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Da Autotutela à Jurisdição (evolução histórica dos meios de solução de conflitos)
Civilizações Primitivas => Autotutela + Autocomposição
Principal meio de solução de conflitos
Tem que ser imediato e proporcional 
Exemplos: Legitima defesa (penal) e Desforço imediato (cível) 
Autotutela (art.145)/Autodefesa (doutrina prefere): É uma solução parcial (dada pelas próprias partes). Era o principal meio de solução de conflitos nas sociedades primitivas. Significa solução de conflitos pelo uso da força. Tem duas características: a) Ausência de um juiz alheio às partes e
b) Imposição do mais forte sobre o mais fraco. 
De regra, hoje ela é proibida.
Autocomposição: Solução amigável entre as partes. Com a evolução houve a figura de mediadora e conciliadora. 
Começou a ser praticado na era primitiva.
É o meio pelo qual as próprias partes solucionavam o conflito de forma amigável, através do acordo.
É uma solução parcial do conflito.
Pode resultar de uma: 1) Desistência. 2) Submissão e 3) transação 
Desistência: Quando alguém que tem uma pretensão desiste dela. É a renúncia da pretensão.
Submissão: Quando alguém que está devendo paga. Renúncia à desistência.
Transação: Concessões recíprocas. Quando ambas as partes aceitam e/ou abrem mão de algo. 
Evolução das civilizações => Arbitragem 
Arbitragem: É uma solução imparcial para o conflito. Surge com a evolução das sociedades primitivas. Não é nenhuma das partes que vai solucionar o conflito, as partes chamavam alguém de fora, normalmente um sacerdote ou ancião, para ser um árbitro no conflito.
Arbitragem surgiu nas sociedades antigas como uma alternativa a mais para a solução de conflitos. É o meio pelo qual as partes atribuem a um terceiro imparcial (árbitro = sacerdote ou ancião) o poder de solucionar o conflito.
Civilização Romana (início em 754 a.c.)
CRUZ e TUCCI SILVA: Roma desde o seu início, proibiu a autotutela como forma de solucionar conflitos. Elas dividem a 1º fase em duas:
Fase da “ORDO JUDICIORUM PRIVATORUM” (754 a.c.- 209 d.c.)
A Civilização Romana surgiu organizada e nunca permitiu a autotutela.
1º Fase se subdivide em dois períodos
Período das Legis Actiones (ações da lei) Direito Romano Arcaico (754 a.c- 149 a.c)
Por quê Arcaico? Porque Roma ainda era arcaica na produção de lei, a mais famosa foi a lei das 12(XII) Tábuas (450 a.c). 
Monarquia Romana (754 a.c- 509 a.c) => REX 
O Rei era chamado de REX e detinha nele os poderes Civis, Militares e Religiosos. Ele era detentor da Potestas Publica concentrando nele mesmo os poderes Civis, Militares e Religiosos. Nessa época cabia ao Rei solucionar os conflitos através de um ritual sacro-legal organizado pelos sacerdotes. A legislação cabia aos sacerdotes.
É quando a arbitragem surge como obrigatória
.
República Romana (509 a.c) -> Procedimento da ORDO JUDICIORUM 
Só no segundo momento que houve a concretização do procedimento ORDO JUDICIORUM PRIVATORUM era dividido em duas fases: IN JURE e APUD IUDICEM 
IN JURE: As partes compareciam perante o pretor para lavrar a Litis contestation. O pretor não tinha o poder de solucionar o conflito, mas ele dizia quais leis seriam usadas. 
O pretor fixava os termos da controvérsia e indicava qual lei romana deveria ser aplicada. 
Depois disso, as partes escolhiam o árbitro (IUDEX). Um particular que julgava o conflito.
PRETOR: O pretor também era chamado de magistrado -> era um representante do Estado Romano
LITIS CONTESTION: Era o compromisso no qual as partes se comprometiam a aceitar a decisão do árbitro.
IUDEX/ÁRBITRO: Era um particular, a quem cabia solucionar o conflito. 
APUD IUDICEM: O árbitro solucionava o conflito. Era baseado na palavra das partes.
 Período PER FORMULA (formulário) Direito Romano Clássico (149 a.c- 209 d.c)- LEX AEBUTIA (149 a.c- 126 a.c) LEX JULIA PRIVATORUM (17 a.c)
LEX AEBUTIA (149 a.c): Muda um pouco o procedimento
LEX JULIA PRIVATORUM: Mudança na estrutura
Direito Romano Clássico (149 a.c- 209 d.c): Procedimento da ORDO JUDICIORUM PRIVATORUM. 
Os escritos são menos solenes. O pretor redigia a “fórmula”, fixando os termos da controvérsia e indicando a lei aplicável. O Pretor passa a escolher o árbitro.
IN IURE: As partes levaram perante o pretor a “LITIS CONTESTION” 
APUD JUDICEM: O árbitro solucionava o conflito.
2. Fase da “COGNITIO EXTRA ORDINEM” (209 d.c- 305 d.c)
OBS: Glosadores e Pós Glosadores
O Estado Romano ganha soberania o bastante para tirar o árbitro. O Estado ganha pode suficiente para exercer a IURIS DICTIO, isto é, para atrair para si o poder de solucionar o conflito.
A partir disso, o procedimento da ORDO JUDICIORUM PRIVATORUM é extinto.
A arbitragem é extinta 
A figura do árbitro desaparece
O pretor/Magistrado passa a ser o IUDEX, isto é, passa a ter o poder de solucionar os conflitos.
Aristóteles (séc. 3 a.c) já tinha a ideia de jurisdição. O Estado Romano no séc. III d.c teve a jurisdição.
Jurisdição, Processo e Meios Alternativos de Solução de conflitos 
Jurisdição é a função do Estado de solucionar conflitos na sociedade (função pacificadora). É exercida através do PROCESSO-> Junta a coercibilidade com a parcialidade; 
-> É o principal meio de solução de conflitos; 
-> Tem formalidade, uma forma prescrita na lei que visa garantir a segurança jurídica e evitar o abuso de poder; 
-> Implica em “tempo”(demora) e gera consideráveis custos financeiros.
Características dos meios Alternativos (o meio principal continua sendo o processo)
Ruptura com o formalismo processual
Celeridade/Rapidez na solução do conflito 
Redução dos custos 
Delegalização: É o desprendimento da lei, a solução do conflito não necessariamente será baseada na lei. Em um Processo legal o Juiz vai decidir com base nos critérios do Direito Material, mas aqui, como não haverá Juiz, as partes que decidem como será resolvido.
OBS: Autodefesa e Negócios processuais 
Meios alternativos 
Conciliação:
É uma técnica autocompositiva, na qual as próprias partes solucionam os conflitos de maneira amigável através do acordo.
Demora 15 a 30 minutos;
É recomendada quando NÃO houver vínculo anterior entre as partes, isto é, quando o vínculo entre elas não for permanecer. Se houver um vínculo, vai ser mediação. 
O conciliador não tem a função de decidir algo no processo, mas de auxiliar em um acordo
Existe a figura do “conciliador”. O conciliador é ima aproximação das partes, um facilitador intermediário entre as partes. Ele não tem poder decisório. Pode usar técnicas aproximativas (para aproximar as partes) e técnicas avaliativas (para avaliar o conflito e SUGERIR uma solução).
Quem pode ser um conciliador? Pessoa capaz, que tenha passado por um curso de capacitação ministrado por uma instituição de ensino credenciada e que seja registrado no cadastro nacional do CNJ e registrado no TJ ou TRF.
Não é preciso ter nível superior. Se o conciliador tiver todas essas qualidades, o acordo vai poder ter ao final um título executivo extrajudicial e se não houver o cumprimento do acordo, a parte lesada poderá entrar com um processo de execução.
OBS: Exceção: As partes poderão escolher um conciliador não registrado no TJ/TRF, nesse caso o acordo entre eles não valerá como título executivo extrajudicial. Art. 167.  Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional.; Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.; Art. 784.  São títulos executivos extrajudiciais: Inciso IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
Pode ser EXTRA processual (fora do processo), como pode ser ENDO processual (dentro do processo).
EXTRAprocessual: Fora do processo, objetiva evitar o processo. Câmara privada de conciliação (uma empresa que presta o serviço de conciliação), precisa ser registrado e faz sessões de conciliação. 
Conciliador (profissional liberal)
PROCON- Câmara de conciliadores 
SINDICATOS- Comissões de conciliação prévia
ENDO processual: Dentro do processo, quer gerar celeridade processual (rapidez). Conciliadores Judiciais: Precisa ser registrado no TJ em que for atuar. Podem ser concursados ou contratados por processo seletivo simplificado.
LEI- 9.099/95- Trata do Juizado Especial: Os conciliadores serão preferencialmente bacharéis em Direito nos juizados especiais Cíveis.
Como funciona o Processo:
PROCESSO CIVIL- Conciliador Judicial/Acordo
Protocolo da P. inicial Juiz despacha a petição Citação do Réu Audiência de conciliação Réu oferece contestação
PROCESSO TRABALHISTA- Vão ter dois momentos: Antes da audiência e antes do Juiz prolatar a sentença.
Petição Inicial Juiz despacha a petição Notificação do Reclamado Audiência Preliminar: O juiz tentará conciliar as partes antes da defesa do reclamado e deverá tentar nova conciliação, se a 1º tiver sido infrutífera, antes de se pronunciar a sentença.
PROCESSO PENAL-
Como regra não cabe conciliação, porque os Direitos são INDISPONÍVEIS (NULLA POENA SINE JUDICIO).
Tem uma exceção prevista na LEI 9.099/95, que prevê que os juizados especiais criminais podem julgar contravenções penais e crime de menor potencial ofensivo (aqueles cuja a pena máxima não excede a 2 anos).
Delegacia TC (termo circunstanciado) JeCrim (antes do início da ação penal, audiência preliminar para ver se vai dar início ao processo)
O nome do acordo é “Composição do Dano” e é feita na presença do Juiz porque precisa homologar.
Mediação:
Não tem poder decisório nenhum e, diferente do conciliador, o mediador NÃO PODE SUGERIR nada sobre o processo/acordo/ação. 
É a técnica adequada quando o vínculo for permanente. Exemplo: Filho
A lei de mediação de mediador judicial diz que o mediador tem que ter qualquer curso superior e ser formado há pelo menos 2(dois) anos.
É uma técnica autocompositiva, na qual as próprias partes solucionam o conflito de forma amigável.
Existe a figura do Mediador-> É um aproximador das partes; Não tem poder decisório e só pode usar técnicas aproximativas.
Não pode usar técnicas avaliativas, isto é, não pode sugerir uma solução para o conflito.
Tem que ser: 1) Capaz; 2) Ter curso de capacitação; 3) Ter inscrição no cadastro nacional de CNJ; 4) Registro no TJ/TRF; 5) O MEDIADOR Judicial precisa ter nível superior e ser formado a dois anos.
A mediação pode ser:
EXTRA Processual: Fora do processo. São as câmaras privadas de mediação (agencias que ofertam o serviço). Normalmente são questões societárias.
ENDO Processual/Judicial: Dentro do processo. Vai ser um processo Civil. Vara Cível quando a questão for societária e Vara de Família quando foi questão familiar.
A sessão, ou audiência de mediação tem duração de 1 hora (ou mais) e desdobramentos. 
A mediação é recomendada quando houver vínculo anterior entre as partes, isto é, quando o vínculo entre elas for permanecer.
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. /CPC
LEI 13.140/15 Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. 
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
Cláusula de Mediação: gerar uma penalidade caso não compareça. Está nos Art. 21.  O convite para iniciar o procedimento de mediação extrajudicial poderá ser feito por qualquer meio de comunicação e deverá estipular o escopo proposto para a negociação, a data e o local da primeira reunião. 
Parágrafo único.  O convite formulado por uma parte à outra considerar-se-á rejeitado se não for respondido em até trinta dias da data de seu recebimento. Art. 22. A previsão contratual de mediação deverá conter, no mínimo. 
Tanto a conciliação quanto a mediação só são utilizados quando o direito for Disponível ou Direitos Indisponíveis, mas Transigíveis (quando admitir acordo e o acordo vai precisar da homologação do juiz. Exemplo: Ação de Guarda. 
 
Arbitragem:
Lei 9.307/96
Não são as partes que vão solucionar o conflito, as partes dão para um particular o poder para decidir
Prazo de 6 meses se as partes não fixarem uma data para a decisão
Não precisa ter curso superior, nem um curso de arbitragem, só precisa ser capaz e escolhido pelas partes. Isso é a lei, na prática, as pessoas que querem fazer uso desse meio, procuram por especialistas para o seu caso
As partes podem escolher um colegiado de árbitros, mas sempre em número ímpar
Na arbitragem as partes têm maior poder decisório. Quem normalmente procura esse meio são as grandes empresas.
LEI: A sentença do árbitro tem o mesmo nível de uma decisão judicial, por mais que o árbitro não tenha poder coercitivo, a lei já prevê o caso de descumprimento. Caso não haja o cumprimento do acordo, a parte lesada poderá entrar com uma ação judicial para execução da sentença. 
Quem soluciona os não são as partes, quem escolhe é o árbitro, baseado não somente na lei, mas em costumes e em qualquer coisa a mais que ele quiser.
É uma técnica metrocompositiva, na qual as partes atribuem a um terceiro imparcial o poder de solucionar o conflito. 
NUNCA cabe arbitragem em Direito Penal ou com Direitos Indisponíveis. A maioria dos autores entendem que não cabe arbitragem no Direito do Trabalho, mas tem alguns doutrinadores trabalhistas que defendem a ideia de que pode ser utilizado.
Restringe-se basicamente ao Direito Civil, Empresarial...
Não precisa de capacitação ou curso superior
Só é cabível quando o conflito versar sobre o Direito Patrimonial Disponíveis e as partes forem plenamente capazes.
Vai ser sempre EXTRA contratual, ou seja, fora do processo
Como se escolhe a arbitragem? Arbitragem pressupõe que há um negócio, um contrato entre as partes. E é possível que já esteja previsto no contrato.
Convenção de Arbitragem:
Cláusula Compromissória: 
Sempre vai ser escrito no contrato que: caso haja algum conflito vai ser a arbitragem quem vai solucioná-lo. Tem que ser escrito porque a pessoa vai estar abrindo mão do Direito de Ação (direito de abrir um processo). É a cláusula constante do contrato escrito celebrando entre as partes e na qual estas estipulam que havendo um futuro conflito, será solucionado pela arbitragem. Está cláusula implicada em renúncia do Direito de Ação. Caso não tenha colocado a cláusula no contrato, é só colocar um termo aditivo. 
Cabe em contrato de adesão? 
A autonomia privada tem um poder menor, é elaborada por apenas uma das partes. Cabe, mas tem duas restrições: só pode ser colocada se quem assina/quem compra pedir ou se estiver em negrito ou em um documento aparte do contrato. Art. 4º, §2º da lei 9307/96.
O árbitro é um profissional liberal 
Compromisso Arbitral:
É um documento no qual as partes escolhem um ou mais árbitros, definem a base de julgamento, o procedimento arbitral e o prazo para emissão da decisão. É EXTRA JUDICIAL, lavrado pelas próprias partes de comumacordo e é uma escritura pública ou documento particular com duas testemunhas.
O compromisso arbitral pode ser judicial quando for celebrando na presença do juiz mediante termo nos autos.
Quando se inicia o procedimento arbitral? 
Quando o árbitro aceita ser escolhido. Se inicia no momento em que o árbitro/tribunal arbitral escolhido aceita ser árbitro.
Árbitro (particular IMPARCIAL)
É equiparado a funcionário público para efeito criminal. Pode ser qualquer pessoa capaz da confiança das partes.
Tem poder decisório, poder de solucionar o conflito. A lei diz que ele, o árbitro, é um juiz de fato e de direito.
A decisão do árbitro, que é chamada de sentença arbitral, não precisa ser homologada pelo Judiciário. Da sentença arbitral não cabe recurso para o poder judiciário, porque o poder Judicial NÃO pode alterar a decisão do árbitro. Se a lei 9307/96 for violada a decisão do árbitro vai ser ANULADA e os árbitros vão ter que escolher um novo árbitro. Violada no sentido do árbitro não ser imparcial, suborno... 
Se a decisão do árbitro for ilegal, ela pode ser anulada/cessada pelo judiciário.
A decisão é imposta como um título executivo judicial e se não houver o cumprimento da lei a parte já manda para o judiciário para executar.
O árbitro não tem poder coercitivo, mas a sentença arbitral, se condenatória, serio título executivo judicial e poderá ser executada pelo judiciário.
Como funciona o procedimento arbitral 
Dentro do procedimento o árbitro pode: ouvir as partes, ouvir as testemunhas, solicitar juntada de documentos, pedir perícia e decidir medidas urgentes. Sempre que o árbitro precisar se valer de uma medida coercitiva, ele faz uso da carta arbitral para pedir para o juiz tomar essa medida.

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