Peça de Civil Estagio Superv. I

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE BAURU – SP
CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA-ME, microempresa, inscrita no CNPJ/MF sob o número ............, sede e estabelecimento em Bauru/ SP, na rua ........, n°. ......., bairro ......, com endereço eletrônico .................., neste ato representada por seu procurador, Dr. ............, com endereço profissional na rua ........, n°. ......., bairro ......, cidade/estado, vem, respeitosamente, através de seu procurador infra assinado, propor a seguinte
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS MATERIAIS 
Em face de VIAÇÃO METEORO LTDA, inscrita no CNPJ nº. .........., com endereço ................, n°......, bairro ....., na cidade/ estado .........., pelos fatos fundamentos que passa a expor:
I - DOS FATOS
No dia 11 de fevereiro de 2017, Barnabé, 50 anos, agricultor e proprietário da microempresa autora, o qual sustenta-se da colheita e do transporte de hortaliças aos mercados vizinhos a Bauru/SP, trafegava após um cansativo dia de trabalho, em condições desfavoráveis, com chuva e uma camada de escorregadia de óleo sobre a BR 345, quando perdeu o controle do veículo que dirigia, uma pick up FORD RANGER, de placa GGG- 1223, derrapando na pista, porém, sem invadir a pista contrária, quando avistou um ônibus da Viação Meteoro Ltda que derrapou, invadiu a pista contrária e colidiu com o veículo do autor, que com o impacto foi arremessado por cerca de 10 (dez) metros, batendo em um barranco. Sr. Barnabé feriu-se gravemente, apresentando fraturas nos braços e pernas, seu veículo ficou todo amassado, com danos no chassi e por toda a lataria. Enquanto no ônibus, cinco passageiros, que não utilizavam cinto de segurança na hora do acidente, sofreram lesões. A Polícia Rodoviária Federal interditou as pistas, chamando a perícia de imediato. A polícia tomou ainda o depoimento do motorista do ônibus, que afirmou que invadiu a pista contrária em razão de tentar desviar do veículo que estava derrapando e indo em sua direção. Posteriormente, no hospital, a polícia tomou o depoimento do sr. Barnabé, que afirmou que perdeu o controle do seu veículo em vista do ônibus ter invadido a contramão, o que o forçou a realizar uma manobra brusca que causou a derrapagem e o impacto com o ônibus. A perícia foi inconclusiva, pois, como estava chovendo, não conseguiu colher as medidas das derrapagens, embora tenha reconhecido a invasão à outra pista, porém não definiu se esta ocorreu antes ou após o choque. 
Após se submeter a cirurgias nos seus braços e pernas e tomar pontos na sua testa, o sr. Barnabé preocupou-se com a situação envolvendo o seu veículo e o seu sustento. Como ele trabalhava sozinho, não sabia como fazer para sobreviver no período de recuperação do acidente, e também como faria para transportar as hortaliças, pois estava proibido de trabalhar por 3 (três) meses. Ele também tinha dúvidas de quem seria o responsável pelo ressarcimento do seu veículo: o motorista do ônibus, a empresa ou os dois. Foi apurado que a empresa Viação Meteoro Ltda. tinha sede em São Paulo/ SP. A empresa de ônibus fez três orçamentos para o conserto do seu veículo, ficando apurado um de valor em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), outro em R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), e por último de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Analisando o balanço mensal da empresa Caipira Hortaliças constatou-se que esta possuia um faturamento mensal de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), de lucro líquido mensal no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais). No período de três meses, necessário ao restabelecimento da saúde do sr. Barnabé, a empresa zerou o seu faturamento, e ficou em dificuldades com o locador da loja, bem como com seus fornecedores, acumulando um prejuízo de R$ 10.000,00. 
Sendo assim, não encontrou o autor outra saída sem ser a justiça para a solução de seus conflitos e transtornos causados ao longo do tempo. 
II- DO DIREITO 
Por hora, é dito pelo Código Civil brasileiro em seus artigos 186 e 927, parágrafo único, respectivamente: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
 
Ora, Vossa Excelência, não há dúvidas de que o autor vem sofrendo danos, sem falar em suas perdas após o transtorno causado no acidente e após o mesmo, pois a empresa encontra-se com dificuldades financeiras por falta de condições de trabalho e o grande prejuízo ocasionado. 
A conduta da suplicada em não ressarcir a microempresa requerente é conduta abusiva, que ofende seus direitos, especialmente o da boa-fé. Esperava o autor que teria o que é de sua garantia ressarcida, ainda como motorista profissional o motorista na empresa ré devia ter domínio sobre seu veículo e os devidos cuidados, como prevê o Código de Trânsito Brasileiro em seus aspectos: 
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:
II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas;
Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção e sua velocidade.
Como mostra o art. 932, III do Código Civil, o empregador tem responsabilidade, assim como deve ter cautela na escolha de seus empregados:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
Quanto ao ressarcimento do valor referente ao lucro da empresa, é claro no art. 402 e 403 do Código Civil: 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Neste sentido, é o entendimento do Tribunal de Justiça: 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS EM VEÍCULO AUTOMOTOR CAUSADO POR ACIDENTE DE TRÂNSITO. INVASÃO DA PISTA. COLISÃO NA LATERAL DO AUTOMÓVEL. CULPA. DANOS MATERIAIS. DEVER DE INDENIZAR. Hipótese concreta em que a dinâmica do acidente noticiada na inicial não foi confrontada idoneamente pela ré e cuja prova produzida, não obstante singela, se presta para amparar uma colisão decorrente de invasão da pista pelo caminhão, fechando o automóvel do autor. Inexistência de elementos capazes de cominar ao autor a responsabilidade pelo sinistro. Manutenção da sentença que reconheceu a culpa exclusiva do preposto da demanda, condenando-a à reparação dos danos advindos do acidente. DANOS MATERIAIS. Se revela acertada a decisão que condenou a apelante ao pagamento da reparação com base no menor orçamento juntado ao processo (R$ 6.445,30), que lista reparos ao veículo condizentes com os danos elencados no documento lavrado pelo agente de trânsito e estampados nas fotografias do automóvel trazidas com a inicial. Além disso, nenhum argumento idôneo trouxe a ré para finsde infirmar as provas do dano material e do seu respectivo montante. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70075085191, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira Rebout, Julgado em 15/03/2018)
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ATROPELAMENTO DE PEDESTRE. CULPA. DEVER DE INDENIZAR. DANOS MATERIAIS. DANOS MORAIS. Conjunto probatório que conduz à conclusão de o acidente ter se deflagrado por culpa exclusiva do réu, pois, trafegando de forma desatenta, atingiu a vítima quando essa estava por finalizar a sua travessia, sobre a faixa de pedestres (ou bastante próximo a ela), em local desprovido de semáforo, atraindo o seu dever de reparar. Quanto à segunda ré, a jurisprudência do colegiado é uníssona acerca da responsabilidade do proprietário do veículo causador do acidente, razão por que, responderá solidariamente pelos danos. DANOS MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. Configuração dos danos morais in re ipsa, pois o evento danoso impingiu à vítima lesão física (fratura do joelho esquerdo), em razão disso sendo submetida a procedimento cirúrgico e a posterior tratamento com fisioterapias, afastando-se de suas atividades laborais pelo período de três meses. Indenização fixada em R$ 20.000,00, equivalente a pouco mais de 20 salários mínimos atuais, a ser corrigida pelo IGP-M a partir do acórdão e acrescida de juros moratórios desde o acidente. DANOS MATERIAIS. Os prejuízos relacionados às despesas médicas e o decréscimo correspondente à diferença entre o salário que recebia antes do acidente e o benefício previdenciário que recebeu no período de afastamento, por terem sido provados, devem ser ressarcidos à autora. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70074834250, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira Rebout, Julgado em 15/03/2018)
III- DOS REQUERIMENTOS E PEDIDOS
I. Que seja citado a entidade ré, para querendo contestar o pedido, sob pena de aplicação dos efeitos da revelia;
II. Que seja julgada procedente a lide e seja condenada a ré ao pagamento de :
a) R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) referente ao conserto do veículo Ford Ranger; 
b) R$ 30.000,00 (trinta mil reais) referente aos lucros cessantes; 
c) R$ 10.000,00 (dez mil reais) referente aos prejuízos com fornecedores e locação;
III. Que seja concedida a audiência de conciliação, nos moldes do ast. 319, VII do CPC; 
IV. Protesto ademais provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, especialmente pela produção de prova testemunhal e pericial, e, caso necessário, pela juntada de documentos, e por tudo o mais que se fizer indispensável à cabal demonstração dos fatos articulados na presente inicial. 
 Atribui à causa o valor R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais)
Nesses termos, pede deferimento. 
Local e data
[Assinatura do Advogado] [OAB...] 
[Endereço do Advogado]