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Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) 1. INTRODUÇÃO As proteínas são compostas de aminoácidos e têm a função de reparar os tecidos, participam no equilíbrio entre os fluidos do corpo, de acordo com sua estrutura molecular, tem uma função biológica associada às atividades vitais. São encontradas nas carnes vermelhas, frango, peixe, ovos, soja, leite e derivados. Nos alimentos, além da função nutricional, as proteínas têm propriedades organolépticas e de textura. Podem vir combinadas com lipídeos e carboidratos (CECCHI, 2003). As proteínas são constituídas de 21 aminoácidos-padrão diferentes reunidos em combinações praticamente infinitas, possibilitando a formação de estruturas diversas. O número e a sequência em que cada aminoácido aparece, o tamanho da cadeia e a conformação molecular tridimensional são os responsáveis pela diversidade de proteínas encontradas, não somente em alimentos, mas em toda a natureza. As propriedades funcionais das proteínas são definidas propriedades físico-químicas que afetam o seu comportamento no alimento durante o preparo, processamento e armazenamento, e contribuem para a qualidade e atributos sensoriais dos alimentos. Suas propriedades funcionais podem ser classificadas em hidrofílicas, afinidade com a água; interfásicas, capacidade das moléculas de proteína se unirem formando uma película entre duas fases imiscíveis; intermoleculares, capacidade de formarem ligações entre si ou com outros componentes dos alimentos; reológicas, dependem de características físicas e químicas específicas das proteínas; e organolépticas, manifestam-se através dos órgãos dos sentidos, referindo-se a textura, cor, sabor e aroma. Fatores como temperatura, pH, processos de obtenção e isolamento de proteínas, entre outros, podem afetar essas propriedades funcionais, como a solubilidade por exemplo. Por definição, solubilidade é a porcentagem de proteína que se mantém em solução ou dispersão coloidal sob condições específicas e que não sedimenta com forças centrífugas moderadas. Para que uma proteína seja solúvel, ela deve interagir com o solvente, seja por pontes de hidrogênio, dipolo-dipolo e também por interações iônicas, e, por isso, podemos definir “solubilidade” como o equilíbrio entre as interações proteína-proteína e proteína-solvente. 1 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) Uma das principais vantagens de uma boa solubilidade é que, assim, se permite a dispersão rápida e completa das moléculas de proteína. A solubilidade é um fator importante, ainda, na indústria alimentícia, pois é essencial na elaboração e fabricação de certos alimentos, como: sopas, molhos, purês, bebidas, etc. Não somente para isso, mas também é importante conhecer a solubilidade quando se pretende determinar o grau de extração e purificação das proteínas. 2. OBJETIVOS - Obter a curva padrão para determinação do teor de proteínas em alimentos. - Discutir a relação entre solubilidade de proteínas em função do pH. - Obter o isolado proteico de soja, proteínas do leite e isolar o glúten da farinha de trigo. 3. MATERIAIS E MÉTODOS – PARTE I - Solução para o teste de " Biureto "(solução de Cu+2): Foi diluído em 500 mL de água destilada 1,50 g de CuSO4.5H20 e 6,00 g Na2C4H4O6 (Tartarato). Adicionou-se 300 ml de NaOH 10 % em água destilada. Completou o volume para 1000 mL com água destilada. 1-Preparação da curva padrão para determinação do teor de proteína: Preparou-se100 mL de solução aquosa contendo 10 mg de proteína/mL (Soroalbumina bovina). Preparou-se tubos de ensaio contendo as seguintes concentrações crescentes de proteína (a proteína e a absorvância serão informados no tópico de discussão de resultados): 2 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) Tabela 1 – Fonte: Roteiro aula prática 7 do professor Frederico Barros Em cada tubo, foi adicionado 4 ml de solução de Cu+2. Misturou, deixou reagir por 20 minutos em banho maria a 37oC. Após, foi feita a leitura da Absorbância (540 nm) no espectrofotômetro. Usou-se o tubo 0 com o " branco " para zerar o aparelho. Anotaram-se os resultados. 2. Curva de solubilidade da proteína em função do pH. Ponto isoelétrico: Em um béquer, com agitador magnético, pesou-se 3,0 g de farinha de soja desengordurada. Completou o volume para 200 mL com água destilada. Colocou-se o béquer na chapa agitadora e deixou agitando por 5 min. Colocou-se o eletrodo do pHmetro na solução sob agitação. Sob agitação constante, adicionou-se gotas de HCL (6 N, 2N ou 0,5N), ajustando o pH da suspensão de farinha de soja desengordurada para 6,0; 4,5; 3,0 e 2,0. A cada valor de pH ajustado retirou-se e transferiu-se para um tubo de ensaio uma alíquota de 6mL da suspensão. Também sob agitação constante, adicionou-se gotas de NaOH (6N, 2N ou 0,5N), ajustando o pH da suspensão de farinha de soja desengordurada para 7,0; 8,0; 9,0 e 10. A cada valor de pH ajustado retirou-se e transferiu-se para um tubo de ensaio uma alíquota de 6mL da suspensão. Deixou esses tubos decantando por 10 minutos. Transferiu-se uma alíquota de 2,0 mL do sobrenadante de cada tubo para outro tubo de ensaio e foi adicionado, neste tubo, 1mL de água destilada e 4 mL de Solução de Cu +2. Esperou-se 20 minutos (em banho maria a 37oC) e foi feita a leitura da Absorbância (540 nm) no espectrofotômetro. Anotaram-se os resultados. 3 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) 4. MATERIAIS E MÉTODOS – PARTE II A) Separação da proteína de soja: Em um béquer com agitador magnético, pesou-se 5,0 g de farinha de soja desengordurada e completou o volume para 300 mL com água destilada. Ajustou-se o pH da suspensão de farinha de soja desengordurada para 9,0. Deixou sob agitação por 10 minutos. Parou a agitação e centrifugou-se (2500rpm/10 min). Ajustou-se o pH do sobrenadante para 4,5 (pH do ponto isoelétrico da proteína de soja). Agitou-se por 5 min e centrifugou-se (2500 rpm/10 min). Separou-se o " isolado proteico de soja". B) Separação da proteína do leite: Ajustou-se o pH para 4,5 em uma amostra de leite integral (200 mL). Centrifugou-se (2500 rpm/15 min) e separou-se o sobrenadante (soro). Corrigiu-se o pH do soro para 6,0 e aqueceu até 85oC. Foi adicionado vinagre (aproximadamente 0,5 mL) e continuou aquecendo. Em seguida, filtrou-se. C) Separação do glúten: Pesou-se 100g de farinha de trigo. Adicionou-se pequenas porções de água, misturou-se e amassou-se até que aglomerasse toda a farinha. Continuou-se amassando até que obtivesse uma massa viscoelástica. Colocou-se a massa formada em um recipiente com água (aproximadamente 500 mL). Amassou-se a massa (para extração do amido e proteínas solúveis). Observou-se a massa de glúten que sobrou. 4 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO – PARTE I 1-Preparação da curva padrão para determinação do teor de proteína: A reação do biureto é utilizada para demonstrar a presença de proteínas em materiais biológicos, como também para quantificá-las, uma vez que o complexo Cu-proteínas apresenta um absorção máxima a 550nm, a intensidade da cor depende exclusivamente da concentração de proteína, já que as ligações peptídicas aparecem com frequência por grama do material analisado. A tabela 2 apresenta os valores da concentração da proteína(soroalbumina bovina) obtida através da solução padrão, bem como a absorvância que foi obtida pela leitura no espectrofotômetro. Lembrando que o tubo 0, só contém água destilada e foi usado para zerar o aparelho. Tabela 2 As concentrações das proteínas (mg/mL) foram obtidas pela fórmula C1xV1=C2xV2, conforme cálculos abaixo: - Tudo 1: 10x0,2 = C2x1 => C2 = 2 mg/mL - Tubo 2: 10x0,4 = C2x1 => C2 = 4 mg/mL - Tubo 3: 10x0,6 = C2x1 => C2 = 6 mg/mL - Tudo 4: 10x0,8 = C2x1 => C2 = 8 mg/mL - Tubo 5: 10x1,0 = C2x1 => C2 = 10 mg/mL Nota-se que a absorvância e a concentração da proteína são diretamente proporcionais, ou seja, a medida que aumenta-se a concentração da proteína também aumenta-se a absorvância. 5 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) A “força vital” da espectrofotometria está fundamentada na lei de Lambert-Beer, que estabelece: “A absorbância é diretamente proporcional a concentração da solução de amostra.” Então, resultado compatível com o esperado. Com os dados da tabela acima, foi traçada uma curva de Absorvância x Concentração: A curva padrão acima possui relação definida pela equação y = 0,0497x + 0,0145 e um R² = 0,9956, onde “y” representa absorbância e “x” a concentração da substância. 2. Curva de solubilidade da proteína em função do pH. Ponto isoelétrico: A tabela 3 apresenta os valores do pH obtidos pelo pHmetro, bem como da absorvância que foi obtida pela leitura no espectrofotômetro. Lembrando que o tubo 0, só contém água destilada e foi usado para zerar o aparelho. Tabela 3 6 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) Com os dados acima foi feito o gráfico Absorvância x pH: Nota-se que o ponto 6 está muito fora curva e por isso foi excluído (erro experimental). Observa-se ainda, que a curva do meio ácido ficou mais alta do que o meio alcalino. Provável que seja um erro experimental, visto que em pH alcalino a proteína é mais solúvel. O comportamento do gráfico absorvância x pH é o mesmo do gráfico concentração x pH e será explicado posteriormente no próximo item. 3 - Cálculo da concentração da solução problema O cálculo para concentração se faz através da curva padrão ( y = 0,0497x + 0,0145) obtida anteriormente, substituindo os valores de absorvância obtidos nos dados da tabela 3, sendo assim: - Concentração 1: 0,307 = 0,0497X + 0,0145 => C1 = 5,885 - Concentração 2: 0,034 = 0,0497X + 0,0145 => C2 = 0,0392 - Concentração 3: 0,013 = 0,0497X + 0,0145 => C3 = - 0,030 - Concentração 4: 0,208 = 0,0497X + 0,0145 => C4 = 3,893 (ponto 6 excluído) - Concentação 5: 0,112 = 0,0497X + 0,0145 => C5 = 1,962 - Concentração 6: 0,150 = 0,0497X + 0,0145 => C6 = 2,726 7 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) - Concentração 7: 0,230 = 0,0497X + 0,0145 => C7 = 4,336 - Concentração 8: 0,275 = 0,0497X + 0,0145 => C8 = 5,241 Tendo em vista que as soluções encontram-se as diluídas, o valor da concentração encontrado deverá ser submetido a novo cálculo para que seja encontrada a concentração real, qual seja, cálculo da diluição: C1xV1 = C2xV2, onde C2 é o valor de cada concentração encontrada, V1 é 2 mL e V2 é 3mL. C1 => C1x2 = 5,883x3 = 8,827 C2 => 0,0392 x 1.5 = 0,0588 C3 => 0,030 x 1.5 = 0,045 C4 => Excluído C5 => 1,962 x 1,5 = 2,943 C6 => 2,726 x1,5 = 4,089 C7 => 4,336 x 1,5 = 6,504 C8 => 5,241 x 1,5 = 7,8615 Tabela 4 8 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) Observa-se novamente, que a curva do meio ácido ficou mais alta do que o meio alcalino. Provável que seja um erro experimental, visto que em pH alcalino a proteína é mais solúvel. Ressalta-se que em valores de pH menores ou maiores que o ponto isoelétrico, a proteína apresenta carga positiva ou negativa, respectivamente, e as moléculas de água podem interagir com essas cargas, solubilizando a proteína. Além disso, cadeias proteicas com cargas de mesmo sinal tendem a se repelir, aumentando sua dispersibilidade em água. O pH de menor solubilidade proteica é o pI da proteína, com igual número de cargas positivas e negativas nas moléculas. Por esse motivo, a proteína não apresenta uma carga resultante e portanto deixa de existir o efeito de repulsão e dessa forma as proteínas tendem a formar precipitados. Em valores de pH próximos ao ponto isoelétrico, as moléculas de proteína apresentam poucas interações com a água e sua carga é pequena para evitar que as cadeias polipeptídicas se aproximem, o que resulta na formação de precipitados. A precipitação é tanto maior quanto maior for a densidade dos agregados proteicos. 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO – PARTE II A) Separação da proteína de soja Primeiramente, obteve-se uma mistura de água e farinha desengordurada de soja. Essa mistura sofreu um ajuste de pH para 9,0 usando NaOH, sob agitação. A mudança de pH teve a finalidade de solubilizar a proteína da soja, permitindo maior extração. A solubilidade das proteínas está diretamente relacionada ao pH, sendo menor próxima ao ponto isoelétrico e máxima próxima ao pH 9,0. 9 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) Esta suspensão com o pH 9,0 foi centrifugada e as fibras, os carboidratos complexos e outros componentes insolúveis foram separados, pois formaram um precipitado, enquanto que o sobrenadante ficou contendo as proteínas na forma solúvel. Este sobrenadante, teve o pH alterado para 4,5, o ponto isoelétrico da proteína da soja. O ponto isoelétrico é o pH de menor solubilidade da proteína, tendo a mesma quantidade de cargas positivas e negativas. Logo, a finalidade desta nova mudança de pH foi deixar as proteínas na forma insolúvel, para que elas pudessem se aglutinarem e formar precipitado. Desta forma foi possível separar as proteínas por meio de uma nova centrifugação. O precipitado resultante desta centrifugação é o isolado proteico de soja, pois continha somente proteína. Figura 1: Béquer contendo farinha Figura 2: Suspensão de farinha de soja desengordurada de soja e água. Desengordurada após ajuste de pH para 9,0 e agitação. Figura 2: Suspensão de farinha de soja Figura 4: Sobrenadante da etapa anterior desengordurada após centrifugação. com o pH ajustado para 4,5, sob agitação. 10 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) Figura 5: Isolado proteico de soja Extração comercial: Os concentrados e isolados proteicos de soja têm sido produzidos em grande escala para servir como ingrediente funcional numa ampla e sempre crescente faixa de aplicação em alimentos. Embora os concentrados e isolados sejam boas fontes de proteínas sob o ponto de vista nutricional, suas propriedades funcionais normalmente têm maior valor tecnológico. A obtenção do isolado proteico é tradicionalmente feita com base no ponto isoelétrico das proteínas (pH 4,0-5,0 na soja). O isolado proteico de soja (IPS) é produzido em escala comercial a partir do processamento de flocos de soja desengordurados (FSD), o que tradicionalmente envolve operaçõesconsecutivas de solubilização e precipitação de proteínas da soja por alteração de pH do meio aquoso onde as mesmas encontram-se. Estas etapas do processamento visam, respectivamente, a remoção de fibras insolúveis e carboidratos presentes na matéria-prima, de modo que o produto final torne-se concentrado em proteína (>90 % em base seca). Um subproduto do processo de obtenção de isolado proteico, o resíduo insolúvel, pode ser comercializado devido a sua alta capacidade de absorção de água e como fonte e fibras dietéticas. Os isolados proteicos de soja são compostos principalmente por globulinas 7S e 11S e mostram alta solubilidade (>90%) em condições alcalinas. A solubilidade do isolado proteico de soja decresce a um valor mínimo perto do ponto isoelétrico (pH 4,5), o que restringe sua utilização em alimentos ácidos. A produção de IPS inicia-se com a diluição da matéria-prima, freqüentemente a uma razão água para farinha desengordurada da ordem de 10:1 a 20:1, seguida de correção do pH com solução de NaOH a 2 N de modo a manter a suspensão alcalina (Wagner et al., 2000; Deak et al., 11 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) 2007). Este estágio do processo, denominado de extração das proteínas, ocorre a temperaturas de 20 a 80 °C por um tempo superior a 1800 s em pH 8,5 (Deak et al., 2007). De acordo com Wagner et al. (2000) a extração deve ocorrer em pH 8 durante um intervalo de 3600 a 7200 s. A suspensão resultante da etapa de extração de proteínas é direcionada para centrifugação. O sobrenadante resultante da centrifugação rico em proteínas e carboidratos solúveis é direcionado para a fase de precipitação, enquanto que as fibras são descartadas do processo (Deak et al., 2007). A precipitação ocorre sob agitação por 1800 s, com a suspensão próxima ao ponto isoelétrico da proteína de soja (pH4,5) por adição de solução de ácido clorídrico 2 N. Um ulterior estágio de centrifugação separa o sobrenadante contendo os carboidratos do resíduo sólido concentrado em proteínas (Wagner et al., 2000; Mauri et al., 2006; Deak et al., 2007; Huang et al., 2012; Yuan et al., 2012). Com o intuito de aumentar a preservação do isolado protéico, as proteínas são novamente dissolvidas em água com posterior ajuste do pH entre 7 e 8 utilizando solução alcalina de NaOH a uma concentração aproximada de 0,5 N (Wagner et al., 2000). A solução de proteína de soja neutralizada é tipicamente submetida a secagem por atomização, que consiste na criação de gotículas colocadas em contado com uma corrente de ar quente e seco. A fim de tornar a operação de secagem mais econômica, o material é em geral tratado em uma etapa preliminar de concentração por evaporação. Algumas aplicações da proteína isolada da soja: Denominação técnica: suco de abacaxi Nome fantasia: Sollys Soja + Suco de Abacaxi Fabricante: Nestlé Ingredientes: Água, açúcar, proteína isolada de soja, suco de abacaxi concentrado, fosfato tricálcico, vitamina C, estabilizantes pectina, carboximetilcelulose sódica e goma gelana, acidulante ácido cítrico, aromatizantes, edulcorante natural glicosídeos de esteviol, corante natural cúrcuma e antiespumante polidimetilsiloxana. Não contem glúten. Caraterísticas do produto: bebida obtida de suco de abacaxi e enriquecida com proteínas isoladas de soja. Função exercida pelo ingrediente de soja: as proteínas isoladas de soja contêm isoflavonas, que deminuem o aparecimento de doenças cardíacas através a redução de LDL-colesterol, 12 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) além disso mesmas atenuam a perda de massa óssea. Estas propriedades positivas das proteínas dão um aproveitamento adiconal ao produto fazendo do mesmo uma alternativa do remédio contra as doenças supracitadas. Por Florian Steininger DENOMINAÇÃO TÉCNICA: creme de soja NOME FANTASIA: Naturis soja FABRICANTE: Batavo INGREDIENTES: Água, gordura vegetal hidrogenada, proteína isolada de soja, maltodextrina, amido modificado, cloreto de sódio (sal), mistura de espessantes e estabilizantes (amido modificado, estabilizantes carboximetilcelulose sódica, carragena e espessantes goma guar e mono e diglicerídeos de ácidos graxos), aromatizante e corante natural urucum. NÃO CONTÉM GLÚTEN. CARACTERISTICAS DO PRODUTO: Alimento substituto do creme de leite, sem lactose, sem colesterol, sendo ideal para pratos doces e salgados ou consumido puro em cima de frutas. FUNÇÃO EXERCIDA PELO ISOLADO PROTEICO DE SOJA: Aumenta a capacidade de formar gel e em consequência melhora a consistência dos preparados e molhos Por Joana Alves B) Separação da proteína do leite A extração do soro de leite na indústria de alimentos pode ser realizada através de três processos principais: coagulação enzimática das caseínas para produção de queijos e soro doce; precipitação ácida no pH isoelétrico, resultando em caseinatos e soro ácido; e separação das micelas de caseína por ultrafiltração, para obtenção de concentrados ou isolados proteicos. Na prática realizada antes da extração do concentrado proteico foi necessário a separação da caseína do soro do leite, processo este realizado pela precipitação ácida no pH isoelétrico. 13 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) No ponto isoelétrico há o equilíbrio entre as cargas positivas e negativas, tornando a carga da molécula da caseína nula, o que faz com que as forças de repulsão entre as moléculas de proteína e as forças de interação com o solvente sejam mínimas, favorecendo sua separação do sistema. Assim, as proteínas vão formando aglomerados que, cada vez maiores, tendem a precipitar. Segundo as sondagens iniciais, o ponto isoelétrico foi atingido em pH 4,5, neste valor de pH ocorreu a maior turvação da solução. Após a precipitação da proteína houve o processo de centrifugação, isolando o precipitado (composto pela caseína e a gordura) do soro do leite (composto por α-lactoalbumina e ß-lactoglobulina). Separado o sobrenadante (soro do leite), acertou-se o pH da solução para 6 evitando que as proteínas sofressem hidrólise. O passo seguinte foi o aquecimento da solução em 85˚C em banho maria para promover a desnaturação das proteínas. Seguido da adição de vinagre e constante aquecimento. (As proteínas são sensíveis a variações de pH e de temperatura. Quando se aquece leite de vaca na presença de um ácido, como o que usamos (ácido acético), as proteínas do leite coagulam, formando grumos que precipitam.) Para a obtenção do concentrado proteico foi realizada uma filtração extraindo água e alguns solutos presentes na solução, restando no papel filtrante apenas as proteínas precipitadas. A última etapa do processo de filtragem é jogar o que foi retido no papel filtrante na secadora, que no início passa por uma temperatura quente, e depois fria, separando o líquido que será evaporado e ficará sempre o whey em pó. 14 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) Na indústria o processo mais utilizado para obtenção de proteínas concentradas de soro de leite chama-se ultrafiltração, um processo de separação que utiliza membranas com poros de tamanhos maiores, permitindo assim a passagem de sais e moléculas de açúcar. O soro pode ser separado em duas frações, para formação de concentrados proteicos ou de isolados proteicos. O concentrado proteico possui em sua composição de 35 a 80% de proteínas, enquanto o isolado apresenta mais de 90% de proteína em sua composição.A ultrafiltração é uma operação na qual água e alguns solutos em uma solução são removidos seletivamente por uma membrana semipermeável. Essa técnica consiste em um processo de pressão utilizada para purificar, separar e concentrar materiais de alto peso molecular em solução. Sua utilização é economicamente viável e, por não utilizar calor e não envolver mudança de fase, pode ser amplamente utilizada pela indústria de alimentos, sem perda dos nutrientes presentes no soro. A ultrafiltração aumenta a qualidade microbiológica do leite, pela diminuição da 15 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) contagem de esporos no concentrado. Além de concentrar proteínas, permite a permeação dos componentes de baixa massa molecular, como lactose, minerais, nitrogênio não proteico e vitaminas. O soro, ao ser processado por ultrafiltração, gera entre 50 e 75%, em base seca, de proteína no retentado, que poderá ser posteriormente liofilizado, sendo o retentado definido como o produto retido durante o processo de filtração, também chamado de concentrado. Após a etapa de ultrafiltração, o concentrado proteico precisa passar pela etapa de secagem. Para esta etapa, o sistema mais utilizado nas principais áreas de processamento de soro de leite tem sido o spray dryer. A secagem do soro de leite é semelhante ao processo para obtenção de leite em pó. Além da secagem por spray dryer, a liofilização também pode ser utilizada como método de secagem após a ultrafiltração do soro de leite. A liofilização permite a desidratação do soro de leite sem exposição a altas temperaturas. Como vantagem deste método, está a manutenção do valor nutricional e das características sensoriais e organolépticas, como textura, forma, cor, sabor e odor. Os suplementos proteicos, classe na qual se enquadram as proteínas do soro de leite, ou whey protein, são considerados produtos destinados a complementar as necessidades proteicas e precisam seguir parâmetros específicos em sua composição. Devem conter, no mínimo, 10 g de proteína na porção e 50% do valor energético total proveniente das proteínas, e a composição proteica do produto deve apresentar PDCAAS acima de 0,9, cuja determinação deve estar de acordo com a metodologia de avaliação recomendada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação/Organização Mundial da Saúde (FAO/WHO). Os efeitos fisiológicos ocasionados pelo consumo de concentrados proteicos de soro de leite, ou whey protein, são resultados do aumento da síntese muscular proteica, que ocorre simultaneamente à redução da gordura corporal, em consequência do alto teor de cálcio e glutationa presentes no soro de leite, que favorecem a diminuição da ação de oxidantes nos músculos esqueléticos e o aumento da concentração insulínica no plasma sanguíneo, facilitando assim a captação de aminoácidos para o interior das células musculares. As proteínas do soro de leite também são conhecidas por trazer benefícios ao estado de saúde geral. Entre suas funções, destacam-se reparo celular, muscular e ósseo; atividade imunomoduladora, antibacteriana e antiviral através da produção de glutationa, substrato essencial do sistema imunológico; proteção do sistema cardiovascular, pela inibição da agregação plaquetária, que traz como consequência a redução na pressão arterial e nos níveis de colesterol sanguíneo, pela 16 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) liberação de peptídeos de ação hipotensora e anti-hipertensiva. C) Separação do glúten O Glúten é formado por um conjunto de proteínas insolúveis, glutenina e prolamina que, geralmente, estão combinadas com proteínas solúveis, como a albumina e a globulina. A elasticidade e a viscosidade são propriedades naturais dos elementos proteicos do glúten. A prolamina é uma proteína bastante extensível que confere ductibilidade ao glúten, já a glutenina é o polímero responsável pela elasticidade da estrutura. A mistura dessas duas cadeias proteicas resulta na formação de uma massa com propriedades de coesão e viscoelasticidade, o que favorece a retenção de água nos interstícios da cadeia proteica. O glúten está presente em produtos como farinhas e derivados de cereais. Na prática em questão este foi determinado a partir da farinha de trigo, se separando as proteínas solúveis (albumina e globumina) das proteínas insolúveis (prolamina e glutenina). Para isso misturou-se água a farinha formando uma massa que após ser sovada (processo na qual as cadeias do glúten são esticadas e alinhadas), foi lavada até a água tornar-se limpa. 17 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) Feito isso, restaram apenas às proteínas insolúveis que, como esperado, formaram uma massa (em menor volume) com consistência dúctil e elástica. 18 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) O processo em questão é muito utilizado para obtenção do glúten vital, um melhorador natural, muito empregado em farinhas com teor de proteína menor que o desejado. Produtos com glúten vital apresentam maior volume, melhor textura, e maior tolerância à mistura. Sua absorção de água melhora a maciez e a vida de prateleira. Dentre as várias aplicabilidades pode ser utilizado como agentes ligantes na estrutura de produtos de soja, em cereais matinais e barras de cereais, devido seu alto valor nutricional e, também, como auxiliar na obtenção da crocância e textura de snacks extrusados. 7. Conclusão Com a prática pode-se observar que fatores como temperatura, pH, processos de obtenção e isolamento de proteínas, entre outros, podem afetar as propriedades funcionais da proteína, como a solubilidade por exemplo. A solubilidade é um fator importante, ainda, na indústria alimentícia, pois é essencial na elaboração e fabricação de certos alimentos, como: sopas, molhos, purês, bebidas, etc. Não somente para isso, mas também é importante conhecer a solubilidade quando se pretende determinar o grau de extração e purificação das proteínas. Um dos fatores que influencia a solubilidade é o ponto isoelétrico, que pode ser definido como o valor de pH onde uma molécula apresenta carga elétrica líquida igual a zero. O pI é o pH no qual há um equilíbrio entre as cargas negativas e positivas, fazendo com que a “carga final” seja igual a zero. Em pH distinto do ponto isoelétrico, as proteínas se repelem, têm cargas líquidas e 19 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) podem interagir com a água, sendo, assim, mais solúveis em água. Conforme o ponto isoelétrico se aproxima, as diferenças das cargas diminuem, formando até mesmo agregados e precipitados. Em face aos dados apresentados e aos métodos utilizados é possível tirar conclusões em relação a extração da proteína da soja, do leite e quanto a separação do glúten. Levando em consideração a grande procura por alimentos favoráveis à saúde humana, observa-se em indústrias de alimentos a larga expansão da produção de isolados proteicos, que por sua vez são obtidos conforme os métodos apresentados acima. Na separação da proteína da soja, foi necessário o monitoramento do pH para que esta fosse obtida com o maior rendimento possível. Vale ressaltar que neste procedimento a disponibilidade de reagentes e equipamentos são fatores limitante e determinante para realização do mesmo. Já na separação doisolado proteico do leite, além do ajuste do pH foi necessário também o aquecimento. Em relação ao leite, a excelente qualidade nutricional dos concentrados proteicos produzidos a partir de suas proteínas tem sido demonstrada por diversos estudos, assim como sua versatilidade funcional do uso destes concentrados para uso como ingrediente pela indústria de alimentos. O whey protein possui grande quantidade de aminoácidos essenciais, que obtemos somente pela alimentação e que são necessários para o bom funcionamento do nosso corpo. O suplemento ainda possui pouca gordura e é absorvido rapidamente pelo organismo, o que aumenta a síntese de proteínas e ajuda a regenerar o músculo. Porém, o rendimento do produto em relação a quantidade de soro utilizado na sua fabricação é muito pouco, o que faz do whey um produto de elevado valor comercial. Verificou-se também que o processo de separação do glúten pela adição de água na farinha de trigo, além de ser uma técnica simples e consideravelmente rápida, apresenta alto índice de rendimento. Isso se dá pelo fato de sua principal composição ser uma mistura de proteínas insolúveis em água. Com isso, em uma análise qualitativa, verificou-se que o método de extração é bastante eficaz e satisfatório, uma vez que possibilitou a extração do componente desejado. 8. Referências Bibliográficas - RIBEIRO, Eliana Paula; SERAVALLI, Elisena A. G. Química de Alimentos. SãoPaulo: Edgard Blücher LTDA – 2004 20 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Tecnologia de Alimentos Química de Alimentos I (TAL 406) - SAMODARAM, S.; PARKIN, K.L.; FENNEMA, O.R. Química de alimentos de Fennema. 4ª Edição. São Paulo: Artmed, 2010. 859p. - AIRES, A. G. O soro de leite como suplemento proteico para atletas. 2010. 52 p. Monografia – Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Curso de Engenharia de Alimentos, Porto Alegre, 2010. - BALDASSO, C. Concentração, purificação e fracionamento das proteínas do soro lácteo através da tecnologia de separação por membranas. 2008. 179 p. - Disponível em: http://www.ufrgs.br/alimentus/objetos-de-aprendizagem/soja/isolado- proteico - Disponível em: http://www.oleosegorduras.org.br/site/assets/arquivo/0079cdf6aeacb2e36e9293113f7bb8d8.pdf 21 Algumas aplicações da proteína isolada da soja:
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