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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Tecnologia e Geociências Departamento de Engenharia Química Química Industrial – Bioquímica Aplicada Determinação do Ponto Isoelétrico da Caseína Everton Fidelis Lucas Fernando Mellina Praxedes Marcela Lima Pedro Gabriel Vanessa Silva Recife, 2016 2 1. Introdução Em geral, as proteínas são macromoléculas orgânicas formadas por aminoácidos ligados por ligações peptídicas. Elas apresentam diversas funções no organismo como: estrutural, hormonal, enzimática, imunológica, nutritiva e de transporte citoplasmático. O leite contém de 30 a 36 g/L de proteínas, que são classificadas como caseínas e proteínas do soro. A fração de caseína no leite pode ser encontrada em maior quantidade na forma de agregados coloidais chamados de micelas. A micelas são constituídas de água, proteína e de sais. A caseína encontra-se na forma de caseinato, ligados principalmente a cálcio e magnésio. Isso contribui para a solubilização das altas concentrações de cálcio e fosfato e fluidização das moléculas de caseína. Durante a hidratação, a interação entre a água e a proteína são liberados resíduos de aminoácidos iônicos que provocam repulsão eletrostática entre as moléculas de proteína devido a carga liquida positiva ou negativa em qualquer pH diferente do isoelétrico. Em valores abaixo desse pH, a proteína apresenta carga líquida positiva, devido à protonação dos grupos básicos (-NH2), e acima deste apresenta carga líquida negativa. Porém no pH isoelétrico, o número de cargas positivas equivale ao número de cargas negativas e este é denominado ponto isoelétrico (PI). No pH isoelétrico, as propriedades físicas de uma proteína são mínimas. Por exemplo, a mobilidade em um campo elétrico, pressão osmótica, viscosidade e solubilidade são mínimas. Essas características são usadas para a determinação do ponto isoelétrico (Powar, C.B., and Chatwal, G.R). Neste ponto a falta de repulsão eletrostática promove a agregação e a precipitação por meio de interações hidrofóbicas. Em pH 4,5 – 4,6, a caseína, proteína majoritária do leite, precipita em seu ponto isoelétrico, coalhando o leite, que mais tarde poderá ser usado para a produção de queijo. 2. Objetivo Determinar experimentalmente o ponto isoelétrico da caseína. 3 3. Materiais Ácido acético 1,0 mol/L Água destilada Balão volumétrico de 50,0mL Banho-maria Bastão de vidro Béqueres Centrífuga Estante para tubo de ensaio Funil Hidróxido de sódio 1,0mol/L Leite desnatado Pipeta graduada Potenciômetro Proveta Recipiente para centrífuga Tubos de ensaio Tubo falcon 4. Procedimento experimental Com auxílio de uma proveta, mediu-se 50,0 mL de leite desnatado, o volume foi transferido para dois tubos falcon de 25,0 mL e em sequência juntou-se ácido acético 1,0 mol/L até se observar precipitação. Em seguida, foram adicionados mais 5,0 mL do ácido acético 1,0 mol/L e levou-se a centrifugação a 3000 rpm por um período de 5 minutos. Decorrido o tempo, o sobrenadante foi desprezado. O precipitado depositado no fundo do tubo falcon foi ressuspenso com água destilada e levado a centrifugação, durante o mesmo período de tempo. Desprezou- se novamente o sobrenadante. Paralelo, adicionou-se 25,0 mL de água destilada em um béquer, juntamente com 5,0 mL de NaOH 1,0 mol/L e os aqueceu em banho-maria a 40⁰C. Atingida a temperatura, verteu-se o precipitado de caseína até total dissolução. Observou-se certa turvação da solução, logo fez-se uso de filtração simples para eliminar sólidos suspensos antes de proceder com o procedimento. Com a solução devidamente livre dos sólidos, transferiu-se para um balão volumétrico de 50,0 mL, adicionou-se 5,0 mL de ácido acético 1,0 mol/L e avolumou com água destilada. Nove tubos de ensaio foram preparados. No tubo 1, 6,8 mL de água destilada e 3,2 mL de ácido acético 1,0 mol/L foram adicionados e levou-se a agitação. Nos tubos 2 a 9, 8,0 mL de água destilada foram vertidos e em seguida uma alíquota do tubo 1, foi transferida para o tubo 2. O procedimento repetiu-se para todos os tubos, retirou-se uma alíquota de 2,0 mL e transferiu-se para o tubo seguinte. 4 Procedendo com o procedimento, a cada um dos tubos transferiu-se 1,0 mL da solução de caseína contida no balão. Após a transferência, agitou-se e observou-se o resultado. Observações visuais do estado físico de cada tubo foram devidamente anotadas. Esperou-se por um período de 15 minutos para que procedesse com as leituras dos valores de pH de cada tubo, fazendo-se uso de um potenciômetro. Com os resultados dos valores de pH, juntamente com as observações visuais das soluções contidas nos tubos, foi possível determinar o ponto isoelétrico da caseína. 5. Resultados e discussões É sabido que o ponto isoelétrico de uma molécula é o valor de pH, no qual ela apresenta equivalências de suas cargas positivas e negativas, medições do pH das soluções contidas nos tubos de ensaios foram realizadas (tabela 1) para determinação do tal. Tabela 1: resultados do pH das soluções dos tubos de 1 a 9. Tubos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 pH 3,50 4,36 4,89 5,23 5,38 5,42 5,41 5,37 5,38 Atrelado às medições de pH, fez-se observações visuais das características físicas das soluções para que o ponto isoelétrico da caseína fosse devidamente determinado (tabela 2). Tabela 2: observações visuais das soluções dos tubos de 1 a 9. Tubos Observações visuais 1 Levemente turvo 2 Turvo com presença de precipitado 3 Levemente turvo com presença de precipitado 4 Extremamente turvo com presença de precipitado 5 Turvo 6 Turvo 7 Turvo 8 Turvo 9 Turvo A estabilidade da caseína é dada de acordo com a conformação de seus aminoácidos. Em soluções fortemente ácidas ou básicas a carga líquida da proteína difere de zero o que a faz manter-se interagindo eletrostaticamente com a solução através de resíduos de aminoácidos iônicos. Isto explica o porquê de os tubos 1 e 5 a 9 não apresentaram precipitado, visto que as cargas positivas e negativas nestes casos diferiram. Já os tubos 2, 3 e 4 apresentaram presença de precipitado branco, indicando que a quantidade de íons hidrônio presentes na solução é suficiente para se equivaler a carga das 5 moléculas da caseína igualando sua carga líquida a zero e consequentemente atingir o ponto isoelétrico. Neste ponto, ocorre a falta de repulsão eletrostática promovendo a agregação das moléculas e interação hidrofóbica, confirmada pela presença do precipitado. Imagem 1: tubos de ensaios após adição de 1,0 mLde caseína. 1 a 9, da esquerda para direita É notório também que, embora não apresentem precipitado os tubos 5, 6, 7, 8 e 9 apresentam turbidez acentuada em relação ao tubo 1 (ver-se imagem 1). Uma explicação para o ocorrido é que ao adicionarmos ácido na primeira etapa do procedimento, além de precipitarmos a caseína e modificamos suas moléculas de forma que o cálcio, fator que a faz ser solúvel por formação de sal, é eliminado com o soro na forma de fosfato de sódio. E apesar de a acidificação ser um fator primordial para reduzir a carga e a hidratação das proteínas, ela fragiliza as ligações que mantêm as micelas de caseínas juntas, deixando-as mais escassas numa faixa de pH 5,2 a 5,3.6 6. Conclusão De acordo com a literatura, o ponto isoelétrico da caseína, proteína purificada e insolúvel em água, compreende-se entre 4,5 e 4,6. O resultado obtido neste experimento compreende-se nas leituras de pH realizadas nos tubos 2, 3 e 4, pH de 4,36 a 5,23. Nesses tubos foi notória alto grau de turbidez da solução com presença de precipitado branco, indicando a insolubilidade da caseína ao atingir seu ponto isoelétrico. Pequenos erros operacionais, variações de calibração de vidrarias, bem como a falta da leitura da temperatura real da solução pelo potenciômetro à medida que se fez as leituras de pH devem ser levados em consideração para que não existisse exatidão no valor obtido. 7. Referências bibliográficas [1]. Walstra, P.. Food Science and Technology: Dairy Technology, Volume Vol. 90: Principles of Milk Properties and Processes. New York, US: CRC Press, 1999. ProQuest ebrary. Web. 19 August 2016. [2]. de Boer, Ruud. From Milk By-Products to Milk Ingredients: Upgrading the Cycle (1). Somerset, GB: Wiley, 2014. ProQuest ebrary. Web. 19 August 2016. [3]. Park, Young W., and Haenlein, George F. W., eds. Milk and Dairy Products in Human Nutrition: Production, Composition and Health (1). Somerset, GB: Wiley-Blackwell, 2013. ProQuest ebrary. Web. 19 August 2016. [4]. Damodaran, S.; Parkin, K. L.; Fennema, O. R. Química de alimentos de Fennema. 4ª.ed, Porto Alegre: Artmed, 2010. [5]. O’CONNELL, J. E.; FOX, P. F. The two-stage coagulation of milk proteins in the minimum of the heat coagulation time-pH profile of milk: effect of casein micelle size. Journal of Dairy Science, United States, v. 83, p. 378-386, 2000. [6]. O’CONNELL, J. E.; KELLY, A. L.; FOX, P. F.; DE KRUIF, K. G. Mechanism for the ethanol dependent heat-induced dissociation of casein micelles. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 49, p. 4424-4428, 2001.
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