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Aquisição de Propriedade de Bens Moveis: ocupação e achado do tesouro

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Aquisição de Propriedade Móvel
Da Ocupação 
No que dispõe o artigo desta lei, o entendimento para aquisição do bem móvel é determinado por dois requisitos importantes: O “Res nullius e Res derelicta”. 
Res nullius, é o bem móvel considerado Coisa de Ninguém;
Res derelicta, é o bem móvel considerado como coisa abandonada voluntariamente.
Nas sociedades primitivas, a princípio, as coisas não tinham dono, delas apropriava-se o primeiro ocupante interessado pelo bem. O direito Romano cristalizou a ideia de que a Res nullius pertence naturalmente ao primeiro tomador. A coisa é sem dono por que nunca teve ou por que houve abandono por parte do seu titular, os dois conceitos descrevem o entendimento de Res nullius e Res derelicta.
O abandono da coisa atrai divergências relacionadas ao momento em que ocorre. Washington Monteiro de Barros afirma que:
“A divergência vem de longa data e já dividia proculeanos e sabinianos. Para os primeiros, verificava-se a perda da propriedade não no momento da derrelição, mas no instante em que ocorresse o subsequente apossamento da coisa abandonada. Para os sabinianos, perdia-se a propriedade no momento da derrelição e o ocupante só a adquiria no instante da ocupação; nesse meio-termo a coisa era res nullius. A controvérsia apresenta atualmente simples valor histórico”. P. 187.
Já no entendimento atual segundo Carlos Roberto Gonçalves, efetiva-se a propriedade na tomada de posse de uma coisa sem dono, com a intenção de se tornar seu proprietário. Tal entendimento, assemelha-se com o de Friedrich Karl von Savigny, quando este tratava da dogmática da posse no direito romano em sua obra clássica intitulada “Tratado da Posse”. 
Para Savigny, a posse caracteriza-se pela conjugação de dois elementos: o corpus, elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa, e o animus, elemento subjetivo, que se encontra na intenção de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio e de defendê-la contra a intervenção de outrem. Não é propriamente a convicção de ser dono, mas a vontade de tê-la como sua.
 Embora estejamos tradando aqui sobre aquisição de propriedade móvel, e Karl von Savigny trate sobre aquisição de posse, é nítido que existe, não só por parte do ilustre Carlos Roberto Gonçalves, mas como também por boa parte dos demais civilistas, uma aproximação da Teoria Subjetiva da Posse, para elucidação dessas questões. 
Para conhecimento histórico, o código de 1916 no seu artigo 593, enumerava a 1ª classe abordando de formar doutrinária e didática no seu ordenamento, as coisas sem dono:
Os animais bravos, enquanto entregues a natural liberdade.
Os mansos e domésticos que não foram assinalados, se tiverem perdidos o habito de voltar ao lugar onde costuma recolher-se (salvo se domésticos, fugirem de seus donos, enquanto estes lhe andarem à procura), artigo 596.
Os enxames de abelhas, anteriormente apropriados, se o dono da colmeia a que pertenciam os não reclamar imediatamente.
As pedras conchas e outras substancias minerais, vegetais ou animais arrojados às praias pelo mar, se não apresentarem sinal de domínio anterior.
O crescimento populacional e a valorização dos bens moveis em geral, tornaram na atualidade a aquisição por ocupação, uma modalidade em desuso para aquisição do bem móvel, protegendo e garantindo o direito daquele que detém em seu nome a titularidade de proprietário. Em comparação a lei de 1916.
As modalidades de pesca, caça e invenção são poucas possibilidades de ocupação. Com exceção da pesca em escala comercial, as demais situações de ocupação não apresentam relevância.
O entendimento real do conceito de ocupação é o abandono que caracteriza a existência de renúncia da propriedade móvel, abrir mão do direito, e podendo assim o primeiro interessado em ato originário de aquisição se fazer dono do bem móvel.
O ordenamento de 2002 Código Civil, artigo 1.263, preferiu sintetizar em uma frase legal a aquisição por ocupação, referindo-se apenas a coisa sem dono, que abrangem todas as modalidades de Res nullius e Res derelicta.
Abrindo mão da enumeração do velho artigo 593 do código de 1916, sendo coisa sem dono são tanto as que foram abandonadas, como as que nunca tiveram titular. Independentemente de serem Res nullius e Res derelicta, não havendo atualmente a necessidade de qualquer outra disposição.
Art. 1263 C.C. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
É importante lembrar que o abandono não se presume, devendo resultar claramente da vontade do proprietário de se despojar do que lhe pertence, ou seja, é importante analisar o fato concreto para saber se o proprietário quis realmente se desfazer do objeto.
Do achado tesouro
O termo tesouro foi originariamente instituído pelo Direito Romano que o definia como “thesaurus”. Esta figura pode assumir diversos significados no que diz respeito a reserva de bens valiosos para futuras necessidades ou emergências. O thesaurus poderia ser interpretado como: arca; galpão ou armazém; secção da casa imperial; dinheiro ou outros bens móveis de valor escondidos por muito tempo. Contudo, é neste último significado que encontraremos a definição de tesouro munido de um autônomo relevo no que diz respeito ao Direito Privado Romano. 
O tesouro seria qualquer objeto móvel e valioso que tenha sido escondido por alguém em tempo remoto, não definido ou quase impossível de ser determinado, e que não possui dono. O proprietário não mais será aquele que o escondeu devido ao tempo em que o objeto de valor manteve-se oculto.
Existente desde os tempos de Roma, o processo de esconder os bens valiosos era frequentemente utilizado, principalmente na época de guerras e tumultos. Durante estes acontecimentos, se o proprietário viesse a falecer, os bens valiosos permaneceriam escondidos até que por ventura alguém os encontrasse, já que via de regra não teria revelado a qualquer pessoa este segredo.
De acordo com Santos Justo, o tesouro é um tema polémico sobre o qual as doutrinas dominantes afirmam haver dúvidas se seria uma forma de ocupação ou acessão de res nullius. Res nullius não significava ser a coisa sem dono apenas pelo fato de o proprietário tê-la abandonado, e sim não ter ela proprietário porque, no decorrer do tempo, tanto o dono como seus sucessores desapareceram sem que o tesouro fosse encontrado, perpetuando-se sem proprietário. Ele se diferenciava do tesouro conhecido vulgarmente, na linguagem comum e nas jurisprudências e fontes jurídicas antigas, e era considerado como bens valiosos, ou pecunia, postos em local seguro, em regra, de conhecimento exclusivo do proprietário, para proteção contra eventual perigo. 
Achado do tesouro no código civil brasileiro 
O tesouro é um “depósito antigo de moedas ou coisas preciosas, enterrado ou oculto, de cujo dono não haja memória. Se sua propriedade pode ser justificada, tesouro não há”. Está disciplinado nos arts. 1264 a 1266 do Código Civil.
Para caracterizar essa modalidade, é mister que a coisa seja antiga e preciosa, que esteja oculta e que o dono não tenha conhecimento dela. Orlando Gomes, observa que existem quatro tipos de pessoas que podem encontrar o tesouro: o proprietário do terreno e ou casa em que o tesouro se encontra, ou alguém incumbido de procurá-lo pelo mesmo, por alguém que não seja proprietário e o procure intencionalmente ou por alguém que o encontre casualmente.
O Código Civil denomina tesouro o depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, conforme podemos ver no artigo 1264 do aludido diploma: “O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente”.
Tal dispositivo deixa claro que caso seja achado em prédio alheio, o tesouro deverá ser dividido entre o proprietário deste e o que achar casualmente. Caso o dono da propriedade tenha ordenado a busca pelo tesouro, ficará ele com a totalidade do tesouro. Também ocorrerácaso o tesouro seja achado por terceiro não autorizado. 
A natureza jurídica deste instituto atrai controvérsias. Alguns autores acreditam que é jure inventionis, e para outros é acessão, mas a generalidade segue no fato de que é ocupação, assim como a caça e a pesca.
Caso se prove a titularidade de um sujeito sobre o depósito, este não será considerado mais tesouro, o que ocorre, por exemplo, se alguém provar que o achado encontrado pelo pedreiro lhe pertence, posto que o havia escondido no fundo falso do móvel.
O tesouro deve ser necessariamente bem móvel de que não se tinha conhecimento, memória, deve ser algo realmente antigo, e é preciso que se ache, e não apenas que se descubra, pois não é suficiente que alguém saiba que há moedas escondidas. É preciso que se ache e haja a posse efetiva.
O ato de achar o tesouro deverá ser casual. Se o achado for encontrado em terreno alheio, ele será repartido entre o dono do prédio e o achado, e caso um deles se aposse completamente da coisa, estará caracterizado furto da parte que não lhe é devida, e por isso, o prejudicado deve exigir judicialmente o seu quinhão devido. Contudo, se o encontro das coisas não for casual, aplica-se o art. 1265 do Código Civil, posto que haveria a intenção de buscar e achar o tesouro. Neste caso, a relação seria meramente negocial. 
Quando o Código determina a divisão desse tesouro, estar-se-ia qualificando essa divisão como uma forma de prêmio/recompensa para o achador. Importante observação é a de que não estaríamos falando de tesouro caso o agente estivesse realizando pesquisas justamente para encontrar coisas preciosas.
Os requisitos para adquirir a propriedade do tesouro seriam:
Vetustez seria requisito essencial, porém relativo (segundo Venosa, o nosso Código não fixa tempo);
Tratar-se de depósito antigo de moedas ou objetos preciosos, como vasos, joias, etc.;
c) Não restar memória do seu dono. Neste caso, se por ventura alguém, aquando do achado do tesouro, vier a se pronunciar como seu dono, bem como possuindo meios de provar o que afirma, deixará de ser considerado tesouro o depósito achado;
d) Estar oculto ou enterrado;
e) E que a descoberta se dê de forma casual.
Descoberta de coisas perdidas pelo dono. Devem ser devolvidas por quem achar, que terá direito a uma recompensa não inferior a 5% do seu valor, mais indenização pelas despesas de conservação e transporte (Art. 1233 e 1234 CC). Esta recompensa é chamada de achádego. Entretanto, a descoberta pressupõe coisas perdidas, não abandonadas. A perda de uma coisa não implica na perda da propriedade, disto resulta que não se trata de modo de aquisição da propriedade, em regra.
Tesouro encontrado em terreno aforado, segundo Paulo Nader:
“Caso o tesouro seja encontrado em terreno submetido à enfiteuse, há duas soluções previstas pelo art. 1266: a) o bem encontrado pertencerá, em partes iguais, ao inventor e ao enfiteuta; b) o tesouro pertencerá por inteiro ao enfiteuta, sendo este o seu inventor. A solução dada pelo art. 1266, ao conferir o domínio unicamente ao enfiteuta, harmoniza-se com a índole da enfiteuse, que abrange o direito à posse, ao uso e ao gozo pleno do imóvel”. 
Tal modalidade de aquisição não possui mais tanta importância, pois foi inserida no Código por influência da época em que as pessoas enterravam e escondiam seus pertences para fugir de guerras ou revoluções. 
No Direito Português
Assim como no Direito brasileiro, o Direito português, na instituição do tesouro no seu ordenamento jurídico civilista, sofreu grande influência das regras sobre esta figura no Direito Romano.
O tesouro é instituído nos art. 1.324 do Código Civil Português. De acordo com a análise desta norma, percebe-se que o Legislador resolveu seguir as orientações de Adriano sobre a repartição dos bens encontrados. Ou seja, aquele que achar tesouro escondido ou enterrado, em bem móvel ou imóvel, cujo dono não se tenha conhecimento quem seja, tem direito a permanecer com metade do tesouro, entregando a outra ao dono do bem móvel ou imóvel onde o tesouro foi encontrado.
Não obstante, mesmo não tendo conhecimento imediato de quem seja o dono do tesouro encontrado, e antes de apropriar-se de metade deste, o inventor deverá anunciar o achado pelo meio mais oportuno, atendendo ao valor da coisa e às possibilidades locais, ou avisar as autoridades [24]. Localizando o dono, deverá devolver-lhe o que foi encontrado, ou avisá-lo da descoberta. Caso não encontre, dividirá o tesouro com o dono do móvel ou imóvel onde ocorreu a descoberta. Se for notório que o tesouro ali permaneceu escondido ou enterrado há mais de 20 anos, não é exigido que o inventor faça o anúncio ou avise as autoridades.
Por sua vez, caso o inventor não venha a anunciar o seu achado da forma que lhe é exigida, ou fizer seu tesouro (ou parte dele) sabendo quem é o dono, ou ainda esconder do dono do bem móvel ou imóvel a coisa achada, perderá em benefício do Estado todos os direitos que lhe são conferidos.

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