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FACSUM 15 APOSTILA DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS Sandra Bara 1 PLANO DE ENSINO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS SÉRIE: 1º semestre DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS CARGA HORARIA SEMANAL: 3 horas/aula CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 60 horas Ementas Evolução da área de RH e a sua importância dentro da organização. Aplicação de princípios de administração do topo à base da organização, principalmente no que se refere às necessidades de relações humanas de boa qualidade no ambiente de trabalho. Relacionamento com o cliente e relacionamento com os parceiros do setor. Sistema de informação e controle de pessoal. Objetivos Identificar a importância da administração de Recursos Humanos no setor produtivo e de serviços bem como a visão e as estratégias utilizadas pelas empresas nessa área. Conteúdo Programático 1. Gestão de Pessoas (estratégico, tático e operacional) Importância da área de Recursos Humanos e o papel do gestor de R.H. Evolução da área de R.H. (mudanças e paradigma) Objeto e objetivo de ARH A importância das pessoas nas organizações Aspectos importantes do ambiente organizacional Planejamento de RH Conceito Bases do planejamento de pessoal Modelos de planejamento de pessoal 2. Nova visão dos sistemas de R.H., transformando em centro de lucro Formação de grupos de trabalho em equipe (diferenças e fatores catalisadores) Levantamento de necessidades, implantação e acompanhamento dos programas elaborados pelo R.H. (normas e procedimentos) Quando usar parceiros na administração de Recursos Humanos (treinamento, descrição de cargo e administração de salários, Recrutamento e seleção de pessoal, medicina do trabalho etc.) 3. Sistema de Informação e controle de pessoal Admissão Registro e desdobramento de competência Controle (jornada, horário de trabalho) Folha de pagamento (encargos sociais) Férias e 13º Salário Fundo de Garantia /RAIS Trabalho do menor e da mulher 2 Estratégias de Ensino O curso contará com equilíbrio teórico – prático por meio de exposições e discussão de casos práticos, utilizando: Aulas expositivas Aulas reflexivas com análise de casos Dinâmica de grupos Seminários Vídeos Debates Será sempre indicada a bibliografia básica e específica necessária ao acompanhamento do curso e orientação do aluno na vida acadêmica e profissional. A exposição será feita por meio de colocação dos pontos a serem discutidos de forma esquemática, seguida de apresentação por parte do professor. Para todas as exposições e para todos os pontos deverão ser utilizadas apresentações de casos práticos. Estratégias de Avaliação Duas provas teóricas/práticas bimestrais e trabalhos individuais ou em grupo, mais o projeto PIM, sempre envolvendo os assuntos voltados à gestão das organizações, sendo que a média do semestre será constituída por 40% da nota da P1, 40% da nota da P2 e 20 % da nota do PIM. BIBLIOGRAFIA BÁSICA CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. RIBEIRO, A.L.. Gestão de Pessoas. 1ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005. MONTANA, P.J.. Administração. 3ª E. São Paulo: Saraiva 2009. HITT, M.A.; COLELLA, A.; MILLER, C.C.. Comportamento Organizacional – Uma Abordagem Estratégica. 1ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ALBUQUERQUE, Francisco José Batista e PALACIOS, katia E. Puente. Grupos e equipes de Trabalho. Disponível em: <upi.fisica.ufmg.br/michel/docs/Artigos_e_textos/Trabalho_em_equipe/003%20- %20Grupos%20e%20equipes%20de%20trabalho%20nas%20organiza%E7%F5es.pdf> BANOV, M.R.; FIDELIS, G.J.. Gestão de Recursos Humanos – tradicional e estratégica. 1ª Ed. Rio de Janeiro: LTC 2006. CAMPOS, Jorge de Paiva . GUIMARÃES, Sebastião. NORMA ABNT NBR ISO 10015:2001. Gestão da qualidade. Diretrizes para treinamento. 2008 CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos. 7ª Ed. São Paulo:Manole, 2008. MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos: do operacional ao estratégico. 14 ed, Sâo Paulo: saraiva, 2011. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2009. ROBBINS, Stephen P. Fundamentos do Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice-Hall, 2009. 3 ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice-Hall, 2002. SCHERMERHORN, Jr., John R.; HUNT, James G.; OSBORN, Richard N. Fundamentos de Comportamento Organizacional. Porto Alegre: Bookman, 1999. 4 SUMÁRIO 1. CONTEXTO E IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS HUMANOS ............................................................................ 5 1.1. HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO DE RH .......................................................................... 5 1.1.1. A Era da Industrialização Clássica ...................................................................................................... 5 1.1.2. A Era da Industrialização Neoclássica ................................................................................................. 6 1.1.3. A Era da Informação e do Conhecimento ........................................................................................... 7 1.1.4. Tendências globais quebrando velhos paradigmas ............................................................................ 10 1.1.5. As preocupações das organizações do futuro ..................................................................................... 10 1.1.6. Conceito de Gestão de Pessoas ........................................................................................................ 12 1.1.7. Subsistemas de RH ......................................................................................................................... 12 1.1.8. Objetivos da área de Gestão de Pessoas ........................................................................................... 14 1.1.9. Gestão de Pessoas como responsabilidade de linha e função de staff .................................................. 14 1.2. RECURSOS ESTRATÉGICOS ................................................................................................................ 16 1.2.1. RH Ontem ...................................................................................................................................... 16 1.2.2. RH Hoje ......................................................................................................................................... 16 1.2.4. RH como vantagem competitiva ....................................................................................................... 17 1.2.5. A Gestão Estratégica de Pessoas e seus papéis ................................................................................. 17 1.2.6. Propriedades dos recursos estratégicos ............................................................................................. 20 1.2.7. Características e dificuldades da área de gestão de pessoas ................................................................ 20 1.2.8. Instrumentos para a Gestão de Pessoas e suas principais distorções ................................................... 22 1.2.9. Desafios Competitivos do Futuro ...................................................................................................... 22 1.3. GESTÃO DE PESSOAS (NÍVEIS ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL) ............................................... 24 1.3.1. Administração estratégica de recursos humanos: ...............................................................................24 1.3.2. Recursos Humanos: Tático............................................................................................................... 24 1.3.4. Recursos Humanos: Operacional ...................................................................................................... 24 1.4. MISSÃO DE RECURSOS HUMANOS .............................................................................................. 24 1.5. O PERFIL PROFISSIONAL DE RECURSOS HUMANOS ............................................................................. 25 1.5.1. Objetivo ......................................................................................................................................... 25 1.5.2. Competências dos profissionais de recursos humanos ........................................................................ 25 1.6. PLANEJAMENTO DE RECURSOS HUMANOS .................................................................................. 26 1.6.1. Conceito ........................................................................................................................................ 26 1.6.2. Bases do Planejamento de Pessoal ................................................................................................... 27 1.6.4. Modelos de Planejamento de Pessoal/Dimensionamento do Quadro de Pessoal .................................... 28 2. NOVA VISÃO DOS SISTEMAS DE R.H: TRANSFORMANDO EM CENTRO DE LUCRO ....................................... 31 2.1. FORMAÇÃO DE GRUPOS DE TRABALHO EM EQUIPE (DIFERENÇAS E FATORES CATALISADORES) ............ 31 2.1.1. Definição e classificando os grupos .................................................................................................. 31 2.1.2. Estrutura do Grupo ......................................................................................................................... 32 2.1.3. Tomadas de Decisões em Grupo ...................................................................................................... 32 2.1.4. Grupos Versus Indivíduos ................................................................................................................ 32 2.1.5. Estágios de Desenvolvimento dos Grupos .......................................................................................... 34 2.1.6. Diferenças entre Grupos e Equipes ................................................................................................... 35 2.1.7. Equipes versus grupos: Tipos de equipes .......................................................................................... 35 2.1.8. Características do Trabalho em Equipe .............................................................................................. 35 2.1.9. Tipos de equipes ............................................................................................................................. 36 2.1.10. Criando equipes eficazes ................................................................................................................ 40 2.1.11. Cuidado! Nem sempre as equipes são a solução .............................................................................. 42 2.1.12. Vantagens e Desvantagens da Diversidade da Força de Trabalho ...................................................... 43 2.2. QUANDO USAR PARCEIROS NA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ..................................... 43 2.2.1. Aspectos fundamentais da moderna gestão de pessoas: ................................................................... 43 2.2.2. Quando usar Parceiros em RH ........................................................................................................ 44 3. SISTEMA DE INFORMAÇÃO E CONTROLE DE PESSOAL ............................................................................ 48 3.1. CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS ..................................................................................................... 48 3.1.1 Admissão ........................................................................................................................................ 48 3.1.2. Jornada de Trabalho ....................................................................................................................... 50 3.1.3. Folha de Pagamento (encargos sociais) ............................................................................................ 51 3.1.4. Férias ............................................................................................................................................ 53 3.1.5. 13° salário ..................................................................................................................................... 53 3.1.6. FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ............................................................................... 53 3.1.7. RAIS .............................................................................................................................................. 54 3.1.8. Trabalho do Menor (criança e adolescente) ....................................................................................... 55 3.1.9. Trabalho da Mulher ......................................................................................................................... 56 5 1. CONTEXTO E IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS HUMANOS 1.1. HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO DE RH 1.1.1. A Era da Industrialização Clássica Durante o final do século XVII, o mundo presenciou a evolução da economia agrária para a economia industrial que despontava. Troca do auto-emprego para empregos em metalúrgicas, ferrovias e fábricas de grande porte. Por volta de 1870, a Revolução Industrial estava bem encaminhada. O período se estendeu até meados de 1950. Esse novo modo de trabalhar envolvia a participação do trabalhador em apenas uma etapa do produto acabado (alienação do trabalho). Características Ambiental • Mudanças vagarosas, progressivas e previsíveis que aconteciam de forma gradativa, lenta. • O ambiente que envolvia as organizações era conservador e voltado para a manutenção do statu quo. • Ambiente não oferecia desafios devido ao relativo grau de certeza quanto às mudanças externas, o que permitia que as organizações se voltassem para os problemas internos de produção. • Intensificação do fenômeno da industrialização em amplitude mundial. • Surgimento dos países desenvolvidos ou industrializados. Tecnologia e Comunicação • Tecnologia fixa e permanente. Nenhuma capacidade de mudança e inovação. • Padrões rígidos de comunicação. • Pequena capacidade de processamento da informação. A Organização • Trabalho, altamente hierarquizado. Centralização das decisões no topo da hierarquia, no estabelecimento de regras e regulamentos internos para disciplinar e padronizar o comportamento das pessoas. • Níveis crescentes de burocratização. Formato piramidal e centralizador. Ênfase na departamentalização funcional. • Modelo organizacional fechado. • Ênfase na eficiência da produção, no método e na rotina, sendo necessárias medidas de padronização e simplificação para alcançá-las. • A Cultura Organizacional predominante era voltada para o passado e para a conservação das tradições e valores. Pessoas • Especialização da mão de obra para permitir escalas de produção maiores a custos menores. 6 • A divisão do trabalho era feita por minoria pensante e realizada por maioria executante. Conforme esses fenômenos ocorriam, eram formados especialistas em áreas como a de contratação de pessoal e a de segurança industrial. • Pessoas: consideradas recursos de produção, juntamente com outros recursos como máquinas, equipamentos e capital. • A administração de pessoas recebia a denominação de Relações Industriais, cujosdepartamentos atuavam como intermediadores e conciliadores entre a organização e as pessoas (capital/trabalho), no sentido de aparar as arestas dos conflitos trabalhistas, como se ambas as partes fossem compartimentos estanques e isolados. • Cargos eram desenhados de maneira fixa e definitiva para obter a máxima eficiência do trabalho. Cargos especializados, com tarefas simples e repetitivas. • Homem: apêndice da máquina e tal como ela, deveria ser padronizado na medida do possível. Figura 1: Desenho Mecanístico – Era Industrial 1.1.2. A Era da Industrialização Neoclássica Período que se estende entre as décadas de 1950 a 1990, logo após a IIª GGM. Características Ambiental • O mundo começa a mudar mais rápido e mais intensamente. • As transações comerciais passaram da amplitude local para regional, e de regional para internacional, tornando-se cada vez mais intensas e menos previsíveis, acentuando a competição entre as empresas. Tecnologia e Comunicação • Aumento da capacidade de processamento das informações. • Razoável capacidade para mudança e inovação. • Tecnologia passou a influenciar o comportamento das organizações e das pessoas 7 A organização • Visão sistêmica e multidisciplinar. • O velho modelo burocrático, funcional, centralizador, piramidal utilizado para formatar as estruturas organizacionais, tornou-se rígido e vagaroso demais para acompanhar as mudanças e transformações do ambiente. • As organizações tentaram novos modelos estruturais para incentivar a inovação e o ajustamento às mutáveis condições externas. Resposta das organizações: Coordenação descentralizada sob dupla subordinação: autoridade funcional e autoridade de projeto (produto/serviço). Estrutura Matricial, que visava conjugar a departamentalização funcional com um esquema lateral de estrutura por produtos/serviços com o objetivo de proporcionar características adicionais de inovação e dinamismo e alcançar maior competitividade. Vantagens posteriores: fragmentação e decomposição das grandes organizações em unidades estratégicas de negócios, visando maior agilidade, maior proximidade com o mercado e com os clientes. • Cultura organizacional cede lugar à inovação e mudança de hábitos e de maneiras de pensar e agir. Pessoas • A concepção de Relações Industriais foi substituída por uma nova maneira de administrar as pessoas, a qual recebeu o nome de Administração de Recursos Humanos, cujos departamentos visualizavam as pessoas como recursos vivos e inteligentes e não mais como fatores inertes de produção. • RH passa a ser visto como importante recurso organizacional e fator determinante de sucesso empresarial. • Padrões de interação em cargos mutáveis e inovadores. • Cargos mais adequados para tarefas mais complexas e inovadoras. Figura 2: Desenho Matricial – Era Industrial Neoclássica 1.1.3. A Era da Informação e do Conhecimento Período que vai do início da década de 1990, até os dias atuais. 8 Características Ambiental • Mudanças rápidas, imprevistas, turbulentas e inesperadas. • Migração do emprego do setor industrial para o setor de serviços; o trabalho manual foi substituído pelo trabalho mental. Tecnologia e Informação • Tecnologia da Informação (televisão, telefone, computador) trouxe desdobramentos imprevisíveis e transformou o mundo numa aldeia global, fornecendo as condições básicas para o surgimento da globalização da economia. • Época em que todos dispõem da informação em tempo real. Logo, as organizações capazes de tomar a informação e transformá-las rapidamente em uma oportunidade de novo produto/serviço são mais bem sucedidas. • Informação passou a cruzar o planeta em milésimos de segundos. A Organização • A competitividade tornou-se intensa e complexa entre as organizações, onde o volátil mercado de capitais passou a migrar de um continente para outro em segundos à procura de novas oportunidades de investimentos, mesmo que transitórias. • O capital financeiro deixou de ser o recurso mais importante, cedendo lugar ao conhecimento. Nestas circunstâncias, os fatores tradicionais de produção – terra, mão de obra, capital – produzem retornos cada vez menores. É a vez do conhecimento, do capital humano e do capital intelectual. O conhecimento torna-se básico e o desafio maior passa a ser a produtividade do conhecimento. Tornar o conhecimento útil e produtivo tornou-se a maior responsabilidade gerencial. • As organizações requerem agilidade, mobilidade, inovação e mudança necessária para enfrentar as novas ameaças e oportunidades em um ambiente de intensa mudança e turbulência. • Os processos organizacionais (dinâmicos) tornam-se mais importantes do que os órgãos (estáticos) que interligam a organização. • Os órgãos (departamentos, divisões) tornam-se provisórios; os cargos e funções passam a ser definidos e redefinidos em razão das mudanças no ambiente e na tecnologia; os produtos e serviços passam a ser continuamente ajustados às demandas e necessidades dos clientes. • Organizações mais expostas às mudanças: abandono de órgãos fixos e estáveis para se basear em equipes multifuncionais de trabalho com atividades provisórias voltadas para missões específicas e com objetivos definidos. • Surge a organização virtual, que passa a funcionar sem limites de tempo ou de espaço, com um uso totalmente diferente do espaço físico. • A cultura organizacional recebe forte impacto do mundo exterior e passa a privilegiar a mudança e a inovação, com foco no futuro e no destino da organização. Pessoas • As pessoas e seus conhecimentos e habilidades mentais passam a ser a principal base da nova organização. • A antiga Administração de Recursos Humanos cedeu lugar a uma nova abordagem: a Gestão de Pessoas, onde as pessoas deixam de serem simples recursos humanos organizacionais para serem 9 abordadas como seres dotados de inteligência, personalidade, conhecimentos, habilidades, destrezas, aspirações e percepções singulares. São os novos parceiros da organização. Figura 3: Desenho Orgânico – Era da Informação Quadro 1: As três etapas da Gestão de Pessoas AS TRÊS ETAPAS DA GESTÃO DE PESSOAS Características Relações Industriais Administração de Recursos Humanos Gestão de Pessoas Formato do Trabalho Centralização total das operações no órgão de RH Responsabilidade de linha e função de staff Descentralização rumo aos gerentes e suas equipes Nível de atuação Burocratizada e operacional. Rotina Departamentalizada e tática Focalização global e estratégico no negócio Comando de ação Decisões vindas da cúpula da organização e ações centralizadas no órgão de RH. Decisões vindas da cúpula da área e ações centralizadas no órgão de RH. Decisões e ações do gerente e de sua equipe de trabalho. Tipo de Atividade Execução de serviços especializados. Centralização e isolamento da área. Consultoria interna e prestação de serviços especializados Consultoria interna. Descentralização e compartilhamento. Principais Atividades Admissão, demissão, controle de freqüência, legislação do trabalho, disciplina, relações sindicais, ordem. Recrutamento, seleção, treinamento, administração de salários, benefícios, higiene e segurança do trabalho, relações sindicais Como os gerentes e suas equipes podem escolher, treinar, liderar, motivar, avaliar e recompensar os seus participantes Missão da Área Vigilância, coerção, coação, punições, confinamento social da pessoas Atrair e manter os melhores funcionários Criar a melhor empresa e a melhor qualidade do trabalho. Fonte: Chiavenato,2004 10 1.1.4. Tendências globais quebrando velhos paradigmas 1. Crescente poder das tecnologias da informação e de comunicações (revolução digital, da multimídia) que estão eliminando fronteiras políticas e organizacionais. 2. Rápida globalização dos mercados, da concorrência, das alianças e parcerias estratégicas, do capital financeiro e da inovação gerencial trazendo uma visão cosmopolita do novo mercado global. 3. Substituição de uma economia baseada na manufatura e na exploração de recursos naturais para a economia baseada no valor do conhecimento, na informação e na inovação. 4. Reequilíbrio geopolítico: o surgimento de uma nova ordem econômica mundial com a formação de novos blocos econômicos. 5. O surgimento de formas inéditas de organização empresarial dentro de empresas e entre elas, com equipes interdisciplinares não hierárquicas; a proliferação de alianças estratégicas; as organizações virtuais e a megaconcorrência entre alianças rivais em indústrias como a automobilística, a de chips de computadores. 6. Uma substituição no “centro de gravidade” econômico do mundo empresarial: de empresas multinacionais de grande porte para empresas menores, mais ágeis e mais empreendedoras. O porte e a massa corporativa deixaram de ser vantagem competitiva para se tornarem uma desvantagem. 7. Crescimento do terceiro setor formado pela sociedade civil e por ampla variedade de cidadãos, atuando nas mais diversas áreas. 8. Aumento da importância comercial, política e social do ambiente e a crescente preocupação ecológica. O poder cumulativo destas tendências criou a transformação mais intensa de todas: uma elevação exponencial na velocidade, na complexidade e na imprevisibilidade da mudança. 1.1.5. As preocupações das organizações do futuro 1. GLOBALIZAÇÃO: implica a preocupação com a visão global do negócio para mapear a concorrência e avaliar a posição relativa dos produtos e serviços. Isto não significa que o mercado local vá desaparecer. O que vale é a comparação entre aquilo que a organização faz e o que há de melhor no mundo todo. Pensar globalmente e agir localmente. Benchmarking1 PESSOAS: preocupação em educar, treinar, motivar, liderar as pessoas que trabalham na organização, incutindo-lhe o espírito empreendedor e oferecendo-lhes uma cultura participativa ao lado de plena realização pessoal. A organização indica os objetivos que se quer alcançar, focalizando a missão e a visão, e oferece oportunidades de crescimento profissional que fortaleçam seu negócio. Proporcionam às pessoas um ambiente de trabalhão acolhedor, agradável e com plena liberdade pra escolher a melhor maneira de trabalhar. As pessoas são consideradas parceiros e colaboradores. 1 É o processo de identificar e copiar as melhores práticas de administração de outras empresas. Observar o que essas organizações fazem de melhor no mercado e adotar as suas práticas é procurar pela própria excelência institucional. Pode ser mais compreendido como processo empresarial com a intenção de comparar-se com os melhores referenciais. Porém, não se deve utilizar as mesmas práticas do concorrente ou de empresa similar sem antes analisar a realidade da própria empresa. Cada organização possui características distintas; por isso, o benchmarking deve adequar-se à realidade e à cultura de cada organização. Benchmarking pode ser entendido como: a) Uma prática de gestão que facilita o recurso contínuo de informação para uma empresa. b) Processo contínuo de medir produtos, serviços e/ou processos com relação aos concorrentes mais fortes ou aos líderes reconhecidos do setor, procurando identificar as melhores práticas da indústria que levem a um desempenho superior. c) Procura pelas melhores práticas da administração na busca de vantagens competitivas. 11 2. CLIENTE: implica a capacidade de conquistar, manter e ampliar a clientela. Este é o melhor indicador da capacidade de sobrevivência e de crescimento da organização. 3. PRODUTO/SERVIÇO: implica a necessidade de diferenciar os produtos e serviços oferecidos em termos de qualidade e de atendimento. Com a tecnologia e o conhecimento, os produtos e serviços estão ficando cada vez mais parecidos. A vantagem competitiva consiste em agregar elementos adicionais como qualidade e atendimento que os torne diferenciados em relação aos concorrentes. 4. CONHECIMENTO: recurso organizacional mais importante. É o conhecimento e sua adequada aplicação que permitem captar a informação disponível para todos e transformá-la rapidamente em oportunidade de novos produtos ou serviços, antes que os concorrentes consigam fazê-lo. 5. RESULTADOS: implica a necessidade de fixar objetivos e perseguir resultados, reduzindo custos e aumentando receitas. Visão do futuro e focalização das metas a serem alcançadas são imprescindíveis. A melhoria da qualidade e o aumento gradativo da produtividade são as bases da competitividade do mundo atual. 6. TECNOLOGIA: implica a necessidade de avaliar e atualizar a organização para acompanhar e aproveitar os progressos tecnológicos As organizações excelentes não são as que detêm a tecnologia mais avançada e sofisticada, mas aquelas que sabem extrair o máximo proveito de suas tecnologias atuais. O preparo e a capacitação das pessoas estão por trás disto. São as pessoas que aplicam e operam a tecnologia existente na organização. A tecnologia contribui com a eficiência potencial, mas são as pessoas que determinam a eficiência real e a eficácia do processo. Figura 4: Os desafios do Terceiro Milênio 12 1.1.6. Conceito de Gestão de Pessoas Diferentes autores têm diversos conceitos sobre Gestão de Pessoas: Administração de Recursos Humanos (ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as “pessoas” ou recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação do desempenho. As políticas dos Recursos Humanos têm o objetivo de alinhar o esforço dos empregados com a estratégia da empresa. ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treinamento, avaliação e remuneração dos empregados. Todos os gerentes são, em um certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos eles estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento. ARH é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações. ARH é a função na organização que está relacionada com a provisão, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados. Gestão de Pessoas é o conjunto integrado de atividades de especialistas e de gestores – como agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas – no sentido de proporcionar competências e competitividade à organização. Gestão de Pessoas é a área que constrói talentos por meio de um conjunto integrado de processos e cuida do capital humano das organizações, o elemento fundamental do seu capital intelectual e a base do seu sucesso. 1.1.7. Subsistemas de RH Antigamente, o Departamento de Recursos Humanos – aqui tratado por RH – era visto na empresa como uma parte separada, ou seja, como um departamento que não interagia com os demais departamentos da empresa. A sua principal função era a de admitir e demitir funcionários, segundo ordens superiores. Os departamentos de RH foram tomando mais importância dentro das empresas a partir do momento em que seus funcionários foram vistos não como simples trabalhadores, mas sim como insumos de extrema importância no seu processo produtivo. Hoje,o departamento de RH é tido como um dos mais importantes dentro da empresa. A sua interação junto aos outros departamentos, como, por exemplo, Finanças, Marketing e Produção, tornou-se extremamente importante. Qualquer empresa competitiva presente no mercado terá de se ajustar a essa gestão integrada, mas sempre dando muita importância às funções já existentes na área de RH, como, por exemplo, plano de cargos e salários, recrutamento e seleção, entre outros. São funções primordiais para o funcionamento da área de RH: a) Administração de pessoal – é um órgão que deixou de ser limitado em suas funções, que, antigamente, seriam registros e freqüências de empregados, e passou a ter uma atuação mais ampla. Hoje, participa na seleção, no recrutamento, na avaliação do desempenho; b) Recrutamento e seleção – o recrutamento atrai candidatos, enquanto a seleção encaminha os mais habilitados ou qualificados e o treinamento fixa os selecionados na empresa. É uma função de extrema importância nos mercados competitivos; c) Acompanhamento e aconselhamento – essas funções visam criar condições de reações necessárias para o bom desempenho do trabalho e do ajustamento do funcionário na empresa. Têm ainda por objetivo corrigir algumas falhas que possam aparecer durante o serviço e prevenir outras; d) Avaliação do mérito – é uma técnica da administração de pessoal que tem por finalidade apresentar bases em que se fundamentem os critérios para o melhor aproveitamento dos empregados, evitando, assim, conseqüências de preconceitos ou de julgamentos apressados a respeito dos mesmos – promoções e reajustes salariais; 13 e) Movimentação e registro – encarregam-se de dar cumprimento às formalidades legais necessárias à admissão de pessoal, demissão, concessão de férias, entre outros. A movimentação ainda fornece registros que formalizam e que servem de base para o estudo e para a apuração de sua taxa - turnover; f) Treinamento – sem dúvida, hoje, é um dos campos mais procurados e exigidos dentro de RH. O treinamento tem por finalidade promover todos os meios e os recursos necessários ao desenvolvimento pessoal, visando proporcionar conhecimentos e habilidades específicos, que sejam requeridos para o eficiente desempenho do trabalho profissional, bem como proporcionar um clima favorável de trabalho dentro da empresa; g) Classificação e avaliação de cargos – a classificação consiste no arranjo ordenado dos cargos, segundo uma norma, um critério estabelecido. Essa classificação é importante no que tange a responsabilidades, salário pago, entre outros fatores. Estabelece ainda as faixas salariais - salário máximo e salário mínimo - e se preocupa em manter os custos salariais em um nível razoável; h) Assistência e benefício – entende-se por benefício toda e qualquer contribuição material direta ou indiretamente dada ao empregado pelo empregador. Assistência é a ajuda ou a contribuição que a empresa dá para o seu pessoal – geralmente complementação de salário ou ajuda de custo. Podemos citar como exemplo de benefícios os empréstimos de emergência, o auxílio funeral, o reembolso de medicamentos etc; i) Higiene e segurança – não depende somente do departamento de RH atingir os objetivos dessas funções, mas sim de uma união de esforços de chefes, subordinados e patrões, que, juntos, irão promover a segurança e a higiene necessárias dentro de uma empresa. AGREGANDO PESSOAS QUEM DEVE TRABALHAR NA ORGANIZAÇÃO? Recrutamento e Seleção de Pessoal APLICANDO PESSOAS O QUE AS PESSOAS DEVERÃO FAZER? Desenho de cargos Avaliação de Desempenho RECOMPENSANDO PESSOAS COMO RECOMPENSAR AS PESSOAS? Recompensas e Remuneração Benefícios e Serviços DESENVOLVENDO PESSOAS COMO DESENVOLVER AS PESSOAS? Treinamento e Desenvolvimento Programa de Mudanças Programas de Comunicações MANTENDO PESSOAS COMO MANTER AS PESSOAS NO TRABALHO? Benefícios Descrição e Análise de Cargos MONITORANDO PESSOAS COMO SABER O QUE FAZEM E O QUE SÃO? Sistema de Informação Gerencial Banco de Dados Fonte: CHIAVENATO, Gestão de Pessoas, 2009 14 1.1.8. Objetivos da área de Gestão de Pessoas 1. Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão. 2. Proporcionar competitividade à organização. 3. Proporcionar à organização pessoas bem treinados e bem motivados. 4. Aumentar a auto-atualização e a satisfação das pessoas no trabalho. 5. Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho. 6. Administrar e impulsionar a mudança. 7. Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável. 8. Construir a melhor empresa e a melhor equipe. 1.1.9. Gestão de Pessoas como responsabilidade de linha e função de staff Centralização/descentralização das atividades de GP. Interação entre especialistas de RH e gerentes de linha. Conflitos entre linha e staff. As responsabilidades de GP dos gerentes de linha Órgãos de Linha: São aqueles que exercem atividade de execução e comando e possuem responsabilidades sobre atividades - fins do negócio. Os postos ou órgãos de assessoria, distintamente, caracterizam-se por não executar e não comandar na pirâmide organizacional. Sua ação está limitada a influenciar e aconselhar as unidades de linha, Sua responsabilidade, portanto, abrange a atividade - meio da empresa. A FUNÇÃO DE STAFF E A RESPONSABILIDADE DE LINHA NA GESTÃO DE PESSOAS FUNÇÃO DE STAFF RESPONSABILIDADE DE LINHA ÓRGÃOS DE ARH ESPECIALISTAS GESTOR DE PESSOAS (GERENTES DE LINHA) Cuidar das políticas de RH Prestar assessoria e suporte Dar consultoria interna de RH Proporcionar serviços de RH Dar orientação de RH Cuidar da estratégia de RH Cuidar da sua equipe de pessoas. Tomar decisões sobre subordinados. Executar ações de RH. Cumprir metas de RH Alcançar resultados de RH. Cuidar da tática e das operações 15 Posição orgânica em staff Posição orgânica em linha Em staff Em Linha 16 1.2. RECURSOS ESTRATÉGICOS 1.2.1. RH Ontem As práticas de RH eram, no passado, muito diferentes das adotadas nos dias de hoje. As áreas fundamentais da empresa focalizavam, há alguns anos, finanças e produção. Nesse sentido, quem produzisse e estivesse com as contas em dia, ganharia dinheiro. Portanto, as pessoas da organização não eram concebidas como vantagem competitiva. Vantagem competitiva era ter estoques ou produtos. A limitada concorrência da época permitia uma margem de lucro grande o suficiente para que as empresas não se preocupassem com a eficiência ou com o baixo custo do negócio. Ineficiência, custos inadequados: Tudo era repassado para o preço. Qualquer um ganhava dinheiro. O departamento de Recursos Humanos equivalia ainda a um departamento burocrático de pessoal, que servia apenas para cuidar de aspectos legais e administrativos dos funcionários. As atividades como recrutamento, seleção e treinamento apenas respondiam às demandas burocráticas do preenchimento de um determinado número de vagas. 1.2.2. RH Hoje O cenário mudou muito desde os tempos em que o RH constituía um setor meramente burocrático na empresa. Competições acirradas, importações e crises econômicas levaram as empresas a enfrentarem desafios até então desconhecidos. Os clientes passaram a ter opções de produtos e serviços, oferecidos, basicamente, pelos mesmos preços. Quem dita os preços deixa de ser a empresa e passa a ser o mercado.A tecnologia, as matérias-primas e os processos se tornam mais e mais disponíveis, e a custos cada vez mais similares e baixos. Dessa forma, como todos acabam tendo o preço, praticamente, no mesmo patamar, o diferencial em termos de lucro para as empresas passou a ser: A redução de custos; Os ganhos de produtividade; As estratégias adequadas de suprimentos e distribuição; A fidelidade dos clientes. 1.2.3. RH de Qualidade A qualidade deixa de ser um diferencial e passa a ser uma exigência de mercado, uma condição necessária. Nesse momento, muda o papel da gestão de RH. As necessidades de encontrar diferenciais para a empresa crescem e, como esses diferenciais não poderiam decorrer apenas da tecnologia, dos processos, e dos atributos de qualidade, as empresas têm de se valer e reconhecer seus recursos humanos como sendo um fator diferencial agregador de valor. Os RHs de qualidade passam então a ser percebidos como vantagens distintivas, tornando o sistema de RH – que identifica, atrai, desenvolve e mantém as pessoas competentes – um departamento estratégico. 17 1.2.4. RH como vantagem competitiva A empresa que opta por dar enfoque estratégico a sua área de Gestão de Recursos Humanos – GRH – transforma seus funcionários em importante vantagem competitiva. Quando bem aproveitados e estimulados, os recursos humanos de uma empresa se transformam em importante recurso estratégico para uma maior competitividade. Para obter vantagem competitiva, as organizações precisam possuir algo que seus concorrentes almejem, mas não alcancem. Vantagem competitiva: quaisquer fatores que permitam à empresa diferenciar seus produtos ou serviços dos seus concorrentes, a fim de aumentar sua participação no mercado. Uma vantagem competitiva sustentável ocorre quando uma empresa implementa uma estratégia de criação de valor que não esteja implementada simultaneamente pelos concorrentes de forma real ou potencial, e quando outra organização é incapaz de copiar os benefícios dessa vantagem. Em outras décadas as empresas que investiam nos melhores equipamentos tinham vantagem competitiva. Hoje em dia a busca é pelo conhecimento, ou seja, a capacidade que as pessoas têm de criar e modificar os processos. Sendo assim, as principais exigências organizacionais é reter o melhor capital humano. 1.2.5. A Gestão Estratégica de Pessoas e seus papéis 1) Administração de estratégias de RH: Conhecer a importância da área de RH para o desenvolvimento da empresa e adotar práticas que confirmem essa importância. Como parceiros estratégicos: Participam do processo de definição da estratégia da empresa. Fazem perguntas que convertem a estratégia em ação. Concebem práticas de RH que se ajustam à estratégia empresarial. Para identificar as práticas que fazem com que as estratégias aconteçam, os parceiros estratégicos devem utilizar o benchmarking e fazer o diagnóstico organizacional. 2) Administração da infra-estrutura da empresa: Como o RH pode oferecer uma base de serviços à organização para ajudá-la a ser eficiente (operacional) e eficaz (estratégico). Adotar práticas que tenham consistência com as políticas mais amplas da empresa, contribuindo com a qualificação de seus funcionários, para que se tornem parte ativa do cumprimento dos objetivos da empresa. Gestores de pessoas como administradores da infra-estrutura da empresa: Obtêm a eficiência dos processos de RH. Contribuem para aumentar a produtividade e reduzir as perdas por meio da adequada contratação, do treinamento e da premiação dos funcionários. Para realizar as práticas que fazem com que as estratégias aconteçam, gestores de pessoas, em parceria com os profissionais de RH, recorrem à melhoria e à reengenharia contínua dos processos de RH. 3) Administração da contribuição dos funcionários: Como o RH pode ajudar no envolvimento e no comprometimento dos funcionários, transformando-os em agentes de empreendedores, parceiros e fornecedores para a organização. 18 Atribuir à gestão de RH e às pessoas, em particular, um papel relevante e indissociável dos demais fatores da competitividade organizacional. Assumir a qualificação dos funcionários como algo que envolve conhecimentos, habilidades e motivação. Como administradores/defensores da contribuição dos funcionários: Compreendem as necessidades dos funcionários e buscam os recursos necessários para que elas venham a ser atendidas. Obtêm maior envolvimento, comprometimento e competência por parte dos funcionários. Para desempenhar esse papel, os gestores de pessoas que atuam como administradores da contribuição/defensores dos funcionários pode-se utilizar de ferramentas de endomarketing2 e de monitoração do clima organizacional. Isso lhes possibilitará fazer levantamentos regulares para manterem abertos os canais de comunicação com a empresa. 4) Administração da transformação e da mudança: Como o RH pode ajudar na criação de uma organização criativa, renovadora e inovadora. Gestores de pessoas como agentes de mudanças, administradores da transformação e da mudança: Ajudam as organizações a identificarem um processo para administrar a mudança. Apontam as mudanças necessárias nos componentes organizacionais, obtendo o comprometimento das pessoas no processo, no monitoramento e na implantação de ações. Para ajudar a criar o futuro, os gestores de pessoas – no papel de agentes de mudança – buscam equilibrar continuidade e mudança, gerenciando os relacionamentos ao longo de toda a cadeia econômica. DEFINIÇÃO DE PAPÉIS DE RH PAPEL DE RH RESULTADO CARACT. PRINCIPAL ATIVIDADE Administração de estratégias de RH Execução da estratégia Parceiro estratégico para ajudar a alcançar objetivos organizacionais Ajuste das estratégias de RH à estratégia organizacional: diagnóstico organizacional para detectar forças e fraquezas da organização. Administração da Infra- estrutura da Empresa Construção de uma infra- estrutura eficiente Especialista administrativo para reduzir custos e aumentar valor Reengenharia dos processos da organização: serviços em comum para a melhoria contínua. Administração da Contribuição dos Funcionários Aumento do envolvimento e capacidade dos funcionários Defensor dos funcionários para treinar e incentivar as pessoas Ouvir e responder aos funcionários: prover recursos aos funcionários para incentivar contribuições Administração da transformação e da mudança Criação de uma organização renovada. Agente de mudança e inovação para melhorar a capacidade de mudar. Gerir a transformação e a mudança: assegurar capacidade para mudança e identificação e solução de problemas. Fonte: Chiavenato, 2004 2 Também conhecido como marketing interno ou Comunicação Interna. Endomarketing é um conjunto de ações de marketing institucional dirigida para o público interno (colaboradores, fornecedores, acionistas, vendedores). 19 Os novos Papéis da função de RH DE PARA Operacional e burocrático Estratégico Policiamento e Controle Parceria e Compromisso Curto prazo e Imediatismo Longo prazo Administrativo Consultivo Foco na função Foco no Negócio Foco interno e introvertido Foco externo e no cliente Reativo e solucionador de problemas Proativo e Preventivo Foco na atividade e nos meios Foco nos resultados e nos fins Fonte: CHIAVENATO, Gestão de Pessoas, 2009. Papéis x Foco ADMINISTRAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE RHADMINISTRAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO E MUDANÇA ADMINISTRAÇÃO DA INFRA- ESTRUTURA DA EMPRESA ADMINISTRAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS FOCO NO FUTURO ESTRATÉGICO FOCO NO COTIDIANO OPERACIONAL FOCO NAS PESSOAS FOCO NOS PROCESSOS 20 1.2.6. Propriedades dos recursos estratégicos O recurso estratégico reúne as seguintes propriedades: PROPRIEDADE CARACTERÍSTICA Valor Diz respeito à eficiência profissional – fazer bem feito o que deve ser feito. Capacidade de encontrar meios de diminuir os Custos. Raridade Se as características dos recursos humanos de uma empresa são valiosas, mas comuns, tais características não podem ser uma fonte de vantagem competitiva. Nesse caso, tais características fornecem apenas uma paridade competitiva, impedindo que a empresa se encontre em substancial desvantagem frente aos concorrentes. Assim sendo, é determinante tanto desenvolvermos quanto explorarmos as características raras dos recursos humanos da empresa. Difícil imitação Características valiosas e raras dos recursos humanos de uma empresa podem fornecer lucros acima do normal no curto prazo. Entretanto, se essas características forem passíveis de imitação pela concorrência, no longo prazo, restará apenas a paridade competitiva. Para desenvolver características de difícil imitação, devemos focalizar a importância de fenômenos sociais complexos, tais como a história particular ou a cultura da empresa. Da mesma forma, sinergia de equipes e comprometimento dos funcionários são fatores de difícil imitação. Organização e Apoio Institucional Uma empresa deve estar organizada de modo a poder explorar seus recursos. Isso significa que os sistemas e as práticas nela existentes devem permitir que os recursos humanos possam exercer suas vantagens potenciais. Nesse sentido, se ela contrata funcionários com elevado nível de qualificação, o potencial desses indivíduos será realçado por uma cultura, e por práticas que valorizem sua participação e os estimulem a utilizar tanto suas habilidades criativas quanto sua capacidade de discernimento. Fonte: FGV (2005) 1.2.7. Características e dificuldades da área de gestão de pessoas Na Era da Informação e do Conhecimento, as mudanças que ocorrem nas empresas não são apenas estruturais; mas, sobretudo mudanças culturais e comportamentais transformando o papel das pessoas. 1. Mudanças das pessoas e na forma de gerenciar as pessoas – mudanças na própria área de RH. Alteração no perfil das pessoas exigido pelas empresas De um perfil obediente e disciplinado para outro autônomo e empreendedor. Gerou a necessidade de cultura organizacional que estimulasse e apoiasse a iniciativa das pessoas, a criatividade e a busca autônoma de resultados para a empresa ou o negócio. Deslocamento do foco da gestão de pessoas do controle para o desenvolvimento. De um paradigma de controle e postura passiva para uma gestão de pessoas marcada pela ideia do desenvolvimento mútuo. 21 A empresa ao desenvolver-se, desenvolve as pessoas e as pessoas, ao se desenvolverem, desenvolvem a empresa. Foco no desenvolvimento visualiza a pessoa como gestora de sua relação com a empresa e do seu desenvolvimento profissional. Maior relevância das pessoas no sucesso do negócio ou da empresa As pessoas são as depositárias do patrimônio intelectual da empresa, da capacidade e agilidade de resposta da empresa aos estímulos do ambiente e ainda, da capacidade de visualização e exploração de oportunidades de negócio. 2. O que distingue a gestão de pessoas das outras áreas da organização é o seu singular ambiente de operações. Dificuldades: “Administrar” recursos humanos é diferente de administrar qualquer outro recurso organizacional, porque envolve dificuldades como: a) a administração de pessoas lida com meios, com recursos intermediários e não com fins. É uma função de assessoria, cuja atividade fundamental consiste em planejar, prestar serviços especializados, assessorar, recomendar e controlar; b) a administração de pessoas lida com recursos vivos, extremamente complexos, diversificados e variáveis, que são as pessoas. Esses recursos são importados do ambiente para dentro da organização, crescem, desenvolvem-se, mudam de atividade, de posição e de valor; c) os recursos humanos não estão somente dentro da área de administração de pessoas, mas principalmente alocados nos diversos órgãos da organização e sob a autoridade de diversos chefes ou gerentes. Assim, cada um deles é o responsável direto por seus subordinados. A administração de pessoas é uma responsabilidade de linha e uma função de staff; d) a administração de pessoas preocupa-se fundamentalmente com a eficiência. Porém, o fato mais concreto de sua existência é que ela não pode controlar facilmente os eventos ou as condições que a produzem. Isso porque os principais eventos ou condições de suas operações são as atividades das diversas áreas da organização e o comportamento heterogêneo dos participantes; e) a administração de pessoas trabalha em ambientes e em condições que não escolheu e sobre os quais possui grau de poder e controle muito pequeno. Daí estar geralmente destinada à acomodação, adaptação e transigência. Somente com perfeita noção da finalidade principal da organização e com muito esforço e perspicácia, o executivo de administração de pessoas poderá conseguir razoável poder e controle sobre os destinos da organização; f) os padrões de desempenho e de qualidade dos recursos humanos são extremamente complexos e diferenciados, variando de acordo com o nível hierárquico, a área de atividade, com a tecnologia aplicada e o tipo de tarefa ou atribuição. O controle de qualidade é feito desde o processo inicial de seleção do pessoal e estende-se continuamente ao longo do desempenho cotidiano; g) a administração de pessoas não lida com fontes de receita. Aliás, ocorre algum preconceito de que ter pessoal forçosamente implica ter despesa. A maioria das empresas aloca os recursos humanos em termos de centros de custos e não centros de lucros, como realmente devem ser considerados; h) um dos aspectos mais críticos da Administração de pessoas está na dificuldade de saber se ela está fazendo ou não um bom trabalho. É uma área cheia de desafios e de riscos não controlados ou não controláveis, não padronizados e imprevisíveis. É um terreno firme e de visão nebulosa em que se pode cometer erros desastrosos ainda que na certeza de se estar jogando corretamente. 22 1.2.8. Instrumentos para a Gestão de Pessoas e suas principais distorções As empresas com bom resultado na gestão de pessoas têm aplicado os conceitos de competência, complexidade e espaço ocupacional de forma a permitir que o gestor avalie os riscos e acompanhe os resultados de suas decisões. POLÍTICAS E PRÁTICAS DE GESTÃO DE PESSOAS PROPRIEDADES Integração Mútua Permite avaliar os desdobramentos de uma decisão relativa à remuneração de uma pessoa no conjunto das remunerações da organização, na massa salarial, no sistema de carreira e no sistema de desenvolvimento. Integração com a estratégia organizacional O conjunto de políticas e práticas de gestão de pessoas esteja alinhado com os objetivos da organização, seus valores e missão. Integração com as expectativas das pessoas O conjunto de políticas e práticas de gestão de pessoas devem estar alinhadas com as expectativas das pessoas para sua legítima efetividade. Fonte: Adaptado de Dutra (2004) A ausência de qualquer destas propriedades torna as políticas e as práticasde GP: Um conjunto de normas burocráticas que visam controlar o gestor e suas ações, ao invés de orientá-los em suas decisões. É a prática da maioria das organizações. Pessoas são vistas como responsáveis por um conjunto de atividades ou funções previamente definidas que tem causado distorções na análise e interpretação da realidade organizacional. Principais ocorrências: Instrumentos para GP de difícil compreensão e utilização pelos gestores, pessoas e os próprios profissionais especializados. Desintegração entre as várias políticas e práticas de GP. Ex: conflito entre o que a remuneração fixa favorece e o que é estimulado pela remuneração variável. Desorientação no trato de problemas na GP em que as soluções são desarticuladas entre si e com a estratégia organizacional. Ex: Há uma tendência de as prioridades serem estabelecidas em função das situações, áreas ou pessoas que exercem mais pressão. Descrédito e insegurança em relação aos instrumentos de gestão, uma vez que há pressão para solucionar os problemas sem clara da compreensão da realidade organizacional. 1.2.9. Desafios Competitivos do Futuro Os gestores de RH devem avaliar até que ponto suas organizações estão-se valendo de seus esforços em proveito da vantagem competitiva. Devem também procurar tornar-se os campeões de recursos humanos por meio do aperfeiçoamento do capital humano e intelectual de sua empresa. Para tal, cabem a eles alguns desafios: 23 a) Criar modelos e processos para alcançar agilidade, eficiência e competitividade globais, uma vez que é a globalização que domina o ambiente competitivo. b) Aprender a operar ao longo da cadeia de valor e nas malhas da rede de valor. c) Descobrir novas maneiras de conceber e aplicar práticas organizacionais para administrar, simultaneamente, o crescimento e os custos em função do lucro sustentado. d) Redefinir as capacidades da organização, a fim de sustentar e integrar as competências individuais, transformando-as em competências organizacionais. e) Aprender a mudar mais depressa e mais tranqüilamente, sensibilizando o coração e a mente de cada profissional na organização, preparando-o, dessa forma, para a mudança. f) Descobrir como tornar a tecnologia parte viável e produtiva do ambiente de trabalho. g) Atrair, reter e medir a competência e o capital intelectual, criando organizações nas quais o capital intelectual seja constantemente atualizado. h) Concentrar-se na transformação da imagem da empresa aos olhos de seus usuários, a partir de uma ação mais voltada à criação do que à participação no mercado. AS NOVAS CARACTERÍSTICAS E NECESSIDADES DA FUNÇÃO DE RH ANTES AGORA Concentração na função de RH Apoio no Core Business da área Especialização das Funções Gerenciamento dos Processos Vários níveis hierárquicos Enxugamento e downsizing3 Introversão e isolamento Benchmarking e extroversão Rotina operacional e burocrática Consultoria e visão estratégica Preservação da cultura organizacional Inovação e mudança cultural Ênfase nos meios e procedimentos Ênfase nos objetivos e resultados Busca da eficiência interna Busca da eficácia organizacional Visão voltada para o presente e passado Visão voltada para o futuro e focalizada no seu destino Administrar recursos humanos Assessorar na gestão com pessoas Fazer tudo sozinha Ajudar os gerentes e equipes Ênfase nos controles operacionais Ênfase na liberdade e participação AS NOVAS NECESSIDADES DA ÁREA DE RH Uma nova visão do Homem e da Empresa. Estrutura plana, horizontalizada, enxuta, de poucos níveis hierárquicos. Organização voltada para processos e não para funções especializadas e isoladas. Necessidade de atender ao usuário – interno ou externo – e se possível, encantá-lo. Sintonia com o ritmo e a natureza das mudanças ambientais 3 A redução do quadro de pessoal, ou downsizing, tornou-se estratégia dominante nos anos 90. É o termo que remete à prática de reduzir o tamanho de organizações, por meio de demissões generalizadas. As conseqüências do downsizing (demissões em massa), com a extinção de cargos e achatamento dos níveis hierárquicos, são problemas que a gestão de recursos humanos tem enfrentado. O “ideal” é que essa área crie programa que melhore as condições dos demitidos, como ajuda financeira, treinamento dos profissionais para que possam assumir outras atividades e recolocação do profissional na própria empresa ou em outras organizações. É preciso gerenciar os efeitos negativos sobre os sobreviventes ao processo de downsizing, que passam a se sentir inseguros, a firmar resistências e inclusive, passar a procurar outros empregos. Para aliviar as incertezas dos que ficam, deve-se fornecer o máximo de informações a respeito do futuro e também apoio individual. 24 Visão voltada para o futuro e para o destino da empresa e das pessoas. Necessidade de criar valor e de agregar valor às pessoas, à empresa e ao cliente. Criação de condições para uma administração participativa e baseada em equipes. Agilidade, flexibilidade, dinamismo e pro ação. Compromisso com a qualidade e com a excelência de serviços. Busca de inovação. Fonte: Adaptado - Chiavenato, 2004 1.3. GESTÃO DE PESSOAS (NÍVEIS ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL) 1.3.1. Administração estratégica de recursos humanos: Entende-se como administração estratégica de recursos humanos (AERH) a gestão que privilegia como objetivo fundamental, através de suas intervenções, a otimização dos resultados finais da empresa e da qualidade de talentos que a compõem. A AERH não se posiciona em linha no organograma da empresa, mas sim, em staff. É agente de transformação e da inovação, sem deixar de lado o papel de consultor interno dos gerentes. Esse posicionamento evidencia o que se entende como a real função da administração de RH, qual seja a de assessorar e prestar subsídio cognitivo à cúpula da empresa em questões relacionadas a: Qualidade dos talentos que compõem a organização. Desenvolvimento individual e organizacional. Políticas de manutenção do RH. Produtividade. Qualidade Total. 1.3.2. Recursos Humanos: Tático Recursos Humanos Tático foca na ação de consultor interno dos gerentes (que atuam como gestores de pessoas) e nas práticas e processos de RH são descentralizados. Prepara os gerentes para atuarem como líderes ou coaches. Seu cliente é o gerente e seu planejamento tático tem amplitude de médio prazo. 1.3.4. Recursos Humanos: Operacional Recursos Humanos Operacional é focado na execução cotidiana das práticas e processos relacionados com pessoas (recrutamento, seleção, etc.). Aplica medidas disciplinares, faz o controle burocrático e é agente de manutenção do status quo (expressão latina que designa o estado atual das coisas) empresarial. Supridor de serviços para outros departamentos. 1.4. MISSÃO DE RECURSOS HUMANOS Dimensionar e planejar as necessidades de pessoal, de longo, médio e curto prazos, para atender às exigências do negócio e aos objetivos da empresa. Criar, atualizar e manter uma estrutura organizacional adequada aos objetivos empresariais e às suas relações com o ambiente. 25 Atender as necessidades de recursos humanos da organização, no longo, médio e curto prazos, além de manter todos os cargos e funções adequadamente preenchidos. Prover a qualificação profissional dos recursos humanos da empresa. Remunerar o pessoal, competitiva e equivalentemente, considerando as características e as peculiaridades do negócio empresarial que impactam a relação do profissional com seu cargo ea contribuição para o desenvolvimento da empresa. Assegurar o bom relacionamento da empresa com o empregado, em todos os níveis da organização. 1.5. O PERFIL PROFISSIONAL DE RECURSOS HUMANOS 1.5.1. Objetivo O profissional de Recursos Humanos deve: Administrar as relações da organização com as pessoas que a compõem, consideradas parceiras do negócio. Prover a organização de meios para avaliar as pessoas em todos os sentidos, desde a formação profissional até a coleta de informações que possam lhe dar uma indicação, ainda que parcial, do caráter delas. Diferenciar as pessoas com as quais lida em seu dia-a-dia, pois possuem personalidades próprias, diferentes entre si, além de conhecimentos, destrezas e capacidades indispensáveis à adequada gestão dos recursos organizacionais. Tem que considerar as pessoas como pessoas e não como recursos. Preocupar-se com a natureza das relações humanas no ambiente organizacional, buscando criar situações que estimulem as pessoas a se comprometerem com os objetivos organizacionais. O clima organizacional deve propiciar a iniciativa e a criatividade, motivando os colaboradores a aproveitar as oportunidades oferecidas pela empresa. 1.5.2. Competências dos profissionais de recursos humanos Para Becker, Huselid e Ulrich (2001, p. 183), “[...] a competência refere-se às características de um individuo, em termos de conhecimentos, habilidades, capacidades e personalidade, que afetam diretamente o respectivo desempenho no trabalho”. De acordo com os mesmos autores, são cinco as competências dos gestores de RH: Conhecimento do negócio - os gestores de RH agregam valores à organização quando compreendem o funcionamento do negócio, possibilitando adaptar a área de RH e as atividades organizacionais às mudanças. Conhecendo os recursos financeiros, estratégicos, tecnológicos e organizacionais da empresa, os profissionais de RH são capazes de desempenhar um papel importante em qualquer discussão estratégica, não necessariamente capacidade de gerenciar todas as funções, mas sim, ter aptidão para compreendê-las. Fornecimento de práticas de RH – os profissionais devem conhecer e ser capazes de fornecer práticas inovadoras de RH. Isso reforça a credibilidade desses profissionais e assegura-lhes o respeito do restante da organização. Portanto, eles devem ser suficientemente dedicados para continuarem dominando as teorias e bastante ágeis para adaptar as teorias à realidade da organização. Gestão da mudança – existe a necessidade de deslocar o foco da organização, em resposta às novas trajetórias estratégicas. O gestor de RH necessita diagnosticar problemas, cultivar relacionamentos com os clientes, articular a visão da empresa, resolver problemas e implementar metas. Essa competência envolve conhecimentos, habilidades e capacidades para promover o lado humano da organização. 26 Gestão da cultura – empresas com culturas mais fortes (extensão em que os empregados compartilham os valores da organização), tendem a atingir níveis de desempenho mais elevados. E os gestores de RH, são os “guardiões da cultura” e seu impacto vai além das fronteiras funcionais. São responsáveis pela difusão da mesma. Credibilidade pessoal – os profissionais devem viver os valores e a cultura da empresa. Estes ganham a credibilidade quando seu relacionamento com os colegas baseia-se na confiança recíproca. E conquistam o respeito quando agem com firmeza (apresentar idéias e soluções espontâneas, e estimular o debate sobre temas cruciais), ou seja, sustentam sua opinião com fatos. 1.6. PLANEJAMENTO DE RECURSOS HUMANOS Teve início com o estudo dos tempos e movimentos o primeiro método utilizado para dimensionar a quantidade de funcionários de uma empresa. Taylor, criador do método, calculava o número ideal de funcionários por meio de um estudo cuidadoso do tempo levado por um funcionário-padrão para o desenvolvimento de uma tarefa. A partir de então, o cálculo considerava a quantidade de tarefas que seriam necessárias para obter-se o número de funcionários ideal (MAXIMIANO, 1981). Com o tempo, o problema do dimensionamento do quadro de funcionários começou a ser estudado dentro das práticas de recursos humanos, mais especificamente dentro do Planejamento de RH, incluindo-se aí as metodologias para a organização da força de trabalho dentro dos cargos. 1.6.1. Conceito É o processo de decisão a respeito dos Recursos Humanos necessários para atingir os objetivos organizacionais, em determinado período de tempo. Trata-se de antecipar qual a força de trabalho e os talentos humanos necessários para a realização da ação organizacional futura. O planejamento de pessoal nem sempre é da responsabilidade do órgão de pessoal da organização. o Ex: Na maioria das empresas industriais, o planejamento da chamada “mão de obra direta” (pessoal horista diretamente ligado á produção industrial e localizado no nível operacional) no curto prazo é feito pelo órgão responsável pelo planejamento e controle da produção. Missão da Organização Objetivos da Organização Requisitos dos RH Programa de RH Expansão: Novas Admissões Ajustamento: Adequação ao Mercado Mudança: Inovação e Criatividade Enxugamento: Redução de Pessoal 27 Para alcançar todo seu potencial de realizações, a organização precisa ter as pessoas adequadas disponíveis para o trabalho a ser realizado. Isso significa que todos os gerentes devem estar seguros de que os cargos sob sua responsabilidade estão ocupados por pessoas capazes de desempenhá-los adequadamente. 1.6.2. Bases do Planejamento de Pessoal • As bases para o planejamento estratégico de RH são : a demanda de trabalho e a oferta de trabalho. 1.6.3. Fatores que intervêm no Planejamento de Pessoal Segundo Chiavenato (1999), o planejamento de pessoal ainda pode ser afetado por três variáveis que devem ser consideradas durante o planejamento: 1. Absenteísmo O Absenteísmo refere-se a atrasos, faltas e saídas antecipadas no trabalho, de maneira justificada ou não justificada. O índice de absenteísmo é importante porque ele funciona como termômetro de ausências no trabalho, que também quer dizer redução na carga-horária de trabalho. Para alguns especialistas o percentual tolerável é de 2%. Demanda de Produção Mercado Externo de Trabalho Mercado Interno de Trabalho Nível de Produtividade 1. A demanda de trabalho excede a oferta de trabalho: * Treinamento ou retreinamento * Planejamento de sucessões internas * Promoções de dentro da companhia * Recrutamento externo * Subcontratação de autônomos * Utilização de pessoal temporário ou em tempo-parcial * Utilização de horas extras 2. A oferta de trabalho excede a demanda de trabalho: * Cortes de salários * Horários reduzidos de trabalho * Compartilhamento de trabalho * Demissões voluntárias * Desligamentos 3. A demanda de trabalho é igual à oferta de trabalho: * Recolocação de desligados de dentr ou ou fóra da companhia * Transferências internas ou redeployment Demanda de Trabalho Oferta de Trabalho Condições e Respostas Adequadas: 28 Funciona como uma forte ferramenta de gestão para possibilitar análises cuidadosas dos pequenos atrasos, faltas ou saídas durante o expediente, pois somadas num todo, certamente, verificar-se-á uma grande perda de produtividade. Adota-se um método de levantamento na folha de ponto e leitura dos boletins de ocorrência para composição dos dados e aplicaçãoda seguinte fórmula: total de atrasos no mês/ total de funcionários ativos (excluindo o funcionário de licença e férias) x total de dias trabalhados x 100 = índice de absenteísmo. 2. Rotatividade ADMISSÕES + DEMISSÕES X 100 2 ________________________________ Nº DE EMPREGADOS (MÊS ANTERIOR) Mudanças nos requisitos da força de trabalho: deficiências nas habilidades provocam perdas significativas para a organização em termos de trabalho de qualidade inferior, baixa produtividade, aumento nos acidentes de trabalho e constantes queixas dos clientes. 3. Mudanças nas necessidades de mão-de-obra, decorrentes de dimensionamento de mudanças nas políticas da empresa, em seus produtos e/ou em suas estratégias. 1.6.4. Modelos de Planejamento de Pessoal/Dimensionamento do Quadro de Pessoal Feldman (1972) apresenta algumas metodologias para o dimensionamento do quadro de pessoal que têm um ponto em comum: [...] as atividades a serem medidas são primeiramente definidas, um tempo padrão é desenvolvido para a execução de cada atividade através do uso de uma técnica particular de mensuração e, finalmente, um sistema de registro é estabelecido para comparar o tempo real despendido com o tempo padrão necessário, baseado no volume de trabalho executado para cada atividade importante. Já Chiavenato (1999) afirma que a atividade de determinar quantitativa e qualitativamente os recursos humanos necessários a uma empresa faz parte do planejamento estratégico de RH, que deve ser elaborado em conjunto com o planejamento estratégico da empresa. De outra maneira, a organização passaria a contar com um planejamento dos recursos humanos completamente desvinculado de sua estratégia e que não estaria, assim, correspondendo aos objetivos da Organização. Tal planejamento de pessoas é necessário para que a empresa tenha os recursos humanos adequados para o trabalho a ser realizado Existem vários modelos de Planejamento de Pessoal. Alguns são genéricos e abrangem toda a organização, enquanto outros são específicos para determinados setores. Quase todos exigem a participação do órgão de pessoal. 1.6.4.1. Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço As necessidades de pessoal são uma variável dependente da procura estimada do produto ou do serviço. A relação entre as 2 variáveis – número de pessoas e procura do produto ou serviço – é influenciada por variações na produtividade, tecnologia, disponibilidade interna e externa de recursos financeiros e disponibilidade de pessoas na organização. 29 Qualquer acréscimo de produtividade decorrente de mudança na tecnologia certamente trará: a) Uma redução das necessidades de pessoal por unidade adicional de produto/ serviço. b) Uma redução do preço do produto/serviço, de tal maneira que resulte em um aumento de vendas e, consequentemente, aumento das necessidades de pessoal. Crítica: Este modelo utiliza previsões ou extrapolações de dados históricos e está voltado para o nível operacional da organização. Não leva em conta possíveis fatos imprevistos, como: estratégia dos concorrentes; situação do mercado de clientes, greves, falta de matéria prima, etc. 1.6.4.2. Modelo baseado em segmentos de cargos Este modelo focaliza o nível operacional da organização. É uma técnica de planejamento de pessoal utilizada por empresas de grande porte. Consiste em: a) Escolha de um fator estratégico (como nível de vendas, volume de produção, plano de expansão) para cada área da empresa. Trata-se de escolher um fator organizacional cujas variações afetam as necessidades de pessoal. b) Estabelecer níveis históricos – passado e futuro – para cada fator estratégico. c) Determinar os níveis históricos da mão de obra para cada área funcional. d) Projetar os níveis futuros de mão de obra para cada área funcional, correlacionando- os com a projeção dos níveis (históricos e futuros) do fator estratégico correspondente. e) Outras empresas preferem calcular suas necessidades totais de pessoal com base em projeções relacionadas apenas com certos segmentos (ou famílias) de cargos de sua força de trabalho que mais apresentem variações. 1.6.4.3. Modelo de substituição de postos chave Muitas organizações utilizam mapas de substituição ou organogramas de encarreiramento. Constituem uma representação visual de quem substitui quem na eventualidade de alguma possível vaga futura dentro da organização. As informações devem provir do sistema de informação gerencial. Considera a informação mínima para a tomada de decisão a respeito de futuras substituições na organização em função do status dos vários candidatos internos. Esse status depende de 2 variáveis: a) Desempenho atual: é obtido das avaliações de desempenho , opiniões dos demais gerentes, pares e subordinados. b) Promovabilidade futura: é baseada no desempenho atual e nas estimativas de sucesso futuro nas novas oportunidades. Muitas empresas desenvolvem sistemas mais sofisticados por meio da tecnologia da informação com inventários e registros que oferecem informações mais amplas, como formação escolar, experiência profissional anterior, cargos já ocupados, desempenho nesses cargos, aspirações e objetivos pessoais. 30 1.6.4.4. Modelo baseado no fluxo de pessoal É um modelo que caracteriza o fluxo das pessoas para dentro, através e para fora da organização. A verificação e o acompanhamento desse fluxo de entrada, saídas, promoções e transferências internas permitem uma predição de curto prazo das necessidades de pessoal da organização. Trata-se de um modelo vegetativo e conservador, adequado para organizações estáveis e sem planos de expansão. Este modelo é capaz de predizer as consequências de contingências, como a política de promoções da organização, aumento da rotatividade ou dificuldade de recrutamento, etc. PLANEJAMENTO DE PESSOAL BASEADO NO FLUXO DE PESSOAL Nível N° Inicial Desligam. (-) Transfer. (-) Admissões (+) Promoções (+) N° Final (=) 4 1 1 4 Gerência 12 2 1 11 Chefia 30 4 1 3 1 29 Operação 360 12 18 25 1 356 1.6.4.5. Modelo de planejamento integrado É o modelo mais amplo, sistêmico e abrangente de planejamento de pessoal. Leva em conta 04 fatores intervenientes, a saber: a) Volume de produção planejado. b) Mudanças tecnológicas que alterem a produtividade de pessoal. c) Condições de oferta e procura no mercado e comportamento da clientela. d) Planejamento de carreiras dentro da organização. Do ponto de vista do fluxo interno, o planejamento de pessoal considera a mutável composição da força de trabalho da organização, acompanhando as entradas e saídas de pessoas, bem como sua movimentação na organização. ENTRADAS SAÍDAS Admissões Forças de trabalho de uma subunidade da organização Desligamentos Afastamentos Transferências de Admissões Promoções de Admissões Retornos de Afastam. Admissões Afastametos Demissões Aposentadorias Transferencias Proimoções 31 2. NOVA VISÃO DOS SISTEMAS DE R.H: TRANSFORMANDO EM CENTRO DE LUCRO 2.1. FORMAÇÃO DE GRUPOS DE TRABALHO EM EQUIPE (DIFERENÇAS E FATORES CATALISADORES) 2.1.1. Definição e classificando os grupos “A loucura é uma exceção nos indivíduos, mas é a regra nos grupos”. Nietzsch O comportamento das pessoas nos grupos é algo mais do que a soma dos comportamentos da
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