Buscar

APS 6 SEMESTRE

Prévia do material em texto

1. INTRODUÇÃO
Neste trabalho é apresentado um estudo de caso, em Direito Civil, que envolve a negativa de pagamento de indenização de sinistro (colisão) pela seguradora, alegando que o segurado estava utilizando o automóvel para destinação diversa daquela declarada no momento da contratação do seguro. As disposições do Código Civil e do Código do Consumir aplicáveis à situação estudada são apresentadas. A jurisprudência favorável ao segurado na proposição de uma ação de cobrança contra a seguradora é apresentada e são feitas considerações importantes quanto a tal tipo de ação.
2. PESQUISA DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
2.1. Disposições do Código Civil que sustentam a negativa da seguradora
As disposições do atual Código Civil (Lei nº10406, de 10 de janeiro de 2002) que serviram de base para a seguradora negar o pagamento da indenização pelo sinistro estão nos seguintes artigos do Capítulo XV: 
 
Art. 759. A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta escrita com a declaração do s ele mentos essenciais d o interesse a ser garantido e do risco. 
Art. 765. O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes. 
Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido. 
Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, o segurador ter á direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio. 
... 
Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo 
que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que silenciou de má-fé. 
§ 1o O segurador, desde que o faça nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso da agravação d o r isco sem culpa do segurado, poderá dar-lhe ciência, por escrito, de sua decisão de resolver o contrato. 
§ 2o A resolução só será eficaz trinta dias após a notificação, devendo 
ser restituída pelo segurador a diferença do prêmio.
Estas disposições do Código Civil são repetidas com maior detalhe na legislação suplementar emanada pela SUSEP – Superintendência de Seguros Privados1. No anexo I da CIRCULAR SUSE P No 256, de 16 de junho de 2004, alterada pela CIRCULAR SUSEP No 269, de 30 de setembro de 2004, encontramos as seguintes disposições sobre o assunto em questão: 
a) SEÇÃO XV – DA PERDA DE DIREITOS: 
Art. 36. Deverá constar, das condições contratuais, dispositivo específico prevendo que o segurado perderá o direito à indenização, se agravar intencionalmente o risco.
Art. 37. Deverá constar das condições contratuais que, se o segurado, seu representante legal, ou seu corretor de seguros, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou no valor do prêmio, ficará prejudicado o direito à indenização, além de estar o segurado obrigado ao pagamento do prêmio vencido . 
Parágrafo único. Se a inexatidão ou a omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, a sociedade seguradora poderá: 
I – na hipótese de não ocorrência do sinistro: 
a) cancelar o seguro, retendo, do prêmio originalmente pactuado, a parcela proporcional ao tempo de corrido; ou 
b) permitir a continuidade do seguro, cobrando a diferença de prêmio cabível. 
II– na hipótese de ocorrência de sinistro sem indenização integral: 
a) cancelar o seguro, após o pagamento da indenização, retendo, 
do prêmio originalmente pactuado, acrescido da diferença cabível, a 
parcela calculada proporcionalmente ao tempo decorrido; ou 
b) permitir a continuidade do seguro, cobrando a diferença de prêmio cabível ou deduzindo-a do valor a ser indenizado. 
III – na hipótese de ocorrência de sinistro com indenização 
integral, cancelar o seguro, após o pagamento da indenização, 
deduzindo, do valor a ser indenizado, a diferença de prêmio cabível. 
Art. 38. Deverá constar, das condições contratuais, que o 
segurado está obrigado a comunicar à sociedade seguradora, logo que saiba, qualquer fato suscetível de agravar o risco coberto, sob pena de perder o direito à indenização , se ficar comprovado que silenciou de má-fé. 
§ 1o A sociedade seguradora, desde que o faça nos 15 (quinze) dias seguintes ao recebimento do aviso d e agravação d o risco, poderá dar-lhe ciência, por escrito, de sua decisão de cancelar o contrato ou, mediante acordo entre as partes, restringir a cobertura contratada. 
§ 2o O cancelamento do contrato só será eficaz trinta dias após a notificação, devendo ser restituída a diferença do prêmio, calculada 
proporcionalmente ao período a decorrer. 
§ 3o Na hipótese de continuidade do contrato, a sociedade seguradora 
poderá cobrar a diferença de prêmio cabível. 
Art. 39. É vedada a inclusão de cláusula que disponha sobre a fixação de prazo máximo para a comunicação de sinistro. 
Parágrafo único. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro à sociedade seguradora, tão logo tome 
conhecimento, e adotará as providências imediatas para minorar suas consequências.
b) SEÇÃO XVII – DAS INFORMAÇÕES PARA AVALIAÇÃO DE RISCO: 
 
Art. 41. As sociedades seguradoras que utilizarem critérios 
baseados em questionário de avaliação de risco no cálculo dos prêmios deverão fornecer todos os esclarecimentos necessários para o correto 
preenchimento do questionário, bem com o especificar todas as 
implicações, no caso de informações inverídicas devidamente 
comprovadas.
Parágrafo único. Fica vedada a negativa do pagamento da indenização ou qualquer tipo de penalidade, ao segurado, quando relacionada a perguntas que utilizem critério subjetivo para a resposta ou que possuam múltipla interpretação. 
 
Nota-se que, no item b do parágrafo anterior, já há alguma previsão de vedação 
da negativa de pagamento relacionada a perguntas que utilizam critério subjetivo para 
a resposta ou que possuam múltipla interpretação, a qual pesa em favor do segurado. 
2.2 Disposições do Código de Defesa do Consumidor
Como será apresentado na próxima seção deste trabalho, a jurisprudência concernente a demandas entre segurado e segurador a, trata as respectivas avenças de seguro como uma relação consumerista. Dessa forma, quando a controvérsia se 
refere a informação consideradas inverossímeis no questionário de avaliação de risco e esta é alegada pela seguradora como de má-fé do segurado, a posição dos 
julgadores, via de regra, tem sido da inversão do ônus da prova em favor do 
consumidor, conforme previsto no Código de Defesa do consumidor - CDC (Lei nº 8078 de 11 de setembro de 1990). Assim, as disposições do CDC que podem ser invocadas numa ação contra a seguradora que se nega a pagar a indenização de sinistro com esta motivação são os seguintes: 
 
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
§ 1º Produto é qualquer bem,móvel ou imóvel, material ou 
imaterial. 
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as de correntes das rela ções d e 
caráter trabalhista. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
... 
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos 
e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 
... 
V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; 
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos , inclusive com a 
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a 
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; 
... 
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira 
mais favorável ao consumidor. 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: 
... 
VI – estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do 
consumidor; 
2.3 Uber uma modalidade de transporte privado e individual de passageiros
Qualquer motorista com carteira de habilitação pode se cadastrar no site do UBER para prestar serviços de transporte com o seu próprio veículo. Se aprovado o cadastro, o motorista recebe da empresa um smartphone para se comunicar com os passageiros, cujo cadastramento é rápido e independe de aprovação. 
O único seguro exigido pelo Uber para se tornar um motorista parceiro é o de Acidentes Pessoais de Passageiros (APP), um a outra modalidade de proteção que não inclui danos com o veículo. Por isso, segundo a assessoria de comunicação da plataforma, não há como mensurar quantos motoristas ativos no aplicativo possuem o seguro convencional para carro e quantos já fizeram a alteração da apólice. 
Inicialmente deve-se dizer que a Uber, através de sua plataforma, presta um 
serviço que é considerado um serviço de transporte privado individual. Também pode-se observar que tal definição ainda não foi contemplada no rol de serviços de transportes previstos na Lei 12.587/2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana. 
De fato, a prestação de serviços da Uber, em sua essência, se as semelha muito ao serviço prestado pelo táxi e, consequentemente, é indiscutível que tais atividades concorram entre si. Apesar da semelhança, algumas diferenças também foram apontadas entre essas atividades e, por conseguinte, usadas para afirmar que o serviço da Uber se trata de um serviço privado individual (MOURA & SALES, 2017).
Por fim, sob a ótica dos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência, a 
Atividade da Uber é plenamente lícita pois, a falta de regulamentação não a torna ilícita e tal atividade não depende de prévia licença ou autorização estatal para ser exercida. 
Nesse sentido, é importante reiterar que o serviço prestado pela Uber não configura transporte público individual e sim a modalidade privada de transporte. E, de acordo com Andrade (2017): “O fato de a atividade privada de transporte individual de passageiros não ter previsão legal não o torna ilegal ou clandestino. ” 
O fato da não ilegalidade do transporte individual de passageiros e a falta de 
legislação que defina claramente esta modalidade de transporte, uma vez, que tal definição ainda não foi contemplada no rol de serviços de transportes previstos na Lei 12.587/2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana, não fornecem parâmetros para o cidadão comum entender isto como uma atividade profissional. 
Assim, ao classificar o uso do seu automóvel particular como profissional, locomoção diária ou lazer, no questionário, este pode interpretar a atividade de motorista Uber, como um “bico” de forma a declarar o uso como para “locomoção diária”. 
3. JULGADOS FAVORÁVEIS À TESE DO SEGURADO
Em detalhada pesquisa na jurisprudência não foi encontrado nenhum caso 
idêntico ao analisado no presente trabalho, que consiste, resumidamente, num segurado que se omitiu em informar à seguradora de ter iniciado o uso do veículo como transporte individual privado pelo aplicativo Uber. A tese do segurado numa ação de cobrança da indenização contra a seguradora deve-se apoiar na inexistência de má fé nesta omissão, uma vez que a má fé nos contratos de seguro é excludente de obrigação de pagamento da indenização, conforme a legislação vigente e citada na seção anterior deste trabalha. Assim, procurou-se julgados favoráveis ao pagamento da indenização sustentados na tese da seguradora não provar a má fé do segurado, inclusive, invertendo a esta o ônus da prova, de acordo com o Código do Consumidor. 
Neste caso por tratar de relação de consumo, muitas vezes, o ônus da prova é invertido, tendo a seguradora o ônus de demonstrar a má-fé do segurado. Há alguns entendimentos dos tribunais no tocante de que a negativa somente pode ocorrer quando comprovado o nexo de causalidade entre a informação prestada e a ocorrência do sinistro.
Precedentes: 0265356-72.2008.8.19.0001, TJERJ, 2ª C. Cível, julgamento em 09/09/2010; 027 2027-48.2007.8.19.0001, TJERJ, 4ª C. Cível, julgamento em 02/02/2011. Neste sentido, alguns arestos do TJ-RJ: "DIREITO CIVIL- CONTRATO DE SEGURO DE VEÍCULO- ROUBO-NEGATIVA DE COBERTURA SECURITÁRIA ALEGAÇÃO DE TER O SEGURADO OMITIDO O FATO DE NÃO POSSUIR CARTEIRA DE HABILITAÇÃO, BEM COMO SER O PRINCIPAL CONDUTOR SEU FILHO INEXISTÊNCIA, NO CASO CONCRETO, DE AGRAVAMENTO DO RISCO-INJUSTA A NEGATIVA DA SEGURADORA CONDENAÇÃO DA MESMA AO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA NOS LIMIT ES DA APÓLICE-MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 
4. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NA PROPOSIÇÃO DE UMA AÇÃO
Marco Antônio João firmou um contrato de seguro, e de acordo com o dispositivo 757 do Código Civil, o segurador se compromete a garantir interesse legitimo do segurado contra riscos predeterminados. 
Os riscos predeterminados só podem ser estabelecidos, bem como, o valor do prêmio, por conseguinte, através de informações fornecidas pelo segurado na fase pré-contratual, através do Questionário de Avaliação de Risco, de modo que exige-sea probidade e boa-fé de ambas as partes. 
O artigo 765 do CC, preceitua especificamente a respeito da boa-fé nos contratos de seguro. Vejamos: ““Art. 765. O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes.” 
Portanto, não é admitido má-fé ou ocultação nas informações fornecidas para a seguradora com intuito de obter alguma vantagem, inclusive é previsto no Código Civil norma regulamentadora a respeito: ““Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido . ” 
Mas o parágrafo único do mesmo dispositivo, ressalva que se houver a inexatidão ou omissão nas declarações não forem resultantes de má-fé, o segurador terá direito a resolver o contrato: “Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, o segurador terá direito a resolvero contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio. ”
Entretanto, muitas vezes as seguradoras utilizam do Questionário de Avaliação 
de Risco como excludentes do dever de indenizar, alegando má-fé do segurado ao responder o referido questionário, omitindo ou prestando informações inverídicas a fim de pagar um menor valor do prêmio do seguro, que pagaria se tais informações fossem corretamente prestadas. Entretanto, o fazem isto, sem apresentar provas do ato de má fé do segurado. Cabe, neste contexto, citar: “A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, sendo milenar a parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova”. (STJ-RECURSO ESPECIAL REsp 956943 PR 2007/0124251-8 (STJ, data de publicação: 01/12/2014). 
Numa ação do segurado contra a seguradora, caberia ao autor fazer prova da 
veracidade de sua tese, mas, neste caso, é a negação de culpa, pois,de fato, quem acusa o segurado de má fé é a seguradora, como justificativa da negativa do pagamento da indenização. Mas, esta questão fica pacificada se aplicarmos a inversão do ônus da prova em favor do consumidor (inciso VII do artigo 3ºdo CDC), in verbis: “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. 
Neste sentido a argumentação deve ater-se à inexistência de má fé , uma vez que o autor, poderia não ter considerado a sua atuação como motorista de Uber, como uma utilização profissional do veículo. 
Assim, é importante reiterar que o serviço presta do pela Uber não configura transporte público individual e sim a modalidade privada de transporte. E, de acordo com Andrade (2017): “O fato de a atividade privada de transporte individual de passageiros não ter previsão legal não o torna ilegal ou clandestino. ” 
O fato da não ilegalidade do transporte individual de passageiros e a falta de 
legislação que defina claramente esta modalidade de transporte, uma vez, que tal definição ainda não foi contemplada no rol de serviços de transportes previstos na Lei 12.587/2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana, não fornecem parâmetros para o cidadão comum entender isto como uma atividade profissional. 
Assim, ao classificar o uso do seu automóvel particular como “profissional, 
locomoção diária ou lazer ”, no questionário, este pode interpretar a atividade de motorista Uber, como um “bico” de forma a declarar o uso como para “locomoção diária”. 
Ademais, na data da contratação do seguro, o segurado não exercia esta 
atividade e, não recebeu orientação explicita sobre a atividade de motorista Uber,visto, conforme demonstrado neste trabalho, trata-se de uma atividade nova, para a qual não há conceituações bem definidas, não fazendo nem sequer parte dos usos e costumes. 
Partindo do princípio que Marco Antônio teve probidade e boa-fé quando 
preencheu o Questionário de Avaliação de risco, podemos entender que a seguradora se utilizou desse artificio como forma de não indenizar, restando a este mover uma ação de conhecimento com condenação (ação de cobrança). 
Ademais, por se tratar de relação de consumo, é aplicável o Código de Defesa do consumidor, que respectivamente deve ser interpretado de forma favorável ao consumidor. 
Ressalta-se, por fim, que a argumentação do autor não deve firmar-se na não agravação do risco, pois esta linha de raciocínio pode enfraquecer o pleito, um a vez que, poderia ser facilmente questionada pela seguradora com base em cálculos atuariais que poderiam já ter sido aprovados pela SUSEP. Ainda, se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé do segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio.
5. CONCLUSÃO
A situação fática estudada neste trabalho é a negativa de pagamento da indenização de seguro automotivo ao segurado que utilizava o veículo como motorista Uber, sem comunicar este fato à seguradora, e que sofreu um acidente de trânsito. 
Levantou-se a legislação aplicável, as disposições previstas no Código Civil, quanto do Código de Defesa do consumidor. Levantou-se os pontos principais que poderiam ser usados numa ação de cobrança da indenização do segurado contra a seguradora, tendo como cerne a inexistência de má fé do segurado ao não comunicar a seguradora, face não identificar a atividade de motorista Uber, como o uso não particular do seu veículo.
6. BIBLIOGRAFIA
SUSEP. Perguntas e respostas. Disponível em <http://www.susep.gov.br/setores-susep/cgpro/coseb/duvidas-dos-segurados-sobre-seguro-de-automoveis/>. Acesso em 02 maio 2018. 
 
MOURA, Cid Capobiango Soares de; SALES, Ana Carolina de. Serviço de 
transporte da Uber tem respaldo na liberdade d e profissão. Disponível em Consultor Jurídico < http://www.conjur.com .br/2017jan08/servicotransporteuberbaseliberdadeprofissao? 
imprimir=1>. Acesso em 02 maio 2018. 
 
ANDRADE, Ricardo Barrett o de. Uber: o debate sobre o transporte individual de 
Passageiros. Disponível em < 
http://www.migalhas.com .br/dePeso/16,MI222399,41046Uber+o+deba te+sobre+o+tr
ansporte+individual+de+passageiros>.Acesso em 02 maio 2018.

Continue navegando