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EMBRIAGUÊZ NO TRÂNSITO: dolo eventual ou culpa consciente.
Luciana Maria dos Reis – 19950/10º per. NOT.
Denilson Mascarenhas Gusmão
RESUMO
Trata-se de uma pesquisa desempenhada como meio de conceituar o que é a embriaguez, e se esta pode ser considerado um crime, e se aquele que se encontra neste estado conduzir um veículo automotor ,qual será o melhor meio para se incriminar esta conduta, isto embasado na lei 11.705/08, a Lei Seca e nos artigos do Código Trânsito Brasileiro, onde se tem como objetivo demonstrar através de dados, meios de se provar os delitos de trânsito cometidos por pessoas com alto índice de álcool no sangue , e se este será de culpa consciente que é quando a pessoa admite que mediante o ato praticado haverá a ocorrência do delito,ou será o dolo eventual que é onde o sujeito assume o risco do ato produzido ,e assim sendo a obtenção de uma sentença condenatória mais justa com necessidades de penas mais severas. Este trabalho fora desenvolvido com a leitura e estudos meticulosos de doutrinas, jurisprudência e vários artigos científicos, além de consultas à legislação em vigor sobre a temática proposta e com embasamento em internet e pesquisa de campo. O objetivo é abordar a correlação do uso da bebida alcoólica em acidentes envolvendo motoristas com alto índice de alcoolemia ( quantidade excessiva de álcool no sangue) . Desta forma,a obtenção de conhecimentos mais amplos , em como o uso do álcool influencia na condução de veículos, bem como maiores ciência sobre seus efeitos na ocorrência de acidentes de trânsito, e por fim, sobre horário, local e histórico de ocorrências na cidade de Governador Valadares/MG.
PALAVRAS-CHAVE: delitos; acidente de trânsito; alcoolemia; dolo ou culpa.
ABSTRACT
It is a research carried out as a means of conceptualizing what drunkenness is, if it can be considered a crime, and if the one who is in this state drives a motor vehicle, what is the best way to incriminate this conduct, this based on Law 11,705 / 08, the Seca Law and the articles of the Brazilian Traffic Code, where the purpose is to demonstrate, through data, means of proving the traffic offenses committed by people with high blood alcohol content, and if this will be of conscious guilt that is when the person admits that by means of the act practiced there will be the occurrence of the crime, or it will be the eventual deceit that is where the subject assumes the risk of the act produced, and thus being the obtainment of a more just conviction with need for more severe penalties. This work was developed with the reading and meticulous studies of doctrines, jurisprudence and several scientific articles, besides consultations to the legislation in force on the proposed theme and based on Internet and field research. The objective is to address the correlation between the use of alcoholic beverages in accidents involving drivers with high blood alcohol content (excessive amounts of alcohol in the blood). In this way, obtaining
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 Denilson Mascarenhas Gusmão
	 Governador Valadares, 24 de abril de 2018
broader knowledge on how the use of alcohol influences the driving of vehicles, as well as greater knowledge about its effects on the occurrence of traffic accidents, and finally, about time, place and history of occurrences in the city of Governador Valadares / MG.
KEYWORDS: direction; traffic accident; alcoholism; dolo or guilt
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO. 2 DOLO EVENTUAL E CULPA CONSIENTE. 2.1 DOLO E CULPA NO PENAL. 3 EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. 3.1 MORTE E VITIMAS NO TRÂNSITO – CRIME CULPOSO OU DOLOSO. 3.2 ACIDENTES DE TRÂNSITO E POLÍTICAS PÚBLICAS . 4 OBJETIVO E SANÇÕES DA LEI SECA. 5 POSIÇÕES JURISPRUDENCIAIS ENFOCANDO A ALCOOLEMIA. 6 CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS. APÊNDICES.
1 INTRODUÇÃO
	Nos dias de hoje é mostrado na mídia inúmeros casos de mortes e vítimas no trânsito em Governador Valadares/MG por motoristas embriagados ou com suspeita de embriaguez, a ocorrência de acidentes de trânsito cresceram em números surpreendentes, sendo o álcool um dos principais motivadores destes eventos, com seu uso desenfreado por parte de pessoas motorizadas, isso se dá pela falta de políticas públicas e maiores informações envolvidas para reduzir o seu alto índice e como se deve proceder mediante situação.	
	De acordo com Hoffmann, Carbonelli e Montoro(1996), as ações que regulam o consumo de álcool vigoram por meio de legislação. O ato de dirigir por influência de bebidas alcoólicas é considerado uma infração de trânsito.
Existe uma questão polêmica referente a este assunto que se refere ao elemento subjetivo do sujeito ativo dos crimes em questão, ou seja, se houve dolo eventual ou culpa consciente, haja vista ser difícil de diferenciá-los na prática. 
	O presente estudo tem como objetivo abordar a correlação como uso da bebida alcoólica como dolo eventual e não a culpa consciente em acidentes envolvendo motoristas com alto índice de alcoolemia no sangue, 
Em seguida, será analisada a interpretação de vários casos acerca da questão apresentada, expondo os variados entendimentos da doutrina e da jurisprudência. 
O estudo foi dividido em capítulos a fim de observar e explanar o assunto supracitado, e foram pesquisados diversos meios e autores para que a presente matéria apresente uma ampla visão sobre o tema abordado, bem como diferentes pontos de vista dos mesmos, como forma de enriquecimento do trabalho.
Assim sendo, os resultados esperados neste trabalho esta relacionado à obtenção de conhecimentos dos aspectos gerais do uso do álcool e como este influência na condução de veículos automotores.O conhecimentos sobre seus efeitos fisiológicos e psicológicos sobre a ocorrência de acidentes de trânsito, bem como horário, locais e históricos da ocorrência destes fatos, e por fim, sobre a lei seca e como podemos instruir os condutores para um melhor resultado.
2 DOLO EVENTUAL E CULPA CONSIENTE
	Para que possa haver punição por algum delito, há a necessidade de comprovar o elemento subjetivo da conduta e se este foi por omissão ou ação, ou seja se houve o dolo ou a culpa do individuo.
Não há dificuldade em distinguir o dolo da culpa, pois é claro o aspecto volitivo de ambos. No entanto, quando se fala em dolo eventual e culpa consciente começa a celeuma, pois a diferença entre ambos é mínima. Apesar de tecnicamente haver diferença entre eles, é na prática que se torna difícil de se diferenciar, pois analisar a vontade do agente no momento do delito é algo um tanto complexo.
Nesse sentido, Nucci (2014, p.234) leciona que:
Trata-se de distinção teoricamente plausível, embora, na prática, seja muito complexa e difícil. Em ambas as situações o agente tem a previsão do resultado que sua conduta pode causar, embora na culpa consciente não o admita como possível, e no dolo eventual, admita a possibilidade de se concretizar, sendo-lhe indiferente.
Tanto no dolo eventual quanto na culpa consciente o resultado típico é previsto, mas a diferença é que no dolo o agente assume o risco de produzir o acidente não se importando com as conseqüências de seus atos, enquanto na culpa ele acha que possa impedi-lo.
Acerca do dolo eventual, Greco (2015, p.189) ensina que:
Fala-se em dolo eventual quando o agente, embora não querendo diretamente praticar a infração penal, não se abstém de agir e, com isso, assume o risco de produzir o resultado que por ele já havia sido previsto e aceito.
Essa diferença encontrada pela doutrina no caso concreto torna-se bastante complexo para o magistrado e de bastante responsabilidade.
Sobre o assunto, Nucci (2014, p.235) ensina que:
[...] essa diferença encontra-se muito mais na análise das circunstâncias do caso concreto, dando a impressão a quem aplica a lei penal de estar diante de uma ou de outra forma do elemento subjetivo do crime, do que na mente do agente.
Ainda, sobre o assunto, Nucci (2014, p.235) diz que:Essa é a realidade dos processos criminais que cuidam do tema, pois esperar que se consiga prova daquilo que ocorreu na cabeça do autor da infração pena (assumiu o risco ou esperava sinceramente que não acontecesse?), exatamente no momento em que esta se deu, é praticamente impossível.
Dessa forma, para a aplicação em um caso concreto se este será dolo eventual ou culpa consciente o magistrado não pode se deixar levar pela pressão imposta pela sociedade, uma vez que deve agir com imparcialidade e segundo os parâmetros legais, para se evitar, assim, qualquer tipo de injustiça na decisão prolatada.
2.2 DOLO E CULPA NO PENAL
Para que um individuo possa ser considerado culpado por algum tipo de delito, há de se provar que existe nesse tipo de crime um elemento subjetivo na sua conduta por (ação ou omissão), ou seja, dever haver no mínimo o dolo ou a culpa.
Dolo é a vontade consciente de praticar a conduta típica, ou seja, é o dolo natural. É necessário que essa conduta dolosa se encaixe em um injusto penal para que se possa existir um crime. Basta que o sujeito queira, tenha a vontade de realizar aquela conduta e saiba o que faz e que aquilo é lesivo, para a caracterização do dolo
O dolo ele se divide em algumas espécies. Então vamos agora para algumas espécies de dolo:
Dolo direto:quando o evento corresponde à vontade do sujeito ativo, quando o agente quer o resultado.
Dolo indireto:quando, apesar de querer o resultado, a vontade não se manifesta de modo único e seguro em direção a ele.
O dolo indireto subdivide-se em:
Dolo alternativo: quando o agente quer um dos eventos que sua ação pode causar. Exemplo: Dirigir embriagado o individuo pode matar, causar danos a um terceiro.
Dolo eventual: o sujeito ativo prevê o resultado e, embora não seja este a razão de sua conduta, aceita-o
O Código Penal adota, das três teorias do dolo, a teoria da vontade e a do assentimento, sendo que a primeira consiste em agir consciente e voluntariamente para o resultado típico. Já a teoria do assentimento, o agente prevê que determinada conduta típica possa ocorrer e este assume o risco de produzi-la, mesmo não tendo dirigida sua vontade ao final típico. Tal posicionamento do ramo criminal se encontra positivado no artigo 18 da Lei nº2848/40, in verbis:
Art. 18 - Diz-se o crime: (Alterado pela L-007. 209-1984) Crime Doloso I – 
Crime Culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Quando alguém comete um delito ou assume o risco de cometê-lo, ele estará agindo dolosamente. Mas se este o comete apenas por negligência, imprudência ou imperícia, ele estará agindo culposamente.
Já a culpa, é o comportamento voluntário desatencioso, voltado a um determinado objeto, lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, não desejável, mas previsível e que poderia ter sido evitado. Ou seja, a culpa pode se dar através da imprudência (agir sem cautela ou com precipitação ou insensatez), da negligência (descuido ou desatenção nos casos em que exige o contrário) ou da imperícia (falta de conhecimento necessário ou incapacidade para o exercício de determinado ofício ou profissão).
Em relação à culpa consciente, Zaffaroni e Pierangeli (2015, p.501) afirmam ser “[...] aquela em que o sujeito ativo representou para si a possibilidade da produção do resultado, embora a tenha rejeitado, na crença que, chegado o momento, poderá evita-lo ou simplesmente ele não ocorrerá”.
A culpa difere do dolo, pois neste o agente deseja e busca o resultado ou assume o risco, enquanto naquele ele é responsável, mas não desejou e acreditava fielmente que não iria produzi-lo. Na teoria da probabilidade não há o elemento volitivo, o condutor entende que as chances de ocorrer o resultado lesivo são praticamente nulas caso contrário desistiria da ação (BITENCOURT, 2014b).
Nucci (2014, p.299) afirma ser a culpabilidade:
[...] um juízo de reprovação social, incidente sobre o fato e seu autor, devendo o agente ser imputável, atuar com consciência potencial de ilicitude, bem como ter a possibilidade e a exigibilidade de atuar de outro modo, seguindo as regras impostas pelo direito.
3 EMBRIAGUEZ AO VOLANTE
Os fatores que determinam a embriaguez são diversos: a) quanto maior o peso, mais diluído ficará o álcool, pelo fato do corpo humano ser constituído de dois terços de água. A concentração é mais elevada nos indivíduos de menor peso; b) o sistema digestivo absorve o álcool, que passa para o sangue num fenômeno 21 bastante rápido, e varia de acordo com a concentração alcoólica da bebida, o ritmo da ingestão; c) o hábito de beber deverá ser levado em conta, pois o abstêmio, o bebedor moderado e o grande bebedor toleram o álcool em graus diferentes; d) os estados emotivos, a estafa, o sono, a temperatura, o fumo, as doenças e estados de convalescença são causas que alteram a sensibilidade às bebidas alcoólicas.
3.1 MORTE E VITIMAS NO TRÂNSITO – CRIME CULPOSO OU DOLOSO
Há entre esses dois elementos subjetivos uma similaridade quanto ao seu reconhecimento e diferenciação entre as condutas. A responsabilidade do magistrado em decidir se no caso concreto é dolo eventual ou culpa consciente é gigante, pois as penas a que o agente está sujeito são antagônicas. Assim, em cada situação, deve o magistrado, com a devida prudência, analisar o caso concreto e decidir pelas circunstâncias qual dos dois deve aplicar.
Primeiramente, cabe destacar que ambas partem do princípio de que o efeito do álcool no organismo é de notório conhecimento, sendo as consequências imediatas do seu consumo certas e determinadas, prejudicando a capacidade de conduzir veículos e tornando o motorista menos apto e menos prudentes para tanto. Em outras palavras, todas as pessoas que dirigem embriagadas sabem muito bem dos riscos a que se submetem e do risco que oferecem aos terceiros.
Na maioria dos casos em que houve morte ou vitimas no trânsito pelo motorista embriagado, este terá como suporte os artigos 302 e 303 do Código de Trânsito Brasileiro. 
Se uma pessoa dirige um automóvel ou pilota uma moto com índice de alcoolemia(auto teor de álcool no sangue), esta portanto atua com vontade e, assim sendo, atua com dolo.
Rogério Greco nos ensina que “dolo é a vontade e consciência dirigidas a conduta prevista no tipo penal incriminador” . De maneira ainda mais simplificada, podemos afirmar que há dolo quando uma pessoa possui a vontade e a consciência de cometer um crime.
Sem nos preocupar em esmiuçar todo o estudo do dolo e suas teorias, podemos resumir que o nosso Código Penal adotou, de acordo com a maioria da doutrina, as teorias da vontade e do assentimento.
Segundo a teoria da vontade, dolo seria a vontade livre e consciente de querer praticar uma infração penal. Já a teoria do assentimento defende que atua com dolo aquele que, antevendo como possível o resultado lesivo com a prática de sua conduta, mesmo não o querendo diretamente, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco de produzi-lo.
Assim, com base no artigo 18, inciso I, do Código Penal, podemos dividir o dolo em duas espécies: dolo direto (teoria da vontade, em que o agente quer, efetivamente, cometer a conduta descrita no tipo) e dolo eventual (teoria do assentimento, onde o agente, embora não querendo diretamente praticar o crime, não deixa de agir e, com isso, assume o risco de produzir o resultado).
Com relação ao delito culposo, Mirabete o define como “a conduta humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado”.
Culpa consciente, esta se caracteriza quando o agente prevê a ocorrência de um resultado danoso, mas não deixa de agir, pois acredita, sinceramente, que será capaz de evitá-lo. 
3.2 ACIDENTE DE TRÂNSITO E POLITICAS PÚBLICASSabe-se que grande porcentagem dos acidentes automobilísticos podem ser atribuídos ao fato de o condutor do veículo ter consumido álcool. Destarte, no intuito de combater a embriaguez ao volante e, conseqüentemente, diminuir o número elevadíssimo de acidentes decorrentes desse fator, várias políticas públicas foram implantadas no país. Entre elas, podemos destacar o Projeto Vida no Trânsito, desenvolvido pelo Ministério da Saúde, que tem por objetivo apoiar estados e municípios a orientar condutores sobre o risco da combinação entre o álcool e direção.
O trânsito é um ambiente que onde há diversos delitos envolvendo automóveis, transformando-o em uma calamidade pública. Como se sabe, somente as leis rigorosas não são suficientes para impedir que os motoristas ajam de maneira temerária. Para isso, aliado à elaboração de leis especiais mais rigorosas, faz-se necessário uma política estatal voltada para a educação no trânsito, pois assim haveria medidas tanto preventivas quanto repressivas da violência automobilística.
O problema das causas dos acidentes envolve várias esferas de competência, nas quais os ferimentos e as mortes deles recorrentes são causados por uma série de fatores. Essa violência é causada pela ação multifatorial de elementos culturais, econômicos e políticos, de difícil solução, que estão diretamente ligados ao comportamento humano, às tecnologias e engenharia de tráfego e ainda, com o sistema de transporte público deficiente que estimula o uso do carro e motocicleta como meio de transporte.
Apesar de já haver no Brasil normas relacionadas à embriaguez ao volante - foi constatada a necessidade do agravamento das normas administrativas e criminais para aqueles que associam a ingestão de bebidas alcoólicas à direção de veículos.
É evidente que qualquer medida, para surtir efeito, deve ter como base dois aspectos: o do poder público em fiscalizar e o da população em respeitar as regras impostas como medidas de segurança.
4 OBJETIVO E SANÇÕES DA LEI SECA
	A denominada “Lei Seca”, a qual instituiu tolerância zero para o grau de álcool no sangue, prevendo variadas sanções e, até mesmo, a criminalização para os infratores das normas, facilitando, ainda, a forma de produção de prova para constatação da embriaguez do motorista.
A nova lei prevê punições mais severas para os infratores, como multas de valores elevados e possibilidade de perda da habilitação para dirigir veículos automotores, além da criação de mecanismos jurídicos para punir os crimes de trânsito (como a morte provocada por acidente), o que não ocorria antes. (CALDAS, 1998)
Lei Seca (Lei 11.705/08), a qual tem por objetivo endurecer e coibir as condutas danosas dos motoristas que insistem em conduzir seus veículos automotores sob o efeito do álcool. No ano de 2012, a Lei Seca foi atualizada através da Lei 12.760 e, posteriormente, sobreveio a Resolução do Contran 432/2013, preenchendo algumas lacunas. A partir de então, as normas a respeito do tema passaram a vigorar da forma que a seguir será comentada.
	Quanto às penalidades, a Lei 12.760/2012 endureceu ainda mais para o motorista que ingeriu álcool, passando o art. 165 do Código de Trânsito Brasileiro a ter o valor da multa aumentado de 5 (cinco) vezes para 10 (dez) vezes a infração gravíssima, sendo dobrada se o condutor for reincidente no período de 12 (doze) meses.Na área Administrativa a medida repressiva sofrida pelo condutor que for pego embriagado será de 12 meses com reciclagem do curso com prova escrita com acerto de 21 questões em 30, já na seara Criminal esta sanção é de 6 meses a 3 anos de detenção.
	Antes do advento da Lei 11.705/08, o motorista que fosse pego conduzindo um veículo automotor com concentração igual ou superior a seis decigramas de álcool a cada litro de sangue era punido com uma multa de R$ 955,00 (novecentos e cinquenta e cinco reais) e tinha a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa por um ano. Após a vigência da Lei 11.705/08, basta um nível de concentração igual ou superior a dois decigramas de álcool a cada litro de sangue para o infrator ser responsabilizado com a multa de R$ 957,70 (novecentos e cinquenta e sete reais e setenta centavos); além da CNH suspensa por um ano, há ainda com a apreensão veículo conduzido pelo indivíduo que esteja com tal concentração de álcool/litro sangue, caso não haja um condutor habilitado em condições de conduzir o veículo em questão.Tal previsão está no Art. 165 do CTB.
No tocante às provas, a Lei Seca inovou ao admitir diversos meios para comprovar a embriaguez do condutor, complementada pelo art. 6º da Resolução 423/2013 do CONTRAN e art. 277 do CTB, que determinam, ainda, a aplicação das referidas penalidades àqueles que se recusarem a fazer os testes pleiteados, objetivando reduzir as estatísticas através de um maior rigor punitivo nas hipóteses de condutores embriagados, juntamente com a fiscalização.
5 POSIÇÕES JURISPRUDENCIAIS ENFOCANDO A ALCOOLEMIA
Quanto à tipificação do delito, considerando-o dolo e não culpa, deve prevalecer a forma em que se apresenta reforçando o nosso entendimento quando, em estado de embriaguez o condutor:
Sobre o dolo eventual nos graves crimes de transito, leciona Guilherme de Souza Nucci:
	
“tem sido posição adotada,atualmente, na jurisprudência pátria considerar a atuação do agente em determinados delitos cometidos no trânsito não mais como culpa consciente,e sim como dolo eventual. As inúmeras campanhas realizadas,demonstrando o risco da direção perigosa e manifestamente ousada, são suficientes para esclarecer os motoristas da vedação legal de certas condutas, tais como o racha, a direção em alta velocidade sob embriaguêz, entre outras. Se,apesar disso,continua o condutor do veículo a agir dessa forma nitidamente arriscada, estará demonstrando seu desapego á incolumidade alheia, podendo responder por delito doloso.”
Neste sentido sendo o condutor julgado por dolo indireto eventual , onde o agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-lo ou não se importa em produzir o resultado no momento em que mesmo conduzindo um veículo e embriagado, este não poderia ser julgado como culpa consciente em que o agente prevê o resultado, embora não o aceite. Há no agente a representação da possibilidade do resultado, mas ele a afasta de pronto, por entender que a evitará e que sua habilidade impedirá o evento lesivo previsto. Sobre culpa consciente Damásio de Jesus (2002, p.19) diz: 
A culpa consciente, ou culpa com representação, culpa ex lascívia, surge quando o sujeito é capaz de prever o resultado, o prevê, porém crê piamente em sua não-produção; ele confia em que sua ação conduzirá tão-somente ao resultado que pretende, o que só não ocorre por erro no cálculo ou erro na execução. A citação é do autor. O esclarecimento é dele. 
Também sobre culpa consciente Bittencourt (1995, p.250) afirma que: “Há culpa consciente, também chamada culpa com previsão, quando o agente, deixando de observar a diligência a que estava obrigado, prevê um resultado, possível, mas confia convictamente que ele não ocorra”.
O agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-lo, ou não se importa em produzir este ou aquele resultado.
Ainda sobre o pensamento de Damásio de Jesus (2002, p. 20) ele diz: 
A culpa consciente se diferencia do dolo eventual. Neste, o agente tolera a produção do resultado, o evento lhe é indiferente, tanto faz que ocorra ou não. Ele assume o risco de produzi-lo. Na culpa consciente, ao contrário, o agente não quer o resultado, não assume o risco de produzi-lo e nem ele lhe é tolerável ou indiferente. O evento lhe é representado (previsto), mas confia em sua não produção”
DELITO DE TRÂNSITO. DOLO EVENTUAL. Ingresso em trevo de acesso à cidade, proveniente de rodovia federal, na contramão de direção, sob influência alcoólica e em velocidade inadequada. Previsão concreta do resultado/colisão altamente provável, com preferência pelo risco assumido quantoà produção. Lesão corporal grave. Incapacidade trintídio. Imprestável o laudo pericial monossilábico, sem fundamentação, para revelar incapacitação para as ocupações ordinárias por mais de trinta dias. Declarações isoladas da vítima não suprem a deficiência da perícia, ausente prova testemunhal (art. 168, § 3º, CPP) sobre o tema. Recurso ministerial parcialmente provido. (Apelação Crime nº 694099524, 3ª Câmara Criminal do TJRS, Sarandi, Rel. Des. Aristides Pedroso de Albuquerque Neto, 29.09.94). 
DOLO EVENTUAL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. Age com dolo eventual, aquele que, não querendo provocar ferimentos em seus passageiros ou em outras pessoas, assume o risco de fazê-lo através de um acidente de trânsito, porque dirige embriagado, em alta velocidade e na forma de ziguezague. Nestas condições, percebe que por causar o resultado e, não obstante, não desiste de sua conduta. (Apelação Crime nº 293229860, 3ª Câmara Criminal em Regime de Exceção do TARS, Giruá, Rel. Saulo Brum Leal, 25.04.95). 
 DOLO EVENTUAL - ACIDENTE DE TRÂNSITO. Para atender reclamos sociais contra aquilo que denominam de impunidade pelas penas brandas em acidente de veículo, a jurisprudência tem aceitado a tese do dolo eventual em que o agente, depois de beber grande quantidade de cerveja, em casa noturna, sai em velocidade elevada e abalroa outro veículo estacionado, ferindo várias pessoas. Apelo improvido. Condenação mantida. (Apelação Crime nº 694035692, 4ª Câmara Criminal do TJRS, Carazinho, Rel. Des. Érico Barone Pires, 23.06.94).
Dessa forma, o que se vê na jurisprudência e na doutrina são entendimentos divergentes acerca do tema, mas tendo cada caso a sua análise feita pelo(s) magistrado(s).
6 CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve como objetivo geral, fazer uma abordagem acerca da influência do uso do álcool na condução de veículos automotores, perpassando pelos efeitos físicos e psicológicos do mesmo na direção; esclarecendo a relação entre o álcool e acidentes de trânsito; e abordando sobre a lei seca e a educação no trânsito. Concluiu-se então que há influencia do uso do álcool na condução de veículos, onde foi observado que o uso desta substância prejudica algumas habilidades que são utilizadas na direção, uma vez que, principalmente a atenção e concentração do condutor são comprometidas, assim como seus reflexos rápidos e coordenação motora, incentivando também a agressividade e impulsividade do condutor. É necessário enfatizar que, segundo levantamento da literatura, existe escassez de trabalhos sobre esse assunto, o que torna representativo os resultados desse trabalho, apesar da não generalização para a população e pode ser um estudo sugestivo para replicações, a fim de comparação. O conhecimento das peculiaridades de cada população, no entanto, é fundamental para que as estratégias de prevenção possam ter um impacto mais efetivo., e assim contribuir também para gerar uma reflexão sobre a magnitude do problema na prevenção dos acidentes de trânsito. 
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008. Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘institui o Código de Trânsito Brasileiro’, e a Lei no9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor, e dá outras providências. (Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11705.htm>. Acesso em: 17/05/17. 
BRASIL. Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940 , Institui o Código Penal, In: Vade Mecum acadêmico forense, 8 ed. São Paulo: Saraiva 2016.
BRITO, Anderson N. de S. Lei seca. Disponível em: <http://www.multcarpo.com.br/leisecabrasileira>. Acesso em: 17 de maio de 2017.
DAMÁSIO E. de Jesus,Direito penal , 2 ed,São Paulo, Saraiva, 2002.
GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral. 16 ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2015.
HOFFMANN, Maria Helena; CARBONELL,E; MONTORO, L. Álcool e segurança no transito (II): a infração e sua prevenção. Revista Cientifica de Psicologia , Brasília, v. 16, de 1996. Disponível em <HTTP://www.scielo.br/>
HONORATO, Cassio Mattos. Meios de prova dos crimes de embriaguez ao volante, após a lei 12.760/2012, e a necessária orientação do Ministério Público. Disponível em: <http://www.ceaf.mppr.mp.br/arquivos/File/meios_de_prova.pdf>. Acesso em: 12 maio 2017
https://www.tjac.jus.br/noticias/artigo-da-semana-embriaguez-ao-volante-e-morte-no-transito-crime-culposo-ou-doloso/ . Acesso em 17 de maio de 2017.
http://www.conjur.com.br/2012-mar-11/embriaguez-volante-morte-transito-crime-culposo-ou-doloso. Acesso em 12 de maio de 2017.
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http://www.pergamum.univale.br/pergamum/tcc/Doloeventualouculpaconscientenohomiciiodeveiculoautomotorestandoocondutorembriagado.pdf > Acesso em 01 de junho de 2017.
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