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08/05/2018 1 Marcadores de Hepatites Virais •A hepatite é uma inflamação do fígado. Ela pode estar relacionada a diversas causas, como o uso de alguns medicamentos, a intoxicação por defensivos agrícolas, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e a contaminação por agentes infecciosos. Hepatites Virais •Hepatite A – hepatite infecciosa, de transmissão fecal-oral, por veiculação hídrica e por alimentos. Não se transmite por sangue, a não ser durante o período agudo da doença. •Hepatite B – transmissão através do contato com sangue, transmissão vertical e via sexual. •Hepatite C – representa 80% das hepatites transfusionais. Anteriormente chamada de hepatite não A - não B. •Hepatite D – hepatite delta, causada por um vírus incompleto. •Hepatite E – transmitido por água contaminada. Epidêmico na Ásia, África e México. Diagnóstico Laboratorial •Exames Inespecíficos •Provas de função hepática •Marcadores de hepatite •Histológico 08/05/2018 2 •O diagnóstico das formas de hepatites virais é hoje indissociável da pesquisa sorológica de seus marcadores. •Suas avaliações cada vez mais sensíveis e específicas, associadas aos métodos moleculares, permitem: a) Identificação do vírus envolvido; b) Distinção da fase evolutiva da doença; c) Grau de infectividade do vírus; d) Prognóstico evolutivo da doença; 1- Hepatite A •Agente etiológico: vírus de RNA, da família Picornaviridae. •Transmissão: fecal-oral, contato inter- humano, veiculação hídrica e alimentar. •No intestino infecta os enterócitos da mucosa onde se multiplica. Daí dissemina- se pelo sangue, e depois infecta principalmente as células para as quais mostra a preferência, os hepatócitos do fígado. • Este tropismo é devido à abundância nessas células dos receptores membranares a que o vírus se liga durante a invasão. Os vírions produzidos são secretados nos canais biliares e daí ao duodeno, sendo expelidos nas fezes. •Partículas de HAV são encontradas nas fezes de pacientes com doença aguda. •Sinais e Sintomas: febre, dores musculares, cansaço, mal-estar, inapetência, náuseas e vômito. Icterícia, fezes claras (acolia) e urina escura semelhante à coca-cola (colúria). •Raramente o vírus pode ser também transmitido por via parenteral. •Período de incubação: 2 – 7 semanas. •A icterícia ocorre em 5-10% em crianças < 6 anos e em 70-80% nos adultos. •Marcadores: anti HAV IgM e IgG a) Anticorpo IgM contra o vírus da Hepatite A (anti HAV IgM) – contra o capsídeo viral, indica infecção aguda. Aparece 3 – 4 semanas após a exposição. b) Anticorpo IgG contra o vírus da Hepatite A (anti HAV IgG)– aparece logo após o anti-HAV IgM, persiste em quantidades mensuráveis por toda vida e confere imunidade contra a doença. 08/05/2018 3 •A vacina contra a hepatite A deve ser administrada a partir do primeiro ano de vida, porque sua eficácia é menor abaixo dessa faixa etária. •Vacinação primária: O Programa Nacional de Imunizações (PNI) alterou, em 201 7, a faixa etária do esquema de dose única da vacina para crianças entre 15 meses e antes de completar 5 anos de idade. •Reforço: dose à ser administrada após 6-18 meses da vacinação primária, para garantir imunidade de longa duração. Baseado no conhecimento atual, pode-se predizer que os anticorpos contra o vírus da hepatite A persistem por pelo menos 10 anos após a vacinação primária. 2- Hepatite B •Agente etiológico: um DNA-vírus, da família Hepadnaviridae. •O vírus B ou “partícula de Dane” replica no hepatócito e é liberado do fígado para a circulação periférica. • O vírus da hepatite B está presente no sangue, na saliva, no sêmen e nas secreções vaginais da pessoa infectada. A transmissão pode ocorrer por via vertical e por via horizontal, através de pequenos ferimentos na pele e nas mucosas; pelo uso de drogas injetáveis e por transfusões de sangue. • As relações sexuais constituem importante via de transmissão da hepatite B (DST), porque o vírus atinge altas concentrações nas secreções sexuais. • O HBV é revestido por duas camadas: 08/05/2018 4 •Período de incubação: 6 – 8 semanas •A icterícia ocorre em 30% dos pacientes. •Marcadores: HBsAg, anti HBc IgM e Total, HBeAg, anti HBe, anti HBs. a) Antígeno de superfície do vírus da Hepatite B (HBsAg) – também conhecido como Antígeno Austrália, é o primeiro marcador que aparece na infecção pelo HBV. •Pode ser detectado no período de incubação, atinge o pico na fase aguda e declina gradualmente até tornar-se indetectável em período inferior à 6 meses. •Quando este marcador persiste positivo após esse período, geralmente a evolução se dá para a forma crônica da doença. b) Anticorpo contra o antígeno central do vírus da Hepatite B (Anti-HBc Total) •Marcador presente na infecção aguda (pelo componente IgM) e na crônica (pelo componente IgG). •Permanece por toda vida naqueles que tiveram infecção pelo HBV. •Marcador detectado no período de janela imunológica. c) Anticorpo IgM contra o antígeno central do vírus da Hepatite B (Anti-HBc IgM) •Marcador de infecção aguda. •Pode persistir por até 32 semanas após a infecção. •Marcador detectado no período de janela imunológica. d) Antígeno E do vírus da Hepatite B (HBeAg) – indicador de replicação viral. Sua positividade indica alta infectividade. e) Anticorpo contra o antígeno E do vírus da Hepatite B (anti HBe) – surge após o desaparecimento do HBeAg. Indica o fim da fase replicativa. f) Anticorpo contra o antígeno de superfície do vírus da Hepatite B (anti HBs) – dirigido contra o antígeno de superfície (HBsAg). •Indicador de cura e imunidade. Está presente também em pessoas vacinadas. 08/05/2018 5 •O não aparecimento do anti-HBs induz a cronicidade da doença. •A cronicidade acontece: Em RN de mãe replicante: 70 - 90%. Em RN de mãe não replicante: 10 - 40%. Em adultos, 5 – 15% dos casos evoluem para a forma crônica. Destes: a) 2% são portadores crônicos assintomáticos – apresentam HBsAG +, provas de função hepáticas normais e biópsia normal. b) 6% têm hepatite crônica persistente: HBsAg +, provas de função hepáticas alteradas e biópsia normal. c) 3% apresentam hepatite crônica ativa: HBsAg +, provas de função hepáticas alteradas e biópsia alterada. •Vacinação: 1ª dose (basal) 2ª dose (1 mês após) 3ª dose ( 6 meses após) Aguda Crônica ativa Crônica inativa Curada Pós vacina HBsAg + + + - - HBeAg + + - - - Anti-HBc total + + + + - Anti-HBc IgM + - - - - Anti-HBs - - - + + Interpretação SorológicaInterpretação Sorológica 08/05/2018 6 INDIVIDUOS NÃO VACINADOS INTERPRETAÇÃO < 10 mUl/mL Não reativo > 10 mUI/mL Reativo (indica resolução da infecção pelo HBV e imunidade a infecção subsequente) INDIVÍDUOS VACINADOS < 10 mUI/mL Resposta inadequada 10 a 100 mUI/mL Resposta baixa > 100mUI/mL Resposta adequada CONCENTRAÇÃO DE ANTICORPOS Anti HBs CONCENTRAÇÃO DE ANTICORPOS Anti HBs Recomendações da OMS para vacinação de indivíduos sadios. Recomendações da OMS para vacinação de indivíduos sadios. VALORES INTERPRETAÇÃO RECOMENDAÇÃO < 10 mUI/mL Proteção inadequada Vacinação imediata 10 a 100 mUI/mL Necessário acompanhamento para detecção precoce da diminuição a valores abaixo do nível protetor (< 10MuI/mL) Vacinação dentro de 1 ano Diminuição a níveis < 10 mUI/mL: vacinação imediata > 100 mUI/mL Proteção adequada Vacinação após 5 a 7 anos ATENÇÃO O vírus da hepatite B sobrevive no sangue seco à temperatura ambiente, em superfícies ambientais, por pelo menos uma semana! 3- Hepatite C •Agente etiológico: vírus de RNA, da família Flaviridae. •Transmissão: a parenteral é a principal via (80 – 90% das hepatites pós- transfusionais). A via sexual e a transmissãovertical são infrequentes. •A infecção é crônica (80%), comumente assintomática (20% de forma ictérica), que pode evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular. •O vírus possui vários subtipos e por isso é difícil uma vacina. •Marcador: anti – HCV •Surge de 8 a 12 semanas após a infecção. •Permanece por toda vida naqueles que tiveram contato com o HCV. •Significa infecção aguda, crônica ou paciente curado. •A detecção do RNA viral é o único marcador direto da infecção pelo HCV, através da reação em cadeia da polimerase e transcrição reversa. •A genotipagem, utilizando técnicas de ampliação de DNA, além de valiosa informação epidemiológica, tem valor para o tratamento, pois os diferentes genóticos identificados, contém propriedades antigênicas específicas. •Além disso, os diferentes subtipos do vírus estão associados à gravidade da doença e à resposta ao tratamento. 08/05/2018 7 • Imagem adaptada cortesia de Messina JP, Humphreys I, Flaxman A et al. Hepatology. 2015 Imagem adaptada cortesia de Messina JP, Humphreys I, Flaxman A et al. Hepatology. 2015 O tratamento das hepatites B e C é prolongado, sendo feito com imunoestimulantes (interferon) e antivirais. O objetivo do tratamento é a eliminação do vírus, de modo a reduzir a evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular e também a redução da transmissão viral. A indicação do tratamento depende do estado funcional do fígado, do grau de fibrose hepática e da carga viral, além de outros critérios (coinfecção com HIV, por exemplo). Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de sucesso terapêutico. 4- Hepatite D • Agente etiológico: vírus de RNA, da família Deltaviridae. • É um vírus incompleto, que depende do vírus B (HBsAg) para infectar o hepatócito e replicar-se. • A infecção pode ocorrer de 2 formas: a) Co-infecção: infecção aguda pelos 2 vírus. b) Superinfecção: infecção aguda pelo vírus D que se superpõe a uma infecção crônica do vírus B. Transmissão, assim como a do vírus B, ocorre: a) por relações sexuais com uma pessoa infectada; b) da mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação; c) compartilhamento de seringas e agulhas, de objetos de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings; d) por transfusão de sangue infectado. •Marcador: anti HDV IgG e IgM •Surgem 5 – 7 semanas após o início da infecção. •A pesquisa do marcador deve ser feita em pacientes que apresentam positividade para hepatite B com doença mais prolongada e mais severa. •A vacina da hepatite B previne 95% dos casos de co-infecção pela hepatite D. 08/05/2018 8 Interpretação sorológica da Hepatite D 5- Hepatite E •Agente etiológico: Calicivírus de RNA. •Apresenta semelhanças com a hepatite causada pelo vírus A. •Causa mortalidade em mulheres grávidas (20%). •Marcador: anti HBE IgG e IgM Interpretação Sorológica da Hepatite E
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