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ESPECTROMETRIA DE MASSAS FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA INTRODUÇÃO Espectrometria de massas (MS) é uma técnica de identificação de substâncias desconhecidas, que permite determinar a presença de um composto específico em uma determinada amostra ou determinar a composição de uma amostra desconhecida. A MS permite obter informação sobre a estrutura molecular de um composto a partir da ionização e fragmentação da molécula em pequenos íons, que ao serem analisados em conjunto podem levar à dedução da ordem em que estes fragmentos estão unidos. Um instrumento de MS é basicamente constituído por uma fonte de íons (onde os fragmentos são gerados), um analisador de massas (que separa os íons segundo sua relação massa/carga) e um detector de íons. As duas principais formas de ionização disponíveis são a ionização por elétrons (EI – Electron Ionization), principalmente usada na análise de moléculas pequenas (até 1.000 Da) em acoplamento com a GC; e a ionização por electrospray (ESI – Electrospray Ionization) usada na análise de moléculas maiores e frequentemente acoplada a LC e CE. Estas duas formas de ionização, além dos aspectos técnicos e instrumentais, basicamente se diferenciam no tipo de espectros de massas gerados. A EI é considerada uma forma de ionização “forte”, que gera espectros ricos em íons e, portanto, em informação estrutural. Por outro lado, a ESI é considerada uma forma de ionização branda, que gera espectros com poucos íons, normalmente observando-se apenas o íon quasi molecular (molécula protonada ou desprotonada). IONIZAÇÃO POR ELÉTRONS A Ionização por Elétrons (EI), que é o método de ionização mais comum em espectrometria de massas, não só ioniza as moléculas pela retirada de um elétron, mas também transfere energia suficiente para que estas moléculas ionizadas se fragmentem. Como a massa e a intensidade relativa desses fragmentos são dependentes da estrutura da molécula, o espectro de massas torna possível a identificação de moléculas e fornece informações valiosas na elucidação estrutural de compostos desconhecidos. A grande facilidade de acoplamento de espectrômetros de massas com ionização EI com cromatógrafos gasosos torna a técnica ainda mais versátil, permitindo a análise e a quantificação de compostos em misturas relativamente complexas. Em EI, no entanto, as substâncias precisam ser volatilizadas em alto vácuo na fonte de ionização. A maioria das moléculas orgânicas, de baixa massa (até 500 Da), possui uma pressão de vapor suficiente para serem analisadas, mas biomoléculas tais como peptídeos, proteínas e oligonucleotídeos não possuem estabilidade térmica suficiente para serem volatilizadas e, assim, não podem ser analisadas por EI-MS (Electron Ionization Mass Spectrometry). ESI e MALDI Tanto ESI como MALDI são técnicas brandas de ionização, o que resulta na formação de íons com baixa energia, tornando possível a ionização desde moléculas de baixa massa molecular até biomoléculas com massas de acima 1 milhão de Daltons. Na ionização por electrospray no modo positivo, uma solução contendo a substância de interesse é acidificada, formando moléculas protonadas e os seus respectivos contra- ânions. Esta solução é então nebulizada através de um tubo capilar onde se aplica uma alta voltagem. Desse modo, os ânions presentes na solução serão neutralizados pelo capilar e as gotas formadas pela nebulização conterão excesso de cargas positivas (moléculas protonadas). O solvente presente nas gotículas é evaporado restando, assim, a molécula protonada na fase gasosa. Analogamente, pode-se utilizar uma solução básica e um potencial negativo no capilar para se produzir íons negativos. Entre as características da ionização por electrospray, pode-se citar a baixa energia dos íons formados e a possibilidade da formação de íons multicarregados (multiprotonados). Assim como em ESI, os íons gerados por MALDI têm uma energia muito baixa, mas em MALDI os íons formados possuem poucas cargas e na maioria das vezes formam-se somente espécies monocarregadas. Essa característica é interessante porque facilita a interpretação dos resultados dos espectros de massas, mesmo para compostos de alta massa molecular. O grande uso da espectrometria de massas em várias áreas científicas decorre de algumas características da técnica, tais como: 1) Detectabilidade – Quantidades muito pequenas de substâncias podem ser analisadas pelos métodos ESI e MALDI. Trabalhos recentes têm mostrado que a utilização de apenas 42 zeptomols (~25000 moléculas) do peptídeo P é suficiente para a sua detecção por MS. 2) Volume de amostra – O uso de interfaces apropriadas para pequenos volumes, como as fontes de nanofluxo em ESI, permite que se use quantidade de amostras menores que 1 μL. Em MALDI, a quantidade pode ser ainda menor, e trabalhos têm relatado a utilização de apenas 50 nanolitros de amostra. 3) Possibilidade de interfaceamento com técnicas de separação – a utilização de misturas água/solvente em ESI faz com que ela seja ideal para o acoplamento de sistemas de separação, tais como HPLC e eletroforese. A TLC (cromatografia em camada delgada), acoplada a técnica de MALDI foi testada em 2004 pelo grupo do Profº. Marcos Eberlin9. Nesse método aplica-se o líquido iônico (matriz) diretamente sobre a mancha que se quer analisar na placa de TLC, proporcionando uma análise rápida e com baixo ruído químico. 4) Tempo de análise – As análises por ESI e MALDI podem ser feitas em poucos segundos e essas características têm sido exploradas em projetos de larga escala, como os projetos de proteoma, onde se necessita identificar um grande número de proteínas. APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA A indústria farmacêutica usa a espectrometria de massa em todas as fases do processo de desenvolvimento de remédio, desde a descoberta de compostos importantes e analise estrutural ate desenvolvimento sintético e química combinatória, na farmacologia e no metabolismo de remédios. Em clinicas de saúde em todo o mundo, a espectrometria de massa e usada em testes de sangue e urina para tudo, desde registro da presença e do nível de certos compostos que são marcadores de estados patológicos incluindo muitos canceres, ate detecção de presença e analise quantitativa de drogas ilícitas ou anabolizantes. Na indústria farmacêutica, além de resultados rápidos, é importante a utilização de métodos confiáveis, reprodutíveis e que possam ser validados para comprovar sua eficácia. O uso do MALDI-TOF é uma ferramenta importante para identificação de microrganismos que possam contaminar áreas limpas, água, matéria-prima e o produto final. Com uma fiscalização cada vez mais rigorosa é importante garantir uma identificação confiável, mas que também seja aliada a indústria para obter resultados rápidos e sem altos custos. Essa técnica possui várias vantagens como a utilização de células intactas de microrganismos (também designada ICM-MS, intact cell MALDI-TOF) que podem ser obtidas diretamente do meio de cultivo. A análise produz um espectro de proteínas típicas de cada espécie, o que funciona como uma impressão digital (“fingerprinting”), que pode ser comparado aos espectros previamente identificados e depositados em banco de dados. Apresenta um curto tempo de análise (minutos), alto rendimento (o consumo de material biológico é insignificante), baixo custo, pode ser aplicada em larga escala, custo de manutenção relativamente baixo, os dados gerados são de simples interpretação e apresenta uma alta resolução, fornecendo uma análise mais rápida, precisa e altamente sensível às misturas complexasde peptídeos. VANTAGENS E DESVANTAGENS DE ESI Vantagens • Amostras não-voláteis • Ionização “branda” a pressão atmosférica • Análise de compostos de elevado peso molecular • Acoplamento com HPLC e eletroforese capilar Desvantagens • Espécies multiplamente carregadas exigem transformações matemáticas para interpretação do espectro • Complementar à APCI. Não é boa para compostos não carregados, não básicos e de baixa polaridade, como esteróides • Muito sensível a contaminantes, tais como metais alcalinos ou compostos básicos • Corrente de íons relativamente baixa VANTAGENS E DESVANTAGENS MALDI Vantagens • Baixa concentração do analito • Velocidade • Análise de polímeros e macromoléculas polares e não polares (M>50.000) Desvantagem • Não compatível com LC/MS • Difícil obtenção de espectros de MS/MS • Deve ser usado com analisadores compatíveis com métodos pulsados (TOF ou FT- ICR) VANTAGENS E DESVANTAGENS EI Vantagens • Método robusto e simples • Fragmentação fornece informações estruturais; • Espectros são facilmente reprodutíveis; • Existência de biblioteca de “impressões digitais”; Desvantagens • Requer volatilização da amostra ou derivatização; • Para substâncias de massa molar <800 uma • Amostra deve ser termicamente estável; • Íon molecular pode ser de difícil identificação; • Fragmentação pode ser extensa (moléculas maiores). CONCLUSÃO A indústria farmacêutica usa a espectrometria de massa em todas as fases do processo de desenvolvimento de medicamentos e descoberta de novos compostos sendo portando uma técnica muito importante para as ciências farmacêuticas. A espectrometria de massa além da vantagem da economia de tempo proporcionada pela técnica, a mesma possui um custo-benefício viável (preparo simples e barato de amostras e placas de MALDI reutilizáveis) e de alto desempenho. A validação e comprovação da reprodutibilidade da técnica são exigiências na indústria farmacêutica. Além disso, pesquisas envolvendo os principais pátogenos exigidos pela Farmacopéia Brasileira e também outros isolados ambientais para elaboração de bancos de dados são importantes para utilização no controle de qualidade farmacêutico. REFERENCIAS MELO, F. L. A utilização da espectrometria de massa Maldi-tof na identificação de microrganismos no controle de qualidade farmacêutico. 2014. 41f. Monografia apresentada ao Instituto de Ciências Biológicas, da Universidade Federal de Minas Gerais, como pré- requisito para obtenção do título de Especialista em Microbiologia Industrial e Ambiental, Belo Horizonte, 2014. MARQUES, A. L. Aplicação de Técnicas Avançadas de Espectrometria de Massas em Ciências de Alimentos e Perfumaria. 2006. 85f. Dissertação (Mestrado em Química na Área de Química Analítica ) Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2016.
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