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Escherichia coli e Salmonella sp. Disciplina: Microbiologia de alimentos Profa. Dra. Roberta Juliano Ramos 2018-1 Escherichia coli • A Escherichia coli é o organismo aeróbio mais frequente no TGI do homem e dos animais de sangue quente. • Em geral, as estirpes de E. coli que colonizam o trato gastrintestinal são inofensivas ou desempenham um papel importante na manutenção da fisiologia intestinal. Escherichia coli • A E. coli pode ser isolada de ambientes poluídos por matéria fecal ou esgotos e o organismo pode se multiplicar e sobreviver no ambiente. • A maior parte das infecções parece estar relacionada com a contaminação da água ou com o manuseio do produto alimentar em condições não higiênicas. Escherichia coli: • Não esporula; • Apresenta capacidade de fermentar glicose com produção de ácido e gás; • Anaeróbios facultativos; • Presença - contaminação de origem fecal • Apresenta sorotipos com base nos antígenos: somáticos (O), flagelares (H) e capsulares (K); • pH – 4,4 a 9,0; • Nutrientes – mínimos (glicose, N e minerais). Escherichia coli: Características: • Temperatura ótima de 37ºC (8 a 45ºC) – algumas cepas se reproduzem a 4ºC, outras sobrevivem até 9 meses a -20ºC em carne moída, e ainda tem aquelas que resistem até 68ºC. • pH ótimo: 7,5. Apresenta grande tolerância a variações de pH. • Aa: 0,95 CONTAMINAÇÃO: Fontes de origem: Incidência • Maior nas regiões tropicais • Aglomerados populacionais • Condições sanitárias precárias; O habitat natural • TGI de humanos e da maioria dos animais de sangue quente, • Normalmente nas fezes destes animais. Formas de disseminação • Alimentos de origem animal e vegetal - consumidos crus ou insuficientemente cozidos, • Água de abastecimento não tratada ou contaminada com despejos de esgoto; • Carne bovina moída (hambúrguer) – consumida crua ou insuficientemente cozida; • Carnes de aves – galinha; • Produtos lácteos – leite cru, queijos; • Sucos de frutas não pasteurizados; • Produtos origem vegetal crus; CARACTERÍSTICAS DAS DOENÇAS: Divisão em 5 classes: de acordo com a virulência, manifestações clínicas e epidemiologia: Enteropatogênica clássica (EPEC) – acomete recém-nascidos e lactentes; Enteroinvasora (EIEC) – acomete jovens e adultos; Enterotoxigênica (ETEC) – provoca diarreias infantil e dos viajantes; Entero-hemorrágica (EHEC) – acomete com gravidade crianças e idosos; Enteroagregativa (EAggEC) – diarreia – menos estudado; Facultativa patôgenica (FEEC) – relacionada a surtos esporádicos de diarreia, ainda não provada. TRATAMENTO: • medidas de suporte para os sintomas dieta adequada, repouso, medicamentos antitérmicos. • antibióticos (apenas em casos de febre alta e fezes sanguinolenta). Medidas de controle: • Condições higiênico sanitárias; • Higiene do abate e da ordenha; • Conservação das matérias-primas abaixo dos 7ºC; • Pasteurização de sucos de frutas e produtos lácteos; • Cuidado na manipulação de alimentos de origem animal crus; • Higiene de instalações e equipamentos nas cozinhas; • Tratamento térmico dos alimentos cárneos; • Resfriamento rápido de alimentos processados abaixo de 7ºC. INCIDÊNCIA: • EPEC 30% dos casos de diarreia aguda em crianças pobres com idade inferior a seis meses. • EIEC crianças maiores de dois anos e adultos, mas o seu isolamento de pacientes com diarreia não é frequente. INCIDÊNCIA: • EHEC em países desenvolvidos, associado ao consumo de hambúrgueres. • ETEC importantes causas de diarreia em países subdesenvolvidos; Nas regiões endêmicas, onde as condições de saneamento são precárias, principalmente nos trópicos, a doença atinge pessoas de todas as faixas etárias. Surtos: • Em 2000 Canadá água contaminada 5 pessoas morreram e 27 foram hospitalizadas. • Em 2004 Brasil contaminação da água após enchente. • Em 2011, 3092 casos de Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU) e de E. coli (EHEC) e 31 óbitos foram notificados em 16 países, sendo 14 situados na Europa. • Em 2015, nos EUA, mais de 37 pessoas ficaram doentes, muitas foram internadas em hospitais devido a E. coli em uma rede de fast food. Salmonella spp • São bastonetes, • Gram negativos, • Anaeróbios facultativos, • Pertencem à família Enterobacteriaceae. • São móveis devido à presença de flagelos (exceção S. pullorum, S. gallinarum), • Não formam esporos, • Possuem metabolismo oxidativo e fermentativo. • Produzem gás a partir da glicose (exceto S. typhi); • São capazes de utilizar citrato como única fonte de C; • Não são exigentes quanto aos nutrientes; Características • As Salmonellas são membros da família Enterobacteriaceae e ocorrem em mais de 2000 sorovariedades. • Estes organismos mesófilos estão distribuídos geograficamente por todo o mundo, mas ocorrem, principalmente, nos intestinos do homem e dos animais, e em ambientes poluídos com excrementos humanos ou animais. Características • Existem muitas formas de classificação de Salmonella, o que torna bastante confusa a sua classificação; • pH – 7,0 (↓3,8 e ↑9,0 – bactericidas); • Não toleram concentrações de sal superiores a 9%; • Nitrito – inibitório (efeito maior em pH ácido); • Aa limite 0,94; • Temperatura de 5 a 47°C (35-37°C). Salmonella spp. • As salmonelas causam três tipos de síndrome: – a febre tifoide, causada por Salmonella Typhi, – as febres paratíficas, causadas por Salmonella Paratyphi A, B e C – as gastroenterites, ou salmoneloses, causadas por uma ampla variedade de sorotipos. Os sorotipos Typhimurium e Enteritidis são os mais frequentemente envolvidos nos casos em humanos. Salmonella spp. Características da doença Febre tifóide (Salmonella typhi): duração de 1 a 8 semanas • Sintomas: septicemia, febre alta, diarreia e vômitos; • Penetração nas células epiteliais intestinais, invasão da lâmina própria e entrada na corrente linfática. • Os microrganismos são fagocitados pelos macrófagos e se reproduzem dentro dele. Essa multiplicação causa a destruição dos macrófagos, com a liberação de inúmeras bactérias na corrente sanguínea, através da qual podem atingir diversos órgãos, como fígado, baço e vesícula biliar, até estabelecer uma infecção sistêmica. Apresenta alta taxa de mortalidade; • Água e alimentos contaminados com material fecal humano. Consumo de leite cru, mariscos e vegetais crus. Salmonella spp. Características da doença Febre entérica (Salmonella paratyphi A, B e C): dura no máximo 3 semanas • Sintomas mais brandos que a febre tifóide, septicemia, febre, vômitos e diarreia; • Água e alimentos (leite cru, vegetais crus, mariscos e ovos). • Febre tifóide e a entérica – tratadas com cloranfenicol ou ampicilina. Salmonella spp. Características da doença Salmoneloses: os sintomas aparecem entre 12 a 36 horas após o contato com o microrganismo, podendo durar até 72 horas. • Sintomas: diarreia, febre, dores abdominais e vômitos; • Nas crianças pequenas e recém-nascidos, a salmonelose pode ser bastante grave, pois a Salmonella pode atingir a corrente circulatória e provocar lesões em outros órgãos. • Nos adultos, a presença de outras patologias ou imunidade comprometida, podem agravar a doença. • Existem relatos de meningites, osteomielites e problemas renais decorrentes de infecções por Salmonella. Salmonelose ingestão do microrganismo colonização do intestino invasão da mucosa intestinal liberação de citotoxinas resposta inflamatória aguda (ulceração e destruição da mucosa) ativação da AMP ciclica diarréia Fontes naturais da Salmonella spp • Salmonella vive no trato intestinal de humanos e alguns animais, principalmente aves.• A Salmonella é transmitida ao homem através da ingestão de alimentos contaminados com fezes animais. • Os alimentos contaminados apresentam aparência e cheiro normais e a maioria deles é de origem animal, como carne de gado, frango, ovos e leite. • É frequente a contaminação de alimentos crus de origem animal. O cozimento de qualquer destes alimentos contaminados elimina a Salmonella. Salmonella spp Alimentos envolvidos Alimentos ↑ teor de umidade ↑ teor de proteínas – produtos lácteos (leite, queijos cremosos), ovos (pudins, gemadas, licores de ovos, maioneses), carnes (bovinos, suínos, aves) e seus derivados; Peixes, camarões, pernas de rã, levedura de cerveja, coco, molhos e temperos de salada, mistura para bolos, sobremesas recheadas com cremes, gelatina em pó, manteiga de amendoim, cacau, chocolate, suco de laranja não pasteurizado; Produtos de origem vegetal – verduras e frutas; Água contaminada utilizada para preparar os alimentos; Todo tipo de alimento, principalmente, os manipulados por mãos mal lavadas de portadores assintomáticos ou com a forma branda da doença. TRATAMENTO • O principal tratamento é a hidratação do paciente, geralmente acompanhada de antibiótico terapia. • As pessoas com diarreia recuperam-se completamente, embora possa levar vários meses até que o funcionamento do intestino fique normal. • Uma parcela dos doentes pode apresentar a síndrome de Reiter, caracterizada por dores nas juntas, irritação nos olhos e dor ao urinar. Esses sintomas podem durar meses, podendo se transformar em artrite crônica de difícil tratamento. • O uso de antibióticos para tratar a salmonelose não interfere no desenvolvimento da síndrome de Reiter. • Sendo os alimentos de origem animal uma das principais fontes de contaminação por Salmonella, ovos, carne, peixes e frango não devem ser ingeridos crus, malpassados ou não completamente cozidos. • Leite não pasteurizado deve ser evitado. • Todos os produtos devem ser bem lavados antes de sua preparação e consumo. Prevenção Prevenção • Contaminação entre alimentos deve ser evitada: carnes cruas devem ficar separadas de alimentos que estão sendo preparados, de alimentos já cozidos e de alimentos prontos para serem servidos. • Todos os utensílios de cozinha (tábuas, facas, etc.) devem sempre ser lavados após sua utilização em alimentos crus. • As mãos devem ser lavadas antes do manuseio de qualquer alimento e entre o manuseio de diferentes itens alimentares. SURTOS Fonte: Sinan Net/SVS/MS *Dados sujeitos a alteração Obrigada!!
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