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AMPUTAÇÕES Amputação é uma palavra que deriva do latim, com o seguinte significado: ambi= em volta de; e putatio= podar/ retirar. Podemos definir amputação como sendo a retirada, normalmente cirúrgica, total ou parcial de um membro. Para os utentes menos esclarecidos, o termo “amputação” está relacionado com o terror, derrota e mutilação, trazendo de forma implícita, uma analogia com a incapacidade e a dependência. No entanto a amputação, de uma forma geral, provocada quer por problemas vasculares, traumatismo, diabetes, tumor, quer por deformidade congénita deve ser encarada como: 1. Uma forma de tratamento, o qual desembaraça, a maior parte das vezes os utentes de uma extremidade dolorosa e frequentemente inútil. 2. O único meio de fornecer uma melhoria de qualidade de vida (QV) e não um fim em si mesmo, sendo um processo através do qual se alcançam novos horizontes. Por vezes, a amputação de um membro corresponde mesmo ao último recurso para salvar uma vida. A amputação é a perda de uma parte do “EU”, em que a imagem corporal fica comprometida e profundamente alterada. Esta alteração produz uma desvantagem física permanente, provocando muitas vezes alterações das necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais. HistÓria das AmputaÇÕes As amputações de membros são tão antigas quanto a própria humanidade, a amputação mais antiga, é um crânio humano de 45 mil anos, com os dentes desgastados e alinhados, que indica a presença de membros superiores amputados. Outras evidências são pinturas em cavernas da Espanha e França com aproximadamente 36 mil anos, que mostram mutilações de membros. A referência escrita mais antiga sobre amputações encontrada é o Rig-Veda, um antigo poema sagrado indiano, reconhecido como a primeira referência escrita sobre próteses. Este poema escrito entre 3500 e 1800 a.C. conta a história de uma rainha guerreira, que com um membro inferior amputado por ferimento de guerra, confeccionou uma prótese em ferro e retornou à batalha. (Carvalho, 2001). Etiologia da AmputaÇÃo As principais causas de amputação são: · Doença vascular periférica · Traumatismo · Malignidade · Deficiência congénita · Infecciosa. · Queimaduras térmicas ou eléctricas · Esmagamento AmputaÇÕes · Amputações Vasculares · Amputações Traumáticas · Amputações Tumorais · Amputações Congénitas · Amputações Infecciosas NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO O coto de amputação, agora considerado como um novo membro, é o responsável pelo controle da prótese durante a posição ortostática e a deambulação. Para que isso seja possível, ele deve apresentar algumas características, tais como: 1. Nível adequado: nem sempre o melhor coto é o mais longo. 2. Coto estável: a presença de deformidades nas articulações proximais ao coto pode dificultar a deambulação e a protetização; 3. Presença de um bom almofadamento; 4. Bom estado da pele: coto com boa sensibilidade, sem úlceras e enxertos cutâneos facilita a reabilitação cutâneos facilita a reabilitação; 5. Ausência de neuromas terminais: para certos níveis a presença de neuromas impede o contacto e/ou descarga distal; 6. Boa circulação arterial e venosa, evitando isquemia e estase venosa; 7. Boa cicatrização: as suturas devem ser efetuadas em locais apropriados conforme o nível de amputação. As cicatrizes não devem ser irregulares, hipertróficas ou apresentar aderências, retracções, deiscências e supurações; 8. Ausência de edema significativo; COMPLICAÇÕES o Edema; o Contraturas; o Dor; o Sensação fantasma; o Dor fantasma; o Neuromas; o Problemas cutâneos; o Problemas psicológicos; o Infecções; o Problemas ósseos; o Escoliose. Complicações precoces Como em qualquer cirurgia, deve-se levar em consideração às complicações inerentes a qualquer intervenção cirúrgica, como a hemorragia secundária a infecções, porem existem dois riscos particulares: o rompimento de enxertos cutâneos e a gangrena gasosa. Complicações tardias PELE: É comum a ocorrência de eczema, pode desenvolver caroços purulentos da consistência amolecida das arestas. MÚSCULO: Caso seja deixada grande quantidade de músculo na extremidade do coto, o coxim instável resultante induz a uma sensação de insegurança, passível de impedir o uso de uma prótese. ARTÉRIA: Circulação deficiente leva à formação de um coto azulado, propenso à ulceração, principalmente ocorre em amputações abaixo do joelho, levando, com certa freqüência, a necessidade de reamputação. NERVO: Um nervo cortado sempre dá origem a um neuroma que, ocasionalmente, é doloroso e macio. O “membro fantasma” é a denominação utilizada para descrever a sensação de que o membro amputado ainda se encontra presente. ARTICULAÇÃO: A articulação acima da amputação pode apresentar rígida ou deformada. OSSO: Considera-se quase sempre a possibilidade de formação de um esporão na extremidade do osso, sendo, no entanto, geralmente indolor. Porém, no caso de uma infecção, o esporão pode se apresentar grande e doloroso. CONSIDERAÇÕES DE PRESCRIÇÃO A reabilitação protético bem-sucedida depende da combinação das características físicas e psicossociais da pessoa e dei uma prótese formada por componentes cuidadosamente selecionados. Algumas pessoas com amputações não são candidatas ao uso de prótese ou preferem não usar. As próteses são contra indicados para pacientes com demência ou depressão grave ou doenças Cardio pulmonares avançados EXAME FÍSICO O fisioterapeuta deve examinar a unidade articular a a amplitude de movimento ativa e passiva de todas as art. nos membros inferiores. Outros fatores que devem ser avaliados são as contraturas em flexão de quadril e joelho, que podem comprometer o alinhamento e a aparência da prótese. Deve-se avaliar a força de todos os músculos dos membros e do tronco. Deve-se inspecionar a pele observando estado da incisão e possíveis lesões. Deve ser feita uma avaliação da função sensorial. (propriocepção) A ausência da visão não impede a protetização. NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO Parcial dos dedos- retirada de qualquer parte de um ou mais dedos do pé. Desarticulação dos dedos- desarticulação da articulação metatarsofalangeana. Parcial do pé- ressecção do terceiro, quarto e quinto metatarsos e dedos. Transmetatarsal- amputação através das diálises dos metatarsos. Syme- desarticulação no tornozelo com inserção do coxim do calcanhar na extremidade distal do tibia. Transtibial longa- mais de 50% do comprimento da tíbia. Transtibial- entre 20 e 50% do comprimento da tíbia. Transtibial curta- menos de 20% do comprimento da tíbia. Desarticulação do joelho- desarticulação através da articulação, fêmur intacto. Transfemoral longa- mais de 60% do comprimento do fêmur. Transfemoral- entre 35 e 60% do comprimento do fêmur. Transfemoral curta- menos de 35%. Desarticulação do quadril- amputação através articulação, pelve intacta. Hemipelvectomia- Ressecção da metade inferior da pelve. • Amputação de dedo/polegar • Amputação parcial da mão • Amputação carpal/transcarpal • Desarticulação da mão • Amputação transradial (amputação abaixo do cotovelo) • Desarticulação do cotovelo • Amputação transumeral (amputação acima do cotovelo) • Desarticulação do ombro e amputação inter-toraco-escapular PROCESSO CIRÚRGICO O cirurgião deve remover a partir do membro que precisa ser eliminada permitirá cicatrização primária ou secundária do corte e construir um membro residual para ajuste e função protéticos ideais Os retalhos de pele são tão largos quanto possível e a cicatriz deve sermaleável indolor e não aderente. A estabilização dos principais músculos permite máxima retenção da função. A estabilização muscular pode ser obtida por fechamento miofascial, mioplastia, miodese e tenodese. Vários nervos periféricos formam neuromas ( agrupamento de terminações nervosas) no membro residual. O neuroma precisa ser bem circundado por tecidos moles de modo a não causar dor nem interferir com uso da prótese. A hemostasia é conseguida ligando-se as veias e artérias principais. Pontas ósseas agudas são alisadas e arredondados. OBSERVAÇÕES SOBRE ALGUNS TIPOS DE AMPUTAÇÃO A descarga de peso, nas amputações transtibiais, independentemente do nível de amputação, deverá ser realizada no tendão rotuliano, entre a borda inferior da rótula e a tuberosidade anterior da tíbia, e nas regiões com tecidos moles localizados nas faces externa, interna e posterior do coto. Nos casos em que não for possível realizar tais pressões, realizaremos apoio nos músculos da coxa ou tuberosidade isquiática. Os cotos transtibiais apresentam uma tendência à deformidade em flexão do joelho tanto maior quanto mais proximal for o nível de amputação. A amputação transtibial distal apresenta um coto bastante longo, resultando num grande braço de alavanca e bom controlo sobre a prótese. Neste nível podemos encontrar problemas como escoriações e úlceras, o que é muito perigoso em pacientes com problemas vasculares. A amputação transtibial média é considerada ideal para esse nível. Com um bom almofadamento terminal e bom comprimento de coto, os pacientes não encontram grandes dificuldades na reabilitação. Antigamente, quando não havia pele suficiente para as suturas traumáticas, os cirurgiões costumavam sacrificar o comprimento do coto de amputação, realizando amputações mais proximais. Com as técnicas de revestimento cutâneo, já é possível priorizar o comprimento do coto, realizando cobertura cutânea por meio de retalhos. Com o objectivo de preservar o joelho, algumas técnicas têm sido adoptadas, tais como amputações bem proximais, excisões da tíbia, flaps mediais e enxertos cutâneos.Assim as principais vantagens deste nível, comparando com um mais proximal são: 1.Manutenção da articulação do joelho; 2.Menor gasto energético durante a marcha; 3.Facilidade para colocação/ remoção da prótese; 4.Marcha mais fisiológica Na amputação transtibial proximal, a deformidade em flexão de joelho está quase sempre presente. Nos cotos muito proximais, alguns autores preconizam a ressecção do peróneo com reinserção dos seus ligamentos, melhorando, desse modo, a forma do coto. Desarticulação do joelho – Foi durante muito tempo evitada e substituída pela amputação transfemoral, pois era considerada pelos cirurgiões e fisioterapeutas como um mau nível de amputação, principalmente pela dificuldade e estética das protetizações. Actualmente sabe-se que esta tem inúmeras vantagens em relação à anteriormente utilizada. Esta amputação é bastante indicada a pacientes com traumatismos ortopédicos irreversíveis, para casos de anomalias congénitas da tíbia e/ ou peróneo e para alguns tumores mais distais. Na desarticulação do joelho, preconiza-se a preservação da rótula. Para esse nível, é indicada a descarga distal, proporcionando maior propriocepção ao paciente amputado. Em virtude do comprimento total do fémur, o paciente com desarticulação do joelho apresenta uma boa alavanca de movimento, conseguindo um grande controlo sobre a prótese. Alguns pacientes apresentam um ligeiro grau de deformidade em flexão da anca causado por posturas inadequadas.Assim, este nível tem várias vantagens em relação à amputação transfemoral: 1. Maior braço de alavanca; 2. Maior força muscular; 3. Possibilidade de descarga distal; 4. Bom controlo rotacional sobre as próteses; 5. Melhor suspensão protética; 6. Facilidade para colocação e remoção da prótese; 7. Menor gasto energético durante a deambulação 8. Amputação transfemoral – refere-se a todas as amputações realizadas entre a desarticulação do joelho e a anca. Como nas amputações transtibias, também podemos dividir em 3 níveis, isto é, amputação transfemoral no terço proximal, médio e distal. O coto neste nível de amputação tende a apresentar uma deformidade em flexão e abdução da anca. Verificamos que quanto mais proximal o nível de amputação, maior a tendência à deformidade. A redução de músculos com função adutora, atrofia muscular e inadequado mecanismo de fixação diminuem as forças dos adutores facilitando o desvio postural e alterando a marcha. Para os pacientes transfemorais, está totalmente contra-indicada a descarga distal. Para isso, os encaixes protéticos são confeccionados de modo que suportem a descarga de peso em apoio isquiático e/ou nas paredes laterais do coto, dependendo do tipo de encaixe utilizado. Os amputados transfemorais apresentam durante a marcha um gasto energético 65% maior que cidadãos não amputados. Desarticulação da anca – a amputação é feita a nível da articulação coxo- femural, a pélvis fica intacta. Hemipelvectomia – ressecção da metade inferior do osso ilíaco. A avaliação do nível da amputação e da qualidade do coto, são de fundamental importância, e destes aspectos depende em grande parte as possibilidades de reabilitação do indivíduo (Lianza, 1982). No entanto a maior parte das amputações situam-se nas regiões acima e abaixo do joelho. Amputados bilaterais As amputações bilaterais dos membros inferiores geralmente estão associadas às patologias vasculares, neuropáticas e traumáticas e ocorrem nos níveis transtibiais e transfemorais. Entretanto, podem atingir outros níveis, tais como as amputações parciais do pé e do tornozelo e as desarticulações do joelho e anca. Na avaliação desses amputados, é importante colher dados, tais como a etiologia, os níveis, a locomoção actual e o período em que ocorreu a amputação. Em geral, o membro dominante numa amputação bilateral é aquele que apresenta um nível mais distal ou o primeiro membro protetizado, tratando-se de amputações do mesmo nível. Os pacientes com amputações transtibiais geralmente locomovem-se ajoelhados, quando não em cadeira de rodas. Este método de locomoção apresenta uma grande desvantagem um elevado grau de encurtamento dos isquiotibiais, favorecendo as deformidades em flexão, as quais prolongam o período de tratamento pré-protetização podem dificultar a protetização. Esses pacientes apresentam no tratamento pós-protetização distúrbios de equilíbrio e coordenação, os quais serão sanados com a reabilitação. Para os mais debilitados, componentes com maior grau de segurança devem ser inclinados, como, por exemplo, joelhos autofreio, com trava e pés articulados PROGRAMA DE TRATAMENTO
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