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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ACRE – IFAC CAMPUS SENA MADUREIRA DISCIPLINA: MECÂNICA CLÁSSICA APLICAÇÕES DO FORMALISMO LAGRANGEANO 1. O carrinho na figura, com massa m, encontra-se sobre o plano inclinado de massa M. O plano inclinado tem rodas que lhe permitem deslocar-se livremente sobre a mesa horizontal. Admitindo que a massa das rodas é muito menor que m e M e que o atrito no eixo das rodas é desprezável, encontre as equações de movimento do sistema. SOLUÇÃO Para determinar as posições do carrinho e do plano inclinado num instante, basta saber o deslocamento horizontal s de um ponto do plano, em relação à mesa e o deslocamento 𝒙 de um ponto do carrinho em relação ao plano inclinado. A figura acima mostra a forma como essas duas variáveis podem ser definidas. Assim sendo, o sistema tem dois graus de liberdade e as velocidades generalizadas são �̇� e �̇� . A velocidade generalizada �̇� é também a velocidade do centro de massa do plano inclinado; �̇� é a velocidade do carrinho em relação a plano inclinado. Escolhendo um eixo q perpendicular a s e apontando para cima, a forma vetorial da velocidade do plano inclinado e da velocidade do carrinho em relação ao plano são: �⃗� �̇� = �̇��̂�𝑠 𝑣 𝑐 𝑝⁄ = �̇�(cos 𝜃�̂�𝑠 + 𝑠𝑒𝑛 𝜃�̂�𝑞) A velocidade do carrinho, em relação à mesa, é igual à soma desses dois vetores: 𝑣 𝑐 = (�̇� + �̇� cos 𝜃)�̂�𝑠 + �̇� sin 𝜃 �̂�𝑞 O seu módulo ao quadrado é: 𝑣𝑐 2 = (�̇� + �̇� cos 𝜃)2 + �̇�2 sin2 𝜃 = �̇�2 + �̇�2 + 2 𝑠 ̇ �̇� cos 𝜃 Como a energia cinética de rotação das rodas é desprezável, a energia cinética total do sistema é: 𝐸𝑐 = 𝑀 2 �̇�2 + 𝑚 2 (�̇�2 + �̇�2 + 2 �̇� �̇� cos 𝜃) A energia potencial gravitacional do plano inclinado pode ser ignorada porque permanece constante; como tal, a energia potencial do sistema é igual à energia potencial gravitacional do carrinho: 𝑈 = 𝑚 𝑔 𝑥 sin 𝜃 note-se que a altura do centro de massa do carrinho, em relação à mesa, é um pouco maior que 𝑥 cos 𝜃, mas a diferença é uma constante que só acrescenta um valor constante a 𝑈, podendo ser ignorado. Não existem forças não conservativas (ou melhor, estão a ser ignoradas); assim sendo, o lado direito nas equações de Lagrange 8.4 é zero. Na primeira equação de Lagrange, relacionada com a coordenada 𝑥 é necessário calcular as seguintes derivadas parciais: 𝜕𝐸𝐶 𝜕�̇� = 𝑚(�̇� + �̇� cos 𝜃) 𝜕𝐸𝐶 𝜕𝑥 = 0 𝜕𝑈 𝜕𝑥 = 𝑚 𝑔 sin 𝜃 e a equação de Lagrange é, 𝑑 𝑑𝑡 ( 𝜕𝐸𝑐 𝜕�̇� ) − 𝜕𝐸𝑐 𝜕𝑥 + 𝜕𝑈 𝜕𝑥 = 𝑚(�̈� + �̈� cos 𝜃 + 𝑔 𝑠𝑖𝑛 𝜃) = 0 Em relação à coordenada 𝑠, as derivadas parciais são 𝜕𝐸𝑐 𝜕�̇� = (𝑀 + 𝑚)�̇� + 𝑚 �̇� cos𝜃 𝜕𝐸𝑐 𝜕𝑠 = 0 𝜕𝑈 𝜕𝑠 = 0 e a equação de Lagrange é 𝑑 𝑑𝑡 ( 𝜕𝐸𝑐 𝜕�̇� ) − 𝜕𝐸𝑐 𝜕𝑠 + 𝜕𝑈 𝜕𝑠 = (𝑀+ 𝑚) �̈� + 𝑚 �̈� cos 𝜃 = 0 Resolvendo as duas equações de Lagrange para as acelerações �̈� e �̈�, obtêm-se as duas equações de movimento: �̈� = − (𝑀 + 𝑚) 𝑔 sin𝜃 𝑀 + 𝑚 𝑠𝑖𝑛2 𝜃 = �̈� = 𝑚 𝑔 sin 𝜃 cos 𝜃 𝑀 + 𝑚 𝑠𝑖𝑛2 𝜃 As duas acelerações são constantes, �̈� negativa e �̈� positiva; ou seja, o carrinho desce o plano inclinado enquanto este começa a andar para a direita. 2. Uma partícula com massa m = 2 kg desloca-se sobre uma calha parabólica vertical com equação y = x2, onde x é medida na horizontal e y na vertical (ambas em metros). Assim sendo, o movimento da partícula tem apenas um grau de liberdade, que pode ser escolhido como a coordenada x. a) Escreva a equação da energia cinética em função de x; SOLUÇÃO A relação entre �̇� e �̇� encontra-se derivando a equação da calha 𝑦 = 𝑥2 �̇� = 2 𝑥 �̇� Em função da coordenada generalizada 𝑥 e da velocidade generalizada �̇�, a energia cinética da partícula é: 𝐸𝑐 = 𝑚 2 (�̇�2 + �̇�2) = �̇�2(4𝑥2 + 1) b) Escreva a equação da energia potencial gravitacional em função de x. (use o valor = 9.8 m/s2); SOLUÇÃO Arbitrando energia potencial gravitacional nula em y = 0, A energia potencial gravitacional da partícula é: 𝑈𝑔 = 𝑚 𝑔 𝑦 = 19.6 𝑥 2 c) Admitindo que sobre a partícula não atua nenhuma força não conservativa, use a equação de Lagrange para encontrar a sua equação de movimento; SOLUÇÃO A equação de Lagrange é: 𝑑 𝑑𝑡 ( 𝜕𝐸𝑐 𝜕�̇� ) − 𝜕𝐸𝑐 𝜕𝑥 + 𝜕𝑈𝑔 𝜕𝑥 = 0 �̈� (8𝑥2 + 2) + 16 �̇�2𝑥 − 8�̇�2𝑥 + 39.2 𝑥 = 0 E a equação de movimento: �̈� = − 𝑥 (4 �̇�2 + 19.6) 4 𝑥2 + 1 d) Encontre os pontos de equilíbrio do sistema no espaço de fase, e determine se são estáveis ou instáveis. SOLUÇÃO As equações de evolução são: �̇� = 𝑣 �̇� = − 𝑥 (4 𝑣2 + 19.6) 4𝑥2 + 1 Os pontos de equilíbrio são as soluções do sistema de equações { 𝑣 = 0 − 𝑥 (4 𝑣2 + 19.6) 4 𝑥2 + 1 = 0 ⇒ { 𝑣 = 0 𝑥 = 0 Ou seja, o único ponto de equilíbrio é a origem do espaço de fase, que corresponde a quando a partícula se encontra em repouso, no ponto mais baixo da calha. Nessa situação, se a partícula fosse afastada do ponto mais baixo da calha, a sua tendência será regressar a esse ponto; assim sendo, trata-se de um ponto de equilíbrio estável. Pode também traçar-se o retrato de fase correspondente às equações de evolução e conferir que a origem é ponto de equilíbrio estável, com infinitos ciclos à sua volta. 3. O saltador na figura encolhe o corpo no ponto P, para rodar mais rapidamente, e estende-o novamente em Q, para reduzir a rotação na entrada para a água. As alterações da velocidade angular são consequência da alteração do momento de inércia. a) Se o momento de inércia do saltador em relação ao centro de massa é l, que depende do tempo, escreva as expressões para as suas energias cinética e potencial em função da posição (x, y) do centro de massa e do ângulo de rotação 𝜃; SOLUÇÃO A velocidade do centro de massa é √�̇�2 + �̇�2 e a velocidade angular é 𝜃. A energia cinética do saltador é então: 𝐸𝑐 = 𝑚 2 (�̇�2 + �̇�2) + 1 2 𝐼�̇�2 e a sua energia potencial gravitacional é 𝑈 = 𝑚 𝑔 𝑦 b) Usando a equação de Lagrange para 𝜃, demonstre que o momento angular, 𝐿 = 𝐼�̇� permanece constante; SOLUÇÃO Como nenhuma das duas energias depende explicitamente de 𝜃, as suas derivadas parciais em ordem a 𝜃, são nulas e a equação de Lagrange para 𝜃 é 𝑑 𝑑𝑡 ( 𝜕𝐸𝑐 𝜕�̇� ) = 0 Que é equivalente a dizer que a função 𝐿 = 𝜕𝐸𝑐 𝜕�̇� permanece constante em qualquer tempo t. Derivando a energia cinética em ordem a 𝜃 ̇ obtém-se a expressão do momento angular 𝐿 = 𝐼 �̇� Assim sendo, quando o saltador encolhe o corpo, diminuindo o valor de I, a velocidade angular 𝜃 ̇ terá de aumentar. c) Se no ponto P mais alto da trajetória o momento de inércia é 3.28 kg·m2 e a velocidade angular �̇� = 4 s−1 e no ponto Q o momento de inércia é 28.2 kg·m2, determine a velocidade angular do saltador no ponto Q. SOLUÇÃO A conservação do momento angular implica 𝐼1 �̇�1 = 𝐼2 �̇�2 e substituindo os valores dados �̇�2 = 𝐼1 �̇�1 𝐼2 = 3.28 × 4 28.2 = 0,465 𝑠−1 REFERÊNCIA Jaime E. Villate, Universidade do Porto, Portugal. Dinâmica e Sistemas Dinâmicos. Disponível em: < https://def.fe.up.pt/dinamica/index.html>. Acesso em 06 Jun/18.
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