mais variados tipos de alterações. 
As manifestações graves que o RN apresenta e o 
abortamento espontâneo ocorrem quando a infecção 
se dá no primeiro trimestre da gravidez. 
Estima-se que 30% dos neonatos expostos à infec-
ção pelo vírus irão apresentar manifestações clínicas e 
o restante terão infecção subclínica. 
As alterações clínicas mais importantes são: micro-
cefalia, baixo peso ao nascer, surdez, catarata e malfor-
mação cardíaca, entre outras anomalias viscerais. 
Do ponto de vista dermatológico, as lesões mais ob-
servadas são petéquias e equimoses e, mais raramente, o 
exantema, que lembra a forma adquirida da rubéola. 
O diagnóstico é confirmado pela sorologia para 
dosagem de lgM específica. 
CITOM EGALOVÍRUS 
A doença por inclusão citomegálica é causada 
pelo citomegalovírus que é do grupo dos herpesví-
rus (HHV-5), que é transmitido ao concepto por via 
transplacentária. É a principal causa de infecção intra-
uterina humana. 
Das gestantes infectadas, 40% têm filhos com in-
fecção pelo vírus e destes, 5-10% são sintomáticos ao 
nascimento. Dos 90% assintomáticos ao nascer, 5% 
apresentam seqüelas da infecção na infância, princi-
palmente auditivas. 
As m anifestações clínicas mais observadas incluem: 
icterícia (60%), hepatoesplenomegalia (75%), hiper-
bilirrubinemia, baixo peso ao nascer e trombocito-
penia (40%) . Alterações do sistema nervoso central 
estão presentes em 85% das crianças afetadas e as 
principais são microcefalia, encefalite, retardo psico-
motor, surdez, coriorretinite e atrofia óptica, tornando 
o prognóstico bastante desfavorável. 
As alterações cutâneas principais são as petéquias, 
presentes em 80% dos casos, e que persistem por vá-
rios meses. 
O diagnóstico é fei to pelo isolamento do vírus 
pela reação em cadeia da polimerase (PCR) na urina, 
saliva, san gue e líquido cefalorraquidiano, e também 
pela detecção de anticorpos IgM específicos. 
HERPES SIMPLES 
A infecção do RN pelo vírus do herpes simples pode 
ocorrer por transmissão intra-útero, por contato com 
o trato genital baixo durante o parto ou por contato 
direto após o nascimento, já no período neonatal. 
O risco de transmissão é m aior na primo-infec-
ção geni tal da gestante em relação à infecção herpé-
tica recorrente. 
O agente etiológico é o vírus do herpes simples 
tipo 1 (HHV-1) e II (HHV-2), sendo o tipo II mais 
freqüente no herpes neonatal. O tempo de incubação 
é de 2 a 21 dias para a infecção neonatal adquirida. 
' 
As manifestações de infecção que ocorrem nas 
primeiras 48 horas de vida indicam transmissão in-
tra-uterina, que é responsável por apenas 5% das 
infecções neonatais pelo vírus herpes. Apresentam-se 
como uma tríade de alterações: cerebrais (microcefa-
lia, hidrocefalia, oculares (microftalmia, corioretinite) 
e vários tipos de manifestações cutâneas como vesícu-
las, bolhas, lesões cicatriciais e hipopigmentação. 
Quando a infecção é adquirida no parto, a doen-
ça se apresenta tanto como forma localizada, apenas 
com lesões mucocutâneas, como disseminadas, com 
comprometimento visceral, principalmente cerebral 
(encefalite). Geralmente no máximo em 1 semana 
de vida, a doença já se manifesta plenamente. As 
alterações cutâneas, qu~e sempre presentes, estão 
representadas por lesões vésico-bolhosas sobre base 
eritematosa que evoluem para crostas hemáticas ade-
rentes (Figura 84.6). 
O diagnóstico precoce é muito importante e deve-
rá ser confirmado pelo exame citológico (Tzanck) de 
uma vesícula íntegra para pesquisa das células multi-
nucleadas gigantes, pela detecção do antígeno viral e 
cultura do vírus. A reação de PCR pode ser feita no 
líquor, urina ou biopsia de pele. 
O tratamento é com aciclovir endovenoso na dose 
de 30mg/kg/dia durante 10 dias. 
SÍFILIS 
A sífilis pré-natal (SPN) é causada pelo Treponema 
pallidum e transmitida ao feto por via placentária em 
qualquer época da gestação. Pode ser transmitida por 
gestantes tanto com sífilis precoce (até 2 anos) quanto 
tardia. 
F1G. 84.6. Herpes neonatal. Lesões exulceradas e crostosas do membro 
inferior. 
DERMATOSES DO NEO-NATO 
Sua ocorrência vem aumentando progressivamente 
nos últimos anos, provavelmente em função da não 
realização de exames pré-natais. 
As manifestações clínicas são multissistêmicas mas, 
freqüentemente, passam despercebidas ao nascimento. 
Podem ser divididas em precoce (até 2 anos) e tardia 
(após 2 anos). 
Abordaremos, neste capítulo, apenas a sífilis con-
gênita precoce. 
As manifestações clínicas principais são: ósseas, 
viscerais e cutâneo-mucosas. 
As lesões ósseas constituem as manifestações mais 
freqüentes e precoces e se apresentam sob a forma de 
osteocondrite e periostite. Como são dolorosas, po-
dem levar à diminuição da movimentação do RN, o 
que se denomina pseudoparalisia de Parrot. 
A hepatoesplenomegalia é também freqüente e 
muitas vezes representa a única alteração no período 
neonatal. 
A rinite está quase sempre presente no período neo-
natal, com sua característica coriza mucopurulenta. 
O quadro cutâneo é constituído por lesões bolho-
sas, maculosas e papulosas. 
A sífilis bolhosa ocorre já ao nascimento ou nos.pri-
meiros dias de vida e é caracterizada pela presença de 
bolhas de conteúdo claro ou purulento localizadas nas 
regiões palmo-plantares. São altamente contagiosas. 
As lesões maculosas, semelhantes às roséolas do 
período secundário da sífilis adquirida, surgem isola-
damente ou disseminadas. 
As sifílides papulosas constituem as manifestações 
mais comuns e são caracterizadas por pápulas infiltra-
das de tonalidade eritêmato-acastanhada. Quando lo-
calizadas nas regiões perioral e perianal, originam uma 
infiltração local que, ao menor traumatismo, causam 
as características fissuras com disposição radiada. 
As lesões papulosas, quando localizadas em áreas 
de atrito, como as regiões inguinal, anal e vaginal, 
sofrem maceração, conferindo um aspecto condiloma-
toso ao quadro. 
O diagnóstico da SPN é baseado na história epide-
miológica, quadro clínico e estudo radiológico e é con-
firmado pela recuperação do Treponema pallidum em le-
sões bolhosas e condilomatosas e pelos testes sorológicos 
como VDRL, micohemoaglutinação, FTA/abs, FTA/abs 
IgM e 19sFTA/abs IgM, que também devem ser realiza-
dos no líquido cefalorraquidiano. A reação de PCR pode 
ser realizada em biopsia de pele, líquor ou sangue. 
O tratamento deverá ser feito com penicilina cris-
talina na dose de 100.000 µ /kg/dia durante 10 dias 
com acompanhamento sorológico a cada 3 meses. 
1309 
1310 
DERMATOLOGIA 
IMPETIGO BOLHOSO NEONATAL 
Geralmente afeta os recém-nascidos durante a 1 ª 
ou 2ª semana de vida. O RN prematuro é mais sus-
ceprível. É causado pelo Staphylococcus aureus grupo 
II fagocipo 7 1. 
É deespecial importância, quando ocorrer em ber-
çário, em que todas as medidas de isolamento devem 
ser tomadas, sendo necessário exame dos contactantes, 
no sentido de evitar as micro epidemias. 
Clinicamente, é caracterizado por vesícula inicial 
que evolui para bolha de conteúdo claro que logo se 
transforma em purulento. Estas lesões superficiais fre-
qüentemente se rompem deixando áreas erosadas com 
colaretes de escamas na periferia. Estas áreas desnudas 
de pele podem aumentar, acometendo grandes exten-
sões de pele (Figura 84. 7). A criança permanece com 
seu estado geral conservado. A síndrome da pele es-
caldada estafilocócica, embora muito raramente, pode 
ocorrer no RN. 
O diagnóstico é geralmente clínico, mas exames 
bacteriológicos podem ser realizados, principalmen-
te para detectar a sensibilidade da cepa estafilocócica 
aos antibióticos. 
O tratamento local deverá ser instituído com com-
pressas de soluções anti-sépticas KMn04 a 1/20.000) 
e pomadas de antibiótico (mupirocina e ácido fusídi-
co). Deve-se tratar também os possíveis focos, princi-
palmente nasal, umbilical e ungueal. 
O tratamenro sistémico, nos casos mais extensos, é 
feito durante 7 dias com dicloxacilina 25-50 mg/kg/ 
dia, cloxacilina 50-100 mg/kg/dia, oxacilina ou van-
comicina para os casos resistentes à meticilina. 
Nos berçários, o paciente deverá ser isolado e to-
madas medidas rigorosas, no sentido de evitar a in-
fecção hospitalar. 
F 1G. 84.7. lmpetigo bolhoso neonatal. Lesões vésico-pustulosas em 
área de fraldas. 
SÍNDROME DA PELE ESCALDADA 
ESTAFI LOCÓCICA (SPEE) 
Quadro dramático causado por uma toxina epi-
dermolítica produzida pelo Staphylococcus aureus gru-
po II fago fagotipos 3 A, 3 C, 71 e 55. 
A toxina epidermolítica, conhecida como exfoliati-
na, é responsável por todo o quadro clínico observado 
na SPEE. Ela é liberada no foco da infecção e disse-
minada por via hematogénica, induzindo à clivagem 
intra-epidérmica por alteração na desmogleína-1. 
O quadro clínico inicia-se com febre e irritabilida-
de, apresentando eritema em torno dos lábios e nari-
nas. Rapidamente, toda a pele torna-se eritematosa e 
quente. Após 24-48 horas deste início, a pele começa 
a se desprender, com formação de bolhas flácidas, e 
grandes áreas erosadas são observadas, principalmen-
te nas dobras axilares, cervicais e inguinais (Figura 
84.8). O sinal de Nikolsky é positivo. 
Com a evolução do quadro, fina descamação sur-
ge em todo o corpo, permanecendo algumas áreas 
fissuradas, principalmente em torno da boca e olhos 
(Figura 84.9). 
Completa resolução dos casos não complicados 
ocorre em torno de 10-12 dias. 
O diagnóstico é feito pelo isolamento do agente 
etiológico nos focos, principalmente narinas, conjun-
tiva, tonsila, nasofaringe e região umbilical. O exame 
bacteriológico das lesões cutâneas (bolhas) permanece 
rotineiramente negativo. 
O exame histopatológico revela clivagem epidér-
mica alta, com células acantolíticas. 
O diagnóstico diferencial.mais importante é com a 
necrólise epidérmica tóxica por drogas que é rara em 
neonatos. Os exames bacteriológicos e h iscopatológi-
cos permitem fazer esta diferenciação. 
O tratamento da SPEE exige internação, em que 
medidas de suporte clínico deverão ser tomadas, prin-
cipalmente em relação ao equilíbrio hidroeletrolítico. 
Antibioticoterapia sistémica deverá ser instituída 
com oxacilina ou vancomicina. 
O tratamento tópico deverá ser direcionado para os 
focos de infecção (narinas, conjuntiva, região umbilical) 
com pomadas de antibiótico à base de mupirocina. 
A evolução geralmente é boa e a total resolução do 
quadro ocorre em 12 dias. 
As complicações mais freqüentes são os quadros 
septicémicos, que podem levar o paciente ao óbiro, 
ocasionados, geralmente, por demora no diagnóstico 
e na instituição da terapêutica. 
F1G. 84.8. Síndrome de pele escaldada estafilocócica. Extensas áreas 
erosadas com descamaçao em colarete na periferia. 
CANDIDOSE 
F1G. 84.9. Síndrome de pele escaldada 
estafilocócica. Lesões eritematosas e 
erosadas da região perioral. 
É ocasionada pela Candida albicans presente no 
canal vaginal. No RN, pode ser devida à infecção in-
tra-uterina (forma congênita) ou adquirida pela passa-
gem pelo canal do parto (forma neonatal). 
As lesões da candidose congênita já se mani-
festam ao nascimento ou no primeiro dia de vida. 
Iniciam-se como máculas e vesículas com base eri-
remarosa que evoluem para pústulas, geralmente se 
disseminando para grandes áreas do corpo, levando 
D ERMATOSES DO N EO-N ATO 
à descamação. Não há lesões orais ou comprometi-
mento sistêmico. 
As manifestações da candidose neonaral se iniciam 
após a 1 ª semana de vida como lesões aftóides orais, 
vesículas, e pústulas localizadas nas grandes dobras, 
parte interna das coxas e área das fraldas. 
O diagnóstico clínico é confirmado pelo exame 
micológico direto. Na maioria dos casos, apenas o 
tratamento tópico com antifúngicos é suficiente. 
1311 
' 
O processo de envelhecimento e a sua conseqüên-
cia natural, a senescência, é fase biológica última na 
evolução do homem. A própria História está aí para 
demonstrar como as preocupações com a velhice são 
tão antigas quanto a origem da própria humanida-
de. Poucos problemas na medicina social e biológica 
têm merecido tanta atenção como o envelhecimento 
e a incapacidade funcional conseqüente, própria des-
se processo. Como a gerontologia e sua congênere a 
geriatria são campos científicos e profissionais relativa-
mente novos (1909), poderia parecer que a preocupa-
ção com a velhice seja recente. Noção absolutamente 
errônea. Desde sempre o homem tem procurado evi-
tar a senescência isto é a ampla mensagem biológica 
que devemos entender e aceitar como indicadora do 
ocaso do nosso tempo de vida. Podemos entender as-
sim, dos relatos, sejam eles utópicos ou míticos quan-
do nos valemos da literatura, da pintura, da religião 
e da medicina para encontrarmos essas fantasias, que 
pretendiam eternizar o homem. A globalização na 
5 
ALTERAÇÕES NA 
PELE DO IDOSO 
geriatria não é privilégio de um Órgão ou um Siste-
ma, pois a homeostasia humoral ou celular se altera 
quando pretendemos entender o controle e equilibrar 
os mecanismos metabólicos da revitalização biológica, 
quando a apoptose esse intrínseco programa da morte 
celular com a condensação da cromatina é a degrada-
ção do DNA se impõem. Porém faco consumado é 
que só não envelhece aquele que morre cedo. 
Hoje, os cosmiatras com o suporte dos cosmicêu-
tas e os geriarras tentam nos seduzir com soluções 
terapêuticas teóricas que objetivam abreviar esse faro 
que é fisiológico e inevitável. 
O idoso apresenta uma série de alterações na pele 
decorrentes do próprio processo de envelhecimento 
cutâneo e da ação de noxas do meio ambiente. As 
alterações encontradas na pele do idoso decorrem ba-
sicamente da ação da constituição genética, de fatores 
ambientais, da repercussão cutânea do envelhecimen-
to de outros órgãos e de efeitos de doenças cutâneas 
e sistémicas. 
1314 
D ERMATOLOG IA 
A SENESCÊNCIA 
Sabemos, pela biologia, que células normais, 
como o fibroblasto diplóide humano e outras, têm 
seu ciclo de vida proliferativo finito, ao término do 
qual a célula permanece em estado de hibernação, 
conhecido como replicação senescence, o que se dá 
aproximadamente após sessenta divisões, quando a 
célula quiescente senesce e morre e, paradoxalmente, 
a imortalidade, por definição, seria a perpetuação, 
característica das células cancerígenas. No entanto, 
sabemos, o declínio fisiológico gradual, como as alte-
rações na pele do idoso, mesmo quando inicialmente 
indefinida, é fato imutável. Distinguem-se dois fenô-
menos: a senescência verdadeira, atribuída somente à 
passagem do tempo, e a senescência actínica,aquela 
alteração relacionada com a habitual exposição solar 
crônica. 
Assim, a pele do idoso apresenta duas caracterís-
ticas diversas consoante a região não exposta habitual-
mente à luz solar ou área cutânea submetida à ação 
cumulativa das radiações actínicas do sol. 
ALTERAÇÕES DA PELE E 
ANEXOS NO IDOSO 
• Cútis: Há atrofia em grau variável que se eviden-
cia pelo adelgaçamento difuso, secura e preguea-
mento da pele, com aspecto comparável a papel 
de seda. Há uma tonalidade ligeiramente amare-
lada ou cerácea, com perda de elasticidade e da 
curgescên eia. 
• Pêlos: As alterações dos pêlos são conspícuas. H á 
o embranquecimento dos pêlos e diminuição no 
seu número e volume. A cankie inicia-se nas 
têmporas e gradualmente atinge todo o couro 
cabeludo. Os primeiros cabelos brancos surgem 
na terceira e quarta décadas da vida nos bran-
cos e amarelos e pouco mais tarde nos pretos. 
A canície pode, entretanto, ser mais precoce ou 
tardia. A idade do início da canície é geralmente 
condicionada por hereditariedade, provavelmen-
te devida a gene aurossômico dominante, porém, 
há intervenção de outros fatores. Após a canície, 
surge o embranquecimentos dos pêlos da barba, 
regiões peitoral, pubiana e axilar. Estes últimos, 
entretanto, podem conservar sua cor, mesmo em 
pessoas bastante idosas. 
Com a idade, há uma diminuição do número e 
do volume dos pêlos. A diminuição dos cabelos 
na regiao frontal com as entradas bitemporais 
triangulares em adolescentes masculinos ocorre 
como um dos caracteres sexuais secundários e 
sua progressão constitui a alopecia androgené~ 
tica (calvície). No adulto masculino, na quarta 
e quinta décadas, discreta alopecia frontal e no 
vértex é normal e o mesmo se observa, em menor 
intensidade, em mulheres. Após os 60 anos, há, 
em geral, uma diminuição progressiva do núme-
ro e volume dos cabelos, em ambos os sexos. As-
sim, o número de cabelos, de 615 por centímetro 
quadrado aos 30 anos, diminui progressivamente, 
caindo para 500 ou menos, de acordo com a ida-
de. Além do número, ocorre também diminuição 
do volume dos pêlos individualmente. Os pêlos 
do corpo, das axilas e do púbis atingem o desen-
volvimento máximo até a quarta década da vida, 
para depois sofrerem um processo de diminuição 
progressiva. Os pêlos do corpo são os primeiros 
que diminuem e a seguir os pêlos pubianos e os 
axilares. As mulheres perdem os pêlos do tronco 
e das axilas antes dos homens. Em adultos acima 
dos 60 anos, os pêlos axilares faltam em 30% 
das mulheres e em somente 7% dos homens. 
Também se observam em mulheres a diminui-
ção mais acentuada dos pêlos pubianos acima 
dos 60 anos. Os pêlos das pernas diminuem em 
ambos os sexos acima dos 60 anos, porém pode 
não haver alterações nos braços. Exceção são os 
pêlos dos supercílios, fossas nasais e da orelha 
externa, que se tornam mais grossos e alongados. 
Em mulheres, pode ocorrer o aparecimento de 
pêlos na face. 
• Unhas: As unhas dos idosos podem-se apresen-
tar frágeis, com perda de brilho, aparecimento 
de estriações longitudinais e desprendidas. Al-
tera:ções tipo unhas de Terry (branco opacas na 
porção proximal) são muito freqüentes. Unhas 
distróficas são freqüentes nos dedos dos pés por 
anormalidades ortopédicas que se agravam com a 
idade ou por traumas repetidos. O grau de cresci-
mento diminui progressivamente e torna-se igual 
em ambos os sexos, sendo que na adolescência é 
maior nos masculinos. 
• Secreção sebdcea e sudorípara: Há uma diminuição 
progressiva da secreção sebácea, da secreção su-
dorípara e do conteúdo de água da derme. Esses 
três fatores explicam o aspecto de secura da pele. 
Em relação às glândulas sebáceas não há altera-
ção no volume e no número e a hipossecreção 
é devida à diminuição do estímulo androgênico. 
• 
Aliás, no couro cabeludo, as glândulas podem-se 
apresentar com volume aumentado. As glându-
las sudodparas écrinas apresentam diminuição 
do número e do volume de suor eliminado, pela 
diminuição da microcirculação cu tânea. A mi-
crocirculação cutânea diminui com a idade em 
decorrência de regressão e desorganização dos 
pequenos vasos. C om a retificação da epiderme 
e reabsorção das papilas, muitas reações capilares 
desaparecem. Estas alterações são mais intensas 
na pele actinicamente lesada. Da mesma forma, 
os vasos dos anexos cutâneos diminuem, sendo 
uma das razões da diminuição da sudorese e do 
afinamento dos pêlos, observados nos idosos. As 
glândulas apócrinas ,podem estar normais, ainda 
que eventualmente haja diminuição da secreção 
e atrofia por diminuição de estímulo hormonal. 
Pigmentação: Ainda que uma das características 
da pele idosa exposta seja o aparecimento de 
manchas melânicas, a chamada melanose solar 
(lentigo senil), há, em geral, hipomelanose difusa 
discreta e progressiva na senilidade. 
ASPECTOS HISTOPATOLÓGI COS 
E HISTOQUÍMICOS 
• Epiderme: H á uma diminuição da espessura de-
vida particularmente à redução de volume das 
células. Pode ocorrer redução do número de ca-
madas celulares do estrato espinhoso. Além disso, 
as células da camada basal e espinhosa mostram 
alterações de volume e forma e, por vezes, dispo-
sição desordenada. 
Alteração hisrológica mais constante e consisten-
te é a retificação da junção dermo-epidérmica com 
o esvaecimento da papila dérmica e reter Malpighi. 
Isro resulta numa considerável redução da super-
fície de contatO entre as duas estruturas, quando a 
separação dermo-epidérmica pode ser conseguida em 
condições experimentais. A menor adesão epiderme-
derme explica a fragilidade celular e aquelas abrasões 
superficiais conseqüentes a traumas menores. Em mé-
dia, a relação da epiderme com os reter permanece 
constante, nas variações na espessura epidérmica, mas 
não no tamanho dos queratinócitos, quando avaliados 
individualmente. Pela microscopia eletrônica, a pele 
idosa, nas áreas protegidas do sol, caracteriza-se por 
alargamento do espaço estrutural entre os queratinó-
citos. O espessamento e a compactação da camada 
A L TERAÇÕES NA P E L E D O IDOSO 
córnea permanece constante com a idade, porém os 
corneóciros analisados individualmente são maiores. 
Pesquisas recentes dão suporte ao faro de que a função 
barreira da camada córnea, constituída pelo comple-
xo: camada disjunta mais camada compacta (str. lú-
cido, intacto) parece estar diminuído naquilo que se 
refere à absorção percutânea de algumas substâncias, 
mas a perda da água erans-epidérmica não varia com 
a idade na pele adulta. O turnover epidérmico pode 
estar diminuído de 30 a 50% já a partir da terceira e 
até a oitava década de vida. 
A média de reparação epidérmica também diminui 
com a idade, constatada nas lesões com bolhas sub-
cóm eas que requer em média três semanas naqueles 
indivíduos com idade de 18 a 25 anos, sendo po-
rém de cinco semanas naqueles com idade de 65 a 
75 anos. 
O citoplasma dos queratinócitos está alterado, com 
vacúolos, e os núcleos exibem alterações na forma e 
tamanho, com menor afinidade para os corantes dos 
ácidos nucléicos. Encontra-se a p resença de glicogênio 
em quantidades variadas na parte superior do escraro 
espinhoso, o que não ocorre em pele jovem. 
O número de melanócitos enzimaticamente ativos 
cem uma diminuição aproximadamente entre 10 a 
20% da população celular para cada década de vida, 
havendo, portanto, uma diminuição da função mela-
nogênica, exceto nas áreas de melanose solar, em que se 
apresentam alterados, admitindo-se hipertrofia funcio-
nal nos melanóciros remanescentes. Quanto às células 
de Langerhans, estima-se que diminuam cerca de 50% 
nos idosos, particularmente na pele cronicamente ex-
posta à luz. Este fato explica a diminuição das reações 
mediadas por células, como as dermatites de contato 
por sensibilização nos idosos. A despigmentação dos 
cabelos e pêlos é devidaà diminuição do número e da 
atividade dos melanóciros da papila do pêlo. 
Uma função endócrina da superfície epidérmica 
suspeita de declinar com a idade é a produção de vi-
tamina D , fazendo pressupor que a falta de um pre-
cursor biossintético possa limitar essa produção. 
A neoplasia está associada com a idade virtualmen-
te em todos órgãos e sistemas, mas é especialmente 
bem caracterizada na pele. Com uns são as prolifera-
ções benignas presentes naqueles ad ultos com mais de 
65 anos e em alguns mesmo com dezenas de lesões. 
O s carcinomas cutâneos (basocelular-espinocelular) 
encontram-se entre aqueles mais freqüentes entre os 
processos malignos humanos. Essas neoplasias malig-
nas e benignas certamente refletem, parcialmente, a 
perda da homeostase. 
1315 
1316 
D E RMATO L OGIA 
• Derme: as alterações dérmicas são conspícuas e as 
principais responsáveis pelo aspecto da pele ido-
sa. A perda da turgidez dérmica em idosos pode 
estar ao redor de 20% e o tecido remanescente é 
relativamente acelular e avascular. As manifesta-
ções histológicas que acompanham as rugas são 
desconhecidas embora a perda das fibras elásticas 
normais possa contribuir e mesmo estar relacio-
nada. A redução, em torno de 50% na população 
de mastócitos e a diminuição da rede vascular em 
torno de 30% pode ser determinada comparan-
do-se as áreas cobertas como nádegas dos idosos 
com as de adultos jovens. 
A redução da rede vascular ao redor do bulbo pi-
lar, glândula écrina, apócrina e sebácea, deve contri-
buir para a gradual atrofia e fibrose da pele. 
A diminuição associada à idade, no clearance de 
fármacos absorvidos pela via erans-epidérmica estão 
provavelmente relacionados com alterações, tanto da 
malha vascular como da matrix extracelular. 
A pele do idoso tem suas fibras elásticas mais gros-
sas do que as do adulto jovem e estas alterações são 
gradativamente encontradas na derme mais profun-
da com o avançar da idade. Degenerações císticas e 
lacunas são comuns nas fibras elásticas mais antigas, 
podendo progredir até a fragmentação. 
A microvascularização dérmica, tanto no adulto 
quanto no idoso, pode já mostrar espessamento da 
parede vascular associada à ausência ou redução de 
células nas paredes, o que pode contribuir para o fe-
nômeno conhecido como púrpura senil. 
As alterações bioquímicas no colágeno, elastina e 
na substância fundamental, descritos durante a idade 
fetal e no desenvolvimento pós-natal, são aqui mais 
evidenciadas do que aquelas encontradas com o avan-
çar da idade. A proporção de colágeno dérmico sin-
tetizado recentemente é menor e não varia cronologi-
camente. Porém, tem uma significante diminuição na 
porcentagem de colágeno total conforme determinada 
pela digestão de pepsina variando aproximadamente 
de 25% aos 30 anos de idade para aproximadamente 
10% aos 75 anos, com o proporcional aumento do 
colágeno insolúvel entre 70 a 80% . As fibras elásticas 
da pele, ainda não tão bem estudadas, demonstram 
uma progressiva alteração e calcificação com a idade 
na pele adulta. 
H á diminuição dos fibroblastos e a espessura das 
fibras colágenas diminui. Após os 60 anos, o colágeno 
torna-se mais rígido e menos elástico devido às altera-
ções da substância fundamental pela diminuição dos 
mucopolissacarídeos e alterações qu1m1cas. As fibras 
elásticas mostram alterações químicas da elastina. Há 
alterações no conteúdo de hidratos de carbono dos 
lípides, ácido glutâmico e lisina. As fibras reticulares 
apresentam alterações similares às das fibras colágenas. 
H á redução de cerca de 50% na população de mas-
tócitos na pele idosa, o que explica menor freqüência 
de urticária em idosos. 
Poucos são os dados referentes às alterações liga-
das à idade em associação com os mucopolissacárides 
(glicosaminoglicanos e proteoglicanos) ou outras mo-
léculas componentes da substância fundamental na 
qual, o colágeno e as fibras elásticas estão envolvidas. 
As propriedades mecânicas da pele também se mo-
dificam com a idade. Os testes para tensão uniaxial 
ou biaxial realizadas em peles excisadas demonstram 
relativa e gradual destruição da rede elástica da derme, 
e o tempo requerido para que esta distensão possa 
retornar ao seu volume original pode estar reduzido 
em torno de 50% . 
A avaliação geral emerge, refletindo um tecido rí-
gido inelástico e irresponsível incapaz de se modificar 
como resposta ao estresse. 
As glândulas sudoríparas écrinas apresentam achata-
mento do epitélio secretor, atrofia dos ácinos, ectasia 
cística e aumento do tecido conectivo periglandular. 
H á um acúmulo progressivo de grânulos amarelados 
em rosetas no citoplasma das células. As glândulas 
ap6crinas apresentam aspectos diversos. Algumas es-
tão completamente atrofiadas, outras discretamente, e 
outras com aspecto histológico normal. 
As glândulas sebdceas não exibem alterações mor-
fológicas, ainda que possam estar ativas ou inativas. 
Entretanto, as glândulas inativas podem ser ativadas 
pela ação de andrógenos. As glândulas sebáceas con-
têm menor número de vasos sanguíneos (em redor) e 
maior conteúdo de glicogênio e fosforilase. As glân-
dulas sebáceas do couro cabeludo calvo apresentam-se 
aumentadas com maior número de lóbulos e duros di-
latados. As glândulas sebáceas em tamanho e número 
não mostram d iminuição com a idade. A diminuição 
na produção sebácea, ao redor de 60% que acom-
panha o avançar da idade em homens e mulheres é 
atribuída à concomitante diminuição de andrógenos 
das gônadas e da adrenal para os quais o estímulo 
hormonal para glândula sebácea é altamente sensível. 
Não existe relação direta entre a xerose e a dermatite 
seborréica, com a produção sebácea. 
As terminações nervosas livres na derme não se alte-
ram, eletivamente, com a idade, porém, os 6rgãos ter-
minais, como corpúsculos de Meissner, Vater-Pacini e 
M erckel estão diminuídos em número e volume no 
idoso. Resulta diminuição de sensibilidade da pele do 
idoso, o que favo rece a ocorrência de lesões traumáti-
cas mais intensas, pois a diminuição da sensibilidade à 
dor, leva a maior demora nas respostas defensivas em 
relação ao agente agressor que atua, portanto, mais 
prolongadamente. As queimaduras, por exemplo, ten-
dem a ser mais graves nos idosos. 
• Hipoderme: o subcutâneo em geral está diminuí-
do com as células gordurosas mostrando freqüen-
temente menor volume e número. 
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS DA 
PELE IDOSA 
A pele idosa é inelástica, isto é, demora a recuperar 
a sua forma quando tensionada. De outro lado, é en-
rugada e tende a formar dobras. Esta inelasticidade é 
devida às alterações do colágeno e elástico já descritas. 
O enrugamento é também causado por essas altera-
ções, ainda que grandes pregas possam ser devidas às 
alterações no subcutâneo e nos tecidos musculares. A 
compressibilidade está diminuída na pele idosa e isco 
é, provavelmente, causado pelo menor conteúdo de 
água. As respostas vasculares aos estímulos de calor e 
frio podem ser m ais lentas com transtornos na regula-
ção térmica. A regulação térmica está dificultada pela 
menor sudorese, levando a menores perdas de calor. 
Nas ocasiões de aquecimento, favorecem os choques 
térmicos. Por outro lado, a diminuição do panículo 
adiposo predispõe à hipotermia em condições de res-
friament0. 
H á diminuição das luzes vasculares, dos capilares 
na derme com m enor número de formações glômicas, 
além de alterações de esclerose nos vasos maiores. A 
diminuição do fluxo circulatório cutâneo contribui 
para m enor intensidade das reações inflamatórias e 
para menor depuração de substâncias endógenas ou 
exógenas depositadas na derme. Algumas drogas topi-
camente ativas podem exercer seus efeitos com menor 
número de aplicações diárias. Estes fatos também de-
vem ser considerados em relação à ação de contactan-
tes na peleidosa. 
O conteúdo de água d a pele idosa está diminuí-
do pela menor fixação da água, conseqüente à menor 
quantidade de m ucopolissacarídeos, principalmente 
ácido hialurônico, responsáveis pela fixação de água 
na derme. Pelas próprias alterações das fibras e ór-
gãos terminais, as funções de percepção podem estar 
A L TERAÇÕES NA PELE D O IDOSO 
diminuídas, o mesmo se processan do com as funções 
de secreção sudoral e sebácea da pele. A importante 
função imunológica da pele pode estar diminuída. 
As respostas inflamatórias estão diminuídas no ido-
so, não somente por diminuição da microcirculação, 
mas também por diminuição do número de células 
inflamatórias na derme, inclusive mastócitos. Por essas 
razões, o idoso responde menos à irritantes químicos 
e à radiação ultravioleta. 
A imunidade, tanto humoral quanto celular é de-
primida no idoso em relação ao jovem. Os anticorpos 
naturais, como as isoaglutininas, mostram-se diminuí-
dos enq uanto os auto-anticorpos (antigástricos, antiti-
reoideanos, antinucleares) mostram-se aumentados, o 
que explica a predisposição do idoso a certas doenças 
auto-imunes, como o pênfigo vulgar e o penfigóide 
bolhoso. Contrariamente, os fenôm enos atópicos di-
min uem no idoso. 
Embora o número de linfócitos T permaneça nor-
mal, suas respostas funcionais, como a blastogênese 
frente a mitógenos, diminuem. Contribui, também, 
para menor resposta imune celular, a diminuição das 
células de Langerhans apresentadoras de antígenos. O 
resultado do declínio da imunidade no idoso, que é 
agravado pela exposição solar crônica, é diminuição da 
vigilância imunológica. O pH da pele idosa não está al-
terado. A menor espessura da epiderme, particularmen-
te da camada córnea, com menor número de camadas, 
possibilita maior passagem e absorção percutânea de 
drogas e outras substâncias químicas. Além disso, estes 
produtos são removidos da pele mais lemamente, pela 
menor circulação sanguínea. Estes facos devem ser ava-
liados na ação de contactantes na pele idosa. 
PATOLOGIA DA PELE SENIL 
As alterações da pele senil ocorrem em épocas di-
versas em graus variáveis, como, aliás, a arterosclero-
se e outras alterações sistêmicas. H á indivíduos que 
apresentam alterações senis da pele no fim da terceira 
década de vida, enquanto outros, na sexta década so-
mente, têm alterações discretas. Assim, o quad ro cutâ-
neo resulta de interação genótipo-fenótipo. 
Presentemente, a gerontologia não nos fornece da-
dos precisos objetivando o fai:or idade na susceptibili-
dade a uma maior expressão de dermatoses ou mesmo 
para estratégias terapêuticas de excelência. D oenças 
da pele são conhecidamente mais com uns em idosos, 
mas as referências, quanto aos dados de incidência e 
morbidade, são imprecisas. 
1317 
1318 
DERMATOLOGIA 
Poucas doenças dermatológicas ocorrem predo-
minantemente no idoso. Talvez, aqui faria exceção o 
penfigóide bolhoso do idoso. Possivelmente nesta pa-
tologia a fixação de complemento e imunoglobulinas 
que ocorrem na membrana basal pode contribuir para 
a vulnerabilidade da pele verificada nesta patologia. 
Conhecida é a prevalência e a morbidade da nevral-
gia em casos de herpes zoster ocorrendo após a quinta 
década de vida e que pode teoricamente ser calculada 
ao redor de 1 % aos 80 anos. Assim, a temida nevralgia 
pós-herpética, infreqüente em pacientes com menos de 
40 anos, ocorre com conseqüências mais preocupantes, 
naqueles pacientes com mais de 60 anos de idade. O 
mecanismo que responde a esta manifestação clínica, 
causada pela ativação do vírus da varicela ainda não está 
estabelecida. Paradoxalmente, infecções recorrentes de 
herpes simples que também envolvem a reativação do 
vírus latente em gânglios regionais e na defesa mediada 
pelas células T, são mais comuns no adulto jovem, sen-
do sem dúvida rara nos idosos imunocompetentes. A 
constatação da reduzida capacidade de cicatrização de 
lesões no adulto, parece ser responsável pela diminuída 
resolução de uma erupção aguda, mas sua relevância 
para explicar a nevralgia pós-herpética é discutível. A 
xerose que é a qualidade da pele seca áspera pode ser 
atribuída a disfunção da maturação epidérmica embora 
estudos histológicos revelem pouca alteração da epider-
me e mesmo da camada córnea. Similarmente, não se 
tem uma explicação fisiológica para o prurido que fre-
qüentemente acompanha a xerose. 
SÍNDROMES DE SENESCÊNCI A 
CUTÂNEA 
O s graus extremos de envelhecimento cutâneo 
prematuro são encontrados nas chamadas síndromes 
de senescência precoce, nas quais, por distúrbios ge-
néticos enzimáticos, surgem, nos primeiros anos de 
vida, quadros que ocorrem nas alterações da pele se-
nil. Estes quadros podem servir como modelo para a 
interpretação e investigação dos processos de envelhe-
cimento cutâneo. As síndromes de senescência preco-
ce são enumerados na Tabela 85.1. 
ALTERAÇÕES DA PELE SENIL 
No estudo das alterações patológicas da pele encon-
tradas no idoso, devem ser distinguidos dois grupos: as 
afecções da pele não-relacionadas à luz solar e aquelas de-
correntes da ação cumulativa das radiações solares. As Ta-
belas 85.2 e 85.3 enumeram as alterações encontradas. 
TABELA 85-1. S ÍNDROMES DE SENESCÊNCIA 
P R ECOCE 
Eritema telangiectásico congênito (síndrome de Bloom) 
Poiquiloderma congênito (síndrome de Rothmund-Thomson) 
Progeria do adulto (síndrome de Werner) 
Progeria ou Pangeria (síndrome de Hutchinson-Gilford) 
Síndrome de Cockayne 
Xeroderma pigmentoso 
TABELA 85-2. A L T ERAÇÕES DA PELE I DOSA 
NÃO- RE l.:..ACIONADAS À LUZ SOLAR 
Acrocórdon 
Angioma Estelar 
Angioma Rubi ou Senil 
Angioqueratoma do Escroto 
Dermatite Seborréica 
Dermatose Papulosa Nigra 
Eczema de Estase 
Eczema Numular 
Hemangioma Venoso do Lábio 
Hiperplasia Sebácea 
Micose Fungóide 
Pênfigo Vulgar - Pênfigo Vegetante 
Penfigóide Bolhoso 
Perleche 
Prurido Anogenital 
Prurido Asteatósico 
Prurido da Orelha Externa 
Prurido do Couro Cabeludo 
Prurido Senil 
Púrpura Hipostática 
Púrpura Senil 
Queratose Seborréica 
Rosácea e Rinofima 
Úlcera Arteriosclerótica 
Úlcera da Perna 
Úlcera de Decúbito 
Úlcera de Estase 
Úlcera Microangiopática 
Úlcera Neurotrófica - Mal Perfurante 
Úlceras por Arteriopatias 
Muitas outras dermatoses observadas no adulto 
refletem a alta prevalência de doenças sistémicas, 
como a diabete, insuficiência vascular ou várias ou-
tras síndromes neurológicas observadas nessa popula-
ção. A incidência aumentada constatada para outras 
doenças cais como a tínea (pés, mãos e crural) ou 
dermatite seborréica pode refletir a diminuição na 
higiene e a exacerbação de outros problemas previa-
mente inaparentes. 
PELE FOTOLESADA OU 
FOTOENVELHECIDA 
A ação cumulativa da radiação solar determina 
uma série de alterações na pele. o fotoenvelhecimen-
to ocorre em todos os habitantes da terra e a época 
do seu desenvolvimento depende do tipo de pele e da 
intensidade de exposição solar. 
O grau de morbidade dessas alterações varia con-
sideravelmente e, sem dúvida, reflete a capacidade de 
reparação individual ao insulto solar. Predominante-
mente, as lesões mais acentuadas são encontradas nos 
caucasianos de pele clara que, inconseqüentemente e 
cronicamente, tenham-se exposto, em demasia, à luz 
solar, localizadas em áreas como face, pescoço e dorso 
das mãos e antebraços. As aparentes diferenças entre 
os sexos na prevalência de qualquer das manifestações 
refletem sem dúvida os diferentes estilos de vida e a 
natureza de exposição solar (ocupacional vs. recreacio-
nal) e também aos diferentes conceitos de beleza no 
bronzeamento da pele. Outras diferenças sexuais tais 
como espessamento da pele, atividade glandular sebá-
cea e mais do que tudo o ripo de pele podem também 
influenciar a natureza dessas alterações. 
A lesão da pele cumulativamentelesada nos seus 
constituintes celulares é o evento primário desta agres-
são, mas a patofisiologia, nas suas minúcias, é espe-
culativa. 
A relativa contribuição dos diferentes componen-
tes do espectro da luz solar são desconhecidos e a ex-
perimentação clínica se torna mais difícil devido ao 
tempo requerido, extremamente longo, para provo-
car estas manifestações ou dermatoses em humanos 
e a falta de um modelo animal apropriado. Sabe-se, 
por estudos realizados em ratos e camundongos, que 
uma condição semelhante à elastose pode ser provo-
cada predominantemente após intensa irradiação de 
UVB mas não examina a relativa ação da irradiação 
por longo comprimento de onda. Dados atuais não 
excluem, de qualquer maneira, o papel desempenhado 
ALTERAÇÕES NA PELE D O I DOSO 
pelo UVA ou mesmo os raios infravermelhos no de-
sencadeamento de dermato-helioses. Assinale-se que 
as diferenças entre manifestações clínicas próprias da 
idade ou aquelas provocadas pela exposição crônica 
ao sol podem ser sutis e inicialmente imperceptíveis. 
Só recentemente estão bem documentadas diferenças 
qualitativas nas proteínas fibrosas da derme e na mi-
crovascularização. Em nível teórico, seria interessan-
te salientar que muitos dos mecanismos conhecidos 
como envolvidos nas lesões provocadas e mediadas 
pelo ultravioleta, podem ser os mesmos encontrados 
no envelhecimento cronológico. N isto se inclui a le-
são do DNA ou a diminuição na sua capacidade de 
reparação, desestruturação lisossomial e a composição 
alterada do colágeno. 
A pele exposta t0rna-se adelgaçada, seca, de to-
nalidade ligeiramente amarelada (elas cose solar) . Na 
face, surgem as rugas e pregas que se acentuam pro-
gressivamente. Surgem, então, as alterações benignas 
e malignas relacionadas à radiação solar e enumeradas 
nas Tabelas 85.3 e 85.4. A época do aparecimento 
destas alterações inicia-se no adulto dos 30 aos 40 
anos e se acentua gradualmente, sendo sempre relacio-
nada ao tipo de pele e intensidade da exposição solar. 
TABELA 85-3. A LTERAÇÕES BENIGNAS E 
MALIG N AS DA P ELE IDOSA R ELACIONADAS À 
A ÇÃO CUMULATIVA DAS RADIAÇÕES SOLARES 
Elastose Solar - Cútis Romboidal 
Leucodermia Solar 
Melanose Solar 
Miliocolóide (Deg. Colóide) 
Poiquilodermia Solar 
Queilite Actínica 
Queratoacantoma 
Queratose Solar 
Micose Fungóide 
TABELA 85-4. ALTERAÇÕES MALIG NAS DA PELE 
FREQÜENTEMENTE RELACIONADAS À AÇÃO 
CUMULATIVA DAS RAD IAÇÕES SOLARES 
Epitelioma Basocelular 
Carcinoma Espinocelular 
Melanose Blastomatosa 
Melanoma Maligno 
1319 
1320 
D ER M A T OLOGIA 
As primeiras manifestações são melanose e querato-
se solar, mas, na mulher, comumente ocorre a leu-
codermia solar. A poiquilodermia solar é encomrada 
também em pessoas jovens, de pele clara, enquanto a 
degeneração colóide da pele ocorre raramente. Na se-
nescência, todas estas alterações comam-se mais acen-
tuadas. Entretanto, elas não dependem da idade do 
indivíduo, mas sim do tipo de pele e da intensidade 
da exposição solar. Por este motivo, ao termo fotosse-
nescência, deve-se preferir o de pele fotolesada ou fo-
toenvelhecida. Assim, as pessoas com pele branca-da-
ra (tipos 1 e 2), que se expõem ao sol, desenvolverão 
estas lesões a partir dos 30 anos de idade, enquanto 
as de pele morena-dara (tipo 3), mais rardiamente; e 
as de pele morena-escura, parda ou preta, mesmo com 
exposiçóes freqüentes ao sol, irão apresentar escas alte-
rações entre os 50-60 anos. Na realidade, o benefício 
da exposição solar é pequeno e pode-se d izer que: o 
sol é para a pele o que o dlcool é para o fígado, o fumo 
para os pulmões e a gordura para o coração. 
É variável a nomenclatura para aquelas alterações 
da pele provocadas pelo sol. Atualmente a tendência é 
a denominação de dermacohelioses (Tabela 85.5). 
RECURSOS PREVENTI VOS E 
TERAPÊUTI COS PARA A PELE 
IDOSA 
O elemento fundamental da pele do idoso é a dimi-
nuição do manto lipídico e o menor conteúdo de água, 
o que determina a secura do tegumento. Os cuidados 
de manutenção da pele em idosos são os seguintes: 
1. Usar a quantidade mínima de sabões e detergen-
tes, limitando-se somente ao necessário para lim-
peza. 
2. Evitar o uso de sabóes anti-sépticos ou conten-
do drogas, preferindo os assim chamados sabóes 
neutros ou para pele seca. 
3. Usar, no tronco e membros, após o banho, 
cremes lubrificantes. De uma maneira geral, o 
creme, quanto mais graxo ou uncuoso (óleo de 
amêndoas, vaselina líquida), tem melhor ação 
para conservação do manto hidricolipídico. En-
tretanto, as substâncias oleosas ou graxas não são 
agradáveis. Por esta razão, preferem-se cremes ou 
TABELA 85-5. CARACTERÍSTICAS DA PELE LESADA ACTÍNICA 
Anormalidade Clínica 
Pele áspera e seca 
Ceratose actinica 
Pigmentação irregular (sardas) 
Lentigenes 
Hipomelanose gutata 
Hiperpigmentações persistentes 
Rugas (superficiais ou profundas) 
Pseudocicatrizes estelares 
Elastose 
Pele inelástica 
Telangiectasia 
Lago venoso 
Púrpura senil 
Doença Favre et Racouchot 
Hiperplasia sebácea 
Anormalidade Histológica 
Camada córnea pouco alterada 
Atipia nuclear, alteração progressiva na maturação do queratinócito 
Hiperplasia e hipoplasia da epiderme e ocasional inflamação dérmica 
Número reduzido de melanócitos fortemente dopa-positivo 
Alongamento dos rete Malpighi e melanização dos melanocitos 
Número reduzido de melanócitos anormais 
Reduzido número de melanócitos dopa-positivo 
Nada alterado 
Ausência de pigmentação na epiderme, colágeno dérmico alterado 
Agregados nodulares de material fibroso amorfo na derme papilar 
Derme elastótica 
Vasos ectáticos com paredes atróficas 
Vasos ectáticos com paredes atróficas 
Extravasamento de eritrócitos 
Ectasia superficial do folículo pilossebáceo 
Hiperplasia concêntrica 
loções, bem tolerados e dos quais existem inúme-
ros preparados comerciais. 
4. Na pele da face, é conveniente evitar o uso de 
sabões. Pode-se limpar somente com água ou 
usar um creme de limpeza. Existem numerosos 
produtos no comércio com esta finalidade. 
5. A exposição ao sol deve ser rescrita ao mínimo 
no idoso. Além da ação cumulativa deletéria dos 
raios solares no decurso dos anos, a pele apre-
senta maior sensibilidade às radiações accínicas. 
O dessecamento torna-se mais acentuado e, de 
outro lado, há ação solar no aparecimento da 
melanose e queratose solares e dos tumores ma-
lignos cutâneos. Quando houver a exposição ao 
sol, usar proteção f~sica (vestuário e chapéu) ou, 
quando necessário, proteção químico-física (lo-
ções ou cremes anti-solares) . 
6. O uso de ácido retinóico ou ácido glicólico me-
lhora a pele idosa ou fotoenvelhecida. 
Os objetivos terapêuticos estão preponderante-
mente dirigidos ao controle de rugas e ao fotoen-
velhecimento. A tretinoína tópica surgiu como 
esperança no início dos anos oitenta porém, mes-
mo a longo prazo, sua validade é controvertida 
ALTERAÇÕES NA PELE DO I DOSO 
podendo-se dizer o mesmo para a ação tópica da 
isotretinoína. Os alfa-hidroxiácidos são outros 
recursos utilizados em baixas concentrações com 
propriedades hidratantes e queratolíticas. O pa-
pel dos radicais livres com responsabilidade no 
envelhecimento cutâneo é utilizado como um 
pretenso efeito protetor nas moléculas anti-radi-
cais sobre os danos actínicos Outros recursos são 
as esfoliações (peelings) cutâneas feitas com pre-
parações à base de resorcina e ácido tricloroacéti-
co. Para esfoliações profundas (dermatoabrasões) 
pode-se usar o fenol. Atualmente, está sendo 
muito empregado o laser de co2 pulsátil. 
7 . Não foi demonstrado que antioxidantes melho-
rem a pele idosa. Entretanto, é comumente usada 
a administração de Vitamina C (1 g/dia) e Vita-
mina E ( 400 mg/ dia) para o estado geral do ido-
so, o que, eventualmente, pode ser benéficopara 
a pele. No idoso, é sempre indicado suplemento 
vitamínico e dieta alimentar balanceada. 
Na Tabela 85.6, encontram-se resumidas as in-
tervenções profiláticas e terapêuticas para a pele do 
idoso. 
TABELA 85-6. RECURSOS PROFI LÁTICOS E TERAPÊUTICOS 
Filtros solares (físicos e químicos UVA e UVB). Ação profilática. 
Tretinoína 0,025 (uso permanente). 
Hidroxiácidos. Outros agentes com efeito "peeling". 
Laser-resurfacing. C02 pulsado. 
Antioxidantes (Vit. E.C.A., betacoroteno, selênio, flavonoídes) opções pessoais. 
Dermabrasão. Química ou Mecânica. 
Cosméticos emolientes (ceramidas, vaselina, parafina, ceras, álcoois gordurosos, fi lmes hidrófilos, substâncias higroscópicas). 
1321 
DERMATOSES NA GESTANTE 
A gravidez é uma condição que envolve marcantes 
modificações metabólicas, protéicas, lipídicas, glicí-
dicas, endócrinas (decorrentes de agentes hormonais 
com alteração de estrogênios, ~-Hcg e prolactina, 
entre outros), imunológicas e vasculares que poderão 
levar a alterações da pele e dos anexos a nível fisioló-
gico e patológico. 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DA 
PELE NA GRAVIDEZ 
As alterações cutâneas fisiológicas da gravidez 
podem ser divididas em alterações pigmentares, al-
terações dos cabelos e pêlos, alterações ungueais, al-
terações funcionais das glândulas da pele, alterações 
vasculares e alterações mucosas. 
ALTERAÇÕES PIGMENTARES 
MELASMA (CLOASMA) 
Melasma é uma melanodermia que ocorre na 
face em cerca de 70% das mulheres grávidas (Figu-
ra 86.1). 
A hiperpigmentação resulta de excesso de deposição 
de melanina na epiderme (70% dos casos), na derme, 
fagocitada por macrófagos (10 a 15% dos casos) ou na 
epiderme e derme simultaneamente (20% dos casos). 
F1G. 86. 1. Melasma com padrão malar. Lesões acas.tanhadas nas 
regiões malares e na região supralabial. 
São considerados fatores etiológicos: alterações 
hormonais, predisposição constitucional, exposição 
solar e cosméticos. 
Admitem-se possíveis influências de estrógenos, 
progesterona ou mesmo do hormônio melano esti-
mulante mas não existe nenhum mecanismo hormo-
1324 
DERMATOLOGIA 
nal cabalmente demonstrado. O desencadeamento 
de melasma em mulheres recebendo anticoncepcio-
nais é um argumento favorável à ação hormonal. A 
presença de melasma em homens demonstra que 
os fatores hormonais não são únicos na gênese do 
melasma. Como as demais hiperpigmentações da 
gravidez, o cloasma é mais freqüente nos indivíduos 
de pele mais escura, existindo, portanto, um fator 
constitucional. A exposição solar é o fator desenca-
deante mais importante, pelo estímulo que as radia-
ções ultravioletas representam para a melanogênese. 
Produtos cosméticos contendo derivados de petró-
leo, psoralênicos e outros fotossensibilizantes podem 
agravar o melasma. 
O quadro clínico, histopatológico, a diagnose e o 
tratamento já foram analisados no Capítulo 27. 
OUTRAS H I PERP!GMENTACÕES 
~ 
DA GRAVIDEZ 
Cerca de 90% das mulheres grávidas apresentam 
h iperpigmentação, habitualmente discreta, de algu-
mas áreas corpóreas como mamilos, aréolas mamárias, 
axilas, face interna das coxas e genitais e da "linea 
alba' do abdome que, na gravidez, é designada "linea 
nigri'. Também pode ocorrer hiperpigmemação de 
lesões pigmentadas pré-existentes como sardas, nevos, 
lentigos e cicatrizes. As mesmas influências hormo-
nais consideradas na gênese do melasma são admitidas 
para explicar essas hiperpigmentações, que tendem a 
diminuir gradualmente após o parto. 
ALTERAÇÕES DOS CABELOS 
E PÊLOS 
H IRSUT!SMO 
Praticamente, todas as mulheres na gravidez apre-
sentam cerco grau de hirsutismo, particularmente na 
face e, menos freqüentemente, nos braços, pernas e 
dorso. Admite-se que o fenômeno se relacione às al-
terações hormonais próprias da gravidez e, em geral, 
regride dentro dos 6 meses pós-parto. Quando, duran-
te a gravidez, surge hirsutismo muito intenso, deve-se 
considerar a possibilidade de tumores andrógeno-secre-
tantes, luteomas ou cistos luteínicos, ou ainda, ovários 
policísticos. Nestes casos, pode ocorrer virilização dos 
fetos femininos. Quando estes fenômenos de hirsutismo 
intenso ocorrem na ausência de tumores virilizantes, o 
processo pode ressurgir em gestações subseqüentes. 
DEFLÚV!O TE:LÓGENO PÓS-PARTO 
Caracteriza-se por intensa queda de cabelos, que 
ocorre de 2 a 5 meses após o parto e, em geral, dura 
de 1 a 5 meses, podendo, em alguns casos, persis-
tir por até 15 meses. O deflúvio telógeno pós-parto 
decorre da permanência dos cabelos na fase anágena 
por longo tempo durante a gravidez diminuindo in-
clusive as perdas capilares fisiológicas. Após o parto, 
cessadas as condições hormonais que produziram a 
longa permanência dos cabelos na fase anágena, 30% 
destes entram em fase telógena havendo, a seguir, im-
portante queda de cabelos. Embora normalmente o 
processo cesse e haja reposição total dos cabelos, em 
algumas mulheres com tendência genética à alopecia 
androgenética, esta pode ser precipitada pelo parto; 
inclusive, em algumas mulheres, durante a gravidez, 
pode ser observada alopecia com padrão androgené-
tico com discreta perda de cabelos na linha fronto-
parietal (Figura 86.2). 
FIG. 86.2. Alopecia de padrão androgenético feminino na gestação. 
T RATAM ENTO E P ROFI L AXIA 
Não existem medidas específicas para prevenção ou 
tratamento das alterações pilosas e capilares da gravi-
dez. Destas alterações a que mais preocupa as pacientes 
é a perda de cabelos. A atitude mais im portante é tran-
qüilizar a paciente e esclarecer qu anto à benignidade 
do processo e a plena recuperação dos cabelos. Se exis-
tirem fatores agravantes, estes devem ser elim inados. 
Entre os possíveis fatores agravantes, devem ser con-
sideradas drogas como citostáticos, antitireoideanos, 
hipocolesterolemiantes, anticoagulantes, anriconvulsi-
vantes, capropril e outras d rogas que, quando possível, 
devem ser reti radas ou substituídas. Condições capa-
zes de causar deficiência$ protéicas, com o d istúrbios 
gastroentéricos, d ietas exageradas e anemia, se houver, 
devem ser corrigidas (ver Capítulo 31). 
ALTERAÇÕES UNGUEAIS 
Na gravidez, são observadas várias al terações un-
gueais: sulcos transversos, fragilidade ungueal, onicólise 
e hiperqueratose subungueal, m as não existe explica-
ção patogênica para a ocorrência destas anomalias na 
gravidez (Figura 86.3). Como em anemias e estados 
carenciais podem ser observadas essas alterações, admi-
te-se a possibilidade de, na gravidez, relacionarem -se 
à espoliação que este estado fisiológico esp ecial pode 
provocar. Portanto, a manutenção do estado nutricio-
nal adequado pode contribuir para que se m inimizem 
essas alterações. Também é recomendável que se evitem 
traumas como, por exem plo, a manipulação das cutí-
culas das unhas. 
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS DAS 
GLÂNDULAS DA PELE 
AUMENTO DA ATIVIDADE DAS 
GLÂNDULAS ÉCRINAS 
D urante a gravidez, observa-se aumento da sudore-
se à exceção das regiões palmo-plantares nas quais há 
diminuição da atividade écrina. O aumento da sudo-
rese poderia estar associado, segundo alguns aurores, a 
aumento da função tireóidea e pode contribuir para o 
aparecimento de manifestações de hiper-hidrose e mili-
ária (Figura 86.4). 
Para m inimizarem-se essas alterações, deve-se reco-
mend ar à gestante evitar ambientes muito quentes e 
utilizar ves tuário leve. 
D ERMATOSES NA GESTANTE 
F 1G. 86.3. Onicólise distal e estriação longitudinal da unha em gestante. 
F 1G. 86.4. Miliária. Lesões eritêmato·papulosas no tronco e membro 
superior. 
AUMENTO DA ATIVIDADE DAS 
GLÂNDULAS SEBÁCEAS 
Q uanto à influência da gravidez na atividade das 
glân dulas sebáceas, é controversa. Alguns trabalhos in-
dicam diminuição da atividade dessas glândulas, o que 
explicaria a melhora de doenças relacionadas à atividade

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