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Profa. Ma. Ana Carolina Magalhães Fortes Da invalidade do casamento arts. 1.548 a 1.564, CC A invalidade do casamento exige regras próprias – não são as mesmas regras comuns estabelecidas na Parte Geral do CC para os atos jurídicos. O casamento só é nulo ou anulável nos casos apontados expressamente por alguma norma jurídica de direito das famílias. O gênero invalidade classifica-se em nulidade e anulabilidade. A nulidade é o grau mais elevado da invalidade do ato jurídico, uma vez que se refere a interesses públicos ou sociais relevantes, dando ensejo a que qualquer interessado e o MP possam invoca-la. É imprescritível. A anulabilidade, em geral, é o grau menor da invalidade dos atos pois corresponde a interesses particulares, cuja tutela depende das pessoas afetadas ou prejudicadas. Não pode ser suscitada por qualquer pessoa nem pelo MP, nem declarada de ofício pelo juiz. O decurso do tempo gera o efeito de sua convalidação perma- nente. E quando o juiz tiver dúvidas? Deve decidir em favor do casamento. NULIDADE DO CASAMENTO Não pode ser declarada de ofício pelo juiz. Apenas os legitimados podem promover a nulidade e as hipóteses de sua admissibilidade são estritas, em número fechado. Não é automática, depende de ato JUDICIAL. Legitimados: interessados e MP. MP tem a faculdade, não obrigação. Art. 1549, CC. Apenas o juiz pode declará-la quando o fato estiver bem provado, não podendo fundar-se em indícios ou provas testemunhais. Não pode ser suscitada de forma incidental ou como meio de defesa em processo judicial de finalidade distinta: apenas por ação direta e originária com finalidade exclusiva de decretação da nulidade do casamento, na qual sejam explicitados o motivo ou os motivos definidos em lei. A ação é imprescritível, em razão da lesão à ordem pública. Única hipótese prevista em lei para fundamentar pedido de nulidade: quando um ou ambos os cônjuges incorrerem em IMPEDIMENTO MATRIMONIAL. A deficiência mental, após o advento da Lei n. 13.146 de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) deixou de ser considerada impedimento, porque não sinaliza incapacidade civil para casar. Aquele que se qualifica como INTERESSADO pode ajuizar a ação. Deve provar interesse legítimo na nulidade, em razão de laços familiares ou de parentesco ou quando for terceiro afetado pelo referido casamento. A sentença judicial que decretar a nulidade do casamento terá efeitos retroativos desde a data da celebração. ANULABILIDADE DO CASAMENTO A anulabilidade é espécie do gênero invalidade. Diz respeito a interesses individuais considerados relevantes. Depende da promoção dos interessados legitimados, dentro dos prazos decadenciais, após os quais o casamento será permanentemente válido. Diferente do casamento nulo, os efeitos da da declaração judicial da anulabilidade não são retroativos. O casamento anulável pode ser convalidado com o decurso do tempo e a inércia do interessado. Os prazos decadenciais têm início variado para cada hipótese. •» Efeitos da sentença de anulabilidade: Em relação aos efeitos da sentença de anulabilidade, nos temos 2 correntes: •1ª corrente - Há quem entenda que a sentença que decreta a anulabilidade produz efeitos ex nunc, dali em diante. » 2ª corrente - Por outro lado, Pontes de Miranda, Clóvis Beviláqua, e Francisco Amaral entendem a sentença que a decreta anulação do casamento produz efeitos ex tunc, retroativamente. • 3 • Causas de Anulabilidade do Casamento: 1) art. 1.550, I, do CC – É anulável o casamento de quem não completou a idade mínima para casar. • É a hipótese da pessoa que não completou 16 anos e não foi autorizada pelo juiz na realização deste casamento. • A legitimidade - art. 1.552, I, II, III, CC: • O prazo decadencial - art. 1.560 § 1º, CC. 5 2) Art. 1.550, II, CC – É anulável o casamento do menor em idade núbil quando não autorizado por seu representante legal. • Nessa hipótese, um ou ambos os cônjuges têm mais de 16 anos, mas menos de 18, e casaram sem autorização dos pais, tutores ou curadores. • 3) Art. 1.550, III, CC – É anulável o casamento por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 à 1.558. • Esse dispositivo está relacionado ao erro essencial. 7 •»» São premissas básicas para se anular um casamento por erro essencial: •1) O fato que enseja a anulabilidade do casamento deve ser desconhecido do cônjuge enganado e deve ser anterior ao casamento. • 2) É de suma importância que se demonstre sempre que o conhecimento posterior daquele fato tenha tornado insuportável a vida em comum. 9 ATENÇÃO! Nós temos, pelo menos, 2 fatos, que são posteriores ao casamento, mas que a doutrina admite que valha como causa de anulabilidade: • a) Se o cônjuge some na lua-de-mel (ex.: o marido sai para comprar cigarros e não volta mais). • b) a recusa às relações sexuais desde o início. 10 IMPORTANTE! • A legitimidade para a propositura desta ação de anulabilidade em razão de erro essencial é apenas do cônjuge enganado (art. 1.559, NCC); • Somente o cônjuge que incidiu em erro poderá demandar a anulação. 15 Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: •I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. 16 Também será anulável o casamento: (Art. 1.550,CC) IV - Incapaz de consentir •V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - por incompetência da autoridade celebrante. ERRO ESSENCIAL SOBRE A PESSOA DO OUTRO CÔNJUGE A principal causa de anulação de casamento na casuística dos tribunais é o erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge. Diz respeito às qualidades essenciais da pessoa, ou seja, suas caracte- rísticas morais, intelectuais, espirituais, físicas, socioprofissionais. Teoria do erro no casamento é diferente da teoria do erro nos negócios jurídicos comuns. CASAMENTO PUTATIVO Constituído com infringência dos impedimentos matrimoniais – nulo ou das cau- sas suspensivas – anulável, quando um ou ambos os cônjuges desconheciam o fato obstativo. Cônjuge de boa fé por crer na plena validade do casamento. A putatividade cessa quando o juiz, convencido do fato obstativo, decreta a invali dade do casamento. O casamento contraído de boa fé por ambos os cônjuges produz to dos os efeitos, até a sentença de invalidação, tanto em relação a eles quanto a seus filhos. A invalidação produz consequências semelhantes às do divór- cio consensual, quanto à partilha de bens, guarda dos filhos e ali- mentos. Se apenas um dos cônjuges casou de boa fé, os efeitos ci- ] vis só a ele aproveitam. Ao outro, os efeitos retroagem como se o casamento não tivesse ocorrido.
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