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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO RIO DE JANEIRO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO RIO DE JANEIRO.
Lorena ----------------, portadora da carteira de identidade Nº-----------------------, expedida pelo ---------------------, inscrita sob o CPF nº--------------------------, residente e domiciliada na---------------------------- , CEP. ---------------------, Rio de Janeiro, RJ, vem, perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado que a esta subscreve, com endereço profissional------------------------------------, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 20031-007, local que indica para receber as intimações e notificações de praxe, conforme artigo 287 do NCPC, propor a presente:
AÇÃO INDENIZATÓRIA C/ DANOS MORAIS
Em face da Casas Bahias, com endereço na --------------------------, CEP ----------------e, com sede na ------------------------- CNPJ----------------------, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
1- DA JUSTIÇA GRATUITA
A autora esclarece, sob as penas da lei, no momento, ser pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não estando em condições de demandar ou ser demandada, sem sacrifício do seu próprio sustento e o de seus familiares, motivo pelo qual, pede que - a bem da Justiça - lhe seja concedido o benefício da GRATUIDADE DE JUSTIÇA, Consoante o disposto no art. 5º, incisos XXXIV e LXXIV, da CRFB/88, e, das Leis 1.060/50 e 7.115/83.
2- DOS FATOS
A autora no dia 24/07/2017, realizou uma compra a vista junto ao site da loja Casa Bahia, através de seu cartão de credito nº --------------.
A autora comprou cama box para colchão casal gazin universal bordado com o valor de R$229,90, para presentear seu namorado que esta sem qualquer móvel em sua casa pois acabará de mudar para o rio de janeiro. O prazo dado pela loja para entrega era ate o dia 04/08/2017, o prazo máximo foi alcançado e não ocorreu a entrega do produto e apesar de ter uma pessoa disponível para receber o produto a autora começou a receber e-mails da Casa Bahia informando tentativas infrutíferas de entrega do produto conforme documentos anexos.
A Ré alegou que na sua primeira tentativa de entrega no dia 28/08/2017, não localizou o endereço da autora, o que já demonstra o não cumprimento de seu contrato pois o prazo máximo para entrega era ate o dia 04/08/2017.
A autora solicitou a conferencia de seus dados cadastrais junto ao SAC da Ré, e como já sabia estavam todos corretos.
 A autora entrou em contato mais uma vez com as Casa Bahia para ter uma previsão da entrega e depois de varias tentativas sem obter uma resposta sobre o seu problema a autora aguardou um posicionamento da Ré que não deu qualquer justificativa para o atraso e nem explicou o porque de continuar enviando e-mails para a autora com alegações de entregas infrutíferas já que todos seu dados estavam corretos e o Sr. Milton esteve todos os dias aguardando a entrega no horário comercial, inclusive em seus dias de folga do trabalho.
A autora tentou muito por varias vezes em tentativas sem sucesso ligar para pedir explicações sobre sua entrega, mas por varias vezes a ligação caia sem que que se completasse o atendimento logo que ela esclarecia o motivo de sua ligação ou pedia o numero de seu protocolo de atendimento.
Até a presente data 11/04/2018 não houve o procedimento da entrega. 
3- DO DIREITO
3.1 DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS VIOLADOS
A dignidade da pessoa humana é um dos corolários mais importante a ser resguardado.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Ocorre que as Rés, negligenciaram os direitos da autora em viabilizar, da melhor maneira possível, omitindo-se com relação aos danos materiais e morais.
3.2 - DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA:
O código de Defesa do Consumidor no seu art. 20, protege a integridade dos consumidores.
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.
Neste sentido, estabelece o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor que:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Assim, é insofismável que as Rés feriram os direitos da consumidora ao agir com total descaso, desrespeito e negligencia, configurando má prestação de serviços, o que causou danos. 
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
Deste modo, amparado pela lei, doutrina e jurisprudência pátria, a consumidora deverá ser indenizada pelos danos que lhe forem causados, bem como ser restituída no valor do produto
3.3 - DOS DANOS MORAIS
Em resumo dos fatos, percebe-se a afronta aos direitos fundamentais- à honra e a dignidade da Autora e grave comprometimento de sua profissionalização.
O dano moral é claro ante ao constrangimento, a frustração e a dor, a qual foi submetida desnecessariamente a autora, configurando verdadeiro e ostensivo ataque à sua honra.
Configura ato ilícito a conduta praticada por alguém nos ditames do Art. 186:
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
O direito à honra se traduz juridicamente em larga série de expressões compreendidas, como princípio da dignidade humana: o bom nome, a fama, o prestígio, a reputação, a estima, o decoro, a consideração, o respeito nas relações de consumo, etc.
É cristalino, que a desídia e o desrespeito das RÉS para com a AUTORA, omitindo-se, ao entregar o produto correto adquirido através de cartão de credito.
Portanto a atitude ilícita da RÉ configuram um ataque frontal ao sistema civil dos contratos e das cobranças, de inspiração constitucional.
A própria Carta Magna, de 1988, em seu artigo 5º X, que admite, a indenização do dano moral, nos seguintes termos:
“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
A Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais, tais como a intimidade, a vida privada e a honra das pessoas:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Por derradeiro, é oportuno dizer que, de acordo com a lição do eminente Desembargador Sérgio Cavalieri Filho, a prova do dano moral não é feita através dos mesmos meios utilizados para o dano material, por se tratar de algo subjetivo. Dispõe, in verbis:"O dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à que guisa de uma presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras de experiência comum."
O ato ilícito foi configurado, ferindo o direito personalíssimo à honra, imagem, a AUTORA suportou a dor do constrangimento, sem contar os desatinos causados pela RÉ.
Nada mais justo que o dever de indenizar conforme o art. 927 que trata do dever de indenizar:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
3.4 DO DANO MATERIAL e REPETIÇÃO DE INDEBITO
A AUTORA efetuou o pagamento referente a compra do produto da Ré, no cartão de crédito, logo, a AUTORA requer a devolução dos valores pagos em dobro.
O dano material ocorreu ante ao pagamento do montante. O valor quitado pela AUTORA deverá ser devolvido em dobro, à luz do que prescreve o artigo 884 do CC:
“Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.”
Contudo, o artigo 42 parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor, esclarece também:
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Também, o Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a integridade moral dos consumidores:
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
4 - DO QUANTUM INDENIZATÓRIO:
No que concerne ao quantum indenizatório, forma-se o entendimento jurisprudencial, mormente em sede de dano moral, no sentido de que a indenização pecuniária não tem apenas cunho de reparação de prejuízo, MAS TAMBÉM CARÁTER PUNITIVO OU SANCIONATÓRIO, PEDAGÓGICO, PREVENTIVO E REPRESSOR: a indenização não apenas repara o dano, repondo o patrimônio abalado, mas também atua como forma educativa ou pedagógica para o ofensor e a sociedade e intimidativa para evitar perdas e danos futuros.
Impende destacar ainda, que tendo em vista serem os direitos atingidos muito mais valiosos que os bens e interesses econômicos, pois reportam à dignidade humana, a intimidade, a intangibilidade dos direitos da personalidade, pois abrange toda e qualquer proteção à pessoa, seja física, seja psicológica. As situações de angústia, paz de espírito abalada, de mal estar e amargura devem somar-se nas conclusões do juiz para que este saiba dosar com justiça a condenação do ofensor.
Conforme se constata, a obrigação de indenizar a partir do dano que a Autora sofreu no âmbito do seu convívio domiciliar, social e profissional, encontra amparo na doutrina, legislação e jurisprudência de nossos Tribunais, restando sem dúvidas à obrigação de indenizar da Promovida.
Assim sendo, deve-se verificar o grau de censurabilidade da conduta, a proporção entre o dano moral e material e a média dessa condenação, cuidando-se para não se arbitrar tão pouco, para que não se perca o caráter sancionador, ou muito, que caracterize o enriquecimento ilícito.
Portanto, diante do caráter disciplinar e desestimulador da indenização, do poderio econômico das Rés, das circunstancias do evento e da gravidade dos danos causados à autora, mostra-se justo e razoável a condenação por danos morais das Rés num quantum indenizatório de R$20.000,00 (vinte mil reais).
5 - DOS PEDIDOS:
- Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que se digne em:
1) Preliminarmente, que seja CONCEDIDA os benefícios da Justiça Gratuita nos termos do art. 4º da lei 1.060/50 e art. 1º da lei 7115/1983, pois a autora não tem condições de arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais, sem prejuízo de seu sustento e de sua família; bem como, para arcar com despesas de custas processuais;
2) Determine a citação da Ré, nos endereços anteriormente citados para, querendo, contestarem na forma e sob o rigor e os efeitos da revelia;
3) Condene a Ré solidariamente ao pagamento de indenização a título de danos morais na importância de R$20.000,00 (vinte mil reais), face aos transtornos experimentados, não somente em caráter punitivo, bem como, em caráter preventivo-pedagógico;
4) Condene a Ré solidariamente ao pagamento de indenização a título de danos materiais no valor de em dobro haja vista, não ter recebido o produto, conforme artigo 35 III do Código de Defesa do Consumidor.
5) Condenem a Ré ao pagamento de custas processuais e 20% a título de honorários advocatícios;
6) A inversão do ônus da prova, de acordo com o art. 6º, inc. VIII, da Lei n. 8.078/90, ante a verossimilhança das alegações e da hipossuficiência técnica da autora.
7) Que seja designada audiência de conciliação ou mediação, na forma do artigo 334 do NCPC.
6 – DAS PROVAS
Requer pela produção provas, em especial as de caráter documental, testemunhal, depoimento pessoal, sob pena de confissão.
7- DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 20.600 (vinte mil seiscentos reais).
N. Termos,
Pede deferimento.
Niteroi 11 de Abril de 2018
OAB/RJ nº 189.991

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