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Princípios da cirurgia oncológica

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
PRINCÍPIOS DA CIRURGIA ONCOLÓGICA 
 
 O tratamento do câncer, de uma forma, geral, é multi e interdisciplinar, isto é, exige a participação de vários 
profissionais oncológicos, sejam eles clínicos, cirúrgicos ou radioterapeutas, bem como tratamentos alternativos como 
psicológicos e ocupacionais. 
Portanto, temos disponíveis as seguintes modalidades 
para o tratamento do câncer: (1) tratamento locorregional tais 
como cirurgia e radioterapia, está ultima ainda pode ser dividida 
em teleterapia e braquiterapia, (2) quimioterapia sendo um 
tratamento sistêmico, podendo existir a quimioterapia regional, 
quando se aplica o quimioterápico em uma determinada artéria 
para evitar disseminação e metástase, (3) hormonioterapia muito 
utilizada para o câncer de próstata e câncer de mama, (4) 
imunoterapias (utilizada nos linfomas, mielomas e melanomas), 
(5) terapias de reabilitação. 
 De maneira mais específica, a cirurgia oncológica foi a 
primeira modalidade de tratamento que mudou o curso nos 
tratamentos de câncer, que pode ser associado a outras 
descobertas de extrema importância como foi o caso da 
descoberta da anestesia (por William Morton) e dos métodos de 
assepsia e antissepsia (por Semmelweis). Atualmente a cirurgia 
oncológica é utilizada em cerca de 60% a 70% dos pacientes, 
seja ela com finalidade diagnóstica, terapêutica ou preventiva. 
 
 
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO 
 A primeira cirurgia oncológica foi realizada por Epharaim MacDowell, em 1809, iniciando, assim, um grande 
avanço para o tratamento de câncer mesmo com as dúvidas que eram difundidas na época, pois segundo as teorias da 
época era impossível retirar massas tumorais de órgãos internos por Deus tinha havia traçado limites ao cirurgião: 
“Nunca se conseguirá praticar a ablação dos tumores internos, 
estejam localizados no fígado, no baço ou nos intestinos. Nesse 
campo, Deus marcou limites ao cirurgião. Ultrapassá-los, é praticar 
um assassino.” 
 
 Depois deste fato, foi realizada a primeira tireoidectomia, em 1874, por Emil Theodor Kocher. Ainda nesta época, 
havia uma desconfiança muito grande na cirurgia oncológica. 
“Novamente, têm sido propostas formas de extirpar tumores 
tireoidianos e alguns cirurgiões têm-se aventurado em tais 
empreitadas, mas o resultado tem sido insatisfatório. Não se pode 
extrair a glândula tireoide do corpo de um ser humano vivo sem 
arriscar a sua morte por hemorragia. É um procedimento 
imaginável” (Robert Liston, cirurgião inglês, em 1846). 
 
 Contudo, o grande salto no tratamento do câncer através da 
cirurgia foi dado por Theodor Billroth realizou a primeira 
gastrectomia total (em 1881), a primeira esofagectomia total (em 
1883) e a primeira pancreatectomia total (1884). Todos estes 
procedimentos obtiveram um sucesso relativo para o século XIX. O 
próprio Billroth foi o idealizador das gastrectomias com anastomoses 
a Billroth I (unir o estômago ao duodeno – gastroduodenostomia) e 
anastomose a Billroth II (gastrojejunostomia). Atualmente, as 
gastrectomias de Billroth apresentam algumas modificações 
clássicas e bastante utilizadas: (1) anastomose a Kronlein-Balfour: 
gastrojejunostomia realizada em um plano pré-cólon transverso; (2) 
anastomose a Recihel-Polya: gastrojejunostomia realizada através 
do mesocólon transverso (plano retro-cólon transverso). 
 
Arlindo Ugulino Netto. 
TÉCNICA OPERATÓRIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
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 A. O. Whiple realizou, em 1935, a primeira 
gastroduodenopancreatectomia cefálica (retirar parte do 
estômago, todo o duodeno, cabeça do pâncreas e 
vesícula biliar juntamente com as vias biliares terminais). 
Depois disso, a reconstrução é realizada com 
anastomose do estômago com uma alça intestinal 
(gastrojejunostomia), anastomose do pâncreas com o 
jejuno (pancreatojejunostomia) e uma derivação bílio-
digestiva (ou seja, uma ducto-hepatico-jejunostomia). 
Esta é, sem sombra de dúvida, a maior cirurgia da 
atualidade em termos de proporções. 
 Com isso, pode-se concluir que, ao longo do tempo, as cirurgias oncológicas evoluíram de procedimentos mais 
radicais (isto é, mais mutilantes, com alta morbidade e alta morbimortalidade) para procedimentos mais eficazes, que 
podem trazer a cura do paciente, podendo ser realizado com fins de diagnósticos e estadiamento, ressecção de 
tumores, cirurgias segmentares, linfadenectomias entre outros procedimentos. 
 Outro avanço claro da cirurgia oncológica pode ser observado na pesquisa do linfonodo sentinela, que consiste 
no primeiro linfonodo de uma cadeia para onde células neoplásicas são drenadas. Essa pesquisa é muito utilizada nos 
casos de melanoma e câncer de mama para avaliar a necessidade ou não de uma linfadenectomia total. Para isso, 
injeta-se uma substância de coloração azul (azul patente) na área de tumoração e, após 15 a 20 minutos. faz-se excisão 
do linfonodo primeiro linfonodo corado de uma determinada região anatômica, tais como região inguinal, axilar, supra-
escapular. Este linfonodo deve ser avaliado por um patologista ainda na sala de cirurgia, o qual realiza a congelação do 
linfonodo e pesquisa a presença de implantes tumorais no mesmo. Caso o resultado seja positivo para disseminação 
linfonodal, preconiza-se a retirada de toda a cadeia por meio de uma linfadenectomia total. Caso contrário, faz-se 
apenas a excisão do tumor. 
Outro grande avanço na pesquisa do linfonodo sentinela consiste na realização da linfocintilografia pré-
operatória, em que o linfonodo é detectado através da radiação captada por um aparelho específico (gama-Doppler) e 
com isso de acordo com o resultado pode-se determinar o curso do tratamento. Portanto, a linfocintilografia nos guia 
para a biópsia do linfonodo sentinela (mapeamento linfático com corante vital e detecção gama intra-operatória). Se o 
linfonodo for normal, dá-se seguimento ao tratamento clínico; caso o linfonodo esteja comprometido, deve-se realizar o 
esvaziamento ganglionar. 
 Ao longo do tempo, a cirurgia foi evoluindo e tomando importante papel no tratamento do câncer. Contudo, a sua 
associação às demais modalidades de tratamento tem se encaixado nas estratégias para melhorar as condições 
cirúrgicas da lesão e as condições do próprio paciente frente à doença. As principais modalidades associadas à cirurgião 
são quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e terapia biológica, agindo de forma neo-adjuvante (antes da cirurgia) 
ou adjuvante (depois da cirurgia). 
Dessa forma o tratamento para o câncer atualmente traz melhores resultados estéticos e funcionais que, 
somados à ausência de prejuízos nas taxas de curas, oferecem um maior conforto e qualidade de vida. 
A cirurgia oncológica mais radical que se tem conhecimento na literatura consiste nas hemicorporectomias 
(amputação da metade do corpo, isto é, tudo abaixo da última vértebra lombar – inclusive o sacro e o quadril – 
realizando-se uma colostomia de um lado e uma urostomia do outro). A última foi realizada em 1950 por E. Kredel. Estas 
cirurgias, obviamente, não são mais utilizadas. 
 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DA CIRURGIA ONCOLÓGICA 
 De um modo geral, para a realização de qualquer procedimento cirúrgico, o cirurgião deve conhecer muito bem a 
anatomia da região em que será trabalhada, assim como sua irrigação arterial e de grande importância para a cirurgia 
oncológica é a drenagem linfática. Deste modo, ele será capaz de oferecer ao paciente uma maior qualidade de vida, 
uma maior sobrevida e uma recuperação mais precoce. Além disso, em detrimento ao conhecimento anatômico da 
região em onde se quer acessar, temos uma redução na necessidade de implantes e uma diminuição nos índices de 
recidivas e disseminações neoplásicas. 
Quanto à forma de abordagem do paciente a cirurgia oncológica pode ser preventiva, diagnóstica, curativa, 
reconstrutora e para fins de estadiamento. Veremos cada uma dessas modalidadeslogo adiante. 
Neste momento, vale a pena ressaltar algumas diferenças entre a cirurgia curativa e a paliativa. 
Tratamento curativo do câncer Tratamento paliativo do câncer 
- Visa à cura completa 
- Indicada nos casos iniciais da maioria dos tumores 
sólidos 
- Consiste em um tratamento radical 
- Consiste na remoção do tumor primário com margem de 
segurança e, se indicada, a retirada dos linfonodos das 
cadeias de drenagem linfática do órgão-sede do tumor 
primário 
- Visa a diminuição ou estabilização da doença 
- Tratamento das queixas e sintomas devidos ao tumor e 
suas metástases 
- Objetivo: proporcionar ao paciente a melhor qualidade 
de vida a ele possível 
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A cirurgia considerada curativa é, portanto, aquela em que se deve retirar todo o tumor. Vale salientar, 
entretanto, que nem todo tumor sólido deve ser tratado com cirurgia (como o linfoma de Hodgkin, por exemplo, cujo 
tratamento e quimio ou radioterapia, associados ou não). Quanto à margem de segurança, para cada tipo de tumor, 
existe uma específica. A margem de segurança consiste na retirada total da massa tumoral, deixando as margens da 
cirurgia livres de comprometimento tumoral. Como exemplo, nos tumores basocelulares da pele, preconiza-se uma 
margem de pelo menos 0,5 cm. Nos tumores espinocelulares da pele (mais agressivos que os basocelulares), deve-se 
garantir uma margem de segurança de 0,5 a 1 cm. Nos melanomas, tumor mais agressivo da pele, dependendo da 
extensão da doença, a margem pode variar de 1 a 3 cm. Já nos tumores de reto a margem descrita é de 
aproximadamente 5 a 6 cm. Por outro lado, temos o tratamento paliativo que tem como objetivo diminuir ou estabilizar a 
doença, diminuindo os sintomas e queixas do paciente e dessa forma melhorando a qualidade de vida do mesmo 
 
CIRURGIA PREVENTIVA 
A cirurgia preventiva tem dois objetivos: ressecar lesões pré-malignas e corrigir fatores cancerígenos. 
 
Lesão pré-maligna Neoplasia associada Cirurgia 
Hiperplasia atípica da mama Câncer de mama Mastectomia 
Leucoplastia do lábio Carcinoma epidermoide Excisão cirúrgica 
Nevo displásico Melanoma Biópsia excisional 
Neoplasia endócrina múltipla (tipo I e 
tipo II) 
Carcinoma medular da tireoide Tireoidectomia 
Polipose múltipla familiar do cólon Câncer de cólon Colectomia 
Retocolite ulcerativa Câncer colorretal Proctocolectomia 
Esôfago de Barret Adenocarcinoma de esôfago Esofagectomia para displasias de alto 
grau 
Fimose Câncer de pênis Postectomia (circunsição) 
Litíase biliar Câncer de vesícula biliar Colecistectomia 
Criptoquirdia Câncer de testículo Orquipexia ou orquiectomia 
 
No primeiro, isto é, na ressecção de lesões pré-malignas, podemos citar o tratamento da hiperplasia atípica da 
mama, que evolui em todos os casos para neoplasia maligna, além disso, deve-se lembrar daqueles pacientes que tem 
a presença dos genes BRCA1 e BRCA2 positivo sendo este um fator de risco para desenvolver o câncer de mama 
futuramente, com isso deve ser tratado de forma cirúrgica com a mastectomia. 
A leucoplasia do lábio consiste em uma lesão esbranquiçada do lábio ou da língua comum em fumantes e que, 
se não tratada, evolui para carcinoma epidermoide sendo o tratamento através da excisão cirúrgica. Os nevos 
displásicos que consiste em lesões da pele que podem evoluir para o melanoma sendo assim necessária a biópsia 
excisional da lesão para ser avaliada pelo patologista. 
As neoplasias endócrinas múltiplas (tipo I e tipo II) têm estrita relação com carcinoma medular da tireoide, sendo 
o tratamento de escolha a retirada completo da glândula tireoide. A polipose múltipla familiar do cólon, que pode evoluir 
para câncer de cólon, e é tratada com colectomia e em alguns casos de doenças mais avançadas pode ser tratado como 
colectomia total. Para a retocolite ulcerativa, assim como para a doença de Crohn, muito relacionadas com o câncer 
colorretal e deve ser tratada com proctocolectomia. Para o esôfago de Barret, pode ser realizada a esofagectomia 
(quando há displasia de alto grau), prevenindo, assim, o adenocarcinoma de esôfago. 
Além disso, podemos citar postectomia como um bom tratamento paliativo para o câncer de pênis, uma vez que 
a fimose está estritamente relacionada com o este. Este fato reflete a verdade quando se faz alusão à população 
judaica, em que a circuncisão faz parte de sua cultura religiosa e os índices de câncer de pênis são baixíssimos. Para a 
litíase biliar, deve ser realizada a colecistectomia, prevenindo assim o câncer da vesícula biliar e por último a 
criptorquidia em que é realizada a orquipexia ou orquiectomia prevenindo o câncer de testículo. 
 
CIRURGIA DIAGNÓSTICA 
Quanto aos princípios da cirurgia diagnóstica, deve-se salientar que todo o material que é retirado cirurgicamente 
deve ser enviado para análise anatomopatológica. Esta ressalva faz alusão não apenas a uma responsabilidade médica, 
mas também a uma responsabilidade ética e jurídica. 
Qualquer órgão pode ser biopsiado. As técnicas variam de acordo com o órgão a ser abordado e o tipo de 
câncer. É fundamental também um diálogo sinérgico entre o cirurgião e o patologista. 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DA BIÓPSIA 
Os princípios gerais da biópsia, como um tipo de cirurgia oncológica diagnóstica, são: 
 Obtenção de tecido adequado para uma análise eficiente do patologista; 
 Coleta de amostra de material representativo; 
 Usar instrumentos que não provoquem esmagamento ou coagulação do tecido a ser biopsiado; 
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 Não provocar hemorragias ou formações de abscessos, pois representam, naturalmente, uma forma de 
disseminação da doença neoplásica; 
 Minimizar a contaminação dos tecidos adjacentes; 
 Encaminhar o tecido para análise em condições adequadas, que pode ser a fresco (por meio da congelação) ou 
por fixação na lâmina utilizando-se o formol. 
 
De um modo geral, quando um material é enviado para o patologista, se espera que sejam dadas informações 
clínicas sobre o paciente (idade, antecedentes, etc.), envio representativo de material, sendo necessário evitar áreas de 
necrose ou hemorragias, fazendo uso de um método de fixação adequada, referenciando as margens e identificando as 
cadeias linfonodais que foram retiradas. 
O cirurgião, por sua vez, espera do patologista informações quanto o tamanho e extensão da lesão, situação das 
margens de ressecção, tipo histológico, grau de malignidade, embolização vascular: venosa e linfática, infiltração de 
filetes nervosos, situação de ploidia e expressão imuno-histoquímica de alguns marcadores (ER, RP, p53), mostrando se 
os tumores podem ou não responder aos tratamentos de hormônio-terapia principalmente nos casos de câncer de 
mama. 
O patologista deve saber ainda como fatiar a peça operatória, sendo necessário cortá-la em várias direções (e 
nunca unidirecional), isto é, de forma radiada e profunda, evitando resultados falso-negativos. 
Os principais procedimentos de cirurgia oncológica diagnóstica são: 
 
 Citologia por aspiração com agulha fina (PAAF). Consiste em uma 
técnica fácil e simples, rápida e com baixas complicações e custo para o 
paciente. Embora teoricamente o trajeto da agulha seja contaminado 
pelas células malignas, na prática isso não ocorre, pois a quantidade de 
células é insuficiente para que ocorra a disseminação. 
Quanto às desvantagens desse método podemos citar a impossibilidade 
de avaliar caracteres histológicos, sendo assim contraindicada quando 
se quer realizar a análise do tipo sub-histológico e o grau de 
diferenciação do tumor. O linfoma não-Hodgkin, por exemplo, não deve 
ser biopsiado por meio da PAAF, sendo indicada, neste caso, a biópsia 
excisional (retirada do linfonodo para análise anatomopatológica) 
Além disso, a PAAF não pode ser realizada em ossos (uma vez que se 
utiliza a agulha muito fina, a 25x7), tem um índiceconsiderável de 
resultados falso-negativos e não é possível diferenciar tumores invasivos 
de tumores que estão limitados ou in situ. 
Na realização de seu procedimento, devemos realizar a técnica de 
Zajicek: que consiste em utilizar uma mão para delimitar a lesão e com a 
outra se insere a agulha no epicentro de lesão, realizando-se assim 
movimentos em leque, mantendo sempre o êmbolo da seringa em 
vácuo. Depois disso, despreza-se o conteúdo em uma lâmina e 
utilizando outra lâmina, espalha-se o material com um ângulo de 45º. 
Logo depois, se fixa com formol e posteriormente é enviado para o 
patologista. 
 
 Biópsia com agulha cilíndrica (core biopsy). Fornece fragmentos cilíndricos de 
tecido, permitindo avaliação da arquitetura tumoral, sendo este fragmento o 
suficiente para a avaliação dos caracteres histológicos do tumor. Portanto, a core 
biopsy pode ser realizada para a análise dos critérios histológicos. 
A biopsia é realizada com uma agulha cilíndrica (sendo estas mais grossas que as 
utilizadas na PAAF), possibilitando, com isso, um conteúdo tecidual favorável para 
análise histológica. Deve ser realizada no epicentro da lesão. 
Além disso, temos ainda a biópsia realizada com a agulha de COPE, indicada 
para a biopsia pulmonar, devendo existir o derrame pleural para que possa ser 
realizada a biopsia com segurança sem que haja lesão do parênquima pulmonar. 
 
 
 
 Biópsia em Saca-Bocado (punch). O punch é um instrumento particular para 
este tipo de biópsia capaz de realizar a obtenção de tecidos de lesões cutâneas 
utilizando-se lâminas arredondas que variam entre 2 a 6 mm de diâmetro. É feita 
em lesões ulceradas e vegetantes. Nela obtém-se amostra cutânea de espessura 
completa, incluindo gordura subcutânea. Além do punch, pode-se utilizar a pinça 
de Saca-Bocado para a realização deste tipo de bióspia. 
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Para isso, aplica-se o punch sobre a lesão, força-o contra ele e realiza movimentos rotatórios com o instrumento. 
Uma tesoura facilita na retirada da amostra. 
Deve-se preferir a biópsia na periferia da lesão, uma vez que no centro, geralmente, observamos apenas a 
presença de tecido necrótico, não sendo suficiente para a realização do diagnóstico histopatológico. Deve-se 
coletar nas margens, buscando uma transição visível entre a lesão e a pele sadia, mesmo que nesta região a 
tendência de sangramento seja maior. 
 
 Biópsia Incisional. Pode ser feita em regime ambulatorial. Consiste na retirada 
ou coleta de todas as zonas teciduais da lesão por meio de uma incisão, isto é: 
devemos coletar parte do tecido alterado, parte do tecido sadio e parte do tecido 
de transição entre os dois extremos, possibilitando ao patologista a análise 
completa e o diagnóstico correta do tipo de lesão. 
Isso implicar dizer que, na biópsia incisional, devemos realizar a retirada de uma 
peça semelhante a uma cuia. Este procedimento é importante para diferenciar 
lesões benignas (como a leishmaniose) de lesões malignas, por exemplo, o que 
muda o roteiro de tratamento do paciente. 
Geralmente, esses procedimentos precedem as cirurgias definitivas, em que as 
principais indicações incluem os tumores da pele, mama e sarcomas. Deve-se 
fazer a mais rigorosa hemostasia para evitar disseminação hematogênica. 
De um modo ou de outro, é sempre prudente a presença de um patologista na sala de cirurgia para realizar a 
eventual congelação e análise do tecido e, assim, evitar uma abordagem cirúrgica em um segundo tempo. 
Assim, em sua realização, é traçado a área de incisão incluindo todos os tecidos descritos (zona normal, zona de 
transição e tecido alterado). Em lesões de retroperitônio, pode ser realizada a biópsia incisional por meio de uma 
pequena incisão transversa e, deste modo, retirando um fragmento para análise do patologista. 
 
 Biópsia Excisional. Nesses casos, deve ser feita a retirada de todo o tecido 
lesionado, atentando para as margens de ressecção (para cada região ou órgão 
há um valor diferenciado). Novamente, o exame de congelação é preferível de 
ser realizado, demonstrando a importância do trabalho em conjunto com o 
patologista. 
Aconselha-se que, na biópsia excisional, a razão entre o comprimento da 
incisão e a largura da mesma seja de 3:1. O cirurgião deve recordar ainda das 
linhas de tensão da pele descritas por Langer (1861, no cadáver) e Kraissl 
(1951, no vivo) para que o processo de cicatrização seja efetivo, diminuindo os 
riscos de complicações da ferida operatória. 
Contudo, nem sempre é possível respeitar essas linhas nos casos de cirurgia oncológica, uma vez que todas as 
cirurgias devem ser realizadas em sentido longitudinal pois, caso seja necessário, deve-se dissecar a 
musculatura de sua origem ou inserção. 
As biópsias excisionais de tumores de testículo nunca devem ser abordadas por via escrotal, e sim por via 
inguinal, sob risco de alterara a drenagem linfática local e causar contaminação da bolsa escrotal (sendo 
necessária a escrotectomia). Na mama, as biópsias excisionais são realizadas em sentido aureolar. Em casos 
de tumores cutâneos difusos (como na neurofibromatose e no sarcoma de Kaposi), basta biopsiar apenas a 
lesão maior e mais exposta. 
 
CIRURGIA CURATIVA 
A cirurgia curativa é realizada quando o estadiamento determina que a doença esteja confinada no setor 
locorregional e, segundo a literatura e dados epidemiológicos, a cirurgia consista no melhor método de tratamento 
daquela lesão. Os tumores de crescimento lento são os melhores candidatos à cirurgia. 
Ela visa remover o tumor primário com ampla margem de segurança e a cirurgia inicial para o câncer tem maior 
chance de cura que a cirurgia para recidivas. 
Ela está dividida em várias modalidades podendo ser uma exérese tumoral (carcinoma basocelular e 
espinocelular), ressecção local ampliada (carcinoma espinocelular mais volumoso, sarcomas e melanomas), ressecção 
local com linfadenectomia (nos casos em que há metástase por via linfática), ressecção de vários órgãos ou ainda 
amputações e desarticulações. 
 
ASPECTOS TÉCNICOS DA CIRURGIA CURATIVA 
Quanto aos aspectos técnicos desse tipo de cirurgia podemos citar: 
 Manipulação mínima do tumor, evitando movimentações, pois o tumor pode se desgarrar e com isso haver 
liberação de células tumorais 
 Incisão cirúrgica ampla e adequada 
 Proteção com campos secundários 
 Ter margens de segurança para isso utiliza-se a congelação 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
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 Isolamento do tumor com compressas 
 Não cortar o tecido tumoral, sendo esta a complicação mais grave de uma cirurgia oncológica, pois haverá 
implantação de células neoplásicas dentro da cavidade, contudo algumas vezes a ocorrência deste fato é 
inevitável, pois os tumores são neoplasias de grandes volumes, ressecção em bloco do tumor primário 
 Utilização de luvas, campos operatórios e instrumental adequado 
 Dissecção centrípeta da peça operatória 
 Realização de inventário minucioso de cavidades ligadura precoce dos pedículos vasculares 
 Realizar oclusão da luz do órgão acima e abaixo do tumor. 
 
As margens cirúrgicas consistem em uma avaliação de grande importância, pois para cada região ou órgão a ser 
abordado tem um valor diferenciado. Assim, se a margem após a ressecção cirúrgica for positiva, deve ser realizada a 
ampliação da margem cirúrgica (sendo este o caminho mais aceito), tratar com uma terapia adjuvante (como é o caso da 
quimioterapia e/ou radioterapia) ou ainda fazer um acompanhamento rigoroso para que se ocorrer casos de metástase o 
paciente seja diagnosticado precocemente. 
Contudo, em algumas situações, não é possível realizar a ampliação da margem como, por exemplo, nos 
tumores gástricos em que é realizada uma gastrectomia parcial, e na avaliação no laudo do patologista a presença de 
margem comprometida em nível do duodeno. Neste caso, o paciente pode nãosuportar a cirurgia de Whipple, sendo 
necessário o uso de terapias adjuvantes. 
 
Princípios básicos da cirurgia oncológica. 
 Há dois princípios básicos que o cirurgião oncológico deve atentar quanto as suas diferenças: operabilidade e 
ressecabilidade. 
A operabilidade baseia-se nas condições clínicas do paciente, já a ressecabilidade diz respeito na extensão do 
tumor. Com isso, podemos ter um paciente inoperável, mas com um tumor ressecável, contudo o mesmo não tem 
condições clínicas para a realização da cirurgia. Contrariamente, podemos ter um paciente hígido do ponto de vista 
clínico, com bom estado geral, mas cujo tumor tem grande volume e bastante invasivo, crescendo sobre a grandes 
vasos ou órgãos, por exemplo. 
Nos tumores em que necessitam de linfadenectomias deve-se lembrar dos tumores de estômago, pois há uma 
riqueza de linfonodos nessa região, entre as principais cadeias podemos citar as que estão localizadas na curvatura 
maior e menor do estômago, linfonodos pré-pilóricos e pilóricos, celíacos, aórticos, hepáticos, supra e infra-pancreáticos 
e esplênicos. Com isso dependendo da extensão da doença deve-se abordar determinados tipos de linfonodos. 
Outra cirurgia de grande importância consiste nas mastectomias, em que pode ter a retirada de todos os 
linfonodos da axila (localizada externamente aos peitorais), sendo assim chamada de nível um, a linfadenectomia de 
nível dois inclui ainda os linfonodos localizados entre o músculo peitoral maior e menor e do nível três em que há retirada 
a retirada dos linfonodos localizados abaixo e internamente ao músculo peitoral maior. 
A cirurgia curativa pode ser empregada ainda para os seguintes casos: tratamento de tumor deRmoide primário 
e recidivado, papiloma invertido, adenoma de próstata, etc. 
 
TIPOS DE CIRURGIA CURATIVA 
 Exérese tumoral com margem de segurança. Pode ser utilizada para carcinomas basocelulares e 
espinocelulares de pele (com margem de segurança variando entre 0,5 – 1,0 cm). 
 Ressecção local com margem ampliada. Poder ser utilizada para carcinomas espinocelulares mais volumosos, 
sarcomas e melanomas. 
 Ressecção local com linfadenectomia para tumores com metástases por via linfática (sincrônica ou metacrônica; 
profilática ou eletiva). 
 Ressecção de vários órgãos. 
 Amputações e desarticulações. 
 
 
CIRURGIA PALIATIVA 
É uma cirurgia que visa a melhorar a qualidade de vida dos pacientes, quando a sua lesão neoplásica é 
irressecável, através da remoção das causas que possam comprometer as funções vitais. São cirurgias responsáveis 
por diminuir os sintomas causados pela lesão, permitindo que o paciente retorne precocemente às suas atividades 
diárias normais. 
Entre as suas principais características, podemos citar: 
 Ressecção para o tumor obstrutivo das vísceras ocas 
 Ressecção para tumor perfurativo ou sangrante 
 Procedimento de suporte adicional diante de uma complicação inerente da neoplasia: gastrostomias (nos 
pacientes com câncer de boca ou esôfago distal), urostomias (quando o paciente tem obstrução ureteral, como 
no câncer de próstata avançado), colostomia (no caso de pacientes com câncer de colo) ou jejunostomia, 
procedimentos de suporte aéreo como a traqueostomia. 
 Cirurgia para aliviar ou impedir os sintomas intoleráveis e as complicações como dor e compressão 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
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 Permitir que os pacientes retornem, ao máximo possível, as suas atividades diárias normais. 
 Cirurgias higiênicas (como as realizadas nos casos de carcinoma inflamatório de mama) para reduzir o odor 
fétido, o defeito estético, a infecção e o sangramento. 
 
CIRURGIAS RECONSTRUTORAS 
São aquelas realizadas principalmente na face, em que há a ressecção pode trazer defeitos estéticos graves, 
como ocorre nas ulceras de Marjolin sendo está uma complicação de queimaduras. As próteses penianas e os enxertos 
são exemplos de cirurgias reconstrutoras. 
 
CIRURGIAS DE ESTADIAMENTO E SEGUIMENTO 
São também chamadas de second look (segunda olhada na cavidade abdominal) realizada nas neoplasias de 
ovário pós-quimioterapia e ainda nas laparotomias para os pacientes que tem doença de Hodgkin. 
 
OUTROS PROCEDIMENTOS 
 Cirurgias de emergência para os casos de obstrução ou hemorragias graves, 
 Ooferectomia e orquiectomia, 
 Cirurgia para implante de cateteres naqueles pacientes que são submetidos à quimioterapia prolongada 
 Vídeocirurgia através de vídeotoracoscopia e vídeolaparoscopia para estadiamento e ressecção.

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