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Aplicação da Lei Penal

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APLICAÇÃO DA LEI PENAL
1. Princípio da Legalidade
	O princípio nullum crimen, nulla poena sine praevia lege, foi formulado por Feuerbach e atualmente pode ser traduzido conforme o preceitua o artigo 1º do Código Penal, que dita que “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”
	Assim, o Princípio da Legalidade, previsto no artigo no artigo 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal, designa que alguém só pode ser punido se anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma lei que o considere como crime.
	Cabe, portanto, à lei a tarefa de definir e não proibir o crime ("não há crime sem lei anterior que o defina"), propiciando ao agente prévio e integral conhecimento das conseqüências penais da prática delituosa e evitando, assim, qualquer invasão arbitrária em seu direito de liberdade.
	Os Princípios inerentes ao princípio da legalidade são: 
reserva legal; e 
anterioridade da lei penal.
1.1. Princípio da Reserva Legal
	Segundo o Princípio da Reserva Legal, somente a lei, em seu sentido mais estrito, pode definir crimes e cominar penalidades, pois a matéria penal deve ser expressamente disciplinada por uma manifestação de vontade daquele poder estatal a que, por força da Constituição, compete a faculdade de legislar, isto é, o Poder Legislativo.
	Caracteriza-se pela:
Reserva absoluta de lei: nenhuma outra fonte subalterna pode gerar a norma penal, uma vez que a reserva de lei proposta pela Constituição é absoluta, e não meramente relativa. Nem seria admissível que restrições a direitos individuais pudessem ser objeto de regramento unilateral pelo Poder Executivo. Assim, somente a lei, na sua concepção formal e estrita, emanada e aprovada pelo Poder Legislativo, por meio de procedimento adequado, pode criar tipos e impor penas. 
Taxatividade e vedação ao emprego da analogia: a lei penal deve ser precisa, uma vez que um fato só será considerado criminoso se houver perfeita correspondência entre ele e a norma que o descreve. A lei penal delimita uma conduta lesiva, apta a pôr em perigo um bem jurídico relevante, e prescreve-lhe uma conseqüência punitiva. Ao fazê-lo, não permite que o tratamento punitivo cominado possa ser estendido a uma conduta que se mostre aproximada ou assemelhada
Descrição genérica: a reserva legal impõe também que a descrição da conduta criminosa seja detalhada e específica, não se coadunando com tipos genéricos, demasiadamente abrangentes. De nada adiantaria exigir a prévia definição da conduta na lei se fosse permitida a utilização de termos muito amplos, tais como: "qualquer conduta contrária aos interesses nacionais", "qualquer vilipêndio à honra alheia" etc. A garantia, nesses casos, seria meramente formal, pois, como tudo pode ser enquadrado na definição legal, a insegurança jurídica e social seria tão grande como se lei nenhuma existisse.
Conteúdo material do Princípio da Reserva Legal: no Estado Democrático de Direito, o simples respeito formal ao Princípio da Legalidade não é suficiente. Há, na realidade, existe nesse princípio, uma dimensão de conteúdo que não pode ser menosprezada nem mantida num plano secundário. O Direito Penal não pode ser destinado, numa sociedade democrática e pluralista, nem à proteção de bens desimportantes, de bagatelas, nem à imposição de convicções éticas ou morais ou de uma certa e definida moral oficial, nem à punição de atitudes internas, de opções pessoais, de posturas diferentes.
2. Princípio da Anterioridade da Lei Penal 
	O princípio da Anterioridade da Lei penal está previsto no artigo 2º do Código Penal, que dita que, “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.”
	Assim, para o Princípio da Anterioridade da Lei Penal é necessário que a lei já esteja em vigor na data em que o fato é praticado. Assim, dado o princípio da reserva legal, a relação jurídica é definida pela lei vigente à data do fato, ou seja, tempus regit actum.
	Um dos efeitos decorrentes da anterioridade da lei penal é a irretroatividade, pela qual a lei penal é editada para o futuro e não para o passado.
	Em suma, a lei penal só retroagirá para beneficiar o acusado, ou seja, estabelece-se assim:
uma regra: a lei penal não pode retroagir;
uma exceção: a lei penal retroagirá quando trouxer algum benefício para o agente no caso concreto.
	Diante disso, chega-se a duas conclusões:
a lei penal é irretroativa;
a lei penal que beneficia o agente é retroativa, excepcionando a regra acima.
3. A Lei Penal no tempo
	De acordo com o princípio tempus regit actum, a lei rege, em geral, os fatos praticados durante sua vigência. Não pode, em tese, alcançar fatos ocorridos em período anterior ao início de sua vigência nem ser aplicada àqueles ocorridos após sua revogação. Entretanto, por disposição expressa do próprio diploma legal, é possível a ocorrência da retroatividade e da ultratividade da lei. 
	Denomina-se retroatividade o fenômeno pelo qual uma norma jurídica é aplicada a fato ocorrido antes do início de sua vigência e ultratividade à aplicação dela após sua revogação.
3.1. Princípios da lei penal no tempo
	Pelo Princípio da Anterioridade da Lei Penal, está estabelecido que não há crime ou pena sem lei anterior, o que configura a regra geral da irretroatividade da lei penal. Por um lado, esse princípio, todavia, somente se aplica à lei mais severa que a anterior, pois a lei nova mais benigna vai alcançar o fato praticado antes do início de sua vigência, ocorrendo, assim, a retroatividade da lei mais benigna. 
	Por outro lado, ainda de acordo com o princípio estabelecido na Constituição Federal, entrando em vigor lei mais severa que a anterior não vai ela alcançar o fato praticado anteriormente. Nessa hipótese, continua a ser aplicada a lei anterior, mesmo após sua revogação, em decorrência do princípio da ultratividade da lei mais benigna. 
	Em resumo, havendo conflito de leis penais com o surgimento de novos preceitos jurídicos após a prática do fato delituoso, será aplicada sempre a lei mais favorável. Isso significa que a lei penal mais benigna tem extratividade (é retroativa e ultrativa) e, a contrario sensu, a lei mais severa não tem extratividade (não é retroativa ou ultrativa).
	É o que se verifica com a solução legal das hipóteses de conflitos de leis penais no tempo:
 Novatio legis incriminadora
	A primeira hipótese trata da lei nova que torna típico fato anteriormente não incriminado (novatio legis incriminadora). Evidentemente, a lei nova não pode ser aplicada diante do Princípio da Anterioridade da Lei Penal previsto no artigo 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal e no artigo 1º do Código Penal. Nessa hipótese, a lei penal é irretroativa. Assim, os autores de fatos que não estiverem já descritos na lei penal não poderão ser alcançados pela nova lei, enquanto praticados antes do início de sua vigência.
Abolitio criminis
	Ocorre a chamada abolitio criminis quando a lei nova já não incrimina fato que anteriormente era considerado como ilícito penal. Dispõe o artigo 2º, caput, do Código Penal, que "Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.”
	Trata-se nesse dispositivo da aplicação do princípio da retroatividade da lei mais benigna. A nova lei, que se presume ser mais perfeita que a anterior, demonstrando não haver mais, por parte do Estado, interesse na punição do autor de determinado fato, retroage para alcançá-lo. 
	Expressamente, o dispositivo alcança também os fatos definitivamente julgados, ou seja, a execução da sentença condenatória e todos os efeitos penais dessa decisão. Ocorrerá a extinção da punibilidade prevista no artigo 107, inciso III, doCódigo Penal
Novatio legis in pejus
	A terceira hipótese refere-se à nova lei mais severa que a anterior (novatio legis in pejus). Vige, no caso, o Princípio da Irretroatividade da Lei Penal previsto no artigo 5º, inciso XL, da Constituição Federal: "a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu". Permanecendo na lei nova a definição do crime, mas aumentadas suas conseqüências penais, esta norma mais severa não será aplicada. Nessa situação estão as leis posteriores em que se comina pena mais grave em qualidade (reclusão em vez de detenção, por exemplo) ou quantidade (de dois a oito anos, em vez de um a quatro, por exemplo); se acrescentam circunstâncias qualificadoras ou agravantes não previstas anteriormente; se eliminam atenuantes ou causas de extinção da punibilidade; se exigem mais requisitos para a concessão de benefícios etc.
Novatio legis in mellius
	A última hipótese é a da lei nova mais favorável que a anterior (novatio legis in mellius). Além da abolitio criminis, a lei nova pode favorecer o agente de várias maneiras. Regula o assunto o artigo 2º, parágrafo único, do Código Penal, com a seguinte redação: "A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado."
	Refere-se o artigo citado aos dispositivos da lei nova que, ainda incriminando o fato, cominam penas menos rigorosas, em qualidade ou quantidade, ou favorecem o agente de outra forma.
Lei Intermediária 
	No caso de vigência de três leis sucessivas, deve-se ressaltar que sempre será aplicada a lei mais benigna, entre elas: a posterior será retroativa quanto às anteriores e a antiga será ultrativa em relação àquelas que a sucederem. Se, entre as leis que se sucedem, surge uma intermediária mais benigna, embora não seja nem a do tempo do crime nem daquele em que a lei vai ser aplicada, essa lei intermediária mais benévola deve ser aplicada, conforme o disposto no artigo 2º, parágrafo único, do Código Penal.
Conjugação de leis
	A conjugação pode ser efetuada não só com a inclusão de um dispositivo da outra lei, como também com a combinação de partes de dispositivos das leis anterior e posterior. Apesar das críticas de que não é permitido ao julgador a aplicação de uma "terceira lei" (formada por parte de duas), essa orientação afigura-se como a mais aceitável, considerando-se que o sentido da Constituição é de que se aplique sempre a norma mais favorável. 
Leis temporárias e excepcionais
	De acordo com o artigo 3º do Código Penal, "a lei excepcional ou temporária embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência". 
	Leis temporárias são as que possuem vigência previamente fixada pelo legislador e leis excepcionais as que vigem durante situações de emergência. Essas espécies de leis, segundo o dispositivo citado, têm ultratividade, ou seja, aplicam-se ao fato cometido sob seu império, mesmo depois de revogadas pelo decurso do tempo ou pela superação do estado excepcional. 
	Não se trata aqui do tipo de abolitio criminis.
	A circunstância de ter sido o fato praticado durante o prazo 'fixado pelo legislador (temporária) ou durante a situação de emergência (excepcional) é elemento temporal do próprio fato típico.
	O que possibilita a punição é a circunstância de ter sido a conduta praticada durante o prazo de tempo em que a conduta era exigida e a norma necessária à salvaguarda dos bens jurídicos expostos naquela ocasião especial. 
3.2. Tempo do Crime 
	Tempo do crime é a ocasião, o momento, a data em que se considera praticado o delito para a aplicação da lei penal a seu autor. A necessidade de se estabelecer o tempo do crime decorre dos problemas que podem surgir para a aplicação da lei penal, como nas hipóteses de se saber qual lei deve ser aplicada (se foi cometido durante a vigência da lei anterior ou posterior), e nos casos de imputabilidade (saber se ao tempo do crime o agente era imputável ou não), da anistia (concedida geralmente com relação a crimes praticados até determinada data), da prescrição (data em que se começa a contar o prazo) etc.
	Três são as teorias a respeito da determinação do tempo do crime:
Teoria da Atividade: considera-se como tempo do crime o momento da conduta (ação ou omissão). Exemplificando, teria-se o momento em que o agente efetua os disparos contra a vítima ou atropela o ofendido (no homicídio doloso ou culposo); ou ilude o ofendido, com manobra fraudulenta, para obter vantagem ilícita (no estelionato); ou deixa de prestar socorro ao ferido (omissão de socorro); pouco importando a ocasião em que o sujeito passivo venha a morrer, ou o agente obtenha a vantagem indevida etc. 
Teoria do Resultado (ou do efeito): considera-se tempo do crime o momento de sua consumação, não se levando em conta a ocasião em que o agente praticou a ação. Seria, pois, o momento da morte da vítima (no homicídio), o da obtenção da vantagem indevida (no estelionato) etc. 
Teoria Mista: considera como tempo do crime tanto o momento da conduta como o do resultado.
	A lei vigente define o tempo do crime no artigo 4º do Código Penal, que dita que "Considera-se praticado o crime no momento da vigente ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.“
	Consagrou-se na lei a orientação preconizada pela doutrina, que se fundava no entendimento de que implicitamente a lei adotou a Teoria da Atividade. 
	Em decorrência da adoção desse princípio, aquele que praticou a conduta na vigência da lei anterior terá direito à aplicação da lei mais benéfica em confronto com a posterior, ainda que o resultado tenha ocorrido na vigência desta; o menor de 18 anos não será considerado imputável mesmo que a consumação se dê quando tiver completado essa idade; ao agente que passou a sofrer de doença mental após a ação, mas antes da consumação, será aplicada pena etc.
4. A Lei penal no espaço
		Pode um crime violar interesses de dois ou mais países, quer por ter sido a ação praticada no território de um e a consumação dar-se em outro, quer porque o delito atinge bem jurídico de um Estado embora praticado no exterior, quer pela necessidade da extradição para a aplicação da lei penal etc. É necessário, portanto, que o ordenamento jurídico defina a possibilidade da aplicação da lei nacional em tais casos. 
4.1. Princípios de aplicação da lei penal no espaço
	Apontam-se na doutrina cinco princípios a respeito da aplicação da lei penal no es­paço.
Princípio de Territorialidade: prevê a aplicação da lei nacional ao fato praticado no território do próprio país. Decorre ele da soberania do Estado, o que significa que tem jurisdição sobre as pessoas que se encontram em seu território. 
Princípio de Proteção (da competência real, de defesa): aplica-se a lei do país ao fato que atinge bem jurídico nacional, sem nenhuma consideração a respeito do local onde foi praticado o crime ou da nacionalidade do agente. Por esta última circunstância, difere do princípio da nacionalidade passiva. Defendem-se, assim, os bens jurídicos que o Estado considera fundamentais.
Princípio da Nacionalidade (ou de personalidade): cogita da aplicação da lei do país de origem do agente, pouco importando o local onde o crime foi cometido. Pode-se, assim, punir o autor do delito, se nacional, quer tenha praticado o delito em seu país, quer o tenha feito fora dos limites territoriais. O Estado tem o direito de exigir que seu cidadão no estrangeiro tenha determinado comportamento. Esse princípio subdivide-se em duas subespécies: o da nacionalidade ativa, em que somente se considera se o autor do delito é nacional, sem se cogitar da vítima; e o da nacionalidade passiva, que exige, para a aplicação da lei penal, sejam nacionais o autor e o ofendido do ilícito penal.
Princípio da Competência Universal (ou da justiça cosmopolita): o criminoso deve ser julgado e punido onde for detido, segundo as leis desse país, não se levando emconta o lugar do crime, a nacionalidade do autor ou o bem jurídico lesado. Seria este o princípio ideal no combate à criminalidade, evitando-se a impunidade pela fuga do agente do país em que cometeu o delito. Esbarra ele, contudo, nos problemas de diversidade de legislação penal entre países, na dificuldade de colheita da prova etc.
Princípio da Representação: subsidiário, que determina a aplicação da lei do país quando, por deficiência legislativa ou desinteresse de outro que deveria reprimir o crime, este não o faz, e diz respeito aos delitos cometidos em aeronaves ou embarcações. É uma aplicação do princípio da nacionalidade, mas não a do agente ou da vítima, e sim do meio de transporte em que ocorreu o crime.
4.2. Territorialidade
	Dispõe o artigo 5º do Código Penal, que "aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional“. 
	É evidente, portanto, que nossa legislação consagra, como base para a aplicação da lei penal no espaço, o Princípio da Territorialidade. 
	Não se trata da adoção absoluta do princípio, uma vez que se ressalva a não-aplicação da lei penal brasileira ao crime cometido no território nacional em decorrência das convenções, tratados e regras internacionais, como na hipótese dos crimes praticados por agentes diplomáticos. Além disso, a regra da territorialidade é complementada por outras disposições fundadas em diversos dos sistemas, ocorrendo a chamada extraterritorialidade. 
	Também com relação ao conceito de território em sentido amplo, para efeito de aplicação da lei penal, inovou a lei penal, para incluir o que se deve entender como extensão do território nacional (Código Penal, artigo 5º, § 1º).
	Em sentido estrito, território abrange o solo (e subsolo) sem solução de continuidade e com limites reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo. 
	Em resumo, compreendendo o território nacional, para os efeitos penais, os elementos como, território, embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente, qualquer crime praticado nesses locais é alcançado, obrigatoriamente, pela lei penal brasileira, excetuando-se apenas as hipóteses de não-aplicação da lei registradas em convenções, tratados e regras de direito internacional.
4.3. Lugar do crime
	Para a aplicação da regra da territorialidade é necessário, entretanto, que se esclareça qual é o lugar do crime.Três são as teorias a respeito desse assunto:
Teoria da Atividade (ou da ação): em que o lugar do crime é o local da conduta criminosa (ação ou omissão), como, por exemplo, aquele em que foram efetuados os disparos (no homicídio) etc.
Teoria do Resultado (ou do efeito): em que se considera para a aplicação da lei o local da consumação (ou do resultado) do crime, como, por exemplo, o lugar em que a vítima vem a morrer.
Teoria da Ubiqüidade (ou da unidade, ou mista): pela qual se entende como lugar do crime tanto o local da conduta como o do resultado, sendo, no homicídio, aquele em que foram efetuados os disparas e também onde ocorreu a morte
	No Brasil, adotou-se a Teoria da Ubiqüidade, conforme o disposto no artigo 6º do Código Penal, que declara: "Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado." 
4.4. Extraterritorialidade incondicionada
	O artigo 7º do Código Penal prevê a aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no estrangeiro, nas condições referidas em seus parágrafos e incisos. São os casos de extraterritorialidade da lei penal, que adota, além do básico, outros princípios.
	O inciso I refere-se aos casos de extraterritorialidade incondicionada, uma vez que é obrigatória a aplicação da lei brasileira ao crime cometido fora do território brasileiro. 
	As hipóteses do inciso I, fundadas no princípio de proteção, são as consignadas nas alíneas a seguir elencada:
Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. 
Contra a administração pública, por quem está a seu serviço. Podem ser incluídos os crimes previstos entre os artigos 312 a 326, bem como os constantes do Título XI, desde que praticados por agente considerado funcionário público para os efeitos penais, conceituado no artigo 327 do Código Penal.
4.5. Extraterritorialidade condicionada
	O § 1º do artigo 7º prevê três hipóteses de aplicação da lei brasileira a autores de crimes cometidos no estrangeiro, desde que preenchidos os requisitos previstos no § 2º do mesmo artigo. São casos de extraterritorialidade condicionada, pois dependem dessas condições. 
	Tais casos são os seguintes:
Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. Utilizou-se, aqui, o princípio da justiça ou competência universal para a repressão aos delitos que atingem vários países, como os atos de pirataria, o tráfico de mulheres, o tráfico de entorpecentes, a difusão de publicações obscenas, a prática de crime a bordo de aeronaves, a danificação ou destruição de cabos submarinos etc., todos objeto de convenções e tratados a que o Brasil aderiu. 
Crimes praticados por brasileiro. Tendo o país o dever de obrigar seu nacional a cumprir as leis, permite-se a aplicação da lei brasileira ao crime por ele cometido no estrangeiro. Trata o dispositivo da aplicação do princípio da nacionalidade ou personalidade ativa.
	
	A aplicação da lei brasileira, nessas três hipóteses, entretanto, fica subordinada a todas as condições estabeleci das pelo § 2º do artigo 7º. Depende, portanto, das condições a seguir relacionadas:
Entrada do agente no território nacional. Não importa que a presença seja breve ou longa, a negócio ou a passeio, voluntária ou não, legal ou clandestina. A saída do agente não prejudicará o andamento da ação penal instaurada.
Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Em virtude da diversidade de legislações, é possível que um fato, considerado crime no Brasil, não o seja no país onde for ele praticado, impedindo-se a aplicação da lei brasileira. Na hipótese de o crime ter sido praticado em local onde nenhum país tem jurisdição (alto-mar, certas regiões polares), é possível a aplicação da lei brasileira.
Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição. Como não são todos os delitos que permitem a extradição do agente, exclui-se a possibilidade de aplicação da lei brasileira nessa hipótese.
Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena. Pode-se aplicar a lei brasileira somente quando o agente não foi julgado no estrangeiro ou, se condenado, não se executou a pena imposta.
Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. Caso o agente tenha sido perdoado ou tenha ocorrido outra das causas de extinção da punibilidade, previstas, no Brasil, no artigo 107 do Código Penal (abolitio criminis, decadência, prescrição etc.) ou estando o agente ao abrigo de dispositivo da lei estrangeira que consigna outras hipóteses de causas extintivas ou lhes dá maior amplitude, não é possível a aplicação da lei nacional.
	O artigo 7º, § 3º, prevê uma última hipótese de aplicação da lei brasileira: a do crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. É ainda um dispositivo calcado na teoria de proteção, além dos casos de extraterritorialidade incondicionada. Exige o dispositivo em estudo, porém, além das condições já mencionadas, outras duas:
que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição (pode ter sido requerida, mas não concedida);que haja requisição do Ministro da Justiça.
	Por exceção prevista em lei, tratando-se do crime de tortura, praticado no estrangeiro contra brasileiro ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira, aplica-se a lei brasileira, independentemente de qualquer outra condição (artigo 2ºda Lei nº 9.455/97).
	Salienta-se, ainda, que de acordo com o disposto no artigo 109 da Constituição Federal, em certos casos de extraterritorialidade o agente será submetido à Justiça Federal (incisos V e IX).
5. A Lei Penal em relação às pessoas
	O artigo 5º do Código Penal, ao encampar o princípio da territorialidade temperada, faz ressalva aos tratados, convenções e regras de direito internacional. Por exceção, não se aplicará a lei brasileira ao crime praticado no Brasil em decorrência das funções internacionais exercidas pelo autor do ilícito. Trata-se, aqui, das imunidades diplomáticas decorrentes do Direito Internacional Público.
	Há também exceções à aplicação da lei penal previstas pelo Direito Público interno, denominadas imunidades parlamentares.
	Em ambos os casos, os privilégios da imunidade não se referem à pessoa do criminoso, mas têm em vista a função exercida pelo autor do crime com o que não se viola o preceito constitucional da igualdade dos cidadãos perante a lei.
5.1. Imunidades diplomáticas
	Os chefes de Estado e os representantes de governos estrangeiros estão excluídos da jurisdição criminal dos países em que exercem suas funções.
	Fundamentalmente, a questão das imunidades está prevista na Convenção de Viena, assinada em 1961 e aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 103, de 1964, e ratificada em 23.2.1965.
	Referem-se elas a qualquer delito e se estendem a todos os agentes diplomáticos (embaixador, secretários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das representações), aos componentes da família deles e aos funcionários das organizações internacionais (Organização das Nações Unidas, Organização dos Estados Americanos, etc.) quando em serviço.
	Cobre também a imunidade o chefe de Estado estrangeiro que visita o país, bem como os membros de sua comitiva.
	Estão excluídos os empregados particulares dos agentes diplomáticos, ainda que da mesma nacionalidade destes. Os cônsules, agentes administrativos que representam interesses de pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras, embora não se impeça tratado que estabeleça a imunidade, têm apenas imunidade de jurisdição administrativa e judiciária pelos atos realizados no exercício das funções consulares.
	As sedes diplomáticas (embaixadas, sedes de organismos internacionais etc.) já não são consideradas extensão de território estrangeiro, embora sejam invioláveis como garantia aos representantes alienígenas. 
5.3. Imunidades Parlamentares
	
	As imunidades parlamentares compõem a prerrogativa que assegura aos membros do Congresso a mais ampla liberdade de palavra, no exercício de suas funções, e os protege contra abusos e violações por parte dos outros Poderes constitucionais. Para que o Poder Legislativo, em sua totalidade, e seus membros, individualmente, possam atuar com liberdade e independência, a Constituição outorga em favor dos congressistas algumas prerrogativas e, entre elas, as imunidades. 
	São duas suas espécies:
Imunidades absolutas
	As imunidades absolutas ou da inviobilidade, ditam que os parlamentares (deputados e senadores) são invioláveis pelas suas opiniões, palavras e votos. Está prevista no artigo 53, caput, da Constituição Federal, que estabelece: "Os Deputados e Senadores são invioláveis civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos." 
	A inviolabilidade pela manifestação do pensamento tem sido considerada elementar no regime representativo e inerente ao exercício do mandato. A imunidade absoluta, nos novos termos constitucionais, estende-se a todos os crimes de opinião, também chamados de "crimes da palavra", não respondendo os parlamentares por delitos contra a honra, de incitação ao crime, de apologia de crime ou criminoso etc.,
Imunidades relativas
	As imunidades relativas são as que se referem à prisão, ao processo, às prerrogativas de foro e para servir como testemunha, embora somente as duas primeiras sejam incluídas na noção de imunidade em sentido estrito.
	Quanto à primeira hipótese, prevê o artigo 53, § 2º, primeira parte, da Constituição Federal, que "desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável". Na segunda parte do mesmo artigo assinala que, ocorrendo a prisão por crime inafiançável, "os autos serão remetidos, dentro de vinte e quatro horas, à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão". Nunca podem ocorrer, portanto, a prisão e a autuação em flagrante delito se o parlamentar tiver praticado crime afiançável. 
5.4. Imunidades de deputados estaduais e vereadores
	Os deputados estaduais também gozam de imunidade parlamentar e das prerrogativas que lhes têm sido reconhecidas pelas diversas Constituições dos Estados-membros.
	As imunidades parlamentares concedidas aos deputados estaduais são válidas apenas em relação às autoridades judiciárias estaduais e locais, não podendo ser invocadas em face do Poder Judiciário Federal. Nesse sentido a Súmula 3 do STF: "A imunidade concedida a Deputado Estadual é restrita à Justiça do Estado-membro." Assim, nos crimes eleitorais, a competência originária é do Tribunal Regional Eleitoral, e nas infrações penais em detrimento de bens, serviços ou interesse da União do Tribunal Regional Federal.
	Nos termos da Constituição Federal, está garantida a "inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município" (Constituição Federal, artigo 29, inciso VIII). A imunidade material é conferida, portanto, apenas às manifestações decorrentes do específico e restrito exercício do mandado eletivo, de discursos, relatórios, comunicações, pareceres etc., não abarcando as afirmações exaradas como cidadão, de interesse pessoal etc. Também não estão protegidos os parlamentares municipais quando praticarem o crime de opinião fora da circunscrição do Município em que servem, pois os vereadores não são detentores da imunidade processual, isto é, a Ação Penal não pode ser suspensa por deliberação da Câmara dos Vereadores, podem ser presos em flagrante delito por crimes afiançáveis etc.
	A imunidade material não se estende ao advogado. Embora a Constituição Federal disponha que é inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, acrescenta que a inviolabilidade se dará "nos limites da lei" (Constituição Federal, artigo 133). Cabe-lhe, portanto, a imunidade judiciária prevista artigo 7º, § 2º, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil), que dispõe: "O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer."
6.Contagem de Prazo
	O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo, conforme o disposto no artigo 10, primeira parte, do Código Penal.
	Tal dispositivo determina que a contagem do prazo penal que tem relevância especial nos casos de duração da pena, do livramento condicional, do sursis, da decadência, da prescrição, etc., institutos de Direito Penal. Pelo dispositivo, ao contrário do que ocorre no direito processual, por exemplo, o dia do fato que dá origem ao cômputo do prazo é nele computado, ainda que se trate de fração de dia. Afirma-se com razão que, nos casos em que dois dispositivos se apliquem ao fato, um de direito penal e outro de direito processual, como na decadência, a solução a ser acatada é a de se aplicar a regra de direito penal, no tratamento mais favorável ao autor do crime.

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