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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FACULDADE DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ PROFESSORA: Luciana Melo de Farias DISCIPLINA: Bioquímica dos Alimentos Curso: Nutrição - 3ª série Efeito do glúten no crescimento das massas Teresina-PI Maio/ 2018 2 Componente: Israeline Pereira Sousa Efeito do glúten no crescimento das massas Teresina-PI Maio/ 2018 3 SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO .........................................................................................4-6 2- METODOS...................................................................................................7 3- RESULTADOS ........................................................................................ 8-9 4- DISCUSSÃO............................................................................................. 10 5- CONCLUSÃO ............................................................................................11 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................12-13 4 1. INTRODUÇÃO O glúten é uma fração isolada do trigo rica em proteína. As gliadinas são responsáveis pelas propriedades de ductibilidade e coesividade do glúten enquanto as gluteninas formam polímeros de alta massa molecular e contribuem para a elasticidade. As proteínas do glúten são insolúveis em água, e durante o processamento formam estruturas fortes coesas e viscoelasticas, que retém a estrutura inicial resultando num produto final aerado. (LACERDA, 2008) O glúten apresenta uma elevada porcentagem de prolina nas suas proteínas, que evita que elas formem estruturas de hélices completas, expondo grupos que poderão assim se interligar. As proteínas do glúten contém também elevada porcentagem de estruturas não polares, que favorecem a formação de ligações intermoleculares por forças de Wan-der- Waals. (BOBBIO, 1995) Quando a farinha de trigo é misturada a água ocorre uma hidratação da fração proteica e dos demais constituintes da farinha. Pela ação da mistura, as partículas da farinha hidratadas formam uma rede de massa continua que pela mistura subsequente se transforma numa massa desenvolvida com propriedades físicas adequadas a produção do pó. A elasticidade do glúten hidratado é devida principalmente a glutenina pela sua resistência a ruptura, que por sua vez se deve a sua estrutura e seu peso molecular. (CARUSO, 2001) A gliadina e a glutenina formam um complexo proteico pela sua associação através de pontes de hidrogênio, ligações de Wan-der-Waals e pontes dissulfeto (S-S). A formatação de ligações dissulfeto inter e intramoleculares no glúten é comprovada pela diminuição dos grupos sulfidrilas (-SH) e aumento das ligações dissulfeto após sua formação chegando-se a valores de apenas 10mM de –SH por grama de proteína e até 100mM de pontes dissulfeto por gramas de proteínas do glúten. (BOBBIO, 1995) Existem pessoas que não podem consumir o glúten, devido uma disfunção alimentar caracterizada como a doenças celíaca, que é uma intolerância permanente ao gluten definida por atrofia total ou subtotal da 5 mucosa do intestino delgado proximal e consequente má absorção de alimentos em indivíduos geneticamente susceptíveis. (SDEPANIAN, 2010) O trigo, pertencente à família Poaceae, subfamília Pooideae e ao gênero Triticum, é classificado em diferentes espécies, conforme o número de cromossomos: Triticum monococcum com 14 cromossomos, Triticum durum com 28 cromossomos e Triticum aestivum com 42 cromossomos (Popper et al., 2006), este último, o trigo comum. As diferentes variedades se distinguem pela altura das plantas, produtividade, conteúdo de endosperma, proporção de proteínas na farinha, qualidade da proteína, resistência a diversas doenças e adaptabilidade a solos ácidos, requerimentos climatológicos e pela aparência física (Abitrigo, 2008). A relação entre esses diversos fatores ambientais e os diferentes genótipos, repercute nas propriedades funcionais (Georget et al., 2008) E, principalmente, na qualidade de processamento do trigo, como moagem e elaboração dos produtos (Carcea et al., 2006) Mais especificamente com relação à variação do grau de elasticidade do glúten, o que afeta sobremaneira a fermentação dos pães (Shewry et al., 1998). O amido está presente na maioria dos vegetais, com a função inicial de armazenar energia coletada pela fotossíntese. A principal razão para a conversão fotossintética de açúcar em amido é que esta forma de armazenamento é vantajosa para a planta, pois a molécula de amido é insolúvel em soluções aquosas, à temperatura ambiente e, dessa maneira, não provoca desbalanço osmótico, como o açúcar armazenado em grandes quantidades. Quando há a produção de amido este é empacotado em pequenos grânulos que variam de tamanho em função da fonte (mandioca, milho, batata, etc.). O grânulo de amido consiste de dois carboidratos principais: amilose e amilopectina. Ambos possuem alto peso molecular e principalmente ligações alfa 1-4, porém, a amilopectina, para manter sua molécula ramificada liga-se, também através da ligação alfa 1-6. Várias estruturas das plantas são capazes de sintetizar amido, como a folha, o caule, raízes e grãos. No entanto, somente alguns vegetais possuem a capacidade 6 de sintetizar amido em quantidade suficiente para ser passível de extração comercial, são eles: tubérculos, raízes e grãos. A prática teve como objetivo avaliar o efeito do glúten no crescimento das massas. 7 2- MÉTODOS 2.1. MATERIAIS - 1 béquer de 50ml - 12 g de fermento biológico (Saccharomyces cereavisiae) - 2 tigelas de plástico com 20cm de diâmetro - 2 g de sacarose - 115 g de farinha de trigo (Triticum aestivum) - 1 proveta de 50ml - 10 ml de água - 4 facas - 8 g de gordura vegetal hidrogenada - 85 g de amido de milho - Balança - Assadeira - Forno - Estufa 30-36 °C 2.2. PROCEDIMENTOS Preparou-se uma suspensão com 6 g de fermento biológico, 10ml de água, 1g de sacarose e deixou à temperatura de 30-35 °C, enquanto preparava os demais ingredientes. Pesou-se 100g de farinha de trigo, adicionou 1g de sacarose, 3 g de sal e 50ml de água. Misturou-se tudo e adicionou o fermento e 4g de gordura vegetal hidrogenada. Amassou-se bem até a massa ficar homogênea e moldável. Deixou-se a massa crescer a 30-35 °C por 15-20 minutos, quando então seu volume ficou quase dobrado. Achatou-se a massa e dobrou-a duas vezes, colocou-se em forma untado e deixou-o a crescer por mais 10-15 minutos. Asse a 200 °C por 20-25 minutos. Foi repetido todo o processo usando em lugar da farinha de trigo uma mistura de 85g de amido de milho e 15 de farinha. Em seguida estabeleça comparações entre os pães de acordo com a tabela encontrada nos resultados. 8 3. RESULTADOS Primeiramente foi preparado uma suspensão com 6g de fermento biológico em 10ml de água com 1g de sacarose e deixou-se em descansoà temperatura de 30-35°C, para a preparação do pão 1 foi pesado 100g de farinha de trigo, 1g de sacarose, 3g de sal e depois despejado na tigela e acrescentado 50mL de água para que houvesse a absorção de água pelo trigo, misturou-se tudo e logo foi adicionado o fermento e 4g de gordura vegetal hidrogenada. E amassou-se bem com auxílio das mãos, até que se obtivesse uma massa homogênea e moldável, de forma que nenhuma partícula fica-se aderente nas mãos ou no recipiente, deixou-se a massa crescer a 30-35°C por 15-20 minuto. Quando então seu volume ficou quase dobrado. Achatou-se a massa e dobrou-a duas vezes, colocou em forma untada e deixou-o a crescer por mais 10-15 minutos. Para o pão 2 foi repetido todo o processo usando em lugar da farinha de trigo uma mistura de 85g de amido de milho e 15 de farinha. Assou-se a 200 °C por 20-25 minutos. O glúten pode ser definido como a massa que permanece após a adição de água na farinha de trigo para remover amido e constituintes solúveis em água, ou seja, se refere às proteínas gliadina e gluteína que apresentam propriedades de absorção de água, coesividade, viscosidade e elasticidade. Este é o chamado glúten hidratado. Como material obtido, foi adicionado diferentes agentes químicos que proporcionaram diferentes efeitos na massa após o assamento, de acordo com a tabela a baixo: Tabela 01: Teste de Aceitabilidade: PÃES COMPOSIÇÃO ALTURA COR AROMA TEXTURA SABOR PÃO 1 100% TRIGO Alto Marrom Característico Macio Aceito PÃO 2 85% AMIDO 15% TRIGO Baixo Branco Fermento forte Esfarelado Aceito Fonte: Laboratório de Técnica dietética do Uninovafapi, 2018. 9 Fotos: Ingredientes Mistura dos ingredientes Massa antes do descanso Massa após descanso Assado Fonte: Laboratório de Técnica dietética do Uninovafapi, 2018. 10 4. DISCUSSÃO Após seguir as instruções, é notável que a massa antes do descanso a figura 3 ilustrada nos resultados as massas que se diferenciam apenas pela cor uma mais amarelada e outra mais em um tom branco e por uma conter 85g de amido e 15g de farinha de trigo, e a outra por conter 100g de farinha de trigo. E já após o descanso se observa que houve um pequeno crescimento nas massas que está ilustrado na figura 4, a massa da esquerda que contém 100g de farinha de trigo, nota-se que o tempo de descanso foi um fator que contribuiu na fermentação, principalmente do gênero Saccharomyces cerevisiae, que é o micro-organismo utilizado no fermento biológico na produção de pães, bebidas etc. O mecanismo resumido foi a degradação da glicose e produção de etanol e CO2 em que provocou o aumento das dimensões das massas, devido a este último elemento. Nas amostras, foi adicionado fermento em pó químico. Os fermentos químicos destinam-se a ser empregados no preparo de pães especiais, broas, biscoitos, bolachas e produtos afins de confeitaria. Fermento químico é o produto formado de substância ou mistura e substâncias químicas que, pela influência do calor e/ou umidade, produz desprendimento gasoso capaz de expandir massas elaboradas com farinhas, amidos ou féculas, aumentando-lhes volume e a porosidade. É composto de ácidos, bicarbonatos, carbonatos, dihidrógenos, etc. Além de substâncias próprias para uso alimentar, tais como: açúcares, farinhas, amidos, féculas, enzimas, etc. (PLÁCIDO, 2012). Na amostra que foi incorporada este agente químico, observou-se crescimento discreto em comparação as massas. Isso provavelmente se deve ao glúten utilizado apresentar grande quantidade de gliadina, pois como esta garante a propriedade de extensibilidade à massa. (SILVA, 2004). Também (MEIRINHO, 2009) diz que as gliadinas quando hidratadas têm pouca elasticidade e são menos coesas que as gluteninas; contribuem principalmente para a viscosidade e extensibilidade da massa. Em contraste, as gluteninas quando hidratadas são coesas e elásticas e são responsáveis pela força e elasticidade da massa. Infere-se portanto que devido ao aumento de resistência da massa devido ao provável alto teor de gliadina, uma das massas cresceu pouco. A composição das massas tiveram contribuição significativa na cor e na textura dos pães produzidos. 11 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que o glúten é composto por glutenina e gliadina que tem capacidade de deixar a massa das preparações viscoelástica e promover a retenção de gás. Que o tempo de descanso foi um fator que contribuiu no aumento de uma das massas, devido a fermentação, principalmente do gênero Saccharomyces cerevisiae, que é o micro-organismo utilizado no fermento biológico. Na amostra do amido não houve crescimento como esperado, pois não havia um ingrediente que proporciona-se a distensibilidade da massa. Foi observado apenas que a rede de glúten desnaturou-se. O pão contendo 100g de farinha de trigo obteve cor marrom e com textura macia. O pão com 85g de amido e 15g de farinha de trigo, obteve cor branca e textura esfarelada após o assamento. 12 REFERÊNCIAS Abitrigo. Associação Brasileira da Indústria do Trigo. História do trigo. O papel do trigo na evolução da humanidade. A triticultura brasileira. BOBBIO, Paulo A. Química do processamento de Alimentos. Livraria Varela, 2⁰ Edição. São Paulo, 1995. Carcea, M.; Salvarorelli, S.; Turfani, V.; Mellara, F. Influence of growing conditions on the technological performance of bread wheat (Triticum aestivum L.). International Journal of Food Sciences and Technology. v.41, n.2, p.102-107, 2006 CARUSO, V. R. Mistura para o preparo de bolo sem glúten. Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia. São Caetano do Sul, SP, 201. Georget, D. M. R.; Underwood-Toscano, C.; Powers, S. J.; Shewry, P. R.; Goesaert, H.; Brijs, K.; Veraverbeke, W. S.; Courtin, C. M.; Gebruers, K.; Delcour, J. A. Wheat flour constituents: how they impact bread quality, and how to impact their functionality. Trends in Food Science & Technology. v.16, n.1, p.12-30, 2005. LACERDA, L. D. Avaliação das propriedades físico-químicas de proteína isolada de soja, amido e glúten e suas misturas. Universidade Federal do Rio Grand e do Sul , Porto Alegre, 2008. MEIRINHO, S. G. Aplicação de um sistema de multi-sensores para a detecção de gliadinas: discriminação semi-quantitativa entre alimentos com glúten e sem glúten. Escola Superior Agrária, Instituto de Bragança, Bragança, 2009. PLÁCIDO, Mariza. Diferença entre fermentos biológico (Fresco E Seco) e fermento químico. Disponível em: http://falandodepizzas.forumeiros.com/t19-diferenca- entre-fermentos-biologico-fresco-e-seco-e-fermento-quimico. 13 SILVA, Simone Alves. Composição de subunidades de gluteninas de alto peso Molecular (HMW) em trigos portadores do caráter “stay-green”. Revista Ciência Rural, Santa Maria. v. 34, n 3. p. 679-683, mai-jun, 2004. PERES, A. P. Desenvolvimento de um biscoito tipo cookie enriquecido com cálcio e vitamina D. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. Popper, L; Schäfer, W. & Freund, W. Future of Flour – A Compendium of Flour Improvement. Kansas City: Agrimedia,2006. 325p. SDEPANIAN, Vera Lucia; MORAIS, Mauro Batista; NETO, Ulysses Fagundes. Doença celíaca: características clínicas e métodos utilizados no diagnóstico de pacientes cadastrados. Associação dos Celíacos do Brasil Jornal de Pediatria, Sociedade Brasileira de Pediatria. São Paulo, 2001. Shewry, P. R.; Gilbert, S.; Tatham, A. S.; Belton, P. S. The high molecular weight subunits of wheat glutenin and their role in determining the functional properties of wheat gluten and dough. Biopolymer Science: Food and Non Food Applications. p.13-18, 1998.
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