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OF TRAD I (AULAS 01 A 10)

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AULA 01 - UNIDADES DE TRADUÇÃO
A unidade de tradução (UT) vem sendo considerada a partir de diversas perspectivas. Uma de suas primeiras abordagens vem da estilística comparativa de Vinay & Darbelnet, que definiram a unidade de tradução como “o menor segmento do discurso cujos signos estejam relacionados de modo tal que não podem ser traduzidos separadamente”. A visão dos autores sobre o conceito de unidade de tradução foi duramente criticada por ser exageradamente prescritiva, focada na língua de partida e baseada em traduções idealizadas. 
Atualmente, a conceituação proposta por Vinay & Darbelnet é substituída por pesquisas empíricas mais recentes na tradução, embora continue sendo uma definição importante nesse tipo de pedagogia. Dentre as reflexões sobre a definição proposta pelos autores para o termo “unidade de tradução”, estão os questionamentos sobre essas pesquisas por se tratarem de unidades da língua ou do texto de partida ou, ainda, por estarem relacionadas à semântica ou sintaxe no nível linguístico em que elas ocorrem.
->> Paul Bennett, por exemplo, propôs o termo átomo de tradução para identificar os menores segmentos a serem traduzidos como um todo. O autor reconhece que tais átomos podem, ainda, fazer parte de unidades maiores que sejam operacionais na tradução. Paul Bennett também propõe o termo foco de tradução para nomear um segmento do texto de partida no qual o tradutor concentra sua atenção em um determinado momento. 
->> Kirsten Malmkjær argumenta que a sentença parece ser uma estrutura plausível sobre a qual se concentrar como unidade de tradução, pois a mesma é uma unidade gerenciável do foco de atenção. Outro termo cunhado por Paul Bennett é o de macrounidade da tradução, que designa a maior unidade linguística a ser considerada pelo tradutor na tomada local de decisões relacionadas à tradução. Em geral, todo o texto é uma macrounidade, mas, dadas as limitações da memória de trabalho, dificilmente ele constituirá um foco de tradução.
[O termo “memória de trabalho” faz referência ao sistema cerebral quedisponibiliza espaço temporário para armazenamento e manipulação dasinformações necessárias em tarefas cognitivas como compreensão dalinguagem, aprendizado e raciocínio. A memória de trabalho está dividida emtrês subcomponentes: (1) o executivo central, que é o sistema controlador da atenção e que tem papel essencial em tarefas como jogar xadrez, por exemplo,e está particularmente susceptível ao efeitos do mal de Alzheimer; (2) o bloco de notas viso-espacial, que manipula imagens visuais; e (3) a curva fonológica, que armazena informações relacionadas à fala e é necessária na aquisição de vocabulário tanto na língua materna quanto em uma língua estrangeira. Visite o site “O cérebro nosso de cada dia” e aprenda mais sobre essa importante característica do cérebro. Disponível em http://www.cerebronosso.bio.br/genius-memria-de-trabalho (acesso em 18 de abril de 2013). A unidade de tradução é um segmento do texto de partida, independente de tamanho e forma específicos, para o qual, em um dado momento, se dirige o foco de atenção do tradutor. Trata-se de um segmento em constante transformação que se modifica segundo as necessidades cognitivas e processuais do tradutor. A unidade de tradução pode ser considerada como a base cognitiva e o ponto de partida para todo o trabalho processual do tradutor. Suas características individuais de delimitação e sua extrema mutabilidade contribuem fundamentalmente para que os textos de chegada tenham formas individualizadas e diferenciadas. O foco de atenção e consciência é o fator direcionador e delimitador da unidade de tradução e é através dele que ela se torna momentaneamente perceptível.]
A UT NOS ESTUDOS DE TRADUÇÃO
Alguns estudos são orientados ao processo de tradução, principalmente à investigação da atividade cognitiva do tradutor enquanto este realiza a tarefa. Os pesquisadores dessa linha acreditam que a unidade de tradução refere-se ao trecho do texto fonte no qual o tradutor concentra sua atenção de modo a produzi-lo como um todo na língua de chegada.
->> Alves & Gonçalves sustentam que a unidade de tradução é um segmento em constante transformação que se modifica conforme as necessidades cognitivas do tradutor. Segundo essa visão, não é possível identificar unidades de tradução com base nas estruturas da língua de partida ou em trechos do texto original. Em vez disso, a identificação das unidades de tradução aconteceria somente em tempo real, à medida que o tradutor realiza seu trabalho.
Para isolar as unidades de tradução, os pesquisadores tradicionalmente utilizam os protocolos de pensamento em voz alta, do inglês “Think Aloud Protocols” (TAP). O protocolo de pensamento em voz alta não é um método exclusivo dos estudos da tradução. Ele permite aos pesquisadores compreender, ao menos em parte, o processo de pensamento de um sujeito à medida que utiliza um produto, dispositivo, manul ou qualquer outro artefato. O pesquisador observa o sujeito enquanto ele tenta concluir uma tarefa e, idealmente, só se manifesta quando deseja lembrar ao sujeito observado para continuar falando. Enquanto "pensa alto" à medida que desempenha a tarefa, o sujeito pode explicar seu raciocínio e verbalizar as eventuais dificuldades que vinvenciar no processo.
Nesse método, o que se vê é a tentativa de o tradutor verbalizar seus processos de pensamento enquanto traduz. Uma dificuldade dessa abordagem de investigação, entretanto, é que somente uma pequena parte das informações obtidas com o protocolo está relacionada a informações sobre o foco de atenção no texto fonte. 
Além disso, como as verbalizações relacionadas ao texto de partida tendem a acontecer somente quando o tradutor está em um momento de dificuldade com o texto, alguns pesquisadores acabam por estabelecer uma relação entre unidades de tradução e problemas de tradução. 
->> Livbjerg & Mees definem a unidade de tradução como qualquer palavra ou sintagma no texto original, ou qualquer aspecto relacionado à palavra ou ao sintagma, que seja verbalizado pelo tradutor e para o qual esse profissional expressa algum tipo de dúvida com relação à sua tradução adequada. 
->> Barbosa e Neiva dizem que as unidades de tradução não são definidas pelos problemas, mas demarcadas pelas dificuldades que causam paradas no fluxo da tradução. 
Mais recentemente, dados sobre momentos de parada obtidos através do registro da digitação foram usados para investigar o modo como os tradutores segmentam o texto a ser traduzido e seu processamento. Os resultados indicam que os momentos de interrupção no fluxo da tradução indicariam o volume de informações sendo processadas ao mesmo tempo. Dados de pausa na tradução obtidos através da gravação da digitação também vêm sendo usados para explorar o modo como os tradutores segmentam o processamento. A premissa é a de que a distribuição das pausas no processamento da cadeia a ser traduzida possa ajudar na identificação do volume de informações processadas por vez e, assim, contribuir para a compreensão do que seria a unidade de tradução.
A UT NOS ESTUDOS ORIENTADOS AO PRODUTO
Enquanto as abordagens orientadas ao processo classificam a unidade de tradução como segmentos do texto original; os estudos da tradução orientados ao produto começam no texto de chegada e encaram a unidade de tradução como sendo a unidade do texto traduzido que pode ser relacionada a outra no texto original. Existem poucos estudos que descrevem como essa correlação deve ser feita, mas Gideon Toury publica informações importantes sobre esse pensamento. 
->> Gideon Toury está interessado na identificação de pares relacionados de soluções na língua alvo (segmentos substitutos) e problemas na língua fonte (segmentos substituídos). No entanto, o autor reconhece que tal correlação é de difícil identificação por serem esses pares de natureza dinâmica e por estarem fortemente relacionados ao contexto. Apesar de o conceito de pares relacionados, também conhecidos como equivalência, servir primeiramentepara que os analistas da tradução consigam reconstruir as decisões tomadas pelo tradutor; o autor sugere que elas também podem ter papel significativo na utilização dessas escolhas de tradução. Isso porque elas podem ser armazenadas pelos tradutores em memórias de longo prazo e recuperadas em tarefas futuras.
A UT NA TRADUÇÃO ASSISTIDA POR COMPUTADOR E NA LINGUISTICA DE CORPUS
Na tradução auxiliada por computador, a unidade de tradução tende a ser usada de uma maneira que enfatiza tanto o texto original, quanto o texto traduzido. Em sistemas de memória de tradução, por exemplo, uma UT é um segmento do texto original armazenado na memória de tradução juntamente com sua tradução correspondente. Tais segmentos tendem a ser armazenados no nível da sentença, refletindo a relativa facilidade com a qual as fronteiras de uma frase podem ser automaticamente identificadas. 
Embora sejam realizadas tentativas de extração automática de unidades de tradução a partir de corpora paralelos, a linguística computacional reconhece que mesmo que o processo de tradução possa ser visto como composicional – ou seja, a tradução de um texto é considerada como uma função da tradução de suas partes – essa composição continua sendo uma noção relativa no que se refere aos produtos da tradução e não está óbvio, portanto, onde ficam as fronteiras entre as unidades de tradução. 
Assim sendo, se trechos repetidos do texto fonte continuam a receber a mesma tradução na língua de chegada, então, é possível tomar esse fato como evidência quantitativa de que há unidades dos textos de partida e chegada entre as quais existe uma relação relativamente estável de tradução.
Um sistema de memória de tradução é um programa de computador que auxilia os tradutores humanos. Grosso modo, ele funciona da seguinte maneira: o tradutor traduz palavras e sintagmas de uma língua fonte para uma língua alvo, o sistema de memória armazena a informação do segmento original e seu equivalente traduzido e, quando aquelas palavras ou aqueles sintagmas aparecerem novamente no futuro, o programa sugere ao tradutor a tradução previamente armazenada. O tradutor pode optar por usar a tradução oferecida ou modificá-la. Estima-se que os sistemas de memória de tradução diminuam de 30% a 80% os custos da tradução. Eles são especialmente úteis no trabalho de tradução envolvendo manuais, guias de usuário, materiais de treinamento e outros documentos técnicos. Dentre os de sistemas de memória de tradução mais usados temos o Wordfast e o Trados.
LINGUÍSTICA COMPUTACIONAL: De maneira bastante simples, a Linguística Computacional é o estudocientífico da linguagem a partir da perspectiva computacional. Os linguistas computacionais estão interessados em oferecer modelos computacionais para diferentes tipos de fenômenos linguísticos. Em alguns casos, os trabalhos na Linguística Computacional podem ser motivados por uma perspectiva científica na qual se está tentando formalizar uma explicação computacional para um fenômeno linguístico ou psicolinguístico em articular; e, em outros casos, a motivação pode ser mais tecnológica e com o objetivo de produzir, por exemplo, um componente funcional para um sistema de fala ou linguagem natural. A verdade é que o trabalho do linguista computacional pode ser incorporado a muitos sistemas distintos, inclusive os de reconhecimento de voz, os sintetizadores que transformam textos em fala, os sistemas automatizados de resposta por voz, as máquinas de busca, os editores de texto, etc.
UM POUCO SOBRE A LINGUÍSTICA DE CORPUS
Um corpus (no plural, corpora) é uma coleção de textos que são objeto de um estudo literário ou linguístico. Na linguística de corpus contemporânea, essas coleções são mantidas em formato eletrônico, o que permite a inclusão de uma enorme quantidade de textos (que normalmente contêm centenas de milhares de palavras), e o acesso a eles por meio de programas computacionais específicos para manipulação de corpora. 
Embora a maioria das definições reforce a necessidade de critérios e propósitos específicos para formalização do corpora, há autores que admitem que qualquer coleção de textos, até mesmo toda a World Wide Web, pode ser considerada um corpus, desde que seu conteúdo seja foco de um estudo linguístico. Independente da maneira como tenha sido criado, o corpora precisa conter material autêntico, ou seja, amostras de língua falada ou escrita que tenham ocorrido naturalmente, sem a intervenção de um linguista. Os linguistas de corpus, então, adotam uma abordagem de estudo da língua que seja consistente com o empirismo defendido pelos estudos descritivos da tradução desde a década de 1970. À época, os pesquisadores eram extremamente críticos com relação ao uso da introspecção nos estudos da teoria da tradução e renegavam as abordagens que encaravam as traduções como idealizadas, em vez de fatos observáveis.
Foi Mona Baker quem viu na linguística de corpus uma possibilidade de tornar os estudos da tradução mais transparentes e passíveis de serem replicados. Seus primeiros trabalhos nessa área ficaram conhecidos como “estudos da tradução baseados em corpus” – ETC, ou CTS, do inglês “corpus based translation studies”.
TIPOLOGIA PARA CORPORA ORIENTADOS À TRADUÇÃO
Diferentes pensadores formalizaram tipologias de corpora que são bastante relevantes aos estudos da tradução. Em um alto nível de abstração, os corpora podem ser divididos em: 
A) monolíngues – nos quais estão armazenados textos em uma única língua.
B)bilíngues ou multilíngues – onde estão armazenados textos em duas ou mais línguas. 
Outra classificação mais geral está relacionada ao fato de os textos serem originais ou traduzidos na língua em questão.
Atualmente, os corpora mais famosos fora do âmbito dos estudos da tradução são os grandes corpora monolíngues de referência, como o British National Corpus, que contém 100 milhões de palavras originalmente faladas ou escritas em inglês britânico. Corpora deste tipo são denominados não traduzíveis. O Translational English Corpus talvez seja o mais conhecido. Ele continua a ser desenvolvido sob a coordenação de Mona Baker na Universidade de Manchester, e contém mais de dez milhões de palavras de textos traduzidos para o inglês a partir de diversas línguas de origem.
Os corpora também podem ser classificados conforme a relação que mantêm com seus subcorpora, quando esses existirem. Assim, um corpus monolíngue pode ser formado por dois subcorpora; um traduzível e outro não traduzível. Se os dois conjuntos de textos cobrirem os mesmos gêneros basicamente nas mesmas proporções, tiverem sido Publicados no mesmo período, abordarem os mesmos domínios, etc., podemos então chamá-los de corpus monolíngue comparável. 
Em um corpus bilíngue, os subcorpora podem estar relacionados através de traduções, ou seja, o corpus pode conter textos em uma língua juntamente com suas traduções para outras línguas. Corpora desse tipo são conhecidos como corpora paralelos e costumam estar alinhados, ou seja, são disponibilizados links entre as unidades dos textos fonte e são traduzidos, em geral no nível da sentença. Isso permite a concordância bilíngue, na qual a busca por uma palavra em uma determinada língua retorna todas as frases que contenham aquela palavra alinhadas com seus equivalentes em outras línguas. 
Os corpora paralelos estão disponíveis para diversos pares de línguas e vêm sendo usados na formação de tradutores para ajudá-los a encontrar soluções para problemas Característicos da tradução e que não surgem em outros tipos de redação. 
AULA 02 – COERENCIA E COESÃO
“Para Halliday e Hasan, a coesão concerne ao modo como os componentes da superfície textual – isto é, as palavras e frases que compõem um texto – encontram-se conectadas entre si numa sequência linear, por meio de dependências de ordem gramatical.”
Para Widdowson (1978), um texto pode ser coerente sem uma coesão visível e linguisticamente sinalizada. Em uma situação de discurso em uma atividade comunicativa normal, expressamos, segundo Widdowson, umaproposição e, ao mesmo tempo, realizamos algum tipo de ato locucionário (ou ilocutório). As orações usadas no discurso com a intenção de comunicação podem assumir valor quando criam relações com outras proposições expressadas em outras orações. Quando reconhecemos essas relações, reconhecemos a sequência de orações como constitutivas de um discurso coeso. 
Quando um texto não dispõe de relações linguísticas coesas visíveis, como leitores, extraímos significado do texto porque inferimos as relações proposicionais a partir da interpretação dos atos ilocucionários. É por isso que o discurso frequentemente nos parece coerente mesmo quando não parece coeso. 
O ato ilocucionário é um dos atos de fala. Ele corresponde ao ato de o locutor proferir um enunciado em certas condições comunicativas e com certas intenções, tais como ordenar, avisar, criticar, perguntar, convidar, ameaçar, etc. Em um ato ilocucionário, a intenção omunicativa de execução vem associada ao significado de determinado enunciado.
Como conseguimos reconhecer no diálogo um texto coerente apesar de o mesmo não utilizar nenhuma relação de coesão? Quando considerado isoladamente, as três falas não assumem nenhum valor comunicativo particular. Juntas, entretanto, podem ser reconhecidas como partes de um diálogo. Conseguimos, portanto, interpretar a fala de A como um pedido para que B atenda ao telefone. B, por sua vez, desculpa-se por não poder ajudar A, que compreende a situação e confirma sua compreensão com a última fala. Ao reconhecermos os atos locucionários presentes nas sentenças, podemos preencher as lacunas deixadas pelas proposições que não estão presentes e interpretar o texto como coerente.
Carrell (1982) questiona o conceito de coesão proposto por Halliday e Hasan como sendo uma medida da coerência. Para a autora, existe um processo interativo entre o texto e onhecimento anterior de mundo do leitor ou ouvinte. Segundo Carrell, a insuficiência da definição de Halliday e Hasan para o conceito de coesão está na falha em considerar as contribuições do leitor ao longo do processo de compreensão. O leitor não conta somente com as características do texto superficial. Seu conhecimento de mundo é a parte mais importante para a compreensão. Carrell argumenta que a coesão dos elementos superficiais não é a causa, mas o efeito, da coerência. Em outras palavras, a coesão lexical poderia ser o efeito, e não a causa, da coerência textual.
Brown e Yule (1983 - "Discourse Analysis") tampouco concordam com a ideia de coesão proposta por Haliday e Hasan e levantam dois questionamentos:
• A coesão proposta por Halliday e Hasan é necessária para a identificação de um texto?
• Essa coesão é suficiente para garantir tal identificação?
Os autores argumentam que um leitor irá automaticamente assumir que existem relações semânticas quando estão diante de um texto, e interpretam as orações em função das orações antecedentes. Portanto, a textura, no sentido de ser a realização explícita das relações semânticas, não é essencial para a identificação de textos. Um pequeno experimento foi realizado com orações misturadas em um texto que mantinha a coesão formal. 
A intenção era mostrar que não seria fácil para o leitor interpretar uma coleção de orações, mesmo com a presença de todas as relações de coesão. Os autores mostram que somente a coesão não é capaz de identificar um texto. Além disso, semelhante ao que diz Carrell (1982), Brown e Yule dizem que a fonte da coesão está fora do texto, e não palavras que formam o mesmo.
Se compararmos a visão de coesão proposta por Halliday e Hasan com as visões propostas por Widdowson, Carrell e Brown e Yule, veremos que todos concordam que existem relações semânticas em um texto que ajudam a constituir a sua coerência. A grande diferença está na explicitude. Enquanto Halliday e Hasan enfatizam as expressões explícitas das relações semânticas, os outros autores defendem a relação semântica subjacente que detém o poder de coesão. Esse conceito também é levantado por Halliday e Hasan em sua discussão, mas é deixado de lado quando os mesmos constroem sua taxonomia de expressões conjuntivas.
A relação entre coerência e coesão também pode ser analisada a partir de outra perspectiva, que é a da universalidade. Em seus estudos da tradução, Hatim e Mason (1990) argumentam que a sequência de relações de coerência – tais como causa e efeito, problema e solução, etc. – devem permanecer constante durante a transferência do texto original para o texto traduzido, mas ressaltam que a forma como essa coerência subjacente se reflete no texto superficial – a coesão – tendem a seguir as especificidades da língua ou do texto.
COERÊNCIA E COESÃO NA TRADUÇÃO
A coesão e a coerência são definidas de maneira distinta na linguística textual e nos estudos da tradução. Segundo Beaugrande&Dressler, a coesão e a coerência são os dois padrões mais óbvios da textualidade. A coesão refere-se ao modo como os elementos superficiais de um texto, tais como os elementos lexicais e os elementos gramaticais, se conectam de forma a garantir a continuidade. A coerência, por sua vez, refere-se ao modo como a continuidade de sentido é estabelecida e mantida. Segundo Beaugrande&Dressler, um texto “faz sentido” porque existe uma continuidade de sentidos entre o conhecimento ativado por suas expressões.
CONCEITOS
Os dois conceitos – de coerência e coesão – estão fortemente inter-relacionados, pois uma seleção bem motivada de dispositivos coesivos irá ajudar a estabelecer coerência, que por sua vez é mantida pela interação contínua entre o conhecimento apresentado no texto e o Conhecimento prévio de mundo do leitor. A coerência também pode ser descrita como a maneira como o texto se encadeia semântica, pragmática e tematicamente; já que sua constituição não é imanente ao texto, mas realizada por inferência. 
INFERÊNCIA
A questão da inferência é particularmente importante no discurso técnico e científico, onde textos altamente específicos podem carecer de elementos coesivos. Ainda assim, esses textos podem ser considerados coerentes se puder contar com o conhecimento especializado do leitor e sua habilidade de realizar inferências com base em experiências anteriores. Do ponto de vista da tradução, esses textos são um desafio porque demandam um conhecimento específico do tradutor, que pode ter de consultar especialistas ou mesmo necessitar de um revisor técnico para que consiga estabelecer na língua-alvo a mesma coerência percebida na língua-fonte.
No contexto da tradução, a relevância dos conceitos de coerência e coesão já foi discutida por diferentes autores e a partir de diferentes perspectivas. Em uma investigação na qual a Equivalência seja relevante e baseada na delimitação da tradução a partir de outros tipos de produção textual, pode-se assumir que a coerência refere-se ao conjunto de relações conceituais que subjaz o texto e que se mantém constante no texto traduzido. Contudo, as maneiras através das quais a coerência se reflete nos elementos superficiais do texto, ou seja, nos elementos coesivos utilizados, podem variar por diferentes motivos e ser dependente, por exemplo, da língua e do gênero textual.
A distinção entre significado e sentido tem implicações diretas na tradução, pois os tradutores não traduzem expressões isoladas, mas expressões contextualizadas; o que requer que se descubra o sentido pretendido de cada expressão. Atenção especial precisa ser dada a textos nos quais os elementos superficiais dificultam identificação do sentido pretendido. É o sentido pretendido que precisa ser replicado e mantido na tradução, através do uso de elementos coesivos que podem variar entre as línguas. O uso de elementos coesivos na língua fonte que possuam equivalentes na língua alvo ajudará a manter o sentido pretendido do texto original no texto traduzido. 
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AULA 03 - TEXTUALIDADE
Em seu trabalho, Beaugrande&Dressler definem o texto como “uma ocorrência comunicativa que atende a sete padrões de textualidade”.Segundo os autores, se um desses padrões deixar de ser atendido, o texto não poderá ser considerado comunicativo e, portanto, será tratado como um “não-texto”. Os padrões de textualidade são os seguintes: coesão, coerência, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionabilidade, intertextualidade.
COESÃO
O primeiro padrão que vamos discutir é a coesão. Você deve se lembrar dele, da aula passada. A coesão é o aspecto que garante que os elementos superficiais do texto – ou seja, as palavras – estejam “mutuamente conectados em uma sequência”. Os componentes superficiais dependem uns dos outros e são regidos pelas formas e convenções gramaticais, de modo que a coesão acaba por relacionar-se às dependências gramaticais impostas pelas línguas. Não seria possível, por exemplo, modificar a ordem das palavras de modo a obter resultados como "Children slow play at” ou “Play children at slow”. A ordem das frases resultantes é tão equivocada que dificilmente as pessoas compreenderiam as placas se esses fossem os textos exibidos. 
Fica evidente, portanto, que as dependências gramaticais nos elementos superficiais são aspectos importantes a serem considerados na ordenação de significados e seus usos. diversas dependências podem ser identificadas no texto original da placa. Embora seja possível fazer segmentações que agrupem “Slow children” e “at play”, fazendo com que o leitor imagine que crianças com algum comprometimento cognitivo ou motor estão brincando, o mais provável é que se criem os segmentos “Slow” e “children at play”, permitindo que se compreenda a placa como uma recomendação para diminuição da velocidade por conta da presença de crianças brincando na área.
COERêNCIA
"CHILDREN AT PLAY" -- Aqui, temos “children” como um “conceito objeto” e “play” como um “conceito ação” e a relação “agente de”, já que as crianças são as agentes da ação. Algumas vezes, entretanto, as relações não estão explícitas no texto e, assim, não são diretamente ativadas pelos elementos da superfície. Os leitores estabelecerão todas as relações necessárias para compreensão um texto em sua forma original. 
A coerência pode ser mais bem compreendida a partir de um conjunto de relações denominado causalidade. Essas relações dizem respeito às maneiras através das quais uma situação ou evento afeta as condições de outra situação ou outro evento.
É preciso perceber, portanto, que a coerência não é só uma característica dos textos, mas o resultado de processos cognitivos realizados pelos leitores. O simples sequenciamento de eventos e situações em um texto é capaz de ativar operações que recuperam ou criam relações de coerência. Um texto não faz sentido sozinho, e precisa contar com a interação entre o conhecimento que apresenta e o conhecimento prévio de mundo do leitor que o acessa.
INTENCIONABILIDADE E ACEITABILIDADE
Os padrões denominados intencionalidade e aceitabilidade estão fortemente relacionados a modelos mentais e processos cognitivos. Ambos interagem com os padrões anteriores - coerência e coesão - mas são padrões separados porque a comunicação acaba acontecendo em situações que não são totalmente coesivas ou coerentes. Para Beaugrande&Dressler, tanto a intencionalidade quanto a aceitabilidade estão relacionadas à atitude do produtor e do receptor do texto, respectivamente. Assim sendo, esses padrões são menos óbvios do que a coesão e a coerência, já que não é possível “entrar na cabeça” do produtor ou do receptor de um texto e observar o que lá está acontecendo.
A intencionalidade relaciona-se com a atitude do produtor e sua intenção em construir um texto coesivo e coerente que atenda a sua intenção comunicativa. Às vezes a intenção do produtor acaba não sendo alcançada por conta de fatores situacionais que acabam por Restringir o desempenho do leitor. Outras vezes, a boa vontade do leitor em aceitar e compreender a intenção de um texto acaba comprometida devido à qualidade do material ao qual tem acesso, onde falta coerência e coesão.
Segundo Beaugrande&Dressler, a intencionalidade deve ser analisada segundo a teoria da Pragmática. Os autores sustentam o princípio cooperativo proposto por Paul Grice e dizem que os participantes devem colaborar de modo a viabilizar a comunicação. Esse princípio não dá conta dos inúmeros casos nos quais os objetivos dos participantes do evento comunicativo são contraditórios. A ideia é que é necessário existir um objetivo comum de modo a conduzir um evento comunicativo significativo.
**** Máximas de Paul Grice para um Evento Comunicativo
·	Cooperação - contribua somente quando solicitado;
·	Modo - Organize as contribuições de modo a garantir a clareza;
·	Quantidade - dê informações novas em suas contribuições;
·	Relevância - acrescente somente informações relevantes;
·	Qualidade - diga somente aquilo que acredita ser verdade.
A aceitabilidade faz o processo reverso, aproximando-se do texto pelo outro lado; já que trata da atitude do leitor diante de um texto coeso e coerente que lhe seja relevante. Aqui, outro aspecto passa a ser importante: a tolerância. Um texto pode ser ruim e ainda assim ser aceito como texto. Isso acontece somente quando a tolerância não é excedida, ou seja, quando o receptor do texto ainda é capaz de compreender a mensagem – que é passada não só pelo léxico, mas também pela gramática do texto.No que diz respeito aos arâmetros de intencionalidade e aceitabilidade, a textualidade depende muito mais da intenção de comunicação de quem produz o texto do que da boa vontade do leitor em compreender o que lê. Para que uma determinada configuração da língua seja considerada um texto, é preciso não só que a mesma seja coerente e coesa, mas que tenha a intenção de ser um texto e seja aceita como tal.
INFORMATIVIDADE
A Informatividade está relacionada às expectativas das pessoas quando iniciam uma situação de comunicação. O termo também é usado para avaliar quão novo e inesperado um enunciado pode ser para aqueles que o recebem. Esta noção normalmente é associada ao conteúdo, e essa ênfase se dá por conta do papel dominante da coerência na textualidade. Em geral, fonemas e sintaxe parecem ser apenas subsidiários e, portanto, recebem menos foco direto de atenção.
Aqui, a atenção pode ser definida como a percepção que se tem de algo e que acaba por restringir o potencial para percepção de outros aspectos ao mesmo tempo. Assim sendo, se a atenção está voltada para a coerência de conceitos e relações, os outros sistemas deixam de receber o foco.
Beaugrande&Dressler dizem que cada um de nós possui um modelo de mundo em mente. Esse modelo de mundo seria muito bem estruturado e integrado. Cada vez que adquirimos novas informações ou novos conhecimentos, primeiro testamos os novos dados em nosso modelo de mundo e somente então os organizamos e integramos no modelo geral. Podemos concordar ou não com a nova informação recebida. Quando concordamos, ela se encaixa no modelo; quando não, ela não se encaixa. Se concordarmos somente com parte da informação, analisamos essas partes e encontramos um modo de adequá-las ao nosso modelo. Se não encontrarmos essas maneiras de adequação, simplesmente esquecemos as informações.
SITUACIONALIDADE
A Situacionalidade é controlada por todos os fatores que fazem com que um texto seja relevante em uma situação de comunicação. Ela aborda objetivos, crenças gerais, opiniões, convicções, etc. Ela nos ajuda a compreender de que maneira as informações previamente armazenadas sobre as experiências anteriores (modelo de mundo) podem ser usadas de diferentes maneiras. 
Beaugrande&Dressler postulam duas estratégias dominantes para a situacionalidade: monitoramento da situação e gestão da situação. O monitoramento da situação é responsável por fornecer uma descrição objetiva de uma situação, enquanto que a gestão da situação é aquela que nos ajuda a alcançar um objetivo específico. Na situação de comunicação, é comum que alternemos da estratégia 1 para a 2, mas a fronteira entre uma e outra é muito pouco clara. Beaugrande&Dresslerdiscutem doze maneiras distintas de se alternar entre uma estratégia e outra.
 INTERTEXTUALIDADE
A Intertextualidade é responsável por classificar as formas através das quais a produção e a recepção de um determinado texto dependem do conhecimento que os participantes têm a respeito de outros textos. Esse conhecimento pode ser aplicado através de um processo descrito em termos de mediação. Aqui, quanto maior o tempo e a duração das atividades de processamento entre o uso do texto atual e os textos previamente produzidos, maior será a mediação.
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AULA 04 - CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO
No ofício do tradutor, é essencial reconhecer que as palavras podem ter sentidos diferentes, mesmo quando sinônimas, para que se proponha uma boa tradução.
A seguir, veremos um exemplo que ajudará a elucidar um pouco mais a distinção entre os sentidos.
Pense na palavra “casa”. No sentido denotativo, a palavra significa “o lugar onde se mora”. No sentido conotativo, ela representa privacidade, intimidade, aconchego e conforto. Em inglês, duas palavras podem ser usadas para fazer referência à palavra “casa”: home e house. 
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AULA 05 - INTERTEXTUALIDADE
A relação que cada texto mantém com os outros textos que o rodeiam se chama intertextualidade. A análise intertextual avalia a relação de uma oração com o mar de palavras sobre o qual falamos, como ela usa essas palavras, como se posiciona com relação às outras palavras. Podem existir muitas razões para a análise da intertextualidade de um texto. Aprender a interpretar a intertextualidade ajuda na compreensão das fontes utilizadas por um autor e na identificação de suas ideias e posicionamentos diante de determinadas questões, por exemplo. Muitas são as ocorrências de intertextualidade que nos cercam, não só em textos, mas também em outros veículos.
Como dito anteriormente, a intertextualidade faz referência às relações implícitas e explícitas que um texto mantém com textos anteriores. Através dessas relações, um texto cria a representação de uma situação de discurso e os recursos textuais necessários à situação e posiciona o texto atual em relação àquele ao qual se refere. Embora esse recurso seja largamente reconhecido e utilizado, não existe uma nomenclatura padrão que dê conta dos elementos e tipos de intertextualidade. A terminologia utilizada a seguir para os conceitos, portanto, pode receber outra identificação quando tratada por outros autores.
TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO INTERTTEXTUAL
Para fins de análise, é possível distinguir entre diferentes técnicas usadas para que se estabeleça a relação de intertextualidade entre os textos. Observe as técnicas descritas a seguir clicando nos botões abaixo.
·	A citação direta estabelece o tipo mais explícito de relação intertextual. Normalmente identifica-se esse tipo de citação por meio do uso de aspas demarcando o texto citado. Embora a citação direta replique as palavras extas de outro autor, o autor do texto na qual citação aparece tem controle sobre quais palavras irá citar e em qual contexto a mesma será utilizada.
·	A citação indireta geralmente especifica uma fonte e tenta reproduzir o significado do texto original usando palavras que reflitam a compreensão do original por parte do autor que recorre à citação. A citação indireta acaba filtrando o significado por meio das palavras e das atitudes do autor que a utiliza.
·	A Citação de uma pessoa, documento ou declaração, a menção a um autor ou documento baseia-se na crença de que o leitor está familiarizado com a fonte original a qual se faz referência e também ao que ela diz. Nenhum detalhe de significado é explicitado e, por isso, o autor que emprega este recurso tem grande liberdade de dizer o que pensa sobre o texto original e contar com as crenças gerais sobre sua fonte sem ter de autenticá-las. 
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AULA 06 - CORRESPONDÊNCIA FORMAL E A EQUIVALÊNCIA DINÂMICA
Eugene Nida, um pesquisador da teoria da tradução, fez algumas reflexões importantes a respeito do ato de traduzir. Duas dessas reflexões serão discutidas na aula de hoje: a correspondência formal e a equivalência dinâmica.
EQUIVALÊNCIA DINÂMICA
A teoria da equivalência dinâmica - ou equivalência funcional - de Nida trata da tradução a partir de uma perspectiva totalmente nova que se desvia da tradução tradicional focada no texto e direciona o foco para a função da tradução. A intenção é garantir que o receptor da tradução compreenda sem equívocos a mensagem passada pelo texto original. Nida baseia sua teoria de equivalência dinâmica em algumas descobertas linguísticas feitas por Jakobson e Chomsky que dizem que uma dimensão dinâmica pode ser incluída à estrutura da língua através da aplicação de uma transformação. Para Nida, tudo o que pode ser dito em uma língua pode também ser dito em qualquer outra com precisão, tal que se estabeleçam pontos de equivalência de referência na cultura do receptor.
Para Nida, a equivalência dinâmica permite reproduzir, na língua do receptor, a equivalência natural mais próxima daquela existente em sua língua materna. Ao reconhecer que a equivalência deve ser a “mais próxima”, o autor reconhece, na impossibilidade de uma equivalência absoluta, que aquela mais próxima deve ser a escolhida para a tradução. A essência da equivalência formal, conforme ressalta Nida, é a resposta do receptor e o quanto sua reação se assemelha àquela do leitor do texto em sua língua original. Se um tradutor opta pela equivalência dinâmica na língua-alvo, ele não se preocupa tanto com as formas e estruturas, mas sim com o significado e o efeito. O objetivo principal é que o texto traduzido signifique exatamente o mesmo que o texto original e desperte os mesmo sentimentos e reações no leitor. As expressões na língua-alvo devem, assim, soar naturais.
Neste tipo de tradução, normalmente não se percebe nenhum traço de Estrangeirismos. As referências culturais são ajustadas de modo que se refiram a coisas semelhantes na cultura de destino. Em geral, o leitor nem percebe que está diante de uma tradução.
Alcançar esse tipo de tradução, entretanto, pode ser uma tarefa um tanto complicada. Há textos nos quais não é possível optar pela equivalência dinâmica, como as poesias, por exemplo. Há também situações nas quais não é possível adaptar os significados culturais e a solução é excluí-los completamente do texto traduzido. 
Na tradução de provérbios, o ideal é sempre buscar por frases na língua de chegada que sejam equivalentes em significado àquelas da língua de partida. Assim sendo, o tradutor deve optar pela equivalência dinâmica a fim de garantir a compreensão do significado que se deseja transmitir no texto original.
EQUIVALÊNCIA FORMAL
Enquanto a equivalência dinâmica tenta criar um texto traduzido que cause em seu leitor o mesmo efeito que o texto original desperta em seus receptores, a correspondência - ou equivalência - formal preocupa-se, como o nome sugere, em criar um texto traduzido que seja fiel ao original.
Percebe-se, portanto, uma mudança de foco: a equivalência dinâmica concentra-se no texto de chegada; a correspondência formal olha com maior atenção para o texto original. Aqui, o tradutor faz o máximo possível para manter-se fiel às estruturas: verbos são traduzidos como verbos, substantivos como substantivos, e parágrafos inteiros permanecem intactos. Cabe ao leitor identificar-se com o que lê. 
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AULA 07 - EQUIVALÊNCIA REFERENCIAL E EQUIVALÊNCIA PRAGMÁTICA
Embora controverso, o conceito de equivalência é central na teoria da tradução. As abordagens ao tema podem variar consideravelmente, com teóricos definindo a Tradução em termos de relações de equivalência e outros rejeitando totalmente tais relações, alegando que a mesma é irrelevante para os estudos da tradução.
Há ainda os pesquisadores que se mantêm no meio termo, como Mona Baker, que diz recorrer à noção de equivalência para fins de conveniência e porquea maioria dos tradutores está acostumada com tal noção, não porque ela mantém um status teórico.
Em geral, em relação à noção dos tradutores, assume-se uma de três opiniões sobre equivalência:
1) uma condição necessária para a tradução;
2) um obstáculo para o progresso dos estudos da tradução;
3) uma categoria útil para descrição de traduções.
Uma vez que o conceito de equivalência foi particularmente associado às teorias linguísticas da tradução - que foram duramente criticadas nas décadas de 80 e 90 - e, por vezes, foi injustamente relacionado à ideia de que as traduções seriam capazes de transmitir o mesmo significado presente no texto original, estável e independente de língua, não é nenhuma surpresa que a presença da noção de equivalência tenha oscilado nos estudos da tradução. 
A DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE EQUIVALÊNCIA
Os estudiosos a favor das teorias baseadas na equivalência a definem como uma relação entre dois textos: o texto de partida (TP) e o texto de chegada (TC). Diz-se também que é possível estabelecer relações de equivalência entre partes desses textos e, em muitos casos, somente por conta da noção de equivalência é que é possível reconhecer o TC como uma tradução do TP. A definição do conceito de equivalência, entretanto, é bastante problemática. Há quem ressalte sua circularidade, alegando que a equivalência define a tradução e que a tradução, por sua vez, define a equivalência. Infelizmente, poucas tentativas foram feitas no sentido de definir a equivalência de uma maneira que evite tal circularidade. 
O significado pragmático é avaliado com base na força ilocucionária do enunciado. Essa força pode ser determinada pela ordem das palavras, pela ênfase ou pela entonação, por exemplo. A análise da força ilocucionária e do significado pragmático é essencial para o tradutor porque, na tradução, trabalhamos com enunciados, ou seja, unidades do discurso caracterizadas por seu uso e seu valor na comunicação.
Assim sendo, o tradutor precisa analisar os significados implícitos de modo a viabilizar a tradução da mensagem do texto original. Seu papel é reconstruir a intenção de um autor de outra cultura de modo tal que o leitor do texto traduzido consiga compreender claramente a mensagem original. Assim sendo, o tradutor precisa analisar os significados implícitos de modo a viabilizar a tradução da mensagem do texto original. Seu papel é reconstruir a intenção de um autor de outra cultura de modo tal que o leitor do texto traduzido consiga compreender claramente a mensagem original. O aspecto ilocucionário deve, então, ser privilegiado e mantido, e o tradutor deve tentar reproduzir os mesmos atos de fala na língua de chegada.
Existe equivalência pragmática entre a língua de partida e a língua de chegada quando ambas podem ser usadas para efetivação do mesmo ato de fala (comissivos, explicativos, diretivos, etc.). Tudo o que se tem que fazer nesses casos é observar as estratégias usadas nas duas línguas para realizar esses atos.
A equivalência referencial ou denotativa, por sua vez, é aquela na qual existem equivalências exatas entre as palavras da língua de partida e da língua de chegada. É o que chamamos de “equivalência perfeita”, e talvez a mais desejada, pois permite ao tradutor encontrar no dicionário o significado das palavras que por ventura desconheça.
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AULA 08 - EQUIVALÊNCIA GRAMATICAL E EQUIVALÊNCIA TEXTUAL
No que se refere à equivalência gramatical, a autora explica que a gramática pode ser definida como o conjunto de regras que determinam o modo como as unidades da Língua - por exemplo, palavras e sintagmas – podem ser combinadas. A autora diz ainda que as diferenças entre as estruturas gramaticais do par de línguas da tradução sempre resulta em certas modificações do conteúdo da mensagem. Essa mudança pode se fazer perceber por meio do acréscimo ou omissão de palavras no texto traduzido, por Exemplo:
Baker também define algumas categorias gramaticais que visam ilustrar os tipos de dificuldades encontradas pelos tradutores por conta das diferenças nas estruturas gramaticais entre a língua de partida e a língua de chegada. Essas categorias são: número, gênero, pessoa, tempo (tense), aspecto e voz.
A seguir, vamos ver alguns contrastes gramaticais entre o inglês e o português aos quais o tradutor deverá estar atento durante sua tarefa.
CONTRASTES GRAMATICAIS ENTRE O INGLÊS E O PORTUGUÊS
·	Ideias interrogativas e negativas
·	Presença e omissão do verbo TO BE
·	Omissão do sujeito em português 
·	Duplas negações em português  
·	Presença do artigo em português 
·	Ausência do artigo em português 
·	Tradução dos verbos say e tell 
·	Tradução de Substantivos Incontáveis em Inglês
·	Transitividade de verbos
·	Verbo + Infinitivo (TO) - AFFORD, AGREE, APPEAR, CHOOSE, DECIDE, DESERVE, EXPECT, FAIL, FORGET, HAVE, HELP, HOPE, HESITATE, INTEND, LEARN, LONG, OFFER, PLAN, PRETEND, PROMISE, REFUSE, REGRET, REMEMBER, THREATEN, TRY, WANT
·	Verbo + Gerúndio - ADMIT, ADORE, AVOID, CAN'T HELP, CAN'T STAND, CONSIDER, DENY,
·	Verbo + Infinitivo - DISLIKE, ENJOY, FEEL LIKE, FINISH, FORGET, GIVE UP, HAVE TROUBLE, KEEP, 
·	Verbo + Gerúndio - MIND, MISS, POSTPONE, QUIT, RECALL, REGRET, REMEMBER, RESENT
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AULA 09 - A TRADUÇÃO LITERÁRIA E SUAS ESPECIFICIDADES
Embora a definição de literatura não tenha atraído muita atenção ao longo das últimas décadas, o mesmo não pode ser dito a respeito da literatura como categoria histórica, ideológica e dotada de funções políticas e sociais. As definições de literatura tendem a ser funcionais e contingentes e não formais ou ontológicas. Grosso modo, a literatura vem sendo definida como uma forma de escrever altamente reconhecida e valorizada.
Para compreender as especificidades da tradução literária, portanto, parece razoável observar as características dos textos literários, que são predeterminados pelo domínio da literatura e sua capacidade inata de estimular os sentimentos e libertar a imaginação dos leitores.
Não seria exagerado sugerir que os textos literários oferecem entretenimento a partir de sua base artística de qualidade e disponibilizam ao leitor a experiência ou visão de mundo do autor que, em geral, motiva a reflexão, a ação e a reavaliação de atitudes.
Por conseguinte, a tradução literária deve ser abordada como uma espécie de comunicação bilíngue esteticamente orientada, cujo objetivo maior é produzir um texto na linha de chegada capaz de comunicar sua própria forma, correspondente ao texto original, e em consonância com a literatura contemporânea e com as normas translacionais da cultura do leitor do texto traduzido. No âmbito da tradução literária, o tradutor mergulha nos prazeres de se trabalhar com grandes obras e recriar na língua de chegada um trabalho que permaneceria “codificado” e inacessível ao grande público.
Uma das maiores dificuldades na tradução literária está relacionada à capacidade de o tradutor perceber e reproduzir o estilo do trabalho original. É notável, na tradução literária, que a forma como se diz algo é tão ou mais importante quanto o que é efetivamente dito. Na tradução técnica, entretanto, o estilo não é tão relevante desde que se garanta a integridade do conteúdo informacional. 
O ideal é que o tradutor seja capaz de livrar-se de seu próprio estilo de modo a tornar-se invisível e produzir uma tradução que se distingue do original somente por conta da língua. Mais do que qualquer outra, a tradução literária demanda uma tradução o mais fiel possível à obra original.
NO QUE DIZ RESPEITO À CATEGORIZAÇÃO, A TRADUÇÃO LITERÁRIA COSTUMA SE DIVIDIR EM: 
1) TRADUÇÃO DE POESIA - Na tradução de poesia, o objetivo é causar no leitor o mesmo efeito emocional do original. Na tradução de textos para o teatro, a relação entre o texto e sua interpretação pelos atores é o que ganha foco.
2) TRADUÇÃO DE PROSA
3) TRADUÇÃO DE TEATRO
A tradução de prosa é especialmente interessante e poucos são os trabalhos de pesquisa publicados sobre o tema. Issoprovavelmente se deve à premissa de que a estrutura da prosa é menos complicada do que a da poesia, por exemplo, e que, portanto, causa menos problemas ao tradutor. 
* ATENÇÃO: Há que se pensar, entretanto, que, como dois textos ficcionais diferem não somente na língua em que são escritos, mas também em termos de cultura e convenções sociais, a tradução de ficção deve ser considerada não só uma transferência entre línguas, mas também uma transferência transcultural. 
Ao contrário de outros gêneros literários, a ficção não está envolvida por uma influência social insignificante porque romances e contos traduzidos (os gêneros mais comuns de ficção em prosa) podem ser lidos por milhares de leitores ávidos e podem acabar virando adaptações para o cinema – como é o caso de A menina que roubava livros, o texto com o qual vamos praticar mais adiante.
TEXTOS LITERÁRIOS E TEXTOS NÃO-LITERÁRIOS
Os textos não-literários referem-se primeiramente a objetos presentes na realidade extralinguistica. Já os textos literários costumam firar em torno de persoagens ficcionais, ontólogica e estruturalmente independentes do mundo real. Embora os textos literários tentem apresentar a realidade, eles somentre a imitam da melhor maneira possível, oq ue os torna de natureza mimética. Enquanto s os textos não-literários baseiam-se na precisão e na razão e poder ser caracterixados por uma progressão argumentativa mais ou menos lógica, os textos literários- frutos da imaginação do autor- acabam dando espaço à indefinição do significado, à ambiguidade e a múltiplas interpretações.
Além disso, os textos não literários estão escritos com vistas a serem recebidos por leitores em busca de informações específicas e que acabam empregando estratégias de leitura do tipo skimming ou scanning. Os textos literários, por sua vez, são produzidos com vistas a serem assimilados devagar ou de forma repetida e tem sua leitura largamente apreciada.
ATENÇÃO: Espera-se que os textos não literários sejam capazes de atender a uma função pragmática específica, enquanto que dos textos literários não se espera nenhum propósito específico senão o de entreter seu leitor, o que lhe permite uma variada gama de intenções.
No que diz respeito aos aspectos literários, percebe-se que a linguagem dos textos traduzidos tende a se tornar obsoleta com rapidez maior do que aquela utilizada nos textos não literários, onde o que envelhece é a informação. No caso das especificidades lexicais, o vocabulário dos textos não literários está baseado em uma língua padronizada e permeada de jargões, sem espaço para alterações de registro. Já nos textos literários, não há enquadramento em nenhum formato específico de língua e, dependendo do autor, o que varia é a riqueza lexical presente no texto.
Vale lembrar, ainda, que os textos literários têm espaço para a linguagem poética – repleta de metáforas, símiles, personificações e outros recursos.
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AULA 10 - ORIGINAIS E TRADUÇÃO DE OBRAS LITERÁRIAS CANÔNICAS
O que constitui um cânone? Colocada dessa maneira, essa pergunta pode receber muitas respostas.
Um cânone pode ser definido como uma coletânea de trabalhos literários importantes, e pode reunir textos filosóficos, políticos e religiosos que são considerados fundamentais em uma determinada sociedade. 
Atualmente, é frequente encontrar o termo “cânone” fazendo referência a um conjunto de autores e trabalhos que costumam estar presentes em livros didáticos ou que são citados com frequência em volumes sobre história da literatura, bibliografias ou críticas literárias.
Para muitos, o cânone é considerado uma expressão da autoridade cultural criada por pessoas influentes no passado. Ele foi definido como um espaço cultural de conflito, como espaço de batalha entre grupos, práticas e instituições. Esse debate pode acabar gerando duas consequências: ou se estabelece um novo cânone ou se põe em discussão a própria definição de cânone.
Traduzir uma obra canônica significa, portanto, introduzir em uma cultura os textos relevantes de uma cultura estrangeira, e, assim, representa um trabalho de grande relevância para os receptores do texto traduzido e uma grande responsabilidade para o tradutor envolvido no processo.
“A tradução tem-se considerado com frequência uma atividade subalterna à criação. 
No entanto, muitas das obras catalogadas como sendo de autor, e até canônicas e basilares, aproximam-se bastante da tradução. Shakespeare reciclava histórias e Diderot traduzia Sterne do jeito dele. Não se poderia classificar a tradução como mais um gênero literário? 
Essa é a perspectiva defendida por Borges e, pelo contrário, contestada por Kundera. Enquanto Borges questiona que a precedência deva implicar preeminência, Kundera sente a crise da autoria como um atentado contra o indivíduo. 
O fim da submissão da tradução tem de ser necessariamente o fim do reconhecimento da criatividade?”
“Minha velha experiência com os tradutores: se eles deformam você, nunca é nos detalhes insignificantes, mas sempre no essencial. O que não é sem lógica: é na novidade (nova forma, novo estilo, nova maneira de ver as coisas) que se encontra o essencial de uma obra de arte, e é certamente o novo que, de um modo inteiramente natural e inocente, se choca com a incompreensão” (KUNDERA, 1993, p. 226)
Portanto, sabemos bem que a autoria - com sua contextualização histórica - representa um papel importante na avaliação da obra de arte. Importa quem fala? Importa sim, apesar de tudo. Como da morte de Deus, da morte do autor apenas souberam, de fato, umas poucas pessoas. E da mesma forma que, ao longo da história, algumas dessas pessoas que pensaram ter visto a morte de Deus decidiram silenciá-la (para conservar os privilégios, como Voltaire, ou para não tirar um consolo aos que não têm mais nada, como Unamuno), também a maior parte da crítica artística se recusou a enterrar a autoria.
Por que se o autor morreu, como é possível que seja um cadáver tão sadio? Será que todos esses augúrios estão errados e não existe tal cadáver? Por que razão o pós-estruturalismo anuncia a morte da autoria? Pela mesma razão que Nietzsche anunciou a morte de Deus: não se trata de dizer uma verdade, mas de dizer um projeto. Deus ou a autoridade apenas podem morrer - ou serem mortos, ou ressuscitar - de uma forma: enunciando.
Ao longo da história, as pessoas que se dedicaram à profissão de traduzir aceitaram com frequência um papel de subordinação com respeito ao original. De fato, durante muitos anos, foram editadas inúmeras traduções literárias nas que nem sequer constava que o fossem, e menos ainda o nome da pessoa que as fizera. Ainda hoje as traduções são pagas por palavras ou por caracteres: não é normal um autor literário receber da editora em função da extensão do seu livro. As ideias de Borges - e de toda uma série de contribuições na mesma linha, das que já vimos algum nome - permitem rever em profundidade a questão.
Exigir fidelidade a uma tradução literária não faz parte do espírito que é o fundamento do indivíduo, e sim do espírito que é o fundamento do feudalismo e do patriarcado. Em troca, aceitar que a própria obra, sem deixar de ser o produto de uma conjunção única, é uma reescrita e pode e deve ser reescrita por outra individualidade que ao fazê-lo vai renová-la, vai iluminá-la de outro ângulo ou vai situá-la noutro nó da rede, é fazer possível a continuidade da ideia de indivíduo numa comunidade de pessoas livres, talvez com divisão do trabalho, mas sem hierarquias.
A literatura não é um filme de milhões de reais, com uns produtores que provavelmente não sejam senão uma entidade financeira sem rosto — com rostos intercambiáveis, sem indivíduos. Atendendo a que, na literatura, ninguém é dono de nada mais além da caneta ou do computador, e toda a gente usa os mesmos materiais — a tradição, a língua —, ainda há aqui espaço para a individualidade: cada contribuição individual redesenha de certo modo o conjunto.

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