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a construçaõ da ident. do Psicologo

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INTEGRAÇÃO ensino⇔pesquisa⇔extensão Fevereiro/99114
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO
E AS PRÁTICAS ALTERNATIVAS — UM ESTUDO COM
ALUNOS DE FACULDADE DE PSICOLOGIA *
Zenaide Caciare Pereira **
Resumo: Este trabalho propõe uma reflexão sobre a construção da identidade de futuros psicólogos que se envolvem
com práticas alternativas. Baseando-se em teóricos como Ciampa, Scholem e Habermas, investiga a formação dos
psicólogos, entrevistando alunos que pretendem atuar, ou que já atuam em práticas alternativas. Visando a esclarecer o
que está ocorrendo hoje na psicologia, conclui que a formação da identidade coletiva do psicólogo como metamorfose só
poderá se dar de forma pós convencional se a comunidade científica se abrir a discussões nas universidades e conselhos
profissionais para refletir criticamente sobre a proposta, o que faria com que a psicologia continuasse cumprindo seu
papel de ciência preocupada com o pleno desenvolvimento humano.
Palavras-chave: Identidade profissional, Metamorfose, Práticas alternativas, Religiosidade e Psicólogo.
Abstract: This paper proposes a reflection on the construction of the identity of future psychologists involved with
alternative practices. Based on the work of Ciampa, Scholem and Habermas, it investigates the preparation of
psychologists, by interviewing students who intend to work or are already working with alternative practices. Aiming at
clarifying what is occurring in psychology today, it concludes that the building of the psychologist’s collective identity as
a metamorphosis can only occur in a post-conventional way, provided that the scientific community starts debates, at
Universities and Professional Councils, to think critically about the proposal. This will lead psychology to continue to
fulfill its role as a science concerned about the full development of man.
Key Words: Professional identity, Metamorphosis, Alternative practices, Religiosity, Psychologist.
1 INTRODUÇÃO
Como professora do curso de psicologia, tenho
observado com preocupação os projetos profissionais dos
alunos que, cada vez mais, se interessam por algumas
práticas, não aceitas oficialmente como científicas,
denominadas práticas alternativas.
Interessada pela identidade desses futuros
psicólogos comecei uma observação mais constante e uma
busca nas publicações dos Conselhos Profissionais dos
Psicólogos. Nas publicações dos últimos dez anos não
foram encontradas menções a esta realidade. Em 1994, no
V Encontro Regional da Abrapso - São Paulo, o assunto
foi ventilado por um grupo multi-disciplinar e então um
representante do CRP - SP declarou a preocupação com o
tema.
Nesta época os Conselhos de Psicologia já
mostravam um trabalho mais efetivo no sentido de discutir
a respeito.
No II Congresso Nacional da Psicologia, em 1996,
as deliberações do I CNP foram ratificadas e resolviam que
não é o Conselho, mas sim a comunidade científica que
tem a responsabilidade de validar técnicas. O Conselho
tem a função de normatizar o exercício profissional, porém
quais devem ser as técnicas usadas ou não pelos
psicólogos cabem às Agências Formadoras resolver.
O conselho Federal de Psicologia estipulou, então,
o prazo até o final do primeiro semestre de 1997 para que
o tópico relativo às Práticas Alternativas fosse
solucionado. Em junho de 1997, o Fórum de Práticas
Alternativas realizado em Brasília resolveu:
 
* Data de recebimento para publicação: 03/09/98.
** Universidade São Judas Tadeu e Universidade São Marcos Mestre em
Psicologia Social.
As técnicas e Práticas ainda não reconhecidas pela
Psicologia poderão ser utilizadas no exercício profissional
enquanto recursos complementares desde que:
I) estejam em processo de pesquisa
conforme critérios dispostos na Resolução n°
196/96, do Conselho Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde;
II) respeitem os princípios éticos
fundamentais do Código de Ética Profissional do
Psicólogo;
III) profissional possa comprovar junto ao
CRP a habilitação adequada para desenvolver
aquela técnica; e
IV) cliente declare expressamente ter
conhecimento do caráter experimental da técnica e
da prática utilizadas.
Artigo 3° A não observância desta Resolução
constituir-se-á em infração ao Código
de Ética Profissional do Psicólogo.
Artigo 4° Caberá aos Conselhos Regionais
orientar, disciplinar e fiscalizar, junto
à categoria, a observância do disposto
nesta Resolução.
Artigo 5° Esta resolução entrará em vigor na
data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário, em especial
Ano V, nº 17 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO — PEREIRA 115
as Resoluções CFP n° 29/95 de
16/12/95 e 16/94 de 03/12/94.
Mesmo que os Conselhos Regionais e Federal
estejam mostrando esta preocupação com as Práticas
Alternativas, os professores envolvidos preferem ficar fora
destas áreas. Esta afirmação está baseada na experiência
constante com meus colegas que, na maioria, ainda não
concordam com a abertura, mesmo pequena, dos
Conselhos Profissionais e preferem a proposta da
Psicologia científica.
Os professores envolvidos na formação do
psicólogo não aceitam o uso dessas práticas por não
pertencerem à ciência psicológica oficial, alegando que
não se pode comprovar os resultados. Paralelamente há um
movimento que cresce a cada dia entre os estudantes de
psicologia, (não posso declarar o que ocorre entre os
psicólogos atuantes, pois não pesquisei este segmento)
divulgando as próprias práticas alternativas, enfrentando
mais a psicologia oficial.
Quando nos aprofundamos no assunto, descobrimos
que os limites entre a psicologia e algumas práticas
alternativas são nebulosas e, por isso, passíveis de uso
quase indiscriminado. Por outro lado, a religiosidade, a
crença no espírito e a própria história da nossa cultura,
deixam uma interrogação difícil de ser respondida pela
psicologia brasileira, pois as teorias usadas foram
adaptadas à nossa realidade e nem sempre se questiona se
as mesmas são capazes de abranger a diversidade de nossa
sociedade.
Revendo os sérios problemas criados pelo
capitalismo que inverteu totalmente os valores e
transformou o homem em um objeto descartável e tão
segmentado que já não se reconhece como um todo,
encontramos toda a sorte de profissionais e de religiões
competindo para conquistar novamente a confiança deste
homem.
O aluno de psicologia foi socializado no meio de
todas essas mudanças e está buscando talvez uma
psicologia que responda a questões atuais. Embora esse
aluno não saiba explicar por que relaciona as práticas
alternativas à psicologia, consegue justificar, na prática,
por exemplo, que as práticas alternativas abreviam o
processo terapêutico e ajudam no diagnóstico.
Como professora no curso de psicologia, faço parte
deste processo e interessando-me pela construção da
identidade profissional de alunos que se envolvem com
práticas alternativas, tentei aprofundar este tema em uma
pesquisa, procurando esclarecer pontos obscuros que
poderão contribuir para mostrar aspectos significativos da
psicologia que está sendo praticada em nosso meio, no
momento atual.
Na coleta de dados de minha pesquisa entrevistei
dez alunos, sendo que três foram apresentados como
sujeitos principais, cujas entrevistas foram analisadas
detalhadamente, considerando as personagens que
contribuíram para a metamorfose na construção da
identidade dos mesmos. Além destes três sujeitos, os
resultados foram complementados com a análise das
crenças cosmológicas de mais sete sujeitos.
2 A QUESTÃO DA RELIGIOSIDADE
A história da humanidade tem sido, desde seus
primórdios, pontuada pela religião. Na maior parte da
história ocidental, a definição da realidade não pode fugir
do ponto de vista religioso. Atualmente, porém, com o
progresso da ciência, a religião vem perdendo terreno,
cedendo à razão toda e qualquer interpretaçãoda verdade.
A ciência predominantemente relega a religião ao plano do
irracional, e, em alguns casos, do patológico. Nestes casos
o deus que sobrevive só se manifesta através das carências
dos indivíduos imaturos (Freud 1978).
Entretanto, nos últimos anos, observamos um
retorno ao misticismo e à religião, surgindo outras formas
de pensamento como meios úteis que auxiliam a ciência na
difícil tarefa de explicar os fenômenos.
Esse retorno tem levantado inúmeras questões e
discordância por parte dos cientistas e muitas explicações
(nem sempre aceitáveis), por parte dos adeptos das práticas
não consideradas científicas. De qualquer forma, estas
questões merecem ser investigadas. As discordâncias
referidas já partem de filósofos e cientistas, e, como
exemplo, Freud e Habermas discordam sobre a relação
entre natureza e cultura. O que para Freud é antagonismo
insuperável, para Habermas é condição de constituição e
evolução da espécie humana.
A ciência moderna afasta-se totalmente do sagrado.
A vida cotidiana fica privada da legitimação do sagrado e
do tipo de inteligibilidade teórica que se ligaria ao
universo simbólico. É a religião que restabelece essa
ligação. Por isso, Berger e Luckmann (1985) equipararam
a religião a um universo simbólico que produz sentidos e
significados. O universo simbólico serve para transcender
a finitude da existência individual, conferindo um
significado à morte, e assim o homem ameniza seu terror
diante do caos.
De forma geral, a experiência mística é definida
como a experiência do homem de sentir a presença de
Deus. Para Scholem (1972) não existe algo como o
misticismo no abstrato, ou seja, a percepção mística
depende de outros fenômenos religiosos. Para Scholem
(1972) o misticismo é um dos estágios da história, a
terceira fase, que vem após o mítico e o religioso. O
misticismo começa a investigar caminhos para transpor o
abismo criado pela religião entre o homem e Deus. Tenta
recuperar a antiga unidade, sem abandonar a racionalidade
que a religião desenvolveu a partir do mítico.
Enquanto Scholem (1972), sem negar a ciência,
defende a evolução humana, considerando o misticismo
um estágio superior e, portanto, emancipador do homem
para além da razão gestada pela religião, Freud (1978)
negando a religião, atribui esse papel exclusivamente à
ciência, mais especificamente à psicologia, com todas as
condições de libertar o homem, tornando-o controlador da
natureza.
INTEGRAÇÃO ensino⇔pesquisa⇔extensão Fevereiro/99116
Segundo Freud (1978), a ciência foi desenvolvida a
partir das necessidades humanas de defesa e de proteção
contra as forças que o ameaçam. Porém, a ciência não
consegue controlar totalmente a natureza e, dentre outras
ameaças, a morte continua um mistério que faz com que o
homem busque um consolo. Assim encontramos em Deus
o pai protetor que nos socorre em nossas angústias. As
doutrinas religiosas seriam então ilusões, insuscetíveis de
provas e da mesma forma irrefutáveis.
Para Freud (1978), as doutrinas religiosas, todas
elas, são ilusões; sobre a ciência considera que, embora
existam muitos campos ainda não superados, em muitos
outros campos há um conhecimento seguro e quase
inalterável.
Para William James (1995) a religião, seja qual for,
é a reação total de um homem à vida. O mundo visível é
parte de um universo mais espiritual do qual ele tira sua
principal significação. A união ou a relação harmoniosa
com este universo é a nossa verdadeira finalidade. A
comunhão interior com o espírito deste universo mais
elevado - seja ele “Deus” ou a “lei” - é um processo em
que a energia espiritual flui e produz efeitos, psicológicos
ou materiais, dentro do mundo fenomênico. A religião
inclui diversas características psicológicas, tais como, uma
certeza de segurança e uma mistura de paz e de afeições
em relação aos outros.
A ciência repudia totalmente o ponto de vista
pessoal. Ela cataloga seus elementos e registra suas leis,
indiferente às ansiedades que provoca no homem. Ao
contrário, o eixo, em que gira a vida religiosa, é o interesse
do indivíduo pelo seu destino singular. Os deuses, em que
as pessoas acreditam, quase sempre atendem a seus
chamados. O fato fundamental na religião é o interesse
pessoal do indivíduo.
Portanto, a religião, ocupando-se de destinos
pessoais e mantendo-se assim em contato com essas
realidades que conhecemos, como as únicas absolutas,
deverá necessariamente desempenhar uma parte eterna na
história humana.
Quando examinamos todo o campo da religião,
verificamos que, independente de teorias diferentes, há
dois aspectos invariáveis nas vidas dos santos: o
sentimento e a conduta. O sentimento pertence a uma certa
ordem psicológica, que resulta em afeição, alegria,
excitação, que, semelhante a um tônico, restaura as forças
vitais, produz um encantamento para cada objeto comum
da vida. É a força pela qual os homens vivem. É essa fé
que, juntamente com um credo, forma uma dada religião,
que podemos classificar como uma das mais importantes
funções biológicas do homem.
Para Wilber (1993), a comparação entre a evolução
ontogenética e a filogenética, que reduz a religião a
regressões, a formas infantis de encarar a vida, não pode
explicar todas as reações humanas. Acredita que um
indivíduo possa evoluir até estágios além da capacidade
mental superior atual - o nível transpessoal. Este nível
transpessoal ou superconsciente está acima de todos os
níveis conhecidos pela psicologia contemporânea. Talvez
possamos dizer que, nessa linha, Wilber e James falam de
religiosidade num sentido muito próximo do sentido de
misticismo de Scholem (1972).
A mística, para este autor, seria uma superação
dialética da religião (no sentido institucional), sendo esta
uma etapa mais avançada e racional que o mito - este sim,
primitivo, mágico, supersticioso. Esta concepção é
interessante, na medida em que não menospreza estas
questões tratando-as como ilusões, mas reconhece a
necessidade de entendê-las no seu desenvolvimento social
e histórico - seja pessoal, seja coletivo.
3 CRISE CONTEMPORÂNEA E IDENTIDADE
A definição das práticas alternativas, para ser
analisada com o referencial teórico da identidade, exige
uma compreensão do movimento histórico da sociedade.
Quaisquer que sejam as práticas, quaisquer que
sejam as identidades, ambas só existem concretamente em
momentos históricos determinados.
No caso desta pesquisa, queremos captar o
significado das práticas alternativas na atualidade, a
despeito de, no passado, esse significado poder ter sido
diferente. Uma prática antiquíssima, milenar até, como a
consulta a um oráculo, que parece ter surgido quando a
cultura era predominantemente mítica, deve ser entendida
dentro da cultura atual como regressiva? Obviamente,
recuperar a história das práticas é um trabalho enorme, que
foge aos propósitos deste estudo. Importante aqui é
considerar a atual fase histórica, genericamente chamada
de modernidade e/ou pós-modernidade, buscando
parâmetros e nexos para relacionar a apontada difusão das
práticas alternativas com as mudanças na construção da
identidade.
Para Santos (1995), encontramo-nos no terceiro
período do capitalismo - capitalismo desorganizado.
Estamos constatando que as promessas da modernidade
não cumpridas pelo capitalismo se tornam cada vez mais
difíceis de serem concretizadas, tornando nossos dias
atuais extremamente inquietantes. A expansão provocada
pelo capitalismo tomou rumos incontroláveis.
A agressividade contra a natureza e contra a própria
liberdade do homem hoje é fator que requer bastante
atenção da sociedade.
O paradigma da modernidade capitalista se
caracteriza pela conversão das energias emancipatórias em
energias regulatórias, pelo êxito da individualidade sobre a
coletividade e pelo predomínio da subjetividade abstrata
sobre a contextual.
Essas questões, as tensões da subjetividade e as
relações entreenergias regulatórias e emancipatórias, são
centrais para analisar o que ele aponta a propósito da
mobilização social, a preocupação com o homem em si e
com um sentido de vida.
Na tensão entre a identidade coletiva -
profundamente marcada pelos aspectos regulatórios - e a
identidade individual - bastante influenciada por
aspirações emancipatórias, talvez se torne possível
entender o que ocorre com estudantes de psicologia que,
Ano V, nº 17 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO — PEREIRA 117
no seu projeto profissional, se envolvem com práticas
alternativas.
Talvez possamos supor que, como diz Santos
(1995), a preocupação com o sentido da vida se reflete
como um problema de identidade - em decorrência da
evolução do capitalismo - um dos problemas centrais da
modernidade. Se as prévias considerações sobre o
misticismo forem cabíveis, não é absurdo pensar que a
busca de práticas alternativas - ainda que, algumas vezes,
com conotação mítica ou religiosa institucional - pode ser
vista como busca de sentido da vida. Se essa preocupação
não for reconhecida e corretamente analisada, apenas
restará esperar que elas sejam incorporadas pela lógica
do mercado, fazendo de tais práticas cada vez mais mera
mercadoria.
Para analisar esta hipótese, antes vamos discutir a
noção de identidade dentro da literatura científica
utilizada.
Habermas (1983) trata da evolução do homem que
é autor e ator da sua história, e pretende converter a
energia regulatória em energia emancipatória, ampliando
sua identidade. Para Habermas (1983), o que foi
caracterizado como Razão Instrumental por Marx e tinha
como verdade o valor econômico, tecnológico e
instrumental, deve ser articulado com a Razão
Comunicativa, cuja preocupação principal é a Ética,
envolvendo por isso a identidade.
Para Habermas (1983), a psicologia e a teoria
marxiana hoje estão sendo ampliadas pelo conceito de
identidade do EU. Esse conceito de Identidade do EU
indica uma organização simbólica do EU, que forma suas
estruturas a partir das diversas culturas, portanto universal,
como um princípio norteador da história. Por outro lado, é
uma organização autônoma do EU, que não se instaura
como processo natural de amadurecimento, mas, na
maioria das vezes, como um processo inacabado.
Habermas (1983) afirma que a evolução do homem
se dá numa direção emancipatória que tem início na
criança, que maximiza o prazer, e vai se transformando,
tendo como ponto máximo a busca da emancipação do
adulto no nível pós convencional, como nível autônomo
em que os princípios morais têm validade e aplicação,
independentemente da autoridade dos grupos que os
sustentam. A evolução ontogenética da sociedade ocorre,
então, como emancipação do ser natural em direção ao
homem eticamente orientado para a humanidade como um
todo.
Ao mesmo tempo, Habermas (1983) demonstra a
evolução filogenética. Para ele, as identidades coletivas
evoluíram através de quatro estágios assim resumidos:
sociedades arcaicas, cuja estrutura se baseava na relação
de parentesco, as compreendiam o mundo através de
imagens míticas estabelecendo relações entre os
fenômenos naturais e culturais. As entidades são
consideradas homogêneas - tanto os homens, como os
animais e os deuses. A identidade nesse estágio não
oferece problemas, pois o homem está relacionado com o
seu mundo.
A sociedade foi evoluindo, e as primeiras
civilizações dispõem de uma organização política,
englobadas nas interpretações religiosas. Os deuses
assumem figuras humanas, agem arbitrariamente e,
também, estão submetidos a um destino e as necessidades.
Assim, começa a dessacralização do ambiente
natural e o início da autonomia das instituições políticas
em relação à ordem cósmica, fazendo que o indivíduo se
submeta à acidentalidade. Ainda é possível uma identidade
de grupo. A ordem cósmica, a comunidade e o indivíduo
são distintos, porém não causam danos à unidade do
mundo que está centrado no político.O terceiro estágio
apresenta, pela primeira vez, uma pretensão de unidade do
universo, através das religiões mundiais, entre as quais o
Cristianismo ganhou destaque. A idéia cristã de que há um
Deus uno-transcendente abre as possibilidades para o
homem de liberdade infinita, sendo ele a imagem e
semelhança de Deus.
Para conciliar o Estado e a Religião encontrando
um equilíbrio entre a identidade coletiva e a identidade do
EU, desenvolvem-se as ideologias nas modernas
sociedades classistas. O problema da identidade só se
torna consciente com o ingresso na época moderna,
embora pertença a todas as civilizações.Com o ingresso na
era moderna, todos os mecanismos criados para conciliar o
Estado e a Religião se tornaram ineficazes, e a totalidade
ética necessária para que cada indivíduo veja sua unidade
através do outro, cinde-se totalmente.
A partir do momento em que a religião entra em
confronto com a ciência, seu sistema de fé passa a ser
atacado até o ponto em que se coloca em questão a própria
criação da natureza. A abordagem intuitiva da vida e da
essência da natureza é lançada ao domínio do irracional.
A religião perde, então, seu poder unificador. Em
seu lugar, para que as relações não sejam independentes, a
filosofia seria capaz de fazer esse papel. É o início da
modernidade, a partir do iluminismo.
É para esse problema da identidade que Habermas
(1983) propõe o que chama de utopia da comunicação. A
racionalidade da sociedade moderna deve deixar de ser
predominantemente instrumental, para ser também
comunicativa. Dessa forma, seria possível construir
significados que permitissem dar sentido à vida.
Se o misticismo de Scholem (1972) e a
religiosidade de James (1995) e Wilber (1993) podem
constituir parâmetros para essa produção de sentido, cabe
perguntar se não podem ser vistos como alternativa a ser
considerada para a emancipação humana, submetendo-os
ao crivo da crítica e da reflexão, evitando uma postura
regressiva que leve ao mítico, mas sim progressiva como
superação da religiosidade institucional.
4 IDENTIDADE E SOCIALIZAÇÃO
A identidade pós-convencional explicada por
Habermas (1983) pode ser entendida como possibilidade
histórica atual de concretizar o que Ciampa (1987)
denomina Identidade Metamorfose. Os termos “vida-
INTEGRAÇÃO ensino⇔pesquisa⇔extensão Fevereiro/99118
morte-vida” sintetizam, para Ciampa (1987), o movimento
humano e desvelam a identidade metamorfose.
A identidade se faz num processo contínuo. As
personagens, que surgem de repente como se viessem do
nada, foram, com certeza, engendrando-se durante muito
tempo. Aparecem e, muitas vezes, permanecem até que
nova personagem tome seu lugar.
“A identidade aparece como a articulação de várias
personagens, articulação de igualdades e diferenças,
constituindo, e constituída por uma história pessoal”
(Ciampa, 1987, pág. 157).
É a personagem que liga a pessoa à objetividade, ao
mundo cotidiano Sem possibilidade de constituir
personagens, a identidade não se desenvolve. O indivíduo
como que morre, pois, em vez da morte biológica, pode
enlouquecer ou ir para a marginalidade, que, de qualquer
forma, é uma morte simbólica. As personagens interagem e
fazem a história, através da qual o homem se constrói e se
hominiza produzindo-se e produzindo o mundo. De um
lado, a história tem uma autoria coletiva em que somos co-
autores; história constituída em reciprocidade pelos autores
que também são personagens. De outro lado, a história é
constituída pelo autor individual como narrativa.
O autor narrador é autor em obra. “Assim podemos
analisar como o produto é produzido, ou seja, o próprio
processo de produção” (Ciampa, 1987, pág. 159). A
identidade é vista como representação e, ao mesmo tempo,
como processo de produção; sendo assim, a identidade é o
próprio processo de identificação.
A representação, para ser verdadeira, requer um
conjunto de relações e comportamentos que reforcem a
condutados envolvidos. Desta forma, a identidade do
filho, por exemplo, é conseqüência das relações e, ao
mesmo tempo, é condição dessas relações. Enquanto
existir a família e as relações que a definem, a identidade
pressuposta do filho será re-posta a cada momento
(Ciampa, 1987).
Como ser social o homem é um ser posto. É esta
posição que identifica o homem como diferente dos outros,
dotado de uma identidade vista equivocadamente como
atemporal, e não como re-posição temporal. O homem
passa a ser considerado idêntico a si mesmo na sua
aparente estabilidade.
Para compreendermos a questão da identidade, não
podemos perder de vista a relação constante entre o
homem e a sociedade como dois lados de um mesmo
processo inseparável, e também levarmos em conta o
caráter de processo do desenvolvimento saudável em que,
através da superação, cada um vai transformando-se, e
sempre se auto-determinando como si mesmo. Este é o
processo permanente e infindável, que permite definir
identidade como metamorfose (Ciampa, 1987).
A identidade é um elemento chave da realidade
formada por processos sociais. As identidades produzidas
pela atividade e pela consciência dentro da estrutura social
reagem sobre esta, mantendo-a ou modificando-a.
Cada membro individual da sociedade exterioriza
seu próprio ser no mundo e interioriza o mundo como
realidade objetiva. Assim, a sociedade é entendida em três
momentos que ocorrem simultaneamente e a caracterizam:
exteriorização, objetivação e interiorização (Beger e
Luckman, 1985).
A partir da socialização primária, o indivíduo será
introduzido em novos setores de sua sociedade. Inicia-se,
assim, a socialização secundária.
A socialização primária interioriza as normas do
grupo, os papéis e as atitudes dos outros particulares e faz
a criança generaliza para toda a sociedade. A formação na
consciência do outro generalizado marca uma fase decisiva
na socialização.
A consciência do outro generalizado estabelecida
no indivíduo é sinal de que a socialização primária pode
ceder lugar à socialização secundária, porém este processo
não se finaliza. A socialização jamais acaba.
A socialização secundária encontra um indivíduo
pronto a compreender as regras institucionais. O trabalho e
a distribuição social do conhecimento interferem
decisivamente nesta fase da socialização secundária.
Neste sentido, o ingresso ao curso superior pode ser
considerado um movimento muito importante na vida do
jovem. O curso superior é uma transição para a profissão,
para a independência e, portanto, um espaço de
descobertas provocadoras de ansiedades.
O papel do professor de terceiro grau é propiciar
um clima permissivo em sala de aula, estimulando a
criatividade e a produção do conhecimento, e não a mera
reprodução. A criatividade deve partir da realidade, porém
só ocorre em ambiente pouco ansiógeno.
Em síntese, a interpenetração da existência
subjetiva com o meio ambiente é que possibilita ao
indivíduo as trocas necessárias à aprendizagem, não
apenas de conteúdos, mas de relacionamentos
interpessoais, necessários à profissão do psicólogo.
Estas reflexões sobre a experiência do aluno de
terceiro grau, como momento significativo da socialização
secundária para sua profissionalização, pontuam, de um
lado a importância da criatividade e, de outro, a
necessidade do apego à realidade.
Sem antecipar a discussão sobre as práticas
alternativas, vale mencionar aqui uma noção apresentada
por Scheibe (1970) a propósito de crenças que interferem
na identidade. Baseando-se em Sarbin, afirma que vivemos
em subsistemas ecológicos que definem nossas relações
com o restante do mundo. A grande maioria das crenças
relacionadas com esses diversos subsistemas ecológicos
permitem a verificação de correspondência entre crença e
realidade.
Contudo, há um subsistema que Sarbin chama de
“ecologia cosmológica” (Scheibe, 1970, pág. 132), que
envolve crenças que não podem ser nem confirmadas, nem
rejeitadas com base em dados disponíveis sobre o mundo
real. Nem por isso são crenças que não sejam razoáveis e
importantes. Exemplifica: Como me relaciono com o
universo? Tenho eu um “destino”? Como evoluí como ser
humano? O que controla meus pensamentos? Quais são os
limites do espaço e do tempo?
Aponta ele que, diante da dificuldade em lidar com
essas e outras questões semelhantes, o cientista pode
Ano V, nº 17 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO — PEREIRA 119
sugerir uma atitude de “resignação”, dizendo que se trata
de um dilema sem sentido; contudo, são indivíduos
concretos que se perguntam por sua origem e seu destino;
questionam sobre a existência da alma e como salvá-la, se
decidem que têm uma; perguntam pelo bem e pelo mal;
procuram Deus. Termina com um questionamento
interessante: uma pessoa que se questiona assim se satisfaz
com a exortação de que deve “limpar” seus pensamentos
de tais questões?
Pode se aceitar que não é problema da psicologia
decidir sobre a verdade ou falsidade de crenças
cosmológicas. Mas, certamente, é bastante relevante
estudar como essas crenças cosmológicas, adquiridas ao
longo do processo de socialização, interferem no
funcionamento psicológico da pessoa.
Se psicólogos também são pessoas, por que não
estudar como constróem suas identidades influenciados
por crenças cosmológicas?
Retomando questões como estas, podemos
compreender porque os estudantes de psicologia têm
procurado caminhos, os mais diversos, para complementar
sua profissionalização.
Assistimos hoje, em todos os campos da sociedade,
a uma profunda mudança nas ciências e nas instituições
num geral. Esta revolução se caracteriza pela mudança de
modelos de pensamento.
Influenciados por estas mudanças, a nova geração
de psicólogos e os estudantes vêem-se entre o desejo de
transformar sua atuação profissional, tornando sua prática
mais abrangente e eficaz, e o modelo de ciência
convencional ainda hegemônico.
Parece estar surgindo um novo profissional, um
novo psicólogo, que procura investigar as possibilidades
de integrar práticas julgadas, até agora, como não
científicas à ciência psicológica. A identidade da
psicologia está se metamorfoseando, acompanhando a
identidade do novo psicólogo que, sensível às
necessidades de sua época, muda o rumo de sua formação
para atendê-las.
Esta nova etapa da psicologia poderá frutificar, pois
ao contrário dos movimentos anteriores, valoriza o lado
crítico e criativo do ser humano, além da experiência
subjetiva pessoal, o que poderá acontecer com a abertura
da reflexão da psicologia à tentativa de novas práticas.
5 PROBLEMA
O problema investigado pode ser definido como
analisar o processo de construção da identidade
profissional de futuros psicólogos que, participando
ativamente de práticas alternativas, ou apenas aceitando-as
como válidas, se envolvem com tais práticas, consideradas
alternativas, pela psicologia oficial.
6 METODOLOGIA
Após estudo preliminar em que usei uma técnica de
desenho com alunos ingressantes para detectar o uso de
práticas alternativas, passei a empregar entrevistas que
permitiriam reconstruir histórias de vida. Nesta mudança,
passei a ter como sujeitos alunos de segundo semestre,
pois o vínculo com a professora pesquisadora se revelou
extremamente importante para que os alunos se
encorajassem a falar sobre o tema.
Selecionei três alunos do segundo semestre letivo
em 1994, através de um instrumento aplicado por todos os
professores daquela turma, para detectar alunos
considerados promissores ou não promissores pelos seus
professores.
Os três alunos - sujeitos principais da minha
pesquisa - além de considerados promissores, estavam na
época muito envolvidos com práticas alternativas.
Além desses três sujeitos principais, mais sete
sujeitos foram entrevistados, e os depoimentos dos
mesmos foram utilizados como dados complementares da
análise.
7 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Dostrês sujeitos considerados como principais,
foram analisadas as histórias de vida.
Carolina, envolvida principalmente com tarô;
Marisa, praticante da astrologia; e Yeda, que se define
como “metafísica”.
Carolina começa a dizer quem é, localizando-se na
família e caracterizando seus membros. Teve uma
educação conflituosa. Critica a postura do pai, como
autoritário, e da mãe, como passiva. Durante sua
entrevista, vai deixando transparecer as mudanças
ocorridas. A tendência ao misticismo (é budista) e ao tarô
vem se delineando desde cedo. O contato com o tarô
começou na adolescência, e, embora tenha atuado como
pedagoga em RH e trabalhado como tradutora e professora
de inglês, além de fazer um curso na Europa, o tarô foi a
profissão mais assumida por Carolina, a qual é exercida até
agora, tanto dando consultas como dando aulas. Acredita
que o tarô não seja místico, mas que provoca o
inconsciente tanto quanto outras técnicas psicoterápicas. É
junguiana e relaciona o tarô a esta teoria. Paralelamente,
Carolina gosta muito da psicologia e acha ter encontrado
seu caminho, agora que já sabe que poderá juntar as duas
áreas de conhecimento. Para Carolina, a prática alternativa
(tarô) é menos importante que a psicologia, porém dá bons
resultados. Quanto aos clientes, tem percebido que os
mesmos valorizam mais o psicólogo que o tarólogo, e,
embora o tarô possa oferecer um processo de busca do
auto-conhecimento, a maioria das pessoas que o procuram,
buscam uma mágica, uma resposta imediata. Para
Carolina, o tarô não é mágico nem místico, mas uma
técnica que pode ser interpretada como projetiva ou como
uma busca interna.
Marisa relata uma vida tranqüila de poucos
conflitos familiares. Tendo estudado em colégio católico
até a adolescência, foi educada nos moldes tradicionais. Na
INTEGRAÇÃO ensino⇔pesquisa⇔extensão Fevereiro/99120
adolescência, provocou uma mudança radical em sua vida,
e essa fase tumultuada teve a contribuição das mudanças
na sociedade, dos hippies, dos Beatles, da busca por
formas mais naturais e menos consumistas que os anos 60
demonstraram. Relata que sempre foi questionadora e, na
adolescência, procurava leituras como as espiritualistas e,
mais tarde, Jung, Yoga, Zen Budismo. O encontro com a
astrologia parece ter acontecido, segundo ela, como algo
sem muitas explicações objetivas. Foi “amor à primeira
vista”. Fez opção por astrologia, estudou e trabalha até
hoje como astróloga, mas, diz ela, não abandonou a
psicologia. Acredita que fazer o curso de psicologia lhe
possibilitará atuar melhor, juntando as duas áreas -
astrologia e psicologia - pois sente que a astrologia não
está sendo suficiente. Diz ela que, quando, através de um
mapa, detecta sinais de conflitos no cliente, não se sente
satisfeita, pois isso não será trabalhado, apenas apontado.
Sendo psicóloga, terá essa possibilidade. O mapa ajudará
muito no processo psicoterápico como técnica diagnóstica,
e a psicologia ajudará o cliente da astróloga quanto à busca
de solução para o conflito detectado.
Yeda é a filha mais velha de uma família de quatro
irmãos. Relata que era muito briguenta e também protetora
dos irmãos. A família descendente de japoneses mostra
poucos costumes dos antepassados. Os pais sempre
brigaram muito por ciúmes. No início da vida escolar,
Yeda não mostrou muitos problemas, porém logo começou
a ser reprovada, e os conflitos trouxeram uma
desorientação. Não gostou do colégio técnico; entrou na
faculdade duas vezes e desistiu. A vida profissional não
lhe satisfazia. O que procurava e não conseguia encontrar
era algo que pudesse fazer por amor e não por dinheiro.
Depois de várias tentativas, desistiu temporariamente. O
casamento contribuiu para esta parada. Algum tempo
depois, procurou terapia, mas não gostou. Numa destas
tentativas de encontrar um caminho, uma orientação,
descobriu o “Espaço Vida e Consciência”, e começou a
fazer um “curso” lá. O curso, segundo Yeda, “faz você
abrir os olhos para você mesmo. A partir destes encontros,
comecei a encarar a vida de maneira diferente”. Através
desta prática, Yeda recomeçou o curso de psicologia que
havia abandonado há dez anos. Ela diz: “Eu só recomecei,
porque conheci o Gaspareto, e freqüentava os encontros no
“Espaço Vida e Consciência”. Hoje Yeda diz que “sabe
que tem obstáculos e precisará vencê-los, se quiser atingir
os objetivos”. A convicção de ter encontrado seu rumo,
seu oriente, a faz persistente. É por essa persistência que
Yeda vai procurando soluções para seus problemas, que
vão além do cotidiano; ela busca algo mais; “meu
problema sério é me encontrar como pessoa”.
8 AS CRENÇAS COSMOLÓGICAS NA
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO FUTURO
PSICÓLOGO
Nos depoimentos dos dez entrevistados, pudemos
observar diferentes crenças cosmológicas que interferem
nas concepções sobre as práticas alternativas. Essas
concepções variam desde aquelas, segundo as quais as
práticas alternativas pressupõem um determinismo
absoluto, sem nenhum grau de liberdade para o sujeito, até
aquelas que atribuem a ele ampla liberdade. Estes aspectos
foram observados em entrevistas diferentes e também em
momentos diferentes do mesmo sujeito. Neste sentido, os
sujeitos afirmam que, a cada momento da vida, pode
ocorrer uma mudança, e, portanto, nada é para sempre.
Para esses entrevistados, o auto-conhecimento é a base do
crescimento e do encontro com ele mesmo.
Esse auto-conhecimento implica capacidade de
reflexão que o sujeito deve desenvolver. Assim, através do
auto-conhecimento, da reflexão e do agir, o indivíduo terá
uma atividade consciente que permitirá construir sua vida
ativamente, com alguma autonomia.
Essas crenças combinam-se com outras que
pretendem oferecer explicações mais ou menos racionais.
A pretensão de racionalidade, ora se apóia na crença em
outras vidas baseando-se na reencarnação, ora dispensa
essa noção; apoiada apenas nesta vida busca explicações a
partir, de aspectos inatos, ou de aspectos adquiridos.
De fato, concepções reencarnacionistas são
encontradas em todas as entrevistas, mesmo naquelas cuja
prática alternativa não é apoiada predominantemente na
linha da reencarnação.
Porém, o peso do determinismo da reencarnação
depende da aceitação ou não da possibilidade de influência
de fatores ligados a aspectos inatos, bem como de aspectos
ligados à aprendizagem.
Esta aceitação de fatores inatos, às vezes, parece
mera substituição do “destino” ou do “carma” por outra
noção aparentemente mais próxima da ciência, como
“personalidade”. É como se já nascesse com uma
personalidade que explicaria porque sua vida se
desenvolveu de certa forma.
Indo para o outro extremo do contínuo,
encontramos a crença que atribui unicamente ao próprio
sujeito a direção da sua vida. A importância da
aprendizagem nessa concepção é decisiva.
Parece uma abordagem extremada em relação ao
homem e à sua vontade, pois aceita a alegação de que a
pessoa poderá ser o que quiser, independentemente de
qualquer coisa como reencarnação ou inatismo.Esse
voluntarismo pode tornar-se, praticamente, uma crença na
onipotência do sujeito, e ajuda a entender porque surge a
idéia de magia associada às práticas alternativas.
Os alunos, que se envolvem com práticas
alternativas, nem sempre consideram suas práticas como
mágicas. Explicitamente, todos negam essa característica,
ainda que nas entrelinhas possamos observar pontos que
sugerem desde pura magia, até afirmações sobre a
necessidade de auto-conhecimento e reflexão como
condição de solução das crises e de desenvolvimento
pessoal.
Nas entrevistas, quando os sujeitos afirmam que a
solução de problemas vividos não foi mágica, parecem
sugerir que não podemos esperar que ocorram soluções tão
rápidas e eficientes com o uso de nenhuma prática
convencional.
Ano V, nº 17 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO — PEREIRA 121
Em decorrência dessas concepções a propósito de
determinismo,liberdade e racionalidade que envolvem
crenças sobre reencarnação, magia etc., podemos
identificar concepções dos alunos sobre o ser humano.
Para todos os sujeitos, o homem é um ser bio-psico-sócio-
espiritual. A função das práticas alternativas fica, então,
dependente desse conceito de homem.
Acreditando no homem como um ser dotado de
espiritualidade quase sempre no sentido metafísico, os
alunos pensam que a psicologia convencional não está
sendo suficiente por desconsiderar este espírito. Esses
futuros psicólogos não rejeitam a psicologia que
consideram tradicional ou convencional, mas buscam uma
psicologia mais abrangente.
As crenças cosmológicas, evidenciadas nos
depoimentos desses alunos, foram formadas em momentos
diferentes da socialização. A maioria localiza o início de
suas crenças em momentos específicos, outros acham que
já nasceram com estas características. Os fatores
determinantes, que desencadearam a busca em algum
momento da vida, foram problemas de saúde, crises com
familiares e até a própria reflexão sobre a vida.
Quando falam em espiritualismo, estão falando da
crença de que o homem é dotado de algo mais, que é
pouco explorado pela psicologia, sendo este o motivo que
os mobiliza para o curso e, conseqüentemente, para a
perspectiva de um exercício profissional que inclua o que
está aqui sendo chamado de prática alternativa.
Para os sujeitos - os mais reflexivos - as pessoas
estão confusas e procuram mudanças. Essas mudanças
começariam pelo auto-conhecimento. A descoberta de
respostas aos questionamentos é o início de um caminho
de descobertas internas, o qual leva cada indivíduo à auto-
consciência através da reflexão, e é essa a demanda da
razão para a qual tudo deve ter significado.
A re-organização do caos fornece um significado
necessário à integração da identidade, pois a primeira
pergunta que surge diante do caos é “Quem sou eu”?
Quando alguém começa a se perguntar sobre sua
identidade, é sinal de que já não está suportando a falta de
sentido para sua vida, ou seja, não consegue localizar-se na
realidade.
Nossa existência precisa de significado, e, em
muitos momentos, quer quando estamos desesperados,
quer quando estamos insatisfeitos por qualquer motivo
com nossa vida, as crenças cosmológicas, na forma de
religião institucional, ou como crença mítica ou mística,
poderão ser a grande fonte desse significado.
Nesse sentido, para esses alunos, tudo tem
explicação. A psicologia, dentro dos limites que estabelece
para estudar o homem, tenta explicar todos os seus
infortúnios através da subjetividade do psiquismo, da
objetividade das relações sociais ou de ambos. As práticas
alternativas, dentro dos campos de conhecimentos próprios
e de suas especificidades, também tentam compreender os
mesmos problemas, oferecendo explicações diferentes.
Tudo, portanto, teria uma explicação, e os
entrevistados vêem a união da psicologia com as práticas
alternativas como a saída necessária. Para eles, o estudo
das práticas alternativas, além de ter sido a resposta que
procuravam para suas próprias vidas, hoje está se
constituindo numa complementação indispensável em
relação à Faculdade de Psicologia, que permitirá conhecer
os dois campos como saída para uma psicologia mais
completa.
Assim, os entrevistados dizem que, a partir das
práticas alternativas, passaram a encarar suas vidas de
maneira diferente, enfatizando que houve uma mudança
em seu modo de se relacionar com o mundo; esse modo
novo pode ser entendido seja como “conversão”, seja
como amadurecimento, através do auto-conhecimento e da
reflexão.
Na visão desses alunos, as práticas alternativas
funcionam como um recurso para a evolução da
humanidade na direção da emancipação.
Contudo, a crítica que esses alunos fazem à
psicologia sofre ressalvas quando eles próprios, por
estarem no início do curso, afirmam que ainda não
conhecem psicologia a ponto de emitir opiniões corretas a
respeito. Por outro lado, a crítica não recai só sobre a
psicologia, mas também sobre as práticas alternativas. A
sugestão dos alunos não é usar somente práticas
alternativas para ajudar o homem; se isso fosse suficiente,
eles não estariam na faculdade de psicologia; a união dos
dois ramos de conhecimento é que constitui para eles a
saída para o momento atual.
Essa sugestão, segundo eles, envolve, pelo menos,
duas ordens de considerações. A primeira se refere à
regulamentação das práticas alternativas dentro do
exercício profissional do psicólogo. Não defendem uma
ausência de normas e princípios, mas sim novas definições
mais permissivas, claras e justificadas. Ao mesmo tempo,
falam da necessidade de maior transparência e divulgação
dessas normas, garantindo, tanto ao profissional quanto ao
usuário, maior segurança e confiabilidade, já que se
poderia saber o que esperar dessas práticas.
A segunda refere-se à consideração de que essa
regulamentação se apóie em princípios de ampla liberdade
com responsabilidade, baseando-se sempre na crítica não
preconceituosa à avaliação de tais práticas. De certa forma,
esperam um amplo debate das questões envolvidas,
especialmente das questões éticas. Com grande freqüência,
reconhecem a possibilidade de charlatanismo, que desejam
evitar a todo custo.
Implícita nessa preocupação com o charlatanismo,
surge a necessidade de estabelecer melhor as distinções do
que é científico, do que é efetivo, do que é verdadeiro etc.
A título de exemplo, há a questão do misticismo,
que é muito mencionada em amplos setores da Psicologia.
Nas entrevistas, essa noção aparece freqüentemente,
porém é difícil captar qual seu significado para os
entrevistados. Talvez a distinção feita por Scholem (1972)
permita diferenciar as concepções míticas - que fortalecem
a idéia de magia - daquelas místicas - que reforçam a
preocupação com o auto-conhecimento, com a reflexão,
com a autonomia e com a emancipação, superando a
religiosidade institucionalizada.
INTEGRAÇÃO ensino⇔pesquisa⇔extensão Fevereiro/99122
9 REFLEXÕES FINAIS À GUISA DE CONCLUSÃO
Este estudo sobre a formação da identidade
profissional do psicólogo, no atual momento histórico, está
levando-nos a considerar dois enfoques: a identidade
profissional pessoal e a identidade coletiva do psicólogo.
A relação da psicologia com as práticas
alternativas, com alguma freqüência, tem tornado o
profissional que atua desta forma um solitário no seu
trabalho e nos seus estudos.
Durante a exposição, referimo-nos à identidade
pessoal e, a partir da pesquisa e da nossa experiência
profissional, podemos imaginar como os outros
psicólogos, que também trabalham com práticas
alternativas, se isolam do corpo profissional e teórico da
psicologia, talvez por medo de represálias.
De qualquer forma, não é possível separar a
identidade profissional do indivíduo, daquela
coletivamente definida. Esta é a que está a merecer a
atenção dos órgãos e grupos profissionais, bem como dos
centros de pesquisa universitária. Em função disso,
poderíamos até pensar numa “tipologia”, a propósito de
identidades pessoais:
• aquela baseada em princípios míticos,
supersticiosos e mágicos.
• aquela baseada em princípios de uma
religiosidade subordinada a uma instituição
tipo igreja, dogmática e autoritária.
• aquela baseada em princípios do mercado, que
tudo transforma em mercadoria na busca do
lucro.
• aquela baseada em princípios de um misticismo
apoiado principalmente na idéia da experiência
pessoal, que busca a emancipação,
• através do auto-conhecimento, da reflexão e da
crítica.
Sem um posicionamento em relação à identidade
coletiva, como analisar uma identidade pessoal? Falta um
consenso mínimo que nos permita como categoria
profissional definir posições.
Podemos pensar a identidade coletiva do psicólogo
a partir dos relatos dos alunos que, em vários aspectos,
convergem para o mesmo ponto.
Tanto nas entrevistas quantonos depoimentos,
pudemos constatar que a identidade do psicólogo está
sendo construída com base não só na ciência que as
pesquisas validaram, como também nas práticas
alternativas que, até este momento, não foram aceitas
como pertencentes à psicologia oficial.
Considerando a tipologia mencionada acima, fomos
descobrindo, durante as análises, que alguns alunos se
colocam na posição de um misticismo apoiado na
experiência pessoal, que busca a emancipação pelo auto-
conhecimento e pela crítica. Esta não contraria a posição
da ciência psicológica (embora a maioria dos autores não
inclua o misticismo). Assim, esses alunos reconhecem as
práticas alternativas como recurso que busca o mesmo
objetivo que a psicologia, embora associem esta
emancipação à mística. Os demais, cujas concepções
podem ser consideradas míticas ou religiosas, bem como
aquelas que tudo transforma em mercadoria, a rigor não
teriam esta conotação emancipatória. Talvez o tipo que se
baseia no mercado, usando as práticas como técnicas para
obtenção de lucro, esteja mais próximo do verdadeiro
“charlatanismo”, já que, deliberadamente, quer explorar o
cliente. Os outros dois já permitem outras considerações: o
mítico, supersticioso, ainda nem atingiu o grau de
racionalidade do religioso; este, por sua vez, ainda não se
libertou do autoritarismo e do dogmatismo da instituição;
dizendo de outra forma, se aceitarmos a noção de
misticismo aqui exposta (Scholem, 1972), como superação
dialética da contradição entre o mítico e o religioso, estes
ainda estão numa postura regressiva. Já o outro, que visa
ao lucro - o charlatão - age segundo uma razão
interesseira, contrária à possibilidade de emancipação.
A crença de que o homem é dotado de espírito,
aceita por todos os sujeitos, não contraria esta busca de
emancipação, como preocupação do homem de pautar sua
vida pela sua experiência submetida à reflexão crítica, não
fazendo da ciência algo tão dogmático quanto qualquer
religião institucionalizada.
Nos três sujeitos principais da pesquisa
encontramos concepções coincidentes. Além da crença no
homem bio-psico-sócio-espiritual e na reencarnação, todos
buscam um sentido emancipatório para suas vidas.
Considerando os demais, todos os dez sujeitos
afirmam que a ciência e a religião convencionais não estão
sendo suficientes para fornecer ao homem de hoje
respostas a todos seus questionamentos.
Lembrando o que Santos (1995) aponta como
necessidade atual do homem, no caso da classe
trabalhadora impotente diante das classes dominantes; ela
sente o poder de destruição do capitalismo; sem encontrar
saídas concretas, sem uma reflexão crítica, tudo passa a ser
visto supersticiosamente, como um destino inevitável -
“um carma” talvez! Aparentemente, isso levaria
necessariamente a uma religiosidade conformista e
escapista. Porém, na óptica de um misticismo que envolva
reflexão e busca de autonomia, pode ser também o
caminho para uma saída revolucionária.
Tanto pode ser assim, que nossos alunos de
psicologia, ao demonstrar um certo desencanto com a vida
baseada no consumismo, buscam transformações não só
para eles mesmos, como também para pessoas que possam
ajudar. Dessa forma, tentam formar uma opção
profissional paralela, uma psicologia que, segundo eles, é
mais completa e mais consistente. É lógico que isto pode
ser feito de forma ingênua e simplista; daí a necessidade da
crítica
Por isso mesmo, se a questão da identidade coletiva
em confronto com a identidade individual envolve
Ano V, nº 17 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PSICÓLOGO — PEREIRA 123
aspectos regulatórios, envolve, por outro lado, aspectos
emancipatórios. Santos (1995) mostra que a preocupação
com o sentido da vida se reflete como um problema de
identidade, sendo este um dos problemas centrais da
modernidade.
Sendo corretas estas considerações, não é absurdo
pensar que as práticas alternativas podem ser vistas como
busca de sentido da vida, conseqüentemente, forças
emancipatórias que possibilitam superações dialéticas,
quando refletidas criticamente e não negadas
autoritariamente por forças regulatórias.
O poder destas forças regulatórias é tão grande que,
paradoxalmente, os sujeitos propõem regulamentar as
práticas alternativas para torná-las livremente exercidas.
Fazem isso, pensando num homem superior, voltado a
ideais mais nobres que os do capitalismo. Com isso,
parecem cair na armadilha do próprio capitalismo que se
apóia fundamentalmente no pilar regulatório, esquecendo
que, na verdade, deve ser fortalecido o pilar
emancipatório. De qualquer forma, regulamentar a
profissão delimitando práticas aceitas como científicas e
práticas não científicas, algo que parece tão óbvio, não é
tão simples assim.
Quando a psicologia convencional estabelece um
rol de práticas aceitas, diferenciando de técnicas próximas
não aceitas, é o momento em que encontramos as grandes
dificuldades: os limites e os critérios para defini-los.
A análise revelou a complexidade do problema,
pois envolve várias ramificações e níveis difíceis de serem
definidos. As concepções dos entrevistados fazem um
caminho sinuoso que se inicia no determinismo absoluto
de um lado, contrapondo a ampla liberdade do sujeito para
conduzir sua vida, do outro. As crenças que envolvem
conteúdos de reencarnação se confrontam com aspectos
aprendidos, tendo o inatismo como intermediário. Outro
ponto controverso se verifica entre magia e auto-
conhecimento.
Nesse sentido, simplesmente considerar algumas
práticas alternativas como aptas e (outras não) a fazer parte
da psicologia também parece impossível. Mesmo se a
barreira for transponível, não estaremos avançando muito,
pois regulamentar é tornar rígido. A questão, então, não
deve ser posta de forma regulatória, mas sim
emancipatória.
A sugestão mais plausível para o momento é trazer
o problema para a discussão de maneira não
preconceituosa, mas crítica, incentivando a reflexão e a
pesquisa.
Essas discussões não deveriam aprioristicamente ter
tempo determinado para terminar ou para dar lugar ao
próximo passo; ao contrário, deveriam ser permanentes e
constantes, considerando o caráter de metamorfose da
identidade do psicólogo e também da psicologia. Esta
forma de buscar a identidade como metamorfose (Ciampa,
1987) também permite realizar o que Habermas (1983)
chamou de identidade pós-convencional. Apoiados numa
comunicação aberta e não coercitiva, os psicólogos, de
forma madura e responsável, teriam a oportunidade de se
reconhecer reciprocamente, como agentes transformadores
da sociedade, a despeito de suas diferenças. A identidade
dos psicólogos seria constituída, não por conteúdos
previamente definidos de forma dogmática e autoritária,
mas sim pela identificação recíproca como agentes do
processo democrático de que participam ativamente na
construção da própria identidade, sempre em busca da
emancipação humana.
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERGER, P. L. & LUCKMAN, T. A Construção Social
da Realidade Petrópolis: Vozes, 1985.
CIAMPA, A. C. A Estória do Severino e a História da
Severina - Um ensaio de psicologia sociali. São Paulo:
Brasiliense, 1987.
FREUD, S. O Futuro de uma ilusão - in Freud: Os
Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
HABERMAS, J. Para Reconstrução do Materialismo
Histórico. São Paulo: Brasiliense,, 1983.JAMES, W.
As Variedades da Experiência Religiosa. São Paulo:
Cultrix, 1995.
SANTOS, B. S. Pela Mão de Alice - O Social e o Político
na Pós Modernidade. São Paulo: Cortez, 1995.
SCHEIBE, K. “Beliefs and Values”. New York: Holt
Rinehart and Winston Inc., 1970.SCHOLEM, G. A
Mística judaica. São Paulo: Perspectiva, 1972.
WILBER, K. Um Deus Social. São Paulo: Cultrix, 1993.*
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